DESENHOS Ă LĂPIS
DOUG LANDIS
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Desenhos a lĂĄpis de Doug Landis... SĂŁo realmente fantĂĄsticos.
O artista nĂŁo tem as mĂŁos. Os desenhos sĂŁo feitos com a boca.
Encontramos desculpas para nĂŁo fazer as coisas devido Ă s dificuldades, mas onde hĂĄ vontade, sempre hĂĄ uma maneira...
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Fonte: Carlos Alberto Kley. (Colaboração: A. M. Borges)
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ASSALTO
LuĂs Fernando VerĂssimo
- AlĂŽ? Quem tĂĄ falando?
- Aqui Ă© o ladrĂŁo.
- Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu nĂŁo queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionĂĄrio aĂ?
- Não, os funcionårio tå tudo refém.
- HĂĄ, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salĂĄrio ridĂculo, vivem levando esporro,
mas nĂŁo pedem demissĂŁo porque nĂŁo encontram outro emprego, nĂ©? Vida difĂcil... Mas serĂĄ que
eu nĂŁo poderia dar uma palavrinha com um deles?
- ImpossĂvel. Eles tĂĄ tudo amordaçado.
- Foi o que pensei. GestĂŁo moderna, nĂ©? Se fizerem qualquer crĂtica, vĂŁo pro olho da rua. NĂŁo haverĂĄ, entĂŁo, algum chefe por aĂ?
- Claro que não mermão. Quanta inguinorùnça! O chefe tå na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
- Bom... Sabe o que Ă©? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ĂŽ bacana. O saldo da tua conta Ă© zero!
- Não, isso eu jå sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou
outra um sequestro.. Pra saber de juro Ă© melhor tu ligĂĄ pra BrasĂlia.
- Sei, sei. O senhor tå na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia...
Mas , serĂĄ que nĂŁo podia fazer um favor pra mim? Ă que eu atrasei o pagamento do cartĂŁo e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu tĂĄ pensando que eu tĂŽ brincando? Isso Ă© um assalto!
- Longe de mim pensar que o senhor estå de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo
cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o nĂșmero preciso: seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tå entendendo, Î mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
-Ah, jĂĄ tava esperando. VocĂȘ vai querer vender um seguro de vida ou um tĂtulo de capitalização, nĂ©?
- NĂŁo... JĂĄ falei... Eu sou... PeraĂ bacana... Hoje eu tĂŽ bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(...um minuto depois)
- AlĂŽ? O sujeito aqui tĂĄ dizendo que Ă© oito por cento ao mĂȘs.
- Puxa, que incrĂvel!
- Incrive por quĂȘ? Tu achava que era menos?
- NĂŁo, achava que era mais ou menos isso mesmo. TĂŽ impressionado Ă© que, pela primeira vez na vida, eu consegui
obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir 'Pour Elise'.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no
gerente e ele falou que vai te dar um desconto. SĂł vai te cobrar quatro por cento, tĂĄ ligado?
- NĂŁo acredito! E eu nĂŁo vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica de nada, jĂĄ tĂĄ tudo acertado!
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
(de repente, ouvem-se tiros e gritos)
- Ih, sujou! Puliça!
- PolĂcia? Que polĂcia? AlĂŽ? AlĂŽ?
(sinal de ocupado...)
- Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e estraga tudo!
LuĂs Fernando VerĂssimo.
Fonte: Ronaldo FelĂcio AraĂșjo. (Colaboração: A. M. Borges)
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