FM - Faculdade Mental

MARILENE CAROLINA - 16/09/2008

LARGE HADRON COLLIDER

A PRIMEIRA IMAGEM DO LHC

English:
http://gizmodo.com/5047766/lhc-first-beam-test-image-all-systems-go-for-first-collision-event
http://www.newsdaily.com/stories/l8467689-cern/
http://public.web.cern.ch/public/
LHC - http://lhc.web.cern.ch/lhc/
Segundo o Gizmodo, esta Ã© a primeira imagem de um feixe de prÃ³tons em movimento no superacelerador de partÃculas LHC (sigla em inglÃªs para Grande Colisor de HÃ¡drons). O feixe, que Ã© do tamanho de um fio de cabelo, circulou pelo LHC no sentido horÃ¡rio e levou cerca de uma hora para percorrÃª-lo. VÃ¡rios testes estÃ£o sendo realizados hoje mas os primeiros choques de prÃ³tons - uma das partÃculas que formam o Ã¡tomo - sÃ³ devem acontecer em alguns meses.
Fonte: Globo Online - 19/09/08.
http://oglobo.globo.com/blogs/largman/post.asp?t=a_primeira_imagem_dos_viajantes_do_lhc&cod_Post=125405&a=46

PANES FAZEM LHC ADIAR SUA PRIMEIRA COLISÃƒO
Mais uma pane no maior acelerador de partÃculas jÃ¡ construÃdo, o LHC (Grande Colisor de HÃ¡drons), atrapalhou os planos dos fÃsicos de realizar as primeiras colisÃµes de prÃ³tons da mÃ¡quina. Um vazamento de hÃ©lio lÃquido fez com que mais de cem dos ÃmÃ£s gigantes que canalizam e aceleram os prÃ³tons aquecessem a mais de 100C. Os ÃmÃ£s sÃ³ funcionam quando resfriados perto de -273C pelo hÃ©lio. A brigada de incÃªndio do Cern (OrganizaÃ§Ã£o EuropÃ©ia de Pesquisa Nuclear, na sigla em francÃªs) precisou ser chamada para conter o vazamento. NÃ£o houve feridos. HÃ¡ alguns dias os pesquisadores do Cern comemoraram o sucesso das primeiras tentativas de fazer os prÃ³tons darem voltas completas pelo tÃºnel de 27 km de circunferÃªncia do LHC. Empolgados, eles disseram que fariam as primeiras colisÃµes (que estavam previstas para apenas meados de outubro), nesse fim-de-semana.
Fonte: Folha de S.Paulo - 20/09/08.

