O BALĂ DOS CISNES
SWAN SERENADE
English:
http://ngm.nationalgeographic.com/2010/12/whooper-swans/newman-text
Com envergadura de 2,5 metros, o cisne-bravo é uma espécie de jumbo no esquadrão das aves aquåticas. Angélico pelos ares, flamejante em exibição de triunfo, imponente em seu repouso confortåvel, ele é a própria elegùncia encarnada - uma ave que inspira voos da fantasia.
JĂĄ no sibilar suave da sĂlaba inicial do nome - "cisne" - se manifesta sua graciosidade. Afinal, Peter Ilich Tchaikovsky nĂŁo compĂŽs nenhuma peça intitulada "A Lagoa dos Patos". O cisne-bravo, tal como seus primos, o cisne-pequeno e o cisne-trombeteiro, pertence a uma linhagem marcada pela elegĂąncia que tambĂ©m conta com os mudos cisne-de-bewick, cisne-negro e cisne-de-pescoço-preto. Descrito pela primeira vez em 1758, o Cygnus cygnus pode ser considerado o cisne dos cisnes - o arquĂ©tipo de todos eles. TambĂ©m Ă© uma ave de superlativos. Com população de 180 mil indivĂduos, o cisne-bravo, embora vulnerĂĄvel Ă perda de hĂĄbitat, supera todos os outros na extensĂŁo do Ăąmbito em que Ă© encontrado.
Na Antiguidade, o aparecimento de um cisne deslizando sem esforço na superfĂcie espelhada de um lago ou alçando voo de forma graciosa representava a beleza efĂȘmera e evocava o desejo de imortalidade. SĂłcrates, como nos diz PlatĂŁo, ouviu o canto de um cisne no dia em que morreu. As valquĂrias, disfarçadas de cisnes, conduziam os herĂłis caĂdos em combate atĂ© o Valhalla da mitologia nĂłrdica. PitĂĄgoras acreditava que a alma dos poetas se incorporava nos cisnes, um destino adequado que faz da gasta expressĂŁo "poesia em movimento" uma figura de linguagem lĂrica.
O cisne, segundo a poeta russa Anna Akhmatova, "paira através dos séculos" e da incessante sucessão das estaçÔes. Nas migraçÔes de outono, com a seta prateada de um bando em formação riscando o firmamento, os cisnes evocam melancolia poética. As sombras se alongam. Os dias ficam breves.
Mais um ano que chega ao fim. Resta a reconfortante exaltação dos contos de fadas, como aquele de Hans Christian Andersen no qual o patinho feio vira um cisne - a metamorfose do ordinårio em extraordinårio.
Agridoces, essas belas aves. Contudo, a beleza delas oculta o tributo imposto pelo arrasto gravitacional de seu corpo volumoso e a luta cotidiana pela sobrevivĂȘncia. As decolagens penosas, a agitação frenĂ©tica dos pĂ©s palmados e a forte movimentação das asas atĂ© alçar voo, uma agressividade territorial contra outros cisnes e aves aquĂĄticas que chega a ser perversa e, de vez quando, fatal, sugerem que tamanha beleza nĂŁo brota com igual facilidade ou bondade.
Por Cathy Newman - Fonte: National Geographic - Edição 129.
PAPEL DE PAREDE - BARCELONA
Essa foto foi tirada em Barcelona, no espetacular telhado da Casa MilĂ , uma das vĂĄrias criaçÔes de Antoni GaudĂ. Foto de Lina Feldsherova, My Shot.
Confira: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/imagens/papeis-de-parede/800/papel-de-parede-129-obras-gaudi_800.jpg.
Fonte: National Geographic - Edição 129.
PARA RESOLVER QUEBRA-CABEĂAS, BASTA ESTAR DE BOM HUMOR
Relaxe, e a solução do quebra-cabeças virå facilmente...
Relaxe! Dessa forma, a solução do quebra-cabeça virå mais facilmente. Fazer quebra-cabeças é uma pråtica universal e antiga, dizem estudiosos, precisamente pelo fato de depender do insight criativo, aquela centelha primitiva que acendeu as primeiras fogueiras de acampamentos. E, agora, neurocientistas modernos estão começando a buscar sua fonte.
Pesquisadores da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, constataram que as pessoas tĂȘm chances maiores de resolver palavras cruzadas com insights repentinos quando estĂŁo de bom humor, tendo acabado de assistir a um esquete cĂŽmico.
