19 DE JUNHO: ANIVERSÃRIO DE CHICO BUARQUE
EUROPA VISTA DO CÉU VI
Para curtir a velha Europa, que ainda nos oferece muita coisa bonita. Só podia ser na coluna da Marilene Carolina, assÃdua freqüentadora do velho continente.
Gamla Stan, Estocolmo, Suecia. Veja foto!
(Colaboração: A.M.B.)
Olá meus amiguinhos e minhas amiguinhas,
Apesar de todos os meus cursos de graduação, pós-graduação, mestrado, pós-mestrado, doutorado, pós-doutorados e outros tantos cursos de especialização, eu também tenho Ãdolos. Eu sou fã de "carteirinha" de um dos maiores compositores de toda a história de nosso paÃs: Francisco Buarque de Hollanda.
Nessa semana, o "Chiquinho" (para os amigos, né, Chico Buarque?) completou mais um "aninho" de vida e eu gostaria de prestar uma pequena homenagem a esse Ãcone da Música Popular Brasileira (MPB), ainda mais sabendo que muitos de meus aluninhos e aluninhas não devem conhecer a obra desse fabuloso artista.
19 de Junho: Aniversário de Chico Buarque
Reconhecidamente o melhor poeta do time surgido nos festivais de música popular, encarnou o Brasil em suas canções. Ao mesmo tempo, os brasileiros viram seus horizontes mudarem com a música de Chico.
Francisco Buarque de Hollanda nasce em 19 de junho de 1944, na cidade do Rio de Janeiro. Quando está com dois anos, sua famÃlia se transfere para São Paulo. Tanto seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, como sua mãe, Maria Amélia, gostavam de tocar piano e cantar com os amigos, entre eles VinÃcius de Morais. Estuda violão com sua irmã Miúcha e, influenciado por João Gilberto, começa a fazer suas primeiras composições. Cursa até o terceiro ano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
No final dos anos 1950, Chico ouviu a voz e a bossa nova de João Gilberto na composição de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ele não sabia, mas aquela música influenciaria os rumos de sua futura vida artÃstica. Aquela música misturava o molejo do morro e uma certa sofisticação do jazz. Era a contribuição brasileira para a modernidade da música. Era a criatividade do Brasil mostrando novos caminhos. Era Chico ouvindo até vinte vezes por dia Chega de Saudade. Era o Brasil de Juscelino Kubistchek, de BrasÃlia, de Oscar Niemeyer, da delicadeza do homem cordial. E foi essa mistura que transformou-o no Chico brasileiro, capaz de reunir a poesia ao futebol, a feijoada à música, a solidariedade ao bom humor.
A letra de "Roda Viva" é um esplendor. Confiram:
Roda Viva
Composição: Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
Que letra, hein, crianças? Ela tem um chão histórico especÃfico (1967/1968), ou seja, os obscuros anos da ditadura. É desse tempo que ela data e é o que esse tempo representou para a experiência brasileira que ela aborda. A composição de Chico se originou em meio ao turbilhão da instauração da ditadura militar no Brasil. Ditadura que representava, para a cultura, simplesmente o fim da liberdade de expressão. Um meio muito utilizado na época para driblar a censura foi a metáfora, o despistamento, a linguagem figurada, a cifra. Alguns escritores e jornalistas falavam aparentemente de flores e rouxinóis, quando estavam se referindo à situação polÃtico-social brasileira.
O que é roda-viva? Roda-viva é, conforme os dicionários, movimento incessante, corrupio, cortado; é ainda confusão, barulho. O texto menciona ações frustradas pela roda-viva.
Na letra a roda-viva está associada à morte, ao contrário do que indica a palavra. A roda ceifa, arranca aquilo que ainda está em desenvolvimento: a gente estancou de repente. A gente parou (de crescer) de repente. Note-se como é expressivo o uso de estancar, que nos faz lembrar imediatamente de sangue. Somos abortados na capacidade de decidir o próprio destino, de adquirir autonomia como um rio é barrado, como um fluxo de sangue é estagnado.
Esses movimentos descritos na letra são, portanto, de trabalho em curso e de sucessiva frustração. Isso descreve muito a experiência brasileira, tanto do ponto de vista social e polÃtico como do ponto de vista cultural. Quando estávamos começando a engatinhar na democracia, é instalado o regime totalitário, para o qual não existem indivÃduos. Sufoca-se até a saudade (já cativa) de outros tempos.
Mas esse ambiente de tanto mal-estar foi filtrado por Chico Buarque com muita cautela: era preciso despistar a censura, daà a profusão de rodas e de versos encantatórios; era preciso dizer a verdade, daà o tumulto e a sensação de frustração advinda da mesma profusão de rodas, que dirÃamos serem antes de trator. (Fonte de pesquisa: Almanaque Brasil; Cultura; Internet...)
Parabéns, Chico! Parabéns, Chiquinho! Muito obrigado por sua obra!
Meus queridos e minhas queridas! Escrevam para mim, mandem e-mails... Eu adoro receber e-mails. Ah! E não se esqueçam, podem me "interpelar" à vontade... Também adoro ser interpelada... (rs)
Beijinhos,
Marilene Carolina
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