PLANTA BLOGUEIRA
JAPAN MIDORI-SAN
English:
http://www.reuters.com/article/lifestyleMolt/idUSTRE49K0LN20081021
Planta de 40 centímetros de altura é colocada em frente a laptop em café de Kamakura. O vegetal, batizado de Midori-san ("verde", em japonês), escreve em um blog diariamente, com a ajuda de um sensor de sinais elétricos e um computador que os traduz na língua local. A ação faz parte de um projeto da Universidade de Keio.
Se conversar com as plantas faz ou não com que elas cresçam melhor é uma discussão antiga e, agora, ultrapassada. A nova questão é: e se as elas pudessem responder? Talvez o melhor seja perguntar para Midori-san, uma planta japonesa de 40 centímetros de altura que escreve em seu blog diariamente, com a ajuda de um sensor de sinais elétricos e um computador que os traduz para o japonês.
Midori-san ("verde", em japonês) faz parte de um projeto da Universidade de Keio, no Japão. "Queríamos saber o que as plantas sentem e a que reagem onde não podemos ver", disse à Reuters Satoshi Kuribayashi, um dos pesquisadores envolvidos no projeto.
A intensidade dos sinais elétricos na folha da planta, que reage à luz e ao toque humano, é medida por um sensor acoplado a ela. Esses dados são enviados a um computador, que usa um algoritmo para traduzir os sinais e outros fatores - como o clima ou a temperatura - em palavras, que são automaticamente postadas no blog de Midori-san (http://plant.bowls-cafe.jp/).
"Hoje o dia estava lindo e pude pegar bastante sol... Me diverti muito hoje.", diz em um post do blog. Em outro dia, a planta escreve: "Hoje estava nublado. Estava frio."
Segundo a Reuters, Kuribayashi diz esperar que, no futuro, o blog reflita ainda mais precisamente os sentimentos da planta.
Fonte: Terra - 22/10/08.
Universidade de Keio - http://www.keio.ac.jp/
XXIII PRÊMIO JOVEM CIENTISTA
Minas Gerais ganhou destaque na entrega do XXIII Prêmio Jovem Cientista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq), considerado um dos mais importantes da comunidade científica na América Latina. Quatro estudantes mineiros e uma escola pública de Montes Claros, no Norte de Minas, tiveram trabalhos de pesquisa premiados, por promoverem a redução da desigualdade social. Minas teve representantes em quatro das cinco categorias da premiação, com destaque para alunos de instituições públicas e com trajetória no ensino gratuito. O Jovem Cientista impulsiona a continuidade da formação desses estudantes e pode possibilitar que os projetos sejam transformados em políticas públicas. A aluna do curso de filosofia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerias (PUC Minas) Terezinha Cristina da Costa, 24, levou o primeiro lugar na categoria ensino superior ao criar um dicionário temático da Língua Brasileira de Sinais para que deficientes auditivos tenham acesso à linguagem acadêmica. O dicionário poderá ser distribuído gratuitamente para as escolas e universidades públicas do país. Já o primeiro lugar da categoria ensino médio ficou com a ex-aluna do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG) Júlia Soares, 18.
Ela fez um trabalho de divulgação de uma técnica simples que transforma água poluída em água de boa qualidade. Com o prêmio, ela espera conseguir recursos para divulgar melhor a técnica. O terceiro lugar entre os alunos de ensino superior também ficou com uma mineira. A aluna do curso de Ciências Sociais da UFMG Mariana Gadoni Canaan fez uma pesquisa sobre o programa de assistência estudantil promovido pela universidade. Na categoria de estudantes já graduados, a ex-aluna do curso de Comunicação Social da UFMG Fernanda Souza alcançou o terceiro lugar com uma revista em áudio destinada a deficientes visuais. "O prêmio é importante para que possamos continuar investindo em projetos que possibilitem a inclusão", disse. A Escola Estadual Doutor Carlos Albuquerque, em Montes Claros, ganhou o Mérito Institucional porque é considerada, pelo CNPq, uma referência de qualidade de ensino, uma vez que já ganhou diversos prêmios por projetos criados por seus alunos e professores. "Não temos um segredo. Tudo isso é resultado de um esforço dos professores em despertar o interesse dos alunos em projetos científicos", analisou a vice-diretora Berenice Brandão.
Prêmio chega a R$ 30 mil
Nesta edição do Jovem Cientista foram 1.748 inscrições de todo o país em cinco categorias: graduado, estudante do ensino superior, estudante do ensino médio e mérito institucional, para escolas de nível médio e superior que apresentarem o maior número de pesquisas com mérito científico. As premiações em dinheiro chegam a R$ 30 mil. Os trabalhos vencedores serão publicados em livro para divulgação. (EM)
Eugênio Martins - Fonte: O Tempo - 23/10/08.