O MUNDO NÃƒO ACABOU - LHC
Na madrugada de 10/09, o LHC, o gigantesco acelerador de partÃculas nos arredores de Genebra, na SuÃÃ§a, passou por seu primeiro teste. Um feixe de prÃ³tons viajou em torno do anel de 27 km de circunferÃªncia a uma velocidade prÃ³xima Ã da luz, completando cerca de 11 mil voltas em um segundo. Em alguns meses, quando o LHC estiver funcionando para valer, dois feixes de prÃ³tons correrÃ£o em sentidos opostos e colidirÃ£o de cabeÃ§a dentro de enormes detectores. Essas colisÃµes terÃ£o energias jamais atingidas na Terra: apenas durante os primeiros instantes apÃ³s o Big Bang, o venerÃ¡vel evento que deu origem ao cosmo, as partÃculas colidiam constantemente com tal energia. Por isso, o LHC Ã© chamado de "mÃ¡quina do Big Bang". Toda nova tecnologia gera um misto de expectativa e medo, especialmente quando quebra novas barreiras do conhecimento, como Ã© o caso do LHC. No sÃ©culo passado, o mesmo ocorreu antes do teste da primeira bomba atÃ´mica, no deserto de Ãlamo Gordo: cÃ¡lculos indicavam que existia uma probabilidade mÃnima de a explosÃ£o rasgar a atmosfera, possivelmente acelerando a extinÃ§Ã£o da vida no nosso planeta. O teste veio, a explosÃ£o ocorreu, o mundo nÃ£o acabou. No caso do LHC, bem mais inofensivo, o medo vem da possibilidade de miniburacos negros serem gerados durante as colisÃµes. Dada a reputaÃ§Ã£o nefasta desses objetos astrofÃsicos, especulaÃ§Ãµes pipocaram em blogs do mundo inteiro: serÃ¡ que esses buracos negros irÃ£o crescer e tragar a Terra inteira? SerÃ¡ que esses fÃsicos finalmente conseguirÃ£o acabar conosco? VÃ¡rios processos foram abertos, tentando bloquear a operaÃ§Ã£o do LHC. Felizmente, foram rejeitados por juÃzes que, se nÃ£o conhecem a fÃsica, ao menos obtiveram boa consultoria a respeito. Como garante a equipe de seguranÃ§a do prÃ³prio Cern, o laboratÃ³rio onde fica o LHC, nÃ£o hÃ¡ qualquer perigo de que algo assim ocorra (http://public.web.cern.ch/Public/en/LHC/Safety-en.html). Os miniburacos negros que podem ser produzidos no LHC evaporam em fraÃ§Ãµes de segundo, sendo incapazes de qualquer efeito macroscÃ³pico. Na natureza, raios cÃ³smicos tambÃ©m atingem energias altÃssimas e podem, a princÃpio, produzi-los. Apesar de sermos constantemente bombardeados por raios cÃ³smicos, ainda estamos aqui. Mais interessante do que as supostas ameaÃ§as Ã© a sociologia do experimento. Dezenas de paÃses e milhares de cientistas do mundo inteiro contribuÃram para a construÃ§Ã£o do LHC. A fÃsica de partÃculas experimental Ã© hoje uma atividade internacional. Os Estados Unidos, que dominarÃ£o a pesquisa nesse campo enquanto o LHC nÃ£o estiver operando plenamente, entraram com mais de US$ 500 milhÃµes no projeto. No total, o LHC custou em torno de US$ 8 bilhÃµes. Seria trÃ¡gico se nada muito extraordinÃ¡rio fosse encontrado. Existem vÃ¡rias previsÃµes teÃ³ricas do que pode ser encontrado, algumas realistas e outras bem especulativas (como os miniburacos negros). Se apenas o mais "mundano" for visto, como o bÃ³son de Higgs, a partÃcula que presumivelmente determina a massa de todas as outras partÃculas de matÃ©ria, o LHC terÃ¡ servido para confirmar o que jÃ¡ era esperado. Mesmo que essa confirmaÃ§Ã£o seja um feito espetacular, serÃ¡ como beber champanhe choco. A verdadeira missÃ£o do LHC Ã© manter vivo um campo de pesquisa que, devido aos seus enormes custos, fica cada vez mais difÃcil de justificar ao pÃºblico. De minha parte, torÃ§o para que nÃ£o sÃ³ o Higgs seja descoberto como para que algo inesperado ocorra. Nada como uma boa surpresa para atiÃ§ar a curiosidade humana. E a natureza, sem dÃºvida, Ã© cheia delas.
Marcelo Gleiser Ã© professor de fÃsica teÃ³rica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Fonte: Folha de S.Paulo - 14/09/08.

