GRAVATAS "CASSETE"
SONIC TIES
English:
http://supermarkethq.com/product/recycled-cassette-tape-thin-necktie-2
Bem na fita... O que fazer com as obsoletas fitas cassete? Gravatas! Essa é a ideia das Sonic Ties, que são compostas de 50% de fita magnética (os outros 50% são tecido comum) e estão disponÃveis nas cores normal, cromo e metal.
Mais detalhes:
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Tendências - Fonte: Super Interessante - Edição 279.
HISTÓRIAS
"Pessoas comuns contando histórias extraordinárias": esse é o gancho do One in 8 Million, que reúne sons e fotos no "New York Times" http://www.nytimes.com/packages/html/nyregion/1-in-8-million/index.html#.
Fonte: Folha de S.Paulo – 09/06/10.
PESQUISAS CÊNICAS
artistas interessados em realizar criações em artes cênicas poderão se inscrever no Edital 2010 de Seleção para Projetos de Pesquisa na Caixa Clara. Idealizado pela Cia. Clara, o edital prevê dois projetos distintos: o Novas Ilhas e o Ilhas Livres.
O primeiro, que teve uma edição anterior em 2007, é voltado para um processo de pesquisa em atuação e dramaturgia envolvendo diretores, atores, dançarinos, dramaturgos e cenógrafos, que poderá resultar em montagem de espetáculo. Já o Ilhas Livres, que chega à sua 5ª edição, visa fomentar a pesquisa e a montagem de um espetáculo teatral de grupos e artistas independentes que ainda não estão organizados estruturalmente.
"Se o Novas Ilhas funciona como embrião de um espetáculo, o Ilhas Livres serve como embrião de um grupo. Enquanto o primeiro pretende juntar pessoas e fazer com que pensem coletivamente, o segundo contempla grupos que já vêm com uma ideia a ser desenvolvida", resume Anderson AnÃbal, diretor da Cia. Clara.
Projeto que já resultou em espetáculos como "É Só uma Formalidade", do grupo Quatroloscinco, o Ilhas Livres oferece ao grupo selecionado espaço fÃsico para ensaios, assessoria de imprensa e material de divulgação, além de pauta na Caixa Clara para temporada de seis apresentações. "Queremos também oferecer um cachê para os artistas, mas ainda não conseguimos viabilizar patrocÃnio para isso", comenta Anderson.
Já o Novas Ilhas, que em sua primeira edição resultou no espetáculo "Eu Apenas Queria Que Você Soubesse", neste ano irá abranger ainda o projeto Leitura Clara. Nele, os artistas selecionados farão leituras dramáticas de textos do autor russo Anton Tchekhov, foco da atual pesquisa da Cia. Clara. Os dois projetos serão realizados no segundo semestre deste ano.
Inscrições:
O edital de seleção está no site www.ciaclara.com.br
As inscrições vão de hoje a 18 de junho. O resultado final será divulgado no dia 25 de junho.
O projeto acontece de 02 de agosto a 03 de dezembro e os participantes serão assessorados por profissionais da Cia Clara.
Julia Guimarães - Fonte: O Tempo – 07/06/10.
A MISÉRIA Jà TEVE UMA "FUNÇÃO SOCIAL"
Falar da miséria nos alivia porque para nós, os bacanas, a miséria é apenas um problema existencial.
Muitos artistas e intelectuais que falam na miséria como tema de livro ou filme, ou polÃticos que usam a miséria como curral eleitoral, ganham dinheiro ou votos com a miséria dos outros. Ou seja, a miséria dá lucro.
Na verdade, para entendermos o horror que nos envolve, temos de analisar os que "não" são miseráveis, a burguesia, as classes médias, a estrutura do paÃs, a formação torta do Estado.
Quem quiser fazer uma tese ou ficção sobre o atraso nacional tem de estudar os "formadores" da miséria - os séculos de oligarquias e patrimonialismo.
Um estudo psicológico sobre alguns de nossos principais lÃderes polÃticos explicaria mais o paÃs do que cem volumes economicistas.
Nós fazemos parte da miséria brasileira. Em nós, e não nos morros e periferias, está o segredo, ou melhor, a explicação para a ignorância e o desabrigo de nosso povo.
A miséria de nossa formação não atingiu apenas os escravos libertos, os subempregados, os analfabetos. A miséria atingiu todos nós.
Não na blindagem de nossos carros apavorados, mas na blindagem de nossos corações contra o lado de fora da vida. Não basta sofrermos com o "absurdo" da miséria. Ela é uma construção minuciosa feita por um sistema complexo.
A miséria não é absurda; ela é uma produção.
