BLOGGIE AWARDS 2011
THE PIONEER WOMAN - O MELHOR BLOG
English:
http://2011.bloggi.es/
http://thepioneerwoman.com/
http://lifehacker.com/
http://hyperboleandahalf.blogspot.com/
http://friendlyatheist.com/
http://teaandco.com/
http://gofugyourself.com/
http://wattsupwiththat.com/
Mulheres dominam premiação para blogs... Autoras e temas femininos tiveram destaque no Bloggie Awards de 2011 (http://2011.bloggi.es/)... Brasileiras concorreram na categoria de melhor site latino-americano, mas argentina levou o prĂȘmio para casa.
O Ășltimo domingo nĂŁo foi apenas do Oscar. Na noite do dia 27, ocorreu tambĂ©m o Bloggie Awards, um dos prĂȘmios para blogueiros mais tradicionais da internet.
Mas esqueça a receita "tapete vermelho + cerimĂŽnia arrastada + discursos cafonas e estatueta". No Bloggie Awards, os vencedores passaram a ser anunciados no Twitter e no Facebook a partir das 22h (hora de BrasĂlia).
E os melhores levaram para casa simbĂłlicos US$ 20,11.
O prĂȘmio de melhor blog ficou com o "The Pioneer Woman" (http://thepioneerwoman.com/), cuja autora Ă© uma "mamĂŁe blogueira", categoria influente na blogosfera americana.
DESTAQUE
Ă Folha, Nikolai Nolan, criador e organizador do Bloggie Awards, disse: "Hoje em dia, os blogs sĂŁo tĂŁo diversos que Ă© raro uma tendĂȘncia se destacar".
Mesmo assim, o prĂȘmio mostrou uma grande safra de blogueiras e blogs voltados a temas femininos, como moda, culinĂĄria e relacionamentos. Todos os seis finalistas a melhor blog do ano sĂŁo escritos por mulheres.
Essa foi a dĂ©cima primeira edição do prĂȘmio. AlĂ©m do blog do ano, ele teve mais 30 categorias, que se agrupavam em trĂȘs grupos distintos. Um deles era dedicado Ă regiĂŁo global (melhor blog asiĂĄtico ou africano, por exemplo), outro focava temas (mĂșsica, esporte, religiĂŁo, etc.) e o Ășltimo em formatos (design, texto etc.).
Entre os melhores blogs latino-americanos, havia dois candidatos brasileiros.
CoincidĂȘncia, ou nĂŁo, ambos sĂŁo produzidos por mulheres e estavam ligados aos temas que deram as cartas no prĂȘmio: moda (representado pelo Petiscos, http://juliapetit.com.br/category/home/) e culinĂĄria (Come-se, http://www.comese.blogspot.com:80/).
Neide Rigo, autora do Come-se, nem sabia que havia sido indicada ao Bloggie Awards atĂ© ser contatada pela reportagem antes da premiação. "Nem sei que prĂȘmio Ă© esse. Nunca me inscrevi", escreveu ela em e-mail.
Ela também disse que não ganha dinheiro com o blog. "O que faço é gastar dinheiro com ele", completou.
O vencedor, porém, foi um blog argentino sobre chås.
PROFISSIONAIS
Em outras categorias, blogs grandes, que faturam alto, disputaram o prĂȘmio.
O melhor blog de tecnologia, por exemplo, foi o Lifehacker (http://lifehacker.com/).
Veja a lista completa de vencedores em http://2011.bloggi.es/. (BRUNO ROMANI)
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THE PIONEER WOMAN
http://thepioneerwoman.com/
Grande vencedor trata de temas como soluçÔes para o lar
HYPERBOLE AND A HALF
ONDE http://hyperboleandahalf.blogspot.com/
Levou vĂĄrios prĂȘmios, incluindo nas categorias humor e texto
FRIENDLY ATHEIST
ONDE http://friendlyatheist.com/
Entre os religiosos, campeĂŁo foi ateu que responde a perguntas
TEA&CO.