HIGGS, 44
O vÃ´o de Stuttgart para Genebra, num jato de pequeno porte, durou pouco mais de uma hora. A rota passava junto do Mont Blanc, uma das montanhas mais belas do mundo. Do aeroporto internacional de Cointrin, o grupo de jornalistas seguiu de Ã´nibus para a sede da OrganizaÃ§Ã£o EuropÃ©ia de Pesquisa Nuclear (Cern), entre Meyrin (SuÃÃ§a) e St. Genis (FranÃ§a). Ali foram divididos em subgrupos, por lÃnguas. Aulas curtas foram dadas sobre o maior acelerador de partÃculas do mundo. Seu tÃºnel de 27 km fora aberto para penetrar os Ãºltimos mistÃ©rios do Universo. Na mira de seus feixes de partÃculas de alta energia estava o escorregadio bÃ³son de Higgs, cuja detecÃ§Ã£o jÃ¡ era o Santo Graal do Modelo PadrÃ£o da fÃsica. Depois da palestra, os que entendiam inglÃªs seguiram para o detector Aleph de microÃ´nibus. No posto de fronteira, um oficial de imigraÃ§Ã£o subiu no veÃculo. A reportagem correu o risco de terminar ali mesmo. O enviado especial da revista alemÃ£ "Bild der Wissenschaft" nÃ£o tinha o visto de entrada que a FranÃ§a exigia, na Ã©poca, de brasileiros. Nenhum passaporte, porÃ©m, foi vistoriado. Ainda suando frio, este colunista seguiu com o grupo para o elevador. O percurso de uma centena de metros para dentro da terra pareceu interminÃ¡vel, tamanha era a expectativa. Ao abrir-se a porta, o pÃ©-direito com dezenas de metros nÃ£o deixava espaÃ§o para decepÃ§Ã£o. Uma legiÃ£o de tÃ©cnicos e cientistas se movimentava entre centenas de quilÃ´metros de cabos e gigantescas peÃ§as de metal. Ãšltimos preparativos para ligar a mÃ¡quina que deveria mapear as entranhas do Ã¡tomo. O ano era 1989, e a mÃ¡quina era o LEP, construÃda para colidir elÃ©trons com suas partÃculas-irmÃ£s de carga oposta (positiva), os pÃ³sitrons. O clarÃ£o da chuva de subpartÃculas produzido com a colisÃ£o iluminaria a escuridÃ£o da matÃ©ria. Era essa a promessa. A esperanÃ§a. Em 2 de novembro de 2000, apÃ³s 11 anos de operaÃ§Ã£o, o LEP foi desligado. Ajudara a pÃ´r o Modelo PadrÃ£o em base sÃ³lida: sÃ³ existiam trÃªs famÃlias de partÃculas fundamentais da matÃ©ria -lÃ©ptons, bÃ³sons e quarks. A aposentadoria deveria ter ocorrido em setembro, mas o LEP reservara uma surpresa de Ãºltima hora. Em algumas de suas colisÃµes finais, os cientistas do Cern acreditaram ter vislumbrado a assinatura do Higgs. Dois meses de sobrevida mostraram que se tratava de um alarme falso. O bÃ³son permaneceria incÃ³gnito, e assim continuou durante os oito anos de construÃ§Ã£o do sucessor do LEP, o Grande Colisor de HÃ¡drons (LHC, na sigla em inglÃªs). Chegou a vez do LHC de ser inaugurado, no mesmo tÃºnel. Os primeiros feixes foram acelerados em 10/09. Agora, prÃ³tons serÃ£o lanÃ§ados contra prÃ³tons. Muito mais maciÃ§os, esses ocupantes dos nÃºcleos atÃ´micos (hÃ¡drons) devem alcanÃ§ar energias nunca antes registradas num acelerador de partÃculas. Sua colisÃ£o frontal, quando se realizar nos prÃ³ximos meses, poderÃ¡ finalmente flagrar o bÃ³son de Higgs. Ã‰ essa a promessa. A esperanÃ§a. Isso ajudaria a explicar por que sÃ³ algumas partÃculas tÃªm massa. Mas nada garante que o Higgs dÃª as caras, 44 anos apÃ³s a previsÃ£o teÃ³rica. Muitos fÃsicos jÃ¡ dizem que sua ausÃªncia resultarÃ¡ mais fecunda para a fÃsica que a detecÃ§Ã£o, pois forÃ§arÃ¡ uma reforma do modelo. SÃ£o, ao todo, 19 anos de caÃ§ada no subsolo da fronteira franco-suÃÃ§a. SÃ³ no LHC foram enterrados US$ 9 bilhÃµes. Ã‰ difÃcil imaginar uma fortuna mais bem empregada.
Marcelo Leite Ã© autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Brasil, Paisagens Naturais - EspaÃ§o, Sociedade e Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ãtica, 2007). Blog: CiÃªncia em Dia (http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/). Fonte: Folha de S.Paulo - 14/09/08.

LHC - http://lhc.web.cern.ch/lhc/
CERN - http://public.web.cern.ch/public/

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