PANELEIRAS - BENS CULTURAIS DO BRASIL
ASSOCIAÇÃO DAS PANELEIRAS DE GOIABEIRAS
Foto: Panela para a moqueca capixaba, com a moqueca dentro é claro...
Está na primeira página do "Livro de Registro de Saberes de Patrimônio Imaterial de Bens Culturais do Brasil": "Registro número hum; bem cultural: ofÃcio das paneleiras de Goiabeiras. Descrição: é a prática artesanal de fabricação de panelas de barro, atividade econômica culturalmente enraizada na localidade de Goiabeiras, bairro de Vitória, capital do Estado do EspÃrito Santo."
Tombadas em novembro de 2002 pelo Iphan -o Instituto do Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional- como patrimônio imaterial brasileiro, essas panelas de barro são mais do que um utensÃlio para o preparo da moqueca e da torta capixabas. Elas têm status de ingrediente: sem a panela, a receita fica diferente.
O bairro de Goiabeiras, onde são produzidas, serve de ponto de partida para conhecer o trajeto da moqueca capixaba, que começa na extração do barro no vale do Mulembá e acaba, com sorte, na barriga do turista.
As panelas são produzidas de acordo com técnicas indÃgenas, principalmente da tribo una. Nada de europeu ou africano foi incorporado à prática, autenticamente indÃgena.
Uma vez em Vitória, siga para o bairro de Goiabeiras Velha, onde ficam as paneleiras.
A origem de tudo fica no vale de Mulembá, de onde os homens extraem o barro, que, em bolotas, é levado para Goiabeiras. Também coletam a casca do mangue-vermelho, de onde será extraÃda a tintura de tanino usada ao fim da produção desses utensÃlios.
Nos quintais coletivos de Goiabeiras, barro e cascas seguem caminhos distintos. As bolotas de terra são pisadas -depois de terem sido retirados dela gravetos, pedrinhas e outras sujeiras- para ficar no ponto de serem modeladas.
A casca da árvore é socada, macerada e posta de molho. Depois desse processo, a tinta está ali, diluÃda no lÃquido.
Com tudo à mão, é hora de puxar -ou levantar- a panela.
Ou seja, de modelar cada uma.
Isso é feito sobre uma tábua, com as mãos. Depois são moldadas as alças, aplicadas com os dedos e coladas com água. O acabamento é feito com facas e com pedras do rio, que deixam a superfÃcie da panela lisa.
Modeladas e polidas, as peças vão para a queima, em fogueiras. Depois de meia hora de fogo, estão prontas para o açoite. Com a chamada vassourinha de muxinga -espécie de planta da região- a tinta de tanino é aplicada sobre a peça. É essa tinta que deixa as peças pretas.
Os formatos mais comuns são o que é chamado de frigideira, panela rasa para a moqueca e para a torta capixaba; o caldeirão fundo para sopas; e o médio, perfeito para pirões.
Todas as panelas feitas pela Associação das Paneleiras de Goiabeiras têm um selo de autenticidade, trazendo todas as informações sobre a panela.
Marca registrada: Panela em mãos, é hora de preparar a moqueca capixaba.
Puxando o badejo para o lado deles, os nativos do EspÃrito Santo asseveram: "Moqueca é capixaba, o resto é peixada". É preferencialmente com badejo que se prepara a receita -também pode ser com pargo e robalo. Em postas, coloque o peixe para marinar com sal e limão.
Na panela, vai uma camada de óleo, azeite, colorau, cebolinha, coentro, cebola e tomate, tudo picado. Uma camada com as postas do peixe. E outra com os temperos por cima.
Há algumas regras: nada de adicionar água, nem pense em mexer no peixe e não deixe ferver. Um pirão vai bem. Portanto, guarde a cabeça do peixe.
Márcio Sampaio - Fonte: Folha de S.Paulo - 29/05/08.
Associação das Paneleiras de Goiabeiras - http://www.paneleirasdegoiabeiras.hpgvip.ig.com.br/
Iphan - http://portal.iphan.gov.br
UM BILHÃO DE ÃRVORES PARA A AMAZÔNIA
Plantar um bilhão de árvores, uma resposta ao desmatamento e ao aquecimento global.
Detalhes: http://www.sectam.pa.gov.br/
Fonte: Época - Número 523.
CULTURA - Mulher lê mais que homem, aponta pesquisa nacional
As mulheres lêem mais que os homens, diz a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que será divulgada hoje, em BrasÃlia.
O estudo, elaborado pelo Instituto Pró-Livro, mostra que população está acostumada a dedicar muito pouco -ou quase nenhum- tempo aos livros. Do total dos leitores, 55% são do sexo feminino, público maior em quase todos os gêneros da literatura -os homens lêem mais apenas sobre história, polÃtica e ciências sociais.
Segundo a pesquisa, a BÃblia é o livro mais lido pela população brasileira -43 milhões de pessoas já a leram, dos quais 45% afirmaram fazê-lo com freqüência.
O segundo colocado é o livro "O SÃtio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato, apontado como o escritor mais lido no Brasil.
A lista dos escritores brasileiros mais lidos inclui ainda, pela ordem, além de Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.
