PROFESSORES ITALIANOS
PROTESTO DE PROFESSORES NA ITĂLIA
English:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7700434.stm
Professor se veste como o personagem Obelix durante protesto contra a reforma educacional proposta pela ministra da Educação italiana, Mariastella Gelmini, em Roma. Na placa se lĂȘ: "me dĂȘ meia hora com Lodo Alfano e eu vou libertar as crianças de Gelmini".
Fonte: Terra - 30/10/08.
Leia mais:
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int268859,0.htm
A LĂNGUA FROUXA
O poeta Ezra Pound dizia que era preciso manter a lĂngua eficiente. Palavras corrompidas, usadas fora de contexto, e a substituição arbitrĂĄria e compulsĂłria de umas por outras tornam a lĂngua pobre, imprecisa, ineficiente. Com isso, produzem pensamentos frouxos, e a vida vai para o belelĂ©u.
Ao agradecer, por exemplo, quase ninguém mais diz "Obrigado". O gato comeu o primeiro "o". MilhÔes agora gorgolejam um excruciante "Brigado". Não que isso seja novidade -apenas tornou-se uma regra não escrita. Naturalmente, o mesmo empobrecimento que produz o "brigado" impede que, se for uma mulher, ela diga "Obrigada".
Da mesma forma, quando alguém hoje nos lisonjeia com um "Obrigado" (ou seu correspondente "Obrigada"), abandonamos a resposta clåssica, sóbria e elegante, "De nada" ou "Por nada". Em vez disso, cacarejamos "Imagina!" -como se ficåssemos sinceramente ofendidos por alguém estar nos agradecendo. Hå casos em que, não contente, a pessoa ejacula: "Magina!". Proponho o seguinte: se alguém nos diz "Brigado!", fica liberado o uso de "Magina!" -uma elocução merece a outra.
E o que dizer do "Com certeza!"? HĂĄ anos, mandou para o limbo uma variedade de opçÔes, como "Claro!", "Sem dĂșvida!", "Evidente!" ou "Certo!", alĂ©m do melhor e tĂŁo mais simples "Sim!". Jogadores de futebol, nas torturantes entrevistas que concedem ao fim da partida, sĂŁo os grandes abonadores do "Com certeza!". Quase sempre, sem saber o que significa.
O locutor pergunta: "Fulaninho, vocĂȘs perderam por 10 a 0. Como serĂĄ o prĂłximo jogo?". O craque responde: "Com certeza. Agora Ă© levantar a cabeça e trabalhar duro para vencer o prĂłximo jogo e conquistar nossos objetivos". O locutor sĂł pode agradecer: "Brigado!".
E o craque, retrucar: "Magina!".
Ruy Castro - Fonte: Folha de S.Paulo - 01/11/08.
SAWABONA SHIKOBA
(FlĂĄvio Gikovate)
NĂŁo Ă© apenas o avanço tecnolĂłgico que marcou o inicio deste milĂȘnio. As relaçÔes afetivas tambĂ©m estĂŁo passando por profundas transformaçÔes e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje Ă© uma relação compatĂvel com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e nĂŁo mais uma relação de dependĂȘncia, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idĂ©ia de uma pessoa ser o remĂ©dio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, estĂĄ fadada a desaparecer neste inĂcio de sĂ©culo.
O amor romùntico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre atĂ© um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas caracterĂsticas, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos tambĂ©m vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu nĂŁo sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idĂ©ia prĂĄtica de sobrevivĂȘncia, e pouco romĂąntica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas nĂŁo preciso, o que Ă© muito diferente.
Com o avanço tecnolĂłgico, que exige mais tempo individual, as pessoas estĂŁo perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estĂŁo começando a perceber que se sentem fração, mas sĂŁo inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, tambĂ©m se sente uma fração. NĂŁo Ă© prĂncipe ou salvador de coisa nenhuma. Ă apenas um companheiro de viagem.
O homem Ă© um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que nĂŁo tem nada a ver com egoĂsmo.
O egoĂsta nĂŁo tem energia prĂłpria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.
E ela sĂł Ă© possĂvel para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivĂduo for competente para viver sozinho, mais preparado estarĂĄ para uma boa relação afetiva.
A solidĂŁo Ă© boa, ficar sozinho nĂŁo Ă© vergonhoso. Ao contrĂĄrio, dĂĄ dignidade Ă pessoa.
As boas relaçÔes afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
RelaçÔes de dominação e de concessÔes exageradas são coisas do século passado.
Cada cĂ©rebro Ă© Ășnico.
Nosso modo de pensar e agir nĂŁo serve de referĂȘncia para avaliar ninguĂ©m.
Muitas vezes, pensamos que o outro Ă© nossa alma gĂȘmea e, na verdade, o que fizemos foi inventĂĄ-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diĂĄlogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidĂŁo, o indivĂduo entende que a harmonia e a paz de espĂrito sĂł podem ser encontradas dentro dele mesmo, e nĂŁo a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crĂtico e mais compreensivo quanto Ă s diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras Ă© bem mais saudĂĄvel.
Nesse tipo de ligação, hå o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre Ă© suficiente ser perdoado por alguĂ©m, algumas vezes vocĂȘ tem de aprender a perdoar a si mesmo...
Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, Ă© um cumprimento usado no sul da Ăfrica quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCĂ Ă IMPORTANTE PRA MIM".
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que Ă© "ENTĂO EU EXISTO PRA VOCĂ".
Flåvio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo - http://www.flaviogikovate.com.br/site/index2.htm.
Confira o programa "No Divã do Gikovate" que vai ao ar todos os domingos das 21h às 22h na Rådio CBN (Brasil), respondendo questÔes formuladas pelo telefone e por e-mail gikovate@cbn.com.br.
Email: instituto@flaviogikovate.com.br.
(Colaboração: Edgard JĂșnior)
SOBRE A ORIGEM DA VIDA
Dos grandes mistĂ©rios que despertam enorme interesse tanto de especialistas quanto do pĂșblico em geral, poucos sĂŁo tĂŁo fascinantes quanto a questĂŁo da origem da vida. Existem vĂĄrias facetas diferentes, cada uma com seu conjunto de questĂ”es em aberto. Uma das mais Ăłbvias diz respeito Ă possĂvel existĂȘncia de vida extraterrestre. Se existe vida na Terra, por que nĂŁo supor que ela exista tambĂ©m em outros planetas?
Essa pergunta em geral Ă© respondida com outra pergunta. Do que a vida precisa para existir? Se usarmos a Terra como base -e sĂł conhecemos a vida aqui-, consideramos que sĂŁo essenciais a ĂĄgua lĂquida, certos compostos quĂmicos e calor ou alguma outra fonte de energia. Ăgua lĂquida impĂ”e que o planeta nĂŁo esteja muito distante ou muito perto de sua estrela.
Caso contrĂĄrio, teria apenas ĂĄgua congelada ou vapor. A ĂĄgua lĂquida cria o meio onde as reaçÔes quĂmicas que sustentam a vida podem ocorrer. NĂŁo Ă© Ă toa que somos mais de 60% ĂĄgua.
Planetas que podem ter ĂĄgua lĂquida estĂŁo na chamada "zona habitĂĄvel", um cinturĂŁo cuja distĂąncia varia com o tipo de estrela. No caso do Sol, cobriria VĂȘnus, Terra e Marte. Imediatamente, vemos que estar na zona habitĂĄvel nĂŁo Ă© suficiente. VĂȘnus tem uma temperatura que vai alĂ©m de 500C, por causa de um acentuado efeito estufa. Marte, como foi descoberto recentemente, teve ĂĄgua lĂquida no passado, tem alguma hoje e tambĂ©m tem gelo, mas nĂŁo foram encontrados rios, oceanos ou lagos. A possibilidade de vida lĂĄ hoje nĂŁo Ă© nula, mas Ă© remota.
Aprendemos que composição e densidade da atmosfera e a histĂłria do planeta sĂŁo determinantes. A vida precisa de certos elementos quĂmicos. Carbono, nitrogĂȘnio, oxigĂȘnio e hidrogĂȘnio sĂŁo essenciais. FĂłsforo, ferro, cĂĄlcio, potĂĄssio tambĂ©m sĂŁo importantes. Esses elementos sĂŁo sintetizados em estrelas durante seus Ășltimos estĂĄgios de vida. Quando a estrela "morre", explode com tremenda violĂȘncia, emitindo esses e todos os outros elementos da tabela periĂłdica pelo espaço interestelar. Planetas capazes de desenvolver formas de vida precisam estar numa regiĂŁo com os ingredientes certos. Fora isso, os ingredientes precisam ser combinados corretamente. Pelo que vemos aqui, mesmo as formas mais primitivas de vida dependem de compostos orgĂąnicos consistindo de cadeias muito longas de ĂĄtomos de carbono ligados a uma sĂ©rie de radicais.
Os ĂĄtomos de carbono sĂŁo os ossos da espinha dorsal, dando suporte ao resto. Como que esses ĂĄtomos formaram cadeias tĂŁo complexas? Essa questĂŁo permanece em aberto. Mas em 1953, Stanley Miller fez uma grande descoberta: combinando substĂąncias que acreditava terem feito parte da atmosfera primitiva (metano, gĂĄs carbĂŽnico, ĂĄgua e outros), Miller isolou-as num frasco e passou faĂscas elĂ©tricas que simulavam raios.
Para sua surpresa, ao examinar os compostos acumulados no fundo do frasco, percebeu que tinha sintetizado alguns aminoĂĄcidos, componentes fundamentais das proteĂnas. Miller nĂŁo produziu a vida no laboratĂłrio, mas demonstrou que processos naturais podem tornar uma quĂmica simples numa quĂmica complexa.
Assim como o experimento de Miller, a vida precisa de uma fonte de energia. Aqui, estamos acostumados com o Sol. Mas a descoberta de formas de vida que vivem na mais completa escuridĂŁo, em fossas submarinas profundas, demonstra que processos quĂmicos independentes da luz podem gerar a energia capaz de impulsionar os mecanismos da vida. NĂŁo basta afirmar que o vasto nĂșmero de planetas no cosmo torna a vida extraterrestre inevitĂĄvel. O que aprendemos Ă© que, mesmo se existir, serĂĄ rara.
Marcelo Gleiser Ă© professor de fĂsica teĂłrica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Fonte: Folha de S.Paulo - 26/10/08.
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