OBAMA
O PRIMEIRO DISCURSO DE BARACK OBAMA APÓS A VITÓRIA
Oi, Chicago. Se alguém ainda duvida que a América é um lugar onde tudo é possÃvel, pergunta se o sonho dos pioneiros está vivo em nossos tempos e questiona o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta.
É a resposta das filas que cercaram escolas e igrejas em números que essa nação nunca havia visto. [É a resposta] das pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque acreditavam que agora precisava ser diferente, que as suas vozes podiam fazer diferença.
É a resposta de jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, Ãndios, gays, heterossexuais, deficientes e não-deficientes. Americanos que enviaram ao mundo a mensagem de que nós nunca fomos somente uma coleção de indivÃduos ou uma coleção de Estados vermelhos e azuis. Nós somos e sempre seremos os Estados Unidos da América.
É a resposta que motivou aqueles que ouviram por tanto tempo e de tanta gente que era preciso ser cÃnico, medroso e cético em relação ao que poderiam conquistar até colocar a mão no arco da história e abraçá-lo uma vez mais na esperança de dias melhores.
O caminho foi longo, mas esta noite, graças ao que fizemos nesse dia de eleição, nesse momento decisivo, a mudança chegou à América. Há alguns instantes, recebi um telefonema extraordinariamente gracioso do senador McCain. Ele lutou muito e por muito tempo nesta campanha. Ele lutou ainda mais e por mais tempo ainda por esse paÃs que ama. Ele enfrentou sacrifÃcios pela América que a maioria de nós nem pode começar a imaginar. Nós estamos melhores graças ao serviços desse lÃder corajoso e altruÃsta. Eu o parabenizo e parabenizo a governadora Palin por tudo o que eles conquistaram. Estou ansioso por trabalhar com eles e renovar a promessa da nação nos próximos meses.
Eu quero agradecer ao meu parceiro nessa jornada, ao homem que fez campanha com o coração e falou pelos homens e mulheres ao lado de quem cresceu nas ruas de Scranton e com os quais andou de trem a caminho de Delaware: o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.
E eu não estaria aqui nesta noite sem o incansável apoio da minha melhor amiga nos últimos 16 anos, a pedra-angular da nossa famÃlia, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama dessa nação: Michelle Obama. Sasha e Malia [filhas de Obama], eu amo vocês mais do que podem imaginar. E vocês mereceram o cachorrinho que irá morar conosco na nova Casa Branca.
E, embora ela não esteja mais entre nós, sei que minha avó está nos vendo, ao lado da famÃlia que me fez ser quem eu sou. Eu sinto falta deles nesta noite.
Sei que minha dÃvida com eles está além de qualquer medida.
À minha irmã Maya, à minha irmã Alma, a todos os meus outros irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a eles.
E agradeço ao meu chefe de campanha, David Plouffe, o herói anônimo que construiu aquela que eu considero a melhor campanha polÃtica da história dos EUA.
[Obrigado] ao meu estrategista-chefe David Axelrod, que tem sido um companheiro em cada passo desse caminho. [Obrigado] à melhor equipe de campanha na história da polÃtica -vocês fizeram isso acontecer, e eu serei eternamente grato pelos sacrifÃcios que vocês fizeram para chegarmos lá.
Mas, acima de tudo, eu nunca esquecerei a quem essa vitória realmente pertence. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês. Eu nunca fui o candidato favorito na disputa por esse cargo. Nós não começamos com muito dinheiro ou apoios.
Nossa campanha não nasceu nos corredores de Washington. Ela nasceu nos quintais de Des Moines, nas salas de estar de Concord e nos portões de casa de Charleston. Ela foi construÃda por homens e mulheres trabalhadores que sacrificaram as pequenas poupanças que tinham para doar US$ 5, US$ 10 ou US$ 20 à [nossa] causa.
Ela [a campanha] cresceu por impulso dos jovens que rejeitaram o mito da apatia da sua geração e trocaram suas casas e suas famÃlias por empregos que ofereciam baixo salário e [poucas horas de] sono. Ela tirou suas forças de pessoas não tão jovens assim que bravamente enfrentaram frio e calor para bater à s portas de estranhos, e dos milhões de americanos que se voluntariaram e se organizaram e provaram que, mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra. Essa é a nossa vitória.
E eu sei que vocês não fizeram isso só para ganhar uma eleição. Eu sei que vocês não fizeram tudo isso por mim.
Vocês fizeram isso porque entendem a grandiosidade da tarefa que nos espera. Por mais que comemoremos nesta noite, entendemos que os desafios que de amanhã são os maiores de nossos tempos -duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.
Enquanto estamos aqui nesta noite, sabemos que há corajosos americanos acordando no deserto do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscar suas vidas por nós. Há mães e pais que ficam acordados depois de os filhos terem dormido, se perguntando como poderão pagar suas hipotecas e consultas médicas, ou poupar o suficiente para financiar os estudos dos filhos. Há novas energias para explorar, novos empregos para criar, novas escolas para construir, ameaças para enfrentar e alianças para consertar.
O caminho será longo. Nossa subida será Ãngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato. Mas, América, nunca tive mais esperança do que hoje de que chegaremos lá. Eu prometo a vocês que nós, como pessoas, chegaremos lá. Haverá atrasos e inÃcios em falso.
Muitos não irão concordar com todas as decisões ou polÃticas que eu adotarei como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas.