Lucas Ferraz - Fonte: Folha de S.Paulo - 28/05/08.
Instituto Pró-Livro - http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/
INDÚSTRIA DE TALENTOS
Um software livre vem sendo construÃdo há dois anos por estudantes de pós-graduação da Fundação Vanzolini, ligada à Escola Politécnica, da USP. O programa vai permitir a identificação, em cada bairro, das oportunidades de aprendizado. É uma espécie de GPS educativo.
Seu objetivo é localizar os cursos profissionalizantes de instituições como o Senai, o Senac e o Centro Paula Souza, passando pela lista de filmes, peças teatrais, concertos, palestras, exposições, até oficinas de origami, aulas para formação de DJs e clÃnicas de saúde fÃsica e mental.
Isso significa, por exemplo, que um pai vai poder encontrar, na rede pública, alguém para tratar seu filho com hiperatividade ou distúrbio de atenção, e um professor vai poder encaminhar um aluno a centros especializados em tratamento para dependentes de drogas.
Como o foco são especialmente atividades gratuitas ou de preços populares, o software será exibido, na próxima quarta-feira, ainda numa versão em teste, numa escola estadual de São Paulo, escolhida para mostrar como alunos, pais e professores poderiam descobrir e usar conexões, com baixo ou até nenhum custo. Por falta de informação, não se usa boa parte da riqueza cultural gratuita da cidade. Se esse buscador virtual conseguirá ganhar escala, é cedo para saber.
Mas, apesar de estar na fase de testes, essa invenção já chamou a atenção do Ministério da Educação, interessado em disseminá-la nacionalmente por achar que, se cada escola aproveitar o que existe em seu entorno, os alunos terão mais chance de se desenvolverem. Esse é apenas um microscópico exemplo do poder do que se convencionou chamar de indústria criativa, apontada como um dos principais motores da economia -é algo tão importante que os ingleses decidiram criar um ministério apenas para incentivar esse segmento. No Brasil, pelo menos por enquanto, é conversa de um punhado de especialistas.
Na indústria criativa, o capital intelectual é o principal componente de produção e distribuição de bens e serviços que envolvam, especialmente, imagens, textos e informações. É uma ampla lista que inclui animação digital, videojogos, livros, filmes, arte folclórica, moda, design, radiodifusão, serviços de arquitetura e publicidade.
Boa parte dessas atividades existe há muito tempo, mas as tecnologias de informação abriram-lhe novas possibilidades -é algo que vemos quando fazemos qualquer busca usando o Google ou ao baixar uma música ou filme pela internet.
Nesta semana, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) apresenta, durante um seminário sobre como estimular a indústria criativa, estimativa de que, no Brasil, esse segmento já movimentaria algo como 16% do PIB, cerca de R$ 380 bilhões. A média salarial do segmento é de R$ 2.100 mensais, quase o dobro da média nacional.
Há uma série de questões envolvidas no desenvolvimento dessa indústria no Brasil, como estÃmulos fiscais, abertura do mercado internacional, melhoria na escolaridade e recursos para a inovação. Os paÃses têm investido cada vez mais em parques tecnológicos, misturando centros de pesquisa, universidades, empresas e agências governamentais.
Em essência, porém, o maior desafio é nutrir e atrair talentos. Saem na frente as cidades que ofereçam mais possibilidades profissionais, educacionais, culturais e até de lazer. Por estranho que pareça, tanto quanto a Virada Cultural, a Parada Gay, que ocorre neste domingo em São Paulo, por revelar o apreço à diversidade, é um monumental atrativo para os talentos que, em geral, gostam de lugares agitados, com serviços 24 horas. Em geral, para os inquietos, empreendedores, aqueles que sentem o prazer do novo, é tão importante contar com bons hospitais e escolas como dispor de diversidade cultural e até de uma boêmia de qualidade. Não é à toa que Nova York e Londres são as cidades de referência para os talentos mundiais.
O maior obstáculo brasileiro para o desenvolvimento dessa indústria, entretanto, é a conhecida incapacidade do sistema público de produzir talentos. Até mesmo na rede privada de ensino são escassos os laboratórios para realizar experimentações e descobrir vocações. Daà o significado de aquela invenção dos universitários da Fundação Vanzolini, ligada à Poli, ser apresentada numa escola pública. A idéia é ajudar a transformar o conhecimento de uma cidade, a começar do bairro, em riqueza.
PS - É uma pena que não saia do papel a proposta de criar um parque tecnológico voltado aos serviços na cidade de São Paulo, associado à USP -eis um bom assunto para a sucessão municipal. Coloquei em meu site (www.dimenstein.com.br) textos para quem deseje conhecer mais a indústria criativa.
Gilberto Dimenstein - Fonte: Folha de S.Paulo - 25/05/08.
Fundação Vanzolini - http://www.vanzolini.org.br/
Escola Politécnica - http://www.poli.usp.br/
Senai - http://www.senai.br/br/home/index.aspx
Senac - http://www.senac.br/home.asp
Centro Paula Souza - http://www.centropaulasouza.sp.gov.br/
Firjan - http://www.firjan.org.br
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http://www.faculdademental.com.br/fale.php