ONDE http://teaandco.com/
Vencedor da categoria latino-americana, fala sĂł sobre chĂĄs
GO FUG YOURSELF
ONDE http://gofugyourself.com/
Foi o vencedor em uma das categorias mais disputadas: moda
WATTS UP WITH THAT
ONDE http://wattsupwiththat.com/
Melhor blog de ciĂȘncia Ă© escrito por um "ex-homem do tempo"
Fonte: Folha de S.Paulo - 02/03/11.
A MULHER AMA OU "ENGUIĂA"?
Um amigo chegou e me disse: "Pare de ser conspĂcuo e seja mais perfunctĂłrio...". Humilhado, resmunguei: "Claro, claro...". Corri ao AurĂ©lio: "conspĂcuo" me parecia coisa de sexo, "concupiscĂȘncia", mas nĂŁo Ă©; quer dizer "grave, sĂ©rio, buscando a profundidade". JĂĄ "perfunctĂłrio"eu sempre desprezei; palavra feia, lembrando supositĂłrio, "perfunctĂłrios de glicerina". Designa algo raso, rotineiro, Ăłbvio.
JĂĄ contei que na internet rolam artigos que nunca escrevi sobre mulheres. SĂŁo textos piegas, adocicados, com patĂ©ticos elogios Ă "mulherzinha-objeto". AtribuĂram-me uma crĂŽnica chamada "Bunda Dura", em que o falso eu fala que mulher pode ser bela com celulite e ter nĂĄdegas flĂĄcidas... Na rua, fui abordado por uma senhora fina que me declarou arquejante de orgulho: "Eu tenho bunda mole!." E saiu andando, em doce contentamento. Sou amado pelo que nĂŁo escrevi. Por isso, por vingança e falta de assunto, hoje serei perfunctĂłrio sobre mulheres neste texto apĂłcrifo por mim mesmo.
Começo dizendo que Ă© preciso muita atenção para saber se a mulher te ama mesmo ou se quer saber se Ă© amada. Para o teste, Nelson Rodrigues criou a fĂłrmula: "Ou a mulher Ă© fria ou morde. Sem dentada, nĂŁo hĂĄ amor possĂvel". Isso. A mulher estĂĄ sempre atenta para saber se Ă© amada ou nĂŁo. Uma frase malcolocada, um olhar distraĂdo para outra mulher podem deflagrar um drama de cinco atos. Tom Jobim sintetizou essa verdade universal quando disse: "Ă, mulher enguiça!...". Essa frase Ă© luminosa.
Por exemplo, vocĂȘ foi jantar com ela, champanhe, flores, uma noite feliz e, de repente, vocĂȘ olha para o lado e ela estĂĄ imĂłvel, olhando fixo para o nada, rosto duro. Pronto, enguiçou - igual a automĂłvel. VocĂȘ implora uma explicação: "Que foi que eu fiz? Olhei para alguĂ©m?". Ela te fita com desprezo em lĂvido silĂȘncio. O pior Ă© que isso te arremessa ao desesperante labirinto da D.R. (a "discussĂŁo da relação").
Nisso, elas nos dĂŁo banhos de dez a zero. Na D. R., elas fazem revelaçÔes terrĂveis, Ăłdios secretos e fraquezas de menina. A mulher Ă© mais verdadeira no Ăłdio. VocĂȘ fica emaranhado numa teia de acusaçÔes, lamentos, escĂĄrnio e Ă© paralisado atĂ© a sentença final, como os machos de gafanhotos: "Eu sou boa e vocĂȘ Ă© mau!".
Se vocĂȘ for realmente mau, saiba que isso Ă© bom e lhe faz respeitado de forma oblĂqua, sub-reptĂcia. "Meu marido Ă© um canalha!", geme a mulher para as amigas, com um tĂȘnue sorriso de orgulho. E as amigas suspiram, invejando-a pelo adorĂĄvel canalha que a maltrata. Como sĂŁo amados os malandros...
O fiel nĂŁo tem graça. Ă tedioso, estĂĄ ali para sempre, enjoado, sem drama. O canalha Ă© aventureiro, malvado, encarna um sonho intangĂvel para a mulher. Todo galĂŁ Ă© impalpĂĄvel. Uma mulher me falou: "Quando um cara me diz âeu te amoâ, perco o interesse na hora!".