Há alguns anos, a miséria era vista com vagos sentimentos caridosos. Ela era até idÃlica, nas "favelas dos meus amores". Tolerávamos tristemente a miséria, desde que ela ficasse longe, quieta, sem interferir na santa paz de nosso escândalo. A miséria tinha quase uma... "função social".
Contra nossa vontade, hoje sabemos que a miséria se entranha em nosso egoÃsmo, na busca manÃaca de felicidade e prazer, esquecendo a existência do "outro" - este ser longÃnquo e desagradável. PouquÃssimos de nós pensam como o imperador filósofo Marco Aurélio: "O que é bom para a abelha tem de ser bom para a colmeia".
Além disso, a miséria não está apenas naqueles que se lixam para ela, mas também nos que se acham seus "proprietários", que a consideram seu latifúndio ideológico.
Existe a polÃtica da miséria dentro da miséria de nossa polÃtica. Transformar a miséria em bandeira, sem entender o conjunto que nos inclui, usar a miséria para uma simplificação oportunista de "ricos e pobres", usar a miséria como um divisor de águas para a complexidade de nossos problemas é uma atitude miserável e resulta nos vexames a que temos assistido neste governo, que tem o alÃvio hipócrita de ser "contra" ela - isso justificou roubalheiras, crimes e mentiras, legitimou a invasão do Estado pelos "amigos" do povo, que fazem sucesso junto aos ignorantes que adulam na mÃdia da polÃtica virtual.
Os pelegos sempre se disfarçaram de pobres.
A miséria está nos "sanguessugas", está nas emendas espertas ao orçamento, está na sordidez do sistema eleitoral, está na falsa compaixão dos populistas, está nas caras cÃnicas, torpes, "lombrosianas" dos ladrões congressistas, está na lei arcaica e sem reformas, está na atitude olÃmpica e gelada de juristas impassÃveis, está nos garotinhos na rua e nos garotinhos da polÃtica.
Mas, o tempo passou e a miséria cresceu - a espuma suja na champanha do progresso.
Com o avanço da indústria de armas, das drogas, da internet, a miséria foi tocada pela evolução do capitalismo e começou a se modernizar.
A violência é, de certa sinistra forma, um upgrade na miséria, antes tão dócil. A violência nos pegou de surpresa, com velhas armas. Ninguém sabe o que fazer.
Antes, os governantes oscilavam entre a repressão sangrenta, entre a queima de favelas ou a construção de guetos.
Mas, hoje, a miséria é grande demais para ser erradicada.
Somos miseráveis porque poderÃamos ter um paÃs muito melhor e não sabemos fazê-lo.
A miséria habita nosso egoÃsmo, nossa cegueira proposital em não ver o mal e a dor dos desvalidos.
É miserável nossa fome de consumo supérfluo, é miserável nossa angústia por pequenos problemas, nossas neuroses de mÃnimas causas, é miserável o que pagamos a empregados frágeis, é miserável nossa ideia de posse no amor e no sexo.
Somos miseráveis porque até os ricos poderiam lucrar com a justiça social, mas eles só pensam a curto prazo; somos miseráveis na alma, em nossa amarga alegria, em nossa ignorância polÃtica, em terrores noturnos, em sÃndromes de pânico, em noites vazias nos bares ameaçados, nos perigos das esquinas, em amores despedaçados; a miséria está no esforço para esquecê-la, no narcisismo deslavado que aumenta entre as celebridades, na ridÃcula euforia das sacanagens e nas liberdades irrelevantes.
A miséria está até na moda - vejam este texto de um catálogo "fashion": "Use uma calça bacana, toda desgastada, bata na calça com martelo, dê uma ralada no asfalto ou esfregue a calça com lixa, ou, por fim, atropele seu jeans, passe por cima dele com o carro (blindado?). A moda pede peças puÃdas, como ficam depois de um ataque das traças ou baratas. E, se você tem algo a dizer sobre a vida, diga com sua camiseta, nas estampas com frases no peito..."
Só que antes só falava de miséria quem não era miserável; só falava em "fome" quem comia bem. Agora, os miseráveis nos olham e nos criticam.
Hoje, a miséria desfila nas ruas ameaçadoramente, de sandália, bermudas e corpo nu. Não se esconde pelos cantos mendigos. Nossas elites desatentas estão mais ligadas e percebem aos poucos que nós é que temos de nos reformar.
Não tem mais jeito: a miséria tem de ser integrada a nossas vidas. Temos de conviver com ela, pois também somos miseráveis.
E mais: os miseráveis não esperam nada de nós ou dos governos. Estão indo à luta.
Não resolveremos nada. Eles é que vão fazer isso.
A miséria está nos modernizando.
Arnaldo Jabor - Fonte: O Tempo - 08/06/10.
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