MENTE ABERTA...INCLUSIVE PARA CINEMA!
TĂ DANDO ONDA (Surf's Up, EUA, 2007)
Equipe fictĂcia de documentaristas mostra os bastidores de uma das mais perigosas competiçÔes do esporte, o Campeonato Mundial de Surfe dos PingĂŒins. O filme conta a histĂłria de CadĂș, surfista novato e promissor, que ingressa em sua primeira competição profissional. Inspirado por seu herĂłi, o lendĂĄrio surfista Big Z, CadĂș deixa sua famĂlia e a cidade de Frio de Janeiro, na AntĂĄrtica, e viaja para a uma ilha tropical onde participarĂĄ do Campeonato de Surfe. Ele acredita, que vencendo, ganharĂĄ a admiração e o respeito que tanto deseja. Mas, inesperadamente, se encontra frente a frente com um surfista velho e fracassado e começa a entender que o grande campeĂŁo nem sempre Ă© o que chega em primeiro lugar.
Direção: Ash Brannon, Chris Buck
Elenco: Vozes na versĂŁo original de: Dana Belben, Brian Benben, Jeff Bridges, Zooey Deschanel, Shia LaBeouf, James Woods.
Duração: 85 min.
Fonte: MSN - 26/10/07.
NEUROCIĂNCIA - ABRINDO A MENTE
Os caminhos da mente humana sĂŁo um assunto delicioso, embora ocasionalmente espinhoso. VĂĄrias vezes, no perĂodo de perguntas apĂłs palestras, em programas de rĂĄdio ou em e-mails motivados por algo que escrevi, recebo a crĂtica de que a ciĂȘncia (e a neurociĂȘncia, em especial), ao reduzir a mente a um punhado de matĂ©ria, remove o divino da existĂȘncia, despe a vida de poesia e de mistĂ©rios.
O reducionismo cientĂfico, afinal, nĂŁo Ă© um grande engano da ciĂȘncia -uma crença, errĂŽnea, de que todo comportamento ou fenĂŽmeno poderia ser reduzido a molĂ©culas? Em vez de ficar chateada com essas perguntas, adoro respondĂȘ-las. A resposta longa começa com a lembrança de que RenĂ© Descartes, o pensador francĂȘs que bolou o mĂ©todo do reducionismo, buscava uma maneira de abordar aquelas questĂ”es tĂŁo incrivelmente grandes e complexas que desafiavam tentativas de compreendĂȘ-las em toda a sua extensĂŁo. Descartes, entĂŁo, propĂŽs quebrar inicialmente tais questĂ”es em partes menores, essas sim abordĂĄveis. Compreendidas as partes, torna-se possĂvel passar ao nĂvel seguinte: entender como elas se encaixam e como, da sua interação, emergem outras propriedades, nĂŁo explicadas pelas unidades.
Esse, o real reducionismo, funciona tĂŁo bem que atĂ© hoje Ă© empregado -com sucesso!- como parte do mĂ©todo cientĂfico, a busca sistemĂĄtica por entender como molĂ©culas se arranjam em estruturas que se organizam em nĂveis cada vez mais complexos, de cuja interação emergem habilidades extraordinĂĄrias como o pensamento.
A resposta curta, no entanto, Ă© que eu discordo que a ciĂȘncia dispa a vida de poesia, mistĂ©rios e encantamento. Minha convicção surgiu no dia em que, sentada Ă mesa da sala para fazer um trabalho de bioquĂmica para a faculdade, levantei os olhos para observar minhas primas, crianças, pulando Ă s gargalhadas sobre o sofĂĄ-cama aberto. Naquele momento, entendi que a bioquĂmica do livro estava nos corpinhos das minhas primas -e passei a enxergĂĄ-las como dois punhados de molĂ©culas organizados de uma maneira tĂŁo maravilhosa que se transformavam em crianças, capazes de brincar, rir, ganhar consciĂȘncia -e de me fazer amĂĄ-las.
Se a ciĂȘncia mostra que somos punhados de molĂ©culas organizadas de formas especĂficas que nos tornam capazes de nos apaixonar, de querer o bem e atĂ© de achar nossa existĂȘncia um milagre, ela sĂł torna a vida ainda mais extraordinĂĄria. MolĂ©culas nĂŁo pensam -mas, se de sua organização nasce a mente, isso nĂŁo Ă© poesia pura?
Suzana Herculano-Houzel, neurocientista, é professora da UFRJ e autora de "O Cérebro Nosso de Cada Dia" (ed. Vieira & Lent) e de "O Cérebro em Transformação" (ed. Objetiva).
[...] Moléculas não pensam, mas, se de sua organização nasce a mente, isso não é poesia pura?
Fonte: Folha de S.Paulo - 25/10/07.
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