O MUNDO Ă CHEIO DE FOGUEIRAS
FESTIVAL DE "FALLAS"
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http://www.valencia-cityguide.com/tourist-information/leisure/festivals/the-fallas.html
http://www.donquijote.org/culture/spain/fiestas/lasfallas.asp
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Espanha - Uma escultura de "ninot" queima durante o Ășltimo dia do festival de "Fallas" em Valença. O festival Ă© uma semana de fogos de artifĂcio e fogueiras. Os "Fallas" sĂŁo caricaturas enormes feitas com papel machĂȘ de famosos nacionais e internacionais. SĂŁo construĂdos durante todo o ano e sĂŁo expostos nos parques da cidade por cinco dias e, em 19 de março, noite de Santo Joseph, o padroeiro dos carpinteiros, eles sĂŁo queimados.
Fonte: Terra - 20/03/08.
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AS FOGUEIRAS DE VALĂNCIA (LAS FALLAS DE VALENCIA)
âA origem das fallas, ou fogueiras, estĂĄ muito ligada Ă s juntas de artesĂŁos da ValĂȘncia do sĂ©culo 17. No inĂcio da primavera, a junta dos carpinteiros costumava montar enormes fogueiras nas ruas em frente Ă casa da famĂlia para homenagear seu padroeiro, sĂŁo JosĂ©. Hoje, acender as fogueiras Ă© uma celebração muito popular. Os mestres falleros se esforçam muito para construir enormes figuras, conhecidas como ninots, que representam sĂĄtiras sociais e polĂticas. Esses personagens gigantescos sĂŁo colocados em diversas partes da cidade. Na noite de 19 de março, depois de um jĂșri conferir uma sĂ©rie de prĂȘmios aos participantes, as chamas consomem todas as figuras, menos a vencedora, e as reduz a cinzas entre as explosĂ”es de fogos de artifĂcio e rojĂ”es â e este Ă© o ponto alto das festividades. Logo depois disso, as pessoas jĂĄ começam a trabalhar no festival do ano seguinte.â
Fonte: National Geographic.
O MAIOR SINAL DE TODOS OS TEMPOS
Dois carpinteiros, numa oficina não muito longe do templo, estão aplainando duas peças de madeira.
A encomenda fora feita por alguĂ©m do palĂĄcio de Pilatos. Trabalham em silĂȘncio, com suas ferramentas: a lĂąmina dentada para serrar, a lĂąmina polida para aplainar. Pouco depois, colocaram uma das peças cruzando a outra.
Antes do meio-dia, virĂŁo buscar aquele instrumento de ignomĂnia no qual deverĂĄ morrer um condenado. Na vĂ©spera, eles haviam entregado duas encomendas iguais para que nelas morressem dois ladrĂ”es, um de JerusalĂ©m, outro de Samaria.
O trabalho termina: a cruz estå pronta. Deixam-na do lado de fora, é um objeto que não serå roubado por ninguém.
Os judeus nem sequer a tocariam. Os soldados romanos, que desprezavam tudo o que os judeus produziam, viriam apanhå-la para a execução do condenado.
Os dois carpinteiros fecham a oficina; um deles vai beber na nova taberna aberta no caminho que leva a JericĂł; o outro se dirige para casa, pouco antes da porta de Damasco. Eles nĂŁo sabem que acabaram de criar o maior sĂmbolo da histĂłria.
Nem FĂdias, nem Michelangelo, ao esculpirem mĂĄrmores imortais, jamais fizeram algo que se aproximasse da universalidade daqueles dois madeiros cruzados.
Erguida num morro prĂłximo Ă cidade, que desde os tempos de Davi chamavam de GĂłlgota, e que os romanos, supersticiosos, chamavam de CalvĂĄrio (parecia um crĂąnio sinistro e calvo), aquela cruz iniciaria sua trajetĂłria mansamente.
Durante os prĂłximos trĂȘs sĂ©culos, enfrentaria a cĂłlera dos imperadores de Roma. Venceria-os um a um.
MilhÔes de seres humanos morreriam com os olhos fixos naqueles dois madeiros atravessados. Em sua simplicidade, seria o instrumento mais poderoso produzido pela mão do homem.
Atravessaria os sĂ©culos em estandartes que conquistariam o Velho Mundo. E romperia os mares no mastro das caravelas que descobririam o Mundo Novo. Seria gravado a fogo no punho das espadas e tambĂ©m no escudo de aço dos cruzados. Encimaria o pĂłrtico dos castelos. E, Ă sua sombra, peregrinos de todos os tempos procurariam refĂșgio e consolação.
Gosto de citar, à minha maneira e com as minhas palavras, o prefåcio que Wilson Barrett escreveu para um romance que foi filmado pela Paramount ali pelos anos 30. Humberto de Campos, no Brasil, fez o mesmo. Giovanni Papini, na Itålia, incorporou a mesma idéia em sua biografia de Cristo.
Dois simples madeiros, toscamente aplainados, foram reproduzidos em ouro e prata no peito de milhĂ”es de crentes e, transformados em mĂĄrmore ou bronze, assinalariam milhĂ”es de tĂșmulos daqueles que, confiados em sua fĂ©, esperam a ressurreição dos mortos.
O gesto primĂĄrio de quem assinala um ponto ou dele toma posse Ă© repetido todos os dias, hĂĄ mais de dois mil anos, na cabeça das crianças, no peito dos mortos, nas mĂŁos que se casam, na testa daqueles que pedem bĂȘnção. E tudo nasceu naquela tarde em JerusalĂ©m, quando dois carpinteiros aplainavam dois madeiros que nada significavam.
Em alguns lugares, a pena de morte por crucificação importava num suplĂcio suplementar ao condenado: ele teria de levar o instrumento de sua tortura, a haste mais pesada. O braço seria pregado no local do sacrifĂcio.
Assim fora feito na véspera, com as duas cruzes destinadas aos dois ladrÔes. Mas haviam recebido instruçÔes para pregarem o braço na haste a fim de que o condenado daquela tarde tivesse maior peso para carregar. O que fizera ele para merecer um castigo a mais?
Só sabiam que era um forasteiro que viera ao templo para celebrar a Påscoa. Que crime cometera ele? Os dois carpinteiros ficariam assombrados se conhecessem o destino daquela encomenda. Nenhuma måquina fabricada pelo homem teria a formidåvel força daquele sinal.
Eles fecharam a oficina, um deles dirigiu-se à nova taberna onde -diziam- se bebia um vinho forte, produzido não longe dali, nos vinhedos de Jericó. O outro foi para casa, situada pouco antes da porta de Damasco, preparar-se para o Shabat -que começaria quando a primeira estrela, solitåria, brilhasse sobre o deserto da Judéia.
(Leitora de Piracicaba pediu-me que publicasse hoje esta crĂŽnica de 1997.)
Carlos Heitor Cony - Fonte: Folha de S.Paulo - 21/03/08.
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