A prĂłpria ideia de fazer palavras cruzadas ou quebra-cabeça Sudoku costuma levar o cĂ©rebro para um estado aberto, propĂcio a brincadeiras, que constitui um escape agradĂĄvel, cativando pessoas tĂŁo diferentes quanto Bill Clinton, viciado em quebra-cabeças, e o amnĂ©sico Henry Molaison, conhecido como H.M., cujo cĂ©rebro lesionado ansiava por palavras cruzadas.
Diferentemente dos confusos meandros sociais e profissionais da vida real, os quebra-cabeças sĂŁo tranquilizadores porque sĂŁo passĂveis de solução. Contudo, como qualquer problema sĂ©rio, Ă© preciso mais do que mero esforço intelectual para resolvĂȘ-los.
HĂĄ quase um sĂ©culo, cientistas vĂȘm usando quebra-cabeças para estudar o que chamam de pensamento em insights -os saltos de entendimento que parecem vir do nada, sem a necessidade do esforço cansativo da anĂĄlise.
Em um experimento clĂĄssico, o psicĂłlogo alemĂŁo Karl Duncker entregou a algumas pessoas uma vela, uma caixa de tachinhas e a tarefa de prender a vela a uma parede. Cerca de um quarto dos envolvidos em alguns dos experimentos tiveram a ideia de prender a caixa Ă parede, com as tachinhas, para servir de suporte para a vela, algumas imediatamente e outras depois de tentativas infrutĂferas de prender a prĂłpria vela Ă parede com as tachinhas.
Pesquisadores debatem, hĂĄ anos, as definiçÔes de insight e anĂĄlise, e alguns questionam se as duas coisas nĂŁo seriam as duas faces da mesma moeda. Mas, em uma revisĂŁo da pesquisa, os psicĂłlogos Jonathan W. Schooler e Joseph Melcher concluĂram que as habilidades mais correlacionadas Ă resolução de problemas "nĂŁo tĂȘm correlação significativa" com a resolução de problemas analĂticos.
Seja como for, o processo de resolução criativa de problemas normalmente requer tanto anålise quanto insights repentinos.
Ă isso o que imagens de imageamento cerebral estĂŁo começando a mostrar. Mark Beeman, da Northwestern, e John Kounios, psicĂłlogo da Universidade Drexel, em FiladĂ©lfia, gravaram imagens dos cĂ©rebros de pessoas no momento em que se preparam para encarar um quebra-cabeça, mas ainda nĂŁo o viram. As pessoas cujos cĂ©rebros revelam uma assinatura particular de atividade preparatĂłria, algo que guarda correlação estreita com estados de Ăąnimo positivos, revelam ser as que tĂȘm probabilidade maior de resolver os quebra-cabeças com insights repentinos.
Essa assinatura inclui a ativação forte de uma årea do cérebro chamada córtex cingulado anterior. Pesquisas anteriores jå constataram que células desta årea são ativadas quando as pessoas estreitam ou ampliam sua atenção. No processo de resolução de problemas com insights, o cérebro parece ampliar sua atenção, concretamente deixando-se mais aberto a distraçÔes.
"Neste ponto", disse Kounios, "temos fortes evidĂȘncias circunstanciais de que esse estado de descanso indica como vocĂȘ vai resolver problemas mais tarde."
No estudo feito sobre o humor, Beeman e seus colegas fizeram com que universitĂĄrios resolvessem quebra-cabeças de associação de palavras depois de assistirem a um vĂdeo cĂŽmico curto. Os estudantes resolveram mais quebra-cabeças do que os resolvidos quando tinham assistido antes a um vĂdeo assustador ou enfadonho e o fizeram com o uso maior do insight repentino.
Esse estado cerebral difuso nĂŁo Ă© apenas um estado intelectual, aberto a conexĂ”es mais frouxas entre palavras e conceitos. Em um estudo publicado no ano passado, pesquisadores da Universidade de Toronto descobriram que as ĂĄreas visuais em pessoas que estĂŁo em estado de Ăąnimo positivo captam mais detalhes do segundo plano, mesmo quando as pessoas sĂŁo instruĂdas a bloquear informaçÔes que as distraiam enquanto desempenham uma tarefa no computador.
As descobertas são condizentes com dezenas de experimentos que vincularam estados de ùnimo positivos com desempenho melhor na resolução criativa de problemas. "O que se depreende é que o estado de ùnimo positivo desperta esse estado de atenção difusa ampla, que é tanto perceptual quanto visual", disse Anderson.
Ensaio - Benedict Carey - Fonte: Folha de S.Paulo - 27/12/10.
Universidade Northwestern â http://www.northwestern.edu/
Universidade Drexel - http://www.drexel.edu/
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