Saiba mais:
http://www.agencia.fapesp.br/materia/9625/noticias/ganhadores-do-premio-jovem-cientista.htm
http://www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2008/1022.htm
MEMÓRIAS QUENTES E GELADAS
Uma das questões que aparecem com freqüência quando se debate o aquecimento global é o papel do Sol no clima da Terra. Sendo nossa principal fonte de energia, pode-se imaginar que variações na atividade solar afetam a quantidade de calor recebida aqui na Terra e, conseqüentemente, o clima.
Em geral, esse tipo de questão vem daqueles que duvidam de que o aumento atual na temperatura global seja de fato causado por fatores antropogênicos, isto é, gerados pelo homem -ou, mais precisamente, pela queima dos combustíveis fósseis que sustentam a máquina industrial do planeta. Segundo o argumento, um aumento da atividade solar nos últimos cem anos poderia mais do que ultrapassar qualquer efeito oriundo de nossas atividades poluentes.
Estudos da irradiação solar mostram que a variação nos últimos 2000 anos felizmente foi muito pequena: da ordem de 0,1% até no máximo 0,6%. Se fosse alta, mesmo que da ordem de apenas 5%, provavelmente não estaríamos aqui pensando sobre o aquecimento global. Note que variação não é o mesmo que aumento. A irradiação solar comporta-se como uma onda, aumentando e diminuindo ciclicamente. A variação é a diferença entre o máximo e o mínimo de irradiação.
Variações de até 0,6% concentram-se principalmente em datas antigas, dada a dificuldade de obter dados precisos. Nos últimos 300 anos, foi de 0,1%, em média. O pico de atividade tende a coincidir com o pico do chamado ciclo solar, que tem uma duração média de 11 anos. Um dos sintomas da atividade é o número de manchas que surgem na superfície do Sol; quanto mais ativo, mais manchas aparecem. No auge de um ciclo, mais de cem manchas podem aparecer. Por outro lado, no mínimo de um ciclo, o número pode ser de uma ou duas manchas. Ou, como nos meses de julho e agosto passados, nenhuma.
Quanto à questão do papel do Sol no aquecimento global dos últimos cem anos e, principalmente, dos últimos 15 anos, modelos de variação climática usam uma variação na irradiação solar de 0,25%, ou seja, acima do valor medido de 0,1%. De fato, dados sobre a variabilidade na atividade solar são pedidos aos especialistas da Nasa e de outras entidades que monitoram o comportamento do Sol justamente pelos profissionais que modelam o clima. A conclusão de um estudo de 2006 publicado na revista "Nature" [Foukal, Peter et al. (2006). Nature 443 (7108): 161-166] é que é pouco provável que a variabilidade solar seja um fator relevante no aquecimento global. Os autores não descartam o possível efeito de outros tipos de radiação vinda do Sol, como a ultravioleta ou mesmo um aumento no fluxo de raios cósmicos caindo sobre a Terra, mas essas causas não parecem ser determinantes.
Olhando no sentido contrário, para baixo do solo, é possível extrair informação sobre a variação climática da Terra estudando depósitos de gelo na Antártida com idades que chegam a 800 mil anos. A neve soterrada sob um monte de 80 ou mais metros é comprimida em gelo que fica denso o suficiente para ser impermeável e imune a variações locais. Nele, em colunas de quilômetros de profundidade, ficam presas bolhas de ar contendo gás carbônico e oxigênio, cujas propriedades contam a história do clima no passado. Por exemplo, eras glaciais ocorrem em média a cada 100 mil anos, embora a sua relação com o ciclo solar ainda não tenha sido definitivamente demonstrada.
Mesmo que o Sol tenha um efeito pequeno no aquecimento global atual, devemos tratá-lo com respeito. Se as variações aumentarem, a vida na Terra será impossível.
Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Fonte: Folha de S.Paulo - 19/10/08.
OÁSIS EM MINIATURA
À medida que os dias quentes de verão se aproximam, praças e parques reforçam seu papel de oásis urbanos. Basta visitar um desses locais para constatar: o calor diminui e a sensação é mais agradável. Mas uma nova pesquisa mostrou que não é apenas em grandes áreas verdes que esse benefício é possível: cada árvore constitui um microoásis. E, sozinha, consegue melhorar o conforto térmico ao seu redor.
Quem apostou que isso se deve à sombra se enganou. O que a arquiteta Loyde Abreu descobriu em sua pesquisa de mestrado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) é que a principal causa desse bem-estar é o aumento da umidade relativa do ar.
Tome-se como exemplo o jambolão, que chega a perder 101 litros de água por dia (uma lavadora de roupas com capacidade para cinco quilos gasta 135 litros). A 10 m dessa árvore, a umidade média é de 68%, segundo Abreu. A 50 m de distância, esse índice cai para 57%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera preocupantes os índices inferiores a 30%, pois trazem riscos à saúde.
São essas gotículas que envolvem a planta que proporcionam o conforto -mesmo que a pessoa esteja sob o sol. A lógica é a mesma de um borrifo de água: a temperatura não muda, mas a sensação é de frescor.
