TECNOLOGIA DAS MĂQUINAS DE ESCREVER
CLICK, CLACK, DING! SIGH...
English:
http://www.nytimes.com/2011/03/31/fashion/31Typewriter.html
As mĂĄquinas de escrever digitais nĂŁo estĂŁo desaparecendo sem deixar rastros na noite da era digital. Elas vĂȘm atraindo entusiastas, muitos deles jovens demais para sentirem saudades dos rolos de fita, dedos manchados de tinta e lĂquido corretivo. Encarando as velhas mĂĄquinas Underwood, Smith Corona e Remington como objetos de fetiche, eles as reconhecem como mĂĄquinas funcionais e belas, exibindo-as e trocando-as com outros aficionados.
Nos "type-ins" (espĂ©cies de festas de datilografia), eles se reĂșnem em bares e livrarias para exibir a postura pĂłs-digital, datilografando cartas para enviar por correio e competindo para ver quem datilografa mais rĂĄpido.
"No computador, a gente digita muito mais rapidamente do que consegue pensar", disse Brandi Kowalski, 33, da Brady & Kowalski Writing Machines. "Com a mĂĄquina de escrever, vocĂȘ Ă© obrigado a pensar." Ela e Donna Brady, 35, lançaram empresa de mĂĄquinas de escrever vintage em abril do ano passado e jĂĄ venderam mais de 70 mĂĄquinas, muitas delas para principiantes. Seu slogan: "Desplugue-se e reconecte-se".
Nos Ășltimos trĂȘs meses os "type-ins" chegaram a Seattle, Phoenix e Basileia, SuĂça, onde os eventos sĂŁo conhecidos como "schreibmaschinenfests" -literalmente, festas de mĂĄquina de escrever. Por que celebrar a humilde mĂĄquina de escrever? Para começar, porque as velhas mĂĄquinas de escrever sĂŁo construĂdas como encouraçados. Elas sobrevivem a incontĂĄveis indignidades e saem vitoriosas de consertos, diferentemente dos laptops ou smartphones.
"Ă um pouco como dizer 'uma banana para vocĂȘ, Microsoft!'", explica Richard Polt, 46 anos, colecionador de mĂĄquinas de escrever que vive em Cincinnati. As mĂĄquinas de escrever servem para uma coisa apenas: colocar palavras sobre o papel. "Quando estou diante do computador, Ă© impossĂvel me concentrar apenas em escrever", comenta o jornalista Jon Roth, 23. "Fico checando meus e-mails, meu Twitter." Quando usa a mĂĄquina de escrever, diz Roth, "posso me sentar e saber que estou escrevendo. O som que faço Ă© o de escrever."
E hĂĄ outra coisa interessante nas mĂĄquinas. Em mais de uma dĂșzia de entrevistas, jovens aficionados delas mencionaram um tema comum: embora tenham crescido na companhia de computadores, eles sentem prazer em mexer nas margens da cultura digital. Apreciam a tangibilidade, o carĂĄter de objeto das coisas.
O que acham de tudo isso alguns dos grandes nomes literårios da era original da måquina de escrever? "Pensar que hå uma nova geração aderindo à måquina datilogråfica faz com que eu me sinta jovem outra vez", disse o jornalista e escritor Gay Talese, 79.
Robert A. Caro, 75, biĂłgrafo premiado com o Pulitzer, comentou que o renascimento da mĂĄquina de escrever nĂŁo o surpreende. "Uma razĂŁo pela qual eu datilografo Ă© que isso me traz uma proximidade maior com minhas palavras. Ă como ser um carpinteiro, como alinhar as tĂĄbuas. Ă assim que devemos nos sentir quando escrevemos."
Jessica Bruder - Fonte: Folha de S.Paulo - 11/04/11.
Reportagem original do New York Times:
http://www.nytimes.com/2011/03/31/fashion/31Typewriter.html
ARMAS CONTRA O FUTURO
Na caminhada em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, pedimos dois cocos para compensar o suor do calorĂŁo. A R$3,50 cada um, entreguei uma nota de 20 para o vendedor. Ele ficou me olhando e implorou: PatrĂŁo, me ajude! Dois de 3 e 50, dĂĄ quanto? Entendi que ele estava pedindo uma gorjeta; pensei em arredondar para 10 reais. Mas minha filha entendeu melhor e informou a ele: 3 e 50 vezes 2 dĂĄ 7 e o senhor tem que dar 13 de troco. Era isso. O homem, de uns 45 anos, vendedor de coco na zona sul do Rio de Janeiro, nĂŁo sabia dar troco nas suas vendas. Minutos depois, acontecia o mesmo com um casal que pagava dois cocos com uma nota de 20 reais. Fiquei estarrecido e na maior tristeza. No meu paĂs, nem sequer as operaçÔes aritimĂ©ticas fundamentais sĂŁo conhecidas por quem precisa ganhar a vida.
Naquele sĂĄbado ainda teria outra surpresa. Ao chegar Ă Globo e abrir o computador, encontrei extenso e-mail de um bacharel em direito, protestando contra a exigĂȘncia de exame para a OAB. O texto era prolixo, cheio de modismos, sem vĂrgulas, com erros de ortografia e pobre em argumentação. E, ao contrĂĄrio do que pretendia o missivista, comprovava a necessidade de um filtro antes de admitir advogados nos tribunais. AlĂ©m disso, mostrava tambĂ©m a mediocridade do ensino superior.
No programa Espaço Aberto, que apresento, os presidentes da CĂąmara e do Senado concordaram imediatamente comigo, em que a Educação Ă© a maior das prioridades e das urgĂȘncias deste paĂs. Estranhei, porque na prĂĄtica, pouco os polĂticos fazem pela Educação, alĂ©m de declaraçÔes Ăłbvias sobre a importĂąncia dela. E nĂŁo conseguem me demover da constatação de que eles temem a Educação. Porque, afinal, o conhecimento liberta. E eleitor livre nĂŁo aceita paternalismos. O maior mĂ©rito da Educação Ă© que ensina a pensar. Portanto, ensina a julgar e a decidir.
Estamos atrasadĂssimos. NĂŁo hĂĄ como comparar um menino mĂ©dio brasileiro com um uruguaio, por exemplo. A educação, no pequeno vizinho, faz parte da cultura como uma necessidade bĂĄsica - e com qualidade. E começa em casa, onde se ensinam os deveres de cidadania. Por aqui, Ă© uma tristeza. Se nĂŁo reagirmos, nĂŁo teremos futuro. JĂĄ se nota que os demais emergentes estĂŁo passando Ă nossa frente. Por um principal motivo: Educação. A China, hĂĄ 30 anos, investe maciçamente em Educação. E nĂŁo pĂĄra de crescer e de conquistar maior bem-estar social. Aqui, Educação Ă© um perigo para os polĂticos e, por enquanto, uma arma contra o nosso futuro.
*Alexandre Garcia.
(Colaboração: Jenny Squaiella - SP)
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