Mulher desconfia de homem bom; o bondoso perde a aura de perigo, o bondoso humilha o favorecido - ofende mais que o benefĂcio, nada agride mais que a bondade explĂcita.
Este texto estĂĄ muito rodriguiano; aliĂĄs, Nelson me contou uma vez a parĂĄbola do "cafajeste do smoking impecĂĄvel". A mulher insultava o amante aos berros; ele, imĂłvel, num smoking perfeito, fumando de piteira, indiferente Ă s ofensas que ela atirava, de dedo espetado e olho em brasa. AĂ, ela arriscou: "VocĂȘ nĂŁo Ă© homem!". O cafajeste jogou o cigarro fora, guardou a piteira com discreta elegĂąncia e assestou uma bofetada rutilante na mulher. Pronto! Banhada em lĂĄgrimas de paixĂŁo, ela se agarrou Ă s suas pernas. Era o amor, enfim.
AlguĂ©m disse que o desejo dos homens e mulheres Ă© serem desejados. NinguĂ©m ama um "sujeito". Ă impossĂvel comer um "sujeito". O sexo exige objetos. Os homens pensam que sĂŁo "sujeitos", donos de seu desejo; a mulher finge que acredita e se faz de "objeto" para ocultar o que realmente quer ser - toda mulher quer ser objeto, mas isso nĂŁo as faz menos objetivas.
Mesmo apaixonadas, as mulheres sĂŁo pragmĂĄticas; cada beijo tem a estratĂ©gia de um projeto de vida. Manipulam o galalau apaixonado, mais romĂąntico e bobo que elas, que nĂŁo entende que elas tĂȘm mĂșltiplos sentidos e estĂŁo sempre nos equivocando; nĂŁo porque sejam "mĂłbiles", frĂvolas, mas porque funcionam assim, como raĂzes buscando vida.
A mulher nĂŁo Ă© linear e sucessiva; ela Ă© constelada. Por isso, Ă© que todas querem casar para prender numa moldura a insuportĂĄvel liberdade que pensam querer.
E muitas tĂȘm a secreta inveja da prostituta - pela coragem de viver uma vertigem de pecado e liberdade. "Por isso, certas esposas precisam trair para nĂŁo apodrecer. Na mais degradada das prostitutas, sobrevive algo de intacto, de intangĂvel, de eterno. Esse mĂnimo de inocĂȘncia sempre a salva" (Nelson Rodrigues).
E por aĂ vamos, baixando o nĂvel para enxergar a verdade do Ăłbvio.
O maior mistĂ©rio que vivemos Ă© a diferença entre sexos. Talvez o Ășnico mistĂ©rio. Por mais que queiramos, nunca chegaremos lĂĄ. HĂĄ alguns exploradores: veados, sapatĂ”es, travestis, que mergulham nesse mar e voltam de mĂŁos vazias, pois nunca saberemos quem Ă© aquele ser com Ăștero, seios, vagina, aquele ser maternal, bom, terrĂvel quando contrariado no "ponto G" da alma. Por outro lado, elas nunca saberĂŁo o que Ă© um pĂȘnis pendurado, a porrada num jogo do Flamengo, nunca saberĂŁo do desamparo do macho em sua frĂĄgil grossura. Elas jamais saberĂŁo como somos.
A mulher se santifica quando Ă© traĂda. A amante do marido sempre Ă© uma "vaca ou vagabunda"... sempre. A mulher traĂda triunfa em sua dor e muitas nĂŁo acreditam no abandono: "Ele me ama; nĂŁo sabe, mas ama...".
E, quando ela trai, sempre invoca o motivo mais alto: a paixĂŁo. A paixĂŁo da adĂșltera a justifica e absolve. Ela Ă© conspĂcua; sĂł o corno Ă© perfunctĂłrio.
Elas sĂŁo imprevisĂveis como a natureza. O homem se crĂȘ acima, mas as mulheres estĂŁo dentro.
Elas ventam, chovem, sangram, elas tĂȘm inverno, verĂŁo, "TPMs", raiam com a luz da manhĂŁ ou brilham Ă noite, elas derrubam homens com terremotos, elas nos fazem apaixonados porque nelas buscamos um sentido que nĂŁo chega jamais.
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 01/03/11.
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