Para a arquiteta Pérola Felipette Brocaneli, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o estudo comprova cientificamente algo que, até o momento, era alvo apenas de estimativas. "É um dado excelente, porque condiz com o que acredito ser necessário para o sistema de resfriamento da cidade. A maior parte das pessoas não tem esse conhecimento sobre a importância que uma única árvore tem."
Além de aumentar a umidade do entorno, a vegetação também ajuda na absorção de parte da radiação que vem do Sol -ainda no caso do jambolão, a absorção promovida pela copa da árvore chega a 89%.
Os galhos e as folhas também atenuam a velocidade do vento -mais um dado positivo para o conforto térmico: o vento forte, além de incomodar a pele, espalha a umidade promovida pela árvore, fazendo com que ela não seja mais significativa, de acordo com Brocaneli.
"Isso pode ter pouca importância em espaços livres, mas pode ser um elemento muito importante em um pátio, por exemplo", diz Abreu.
Os efeitos dessa proteção verde já foram alvo de diversos estudos. Um deles, realizado no Golfo Pérsico, mostrou que a presença de vegetação reduzia as temperaturas internas das residências e levava a uma queda de 65% no consumo de energia gasta com ar-condicionado.
Em Campinas, outro estudo mostrou que, nos dias mais quentes, a colocação de um vaso com árvore diante de uma escola diminuía o desconforto térmico em 98,1% dos casos.
Conforto
Mas como medir esse conforto? Para responder a essa pergunta, Loyde Abreu utilizou um método desenvolvido, também na Unicamp, pela arquiteta Mayra de Mattos Moreno.
Moreno entrevistou cerca de 90 pessoas em um bairro pouco arborizado de Campinas. Cada participante deveria escolher, dentre cinco cartões, a imagem que mais se aproximava de sua sensação térmica, indo do muito frio ao muito quente.
Enquanto isso, eram registrados dados como a temperatura e a umidade do ar, a velocidade do vento e as características do entorno -presença de prédios, árvores e revestimento do piso (o asfalto, por exemplo, emana mais calor do que a terra). Também eram consideradas as roupas do entrevistado, incluindo textura e cor.
Ao relacionar as respostas subjetivas dos participantes com os dados objetivos dos equipamentos, Moreno viu que era possível identificar em que situação a maioria das pessoas sentia conforto térmico.
E, ao tentar determinar que situação era essa, ela percebeu que, além da temperatura, da velocidade do vento etc., um fator importante era a proximidade de árvores.
Na prática, isso significa que quem estava rodeado por brita e cimento sentia desconforto térmico. Mas, se houvesse uma árvore com copa rala por perto, a sensação era tolerável. E, quando a árvore era frondosa, o relato era de conforto. A associação, ressalta Moreno, era física, e não psicológica.
Para avaliar como as árvores influenciavam no conforto térmico, Loyde Abreu também registrou dados como temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento. Esses registros foram então comparados com os gráficos de zona de conforto elaborados por Moreno. Seus dados simulam a sensação de uma pessoa fazendo caminhada com roupas leves.
Espécies
Abreu avaliou quatro árvores isoladas: um jambolão, uma mangueira, um jacarandá e um ipê -nas versões com folhas, sem folhas e com flores.
As medições mostraram por quanto tempo cada uma delas proporcionou conforto térmico ao longo de um dia. A 10 m de distância, ganhou a mangueira -com quatro horas.
O ipê com folhas foi a opção que ofereceu conforto térmico por mais tempo (cinco horas) tanto a 25 m quanto a 50 m. Sem as folhas, o ipê promoveu conforto só por duas horas.
Jambolão e jacarandá tiveram o mesmo resultado: duas horas de conforto térmico por dia, a uma distância de 10 m ou 25 m, e uma hora, a 50 m.
Segundo Brocaneli, o problema é que a mangueira, por exemplo, não é recomendada para o ambiente urbano, por ter frutos grandes. "Já o ipê tem um tamanho excelente."
Em grupo
Abreu também avaliou um grupo de chuvas-de-ouro, com cinco árvores. Essa foi a opção que ofereceu mais conforto térmico à distância -10 horas por dia, a 50 m de distância.
Quanto maior o número de árvores, maior o efeito. E, nessa conta, um mais um não são dois -o efeito é potencializado.
Uma árvore sozinha, embora melhore a sensação térmica, não diminui a temperatura. Já um parque consegue fazer isso. Essa relação fica clara nos mapas do Atlas Ambiental de São Paulo (veja nas págs. 6 e 7).
Os mapas mostram que as regiões mais frias de São Paulo são as mais arborizadas, como Interlagos. "A Serra da Canteira tem uma amenização de 5ºC a 6ºC em comparação à região da República", afirma Patricia Sepe, geóloga da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo. Na semana passada, diz, em um dos dias mais quentes do ano, a maior temperatura registrada foi de 36,8ºC, em São Mateus -o bairro, na zona leste, é um dos mais pobres da cidade. Pobre, também, de árvores.
Amarílis Lage - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/10/08.
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