AH! O CARNAVAL!
Apesar de minha graduação, pós-graduação, mestrado, pós- mestrado, doutorado, pós-doutorados e outros tantos cursos de especialização, Eu adoro o Carnaval.
Ah! as marchinhas de carnaval! Quantas saudades. Vilfredo e eu jĂĄ cantamos tantas marchinhas, mas jĂĄ nĂŁo se fazem mais marchinhas como antigamente.
Quem de vocĂȘs, meninos e meninas danadinhos do carnaval, nunca ouviu "MamĂŁe Eu Quero", de Jararaca e Vicente Paiva? E olha que Ă© uma marchinha da dĂ©cada de 30, ou seja, se imortalizou como tantas.
"Sassaricando" (LuĂs AntĂŽnio, ZĂ© MĂĄrio e Oldemar MagalhĂŁes) consagrou o verbo "sassaricar" com todo mundo levando a vida no arame (na corda bamba). Chiquita Bacana, de Braguinha e Alberto Ribeiro, ah! Chiquita, sĂł fazia o que mandava o coração. E o PierrĂŽ Apaixonado de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres? AH! Vilfredo, bons tempos.
Intrigante de verdade Ă© a presença nas marchinhas do mundo ĂĄrabe e da religiĂŁo muçulmana. Em Alah-lĂĄ-ĂŽ (Haroldo Lobo e NĂĄssara, 1940), pessoas que, exauridas, atravessam o Deserto do Saara (bom nome para rimar com "cara") pedem ĂĄgua a "AlĂĄ, meu bom AlĂĄ". Em Cabeleira do ZezĂ© (1963), um clĂĄssico da homofobia, começa-se por duvidar da masculinidade do ZezĂ©, um moço de cabelo comprido, mas, a certa altura, faz-se um giro desconcertante e pergunta-se: "SerĂĄ que ele Ă© MaomĂ©?". Por que MaomĂ©, logo MaomĂ©, se esconderia por trĂĄs do cabeludo? Ainda nĂŁo existiam os xiitas, nem os aiatolĂĄs, nem a Al Qaeda, para sorte de quem compĂŽs (JoĂŁo Roberto Kelly e Roberto Faissal) e de quem cantou a mĂșsica.
AH! Seus dananinhos que nĂŁo saem do Kiwi, o espaço cultural, naquele tempo, bebia-se, ah, como se bebia nas marchinhas. Em Saca-Rolha, de ZĂ© da Zilda, Zilda do ZĂ© e Waldir Machado), o personagem-narrador afirma que garrafa cheia nĂŁo quer ver sobrar. E aquela outra, Cachaça? Ah! a marvada! Autoria de Mirabeau Pinheiro, LĂșcio de Castro e HĂ©ber Lobato. Tudo na brincadeira e no bom humor, declarando que pode faltar tudo na vida (arroz, feijĂŁo e pĂŁo), mas nĂŁo pode faltar a danada da cachaça. Agradeço a Roberto Pompeu de Toledo que me ajudou nessa viagem carnavalesca inesquecĂvel.
Bem, meninos e meninas, como sempre dizem, no Brasil o ano só começa quando acaba o Carnaval. Então, mãos à obra!
Meus queridos! Escrevam para mim, mandem e-mails... Eu adoro receber e-mails.
Beijinhos
Marilene Carolina