FENĂMENO ORBITAL
VĂNUS VAI TRANSITAR PELO SOL
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http://www.nytimes.com/2012/05/29/science/space/venuss-transit-between-earth-and-sun-will-be-last-until-2117.html
Astronomia.TrĂąnsito orbital permitiu aos cientistas calcularem pela primeira vez a dimensĂŁo do Sistema Solar. FenĂŽmeno raro na terça-feira: VĂȘnus vai transitar pelo Sol.
Ao observar o cĂrculo negro de VĂȘnus cruzar a imagem do Sol, em 3 de junho de 1769, David Rittenhouse deixou um grande buraco nas anotaçÔes de seu diĂĄrio naquele dia, em sua fazenda, a cerca de 30 km da cidade norte-americana da FiladĂ©lfia.
Uma possĂvel explicação para o que aconteceu foi registrada na Ă©poca no museu da Sociedade FilosĂłfica da AmĂ©rica do Norte, nos EUA: "Cansado e nervoso, ele afirma ter desmaiado logo apĂłs o inĂcio do trĂąnsito".
Essa conjunção rara de mecĂąnica orbital pode ter sido o evento cientĂfico mais esperado daquele sĂ©culo. ExpediçÔes saĂram pelos quatro cantos do mundo, inclusive uma liderada pelo capitĂŁo James Cook, que navegou atĂ© o Taiti para fazer uma observação do fenĂŽmeno astronĂŽmico. Os grupos viajaram em busca de respostas para uma das perguntas cientĂficas mais complicadas: a que distĂąncia estĂĄ o Sol?
"Essa era a grande questĂŁo da astronomia, na Ă©poca", afirma Owen Ginherigh, professor emĂ©rito de astronomia e histĂłria da ciĂȘncia na Universidade de Harvard, nos EUA. Sem aquele nĂșmero, muitas outras suposiçÔes sobre o Sistema Solar ainda eram incertezas, como o tamanho do Sol e a distĂąncia entre os planetas.
A prĂłxima passagem de VĂȘnus vai acontecer nesta terça-feira e serĂĄ visĂvel em praticamente toda a Terra - infelizmente, nĂŁo de Minas Gerais. O fenĂŽmeno começarĂĄ por volta das 18h na regiĂŁo do PacĂfico (19h em BrasĂlia). A agĂȘncia espacial norte-americana, Nasa, informou que a passagem de VĂȘnus pelo Sol poderĂĄ ser observada em alguns paĂses a olho nu, como o Chile.
As precauçÔes geralmente recomendadas para observação de eventos relacionados ao Sol também valem para a data: óculos especiais para eclipses podem ser usados, ou cùmeras do tipo Pinhole podem ajudar a projetar a imagem do sol em um papel.
Apesar de nĂŁo ser mais um evento cientĂfico tĂŁo importante quanto foi na Ă©poca de Rittenhouse e Cook, o trĂąnsito de VĂȘnus ainda Ă© um acontecimento raro e impressionante, ocorrendo em pares, com oito anos de diferença, uma vez a cada sĂ©culo. O Ășltimo trĂąnsito ocorreu em 2004, e praticamente ninguĂ©m que estĂĄ vivo hoje poderĂĄ presenciar o prĂłximo acontecimento, daqui a 105 anos, em 11 de dezembro de 2117.
HistĂłria. Foi sĂł em 1627 que alguĂ©m percebeu que o trĂąnsito de vĂȘnus de fato acontecia. Naquele ano, Johannes Kepler, o matemĂĄtico e astrĂŽnomo, publicou dados sobre as Ăłrbitas planetĂĄrias que previam que VĂȘnus deveria passar direito entre a Terra e o Sol em 1631.
Kepler faleceu em 1630, e parece que ninguĂ©m chegou a ver o trĂąnsito de VĂȘnus em 1631. (O fenĂŽmeno nĂŁo era visĂvel da Europa). A primeira observação gravada do fenĂŽmeno foi em 1638, o que Kepler nĂŁo havia previsto. Jeremiah Horrocks, astrĂŽnomo inglĂȘs, notou que Kepler havia cometido um erro em seus cĂĄlculos.
Em 1716, Edmond Halley, o astrĂŽnomo inglĂȘs que dĂĄ o nome ao cometa famoso, propĂŽs uma forma de utilizar o trĂąnsito de VĂȘnus para descobrir a distĂąncia entre o Sol e a Terra. Em diferentes partes da Terra, o caminho de VĂȘnus frente ao Sol mudaria levemente, bem como o trĂąnsito. Com mediçÔes precisas, seria possĂvel "triangular" a posição do Sol em relação Ă Terra, o que permitiu calcular a distĂąncia entre o planeta e o astro: 149 milhĂ”es de km.
ImportĂąncia - Ajuda na descoberta de planetas
A primeira tentativa de observar o fenÎmeno foi realizada durante o trùnsito de 1761. Contudo, poucos foram bem-sucedidos ao calcularem a distùncia. Os esforços de 1769 foram os mais difundidos.
No Estado da PensilvĂąnia, nos EUA, David Rittenhouse, que era um matemĂĄtico reconhecido, astrĂŽnomo e fabricante de instrumentos, montou um observatĂłrio em sua fazenda para monitorar o fenĂŽmeno.
A Sociedade FilosĂłfica da AmĂ©rica do Norte tambĂ©m montou estaçÔes de observação ao longo da costa norte-americana. A descrição detalhada do fenĂŽmeno, escrita por Rittenhouse e acompanhada por um diagrama preciso, foi publicada na maior revista cientĂfica da Ă©poca, a "The Philosophical Transactions", publicada pela Royal Society em Londres.
A resposta que saiu das observaçÔes em todo o globo, em 1769, foi muito prĂłxima do real: 153 milhĂ”es de km - a resposta correta Ă© 149 milhĂ”es. Mais expediçÔes saĂram para observar o fenĂŽmeno em 1874 e 1882, mas, nessas Ă©pocas, o evento jĂĄ estava se tornando uma espĂ©cie de espetĂĄculo pĂșblico.
Com tecnologias modernas - o radar, particularmente -, astrĂŽnomos podem medir as distĂąncias no Sistema Solar de forma muito mais precisa do que seria possĂvel com a tĂ©cnica do trĂąnsito.
Contudo, cientistas ainda estarão fazendo observaçÔes minuciosas sobre o trùnsito orbital para ajudar na compreensão de planetas que orbitam ao redor de estrelas.
Kenneth Chang - Traduzido por Luiza Andrade - Fonte: O Tempo - 02/06/2012.
MatĂ©ria original em inglĂȘs do The New York Times (Clique em Slide Show para ver mais):
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