Mas eu sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que enfrentaremos. Eu os ouvirei, especialmente quando discordarmos. E, acima de tudo, eu peço que vocês participem do trabalho de reconstrução desta nação, do jeito que tem sido feito na América há 221 anos -bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada por mão calejada.
O que começamos há 21 meses em pleno inverno não pode terminar nesta noite de outono. Esta vitória isolada não é a mudança que buscamos. Ela representa apenas a oportunidade de fazermos a diferença. E isso não vai acontecer se voltarmos ao modo como as coisas eram. [A mudança] não pode se feita sem vocês, sem um novo espÃrito de serviço, um novo espÃrito de sacrifÃcio. Então alcemo-nos até um novo espÃrito de patriotismo, de responsabilidade, graças ao qual cada um de nós irá se levantar e trabalhar ainda mais e cuidar não apenas de si mesmo mas também dos outros.
Vale lembrar que, se essa crise financeira deixou algum ensinamento, é o de que não podemos ter uma próspera Wall Street enquanto a Main Street [economia real] sofre.
Nesse paÃs, nós crescemos ou caÃmos como uma mesma nação, como um só povo. Resistamos à tentação de voltar ao partidarismo, à mesquinhez e à imaturidade que envenenou nossa polÃtica por tanto tempo.
Lembremo-nos que foi um homem deste Estado o primeiro a carregar a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre valores de autoconfiança, liberdade individual e unidade nacional.
Esses são valores que todos compartilhamos. E mesmo que o Partido Democrata tenha conseguido uma grande vitória nesta noite, temos uma dose de humildade e de determinação para superar as divergências que têm travado nossos avanços.
Como [o ex-presidente Abraham] Lincoln [1861-1865] havia declarado a uma nação muito mais dividida do que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. A paixão fervente pode ter se acirrado, mas não pode romper nossos elos de afeição. E àqueles americanos cujo apoio eu ainda terei que merecer, eu talvez não tenha ganho seu voto, mas eu ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda. Serei seu presidente também.
E a todos aqueles que nos acompanham nesta noite, para além das nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, àqueles que se reúnem ao redor de rádios, nas esquinas esquecidas do mundo, nossas histórias são únicas, mas nosso destino é partilhado, e uma nova aurora na liderança americana irá surgir.
Àqueles que querem destruir o nosso mundo: nós os derrotaremos. Àqueles que buscam paz e segurança: nós os apoiamos. E a todos que vêm se perguntando se o farol da América ainda brilha como antes: nesta noite nós provamos mais uma vez que a verdadeira força da nossa nação vem não da bravura das nossas armas ou do tamanho da nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inabalável esperança.
Esse é o verdadeiro talento da América: a América é capaz de mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já alcançamos nos dá esperança em relação ao que podemos e ao que precisamos alcançar amanhã.
Essa eleição teve muitos feitos inéditos e muitas histórias que serão contadas por gerações. Mas há uma em especial, que está em minha mente nesta noite, a respeito de uma mulher que votou em Atlanta. Ela poderia ser mais uma entre milhões de pessoas que fizeram fila para terem a voz ouvida nessa eleição, não fosse por um detalhe: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu apenas uma geração após a escravidão; uma época na qual não havia carros nas vias nem aviões nos céus; [uma época] na qual uma pessoa como ela não podia votar por dois motivos -porque era mulher e por causa da cor de sua pele. Nesta noite penso em tudo que ela viu ao longo de seu século na América -as dores e as esperanças, o esforço e o progresso, a época em que nos diziam que não podÃamos, e as pessoas que continuaram com o credo: Sim, nós podemos.
Em um tempo no qual vozes de mulheres eram silenciadas e suas esperanças, descartadas, ela viveu para vê-las se levantar e ir às urnas. Sim, nós podemos.
Quando havia desespero nas tigelas empoeiradas e depressão por toda parte, ela viu uma nação conquistar seu New Deal, novos empregos, um novo senso de comunidade. Sim, nós podemos.
Quando bombas caÃam em nossos portos e a tirania ameaçava o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração chegar à grandeza, e a democracia foi salva. Sim, nós podemos. Ela estava lá para ver os ônibus em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, a ponte em Selma e um pregador de Atlanta que dizia "Devemos Superar". Sim, nós podemos.
Um homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação. Neste ano, nesta eleição, ela [Cooper] tocou o dedo em uma tela e registrou o seu voto porque, após 106 anos na América, atravessando os melhores e os mais escuros dos tempos, ela sabe que a América pode mudar. Sim, nós podemos.
América, nós chegamos de tão longe.
Vimos tanto. Mas há tantas coisas mais para serem feitas. Então, nesta noite, devemos nos perguntar: se nossas crianças viverem até o próximo século, se minhas filhas tiverem sorte suficiente para viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, quais mudanças elas irão ver?
Quanto progresso teremos feito? Chegou a nossa hora de responder a esse chamado. É o nosso momento.
Esse é nosso tempo de devolver as pessoas ao trabalho e criar oportunidade para nossas crianças; [tempo de] restaurar a prosperidade e promover a paz; de reavivar o sonho americano e reafirmar a verdade fundamental de que, em meio a tantos, nós somos um; de que, enquanto respirarmos, temos esperança. E onde estamos vai de encontro ao cinismo, à s dúvidas e à queles que dizem que não podemos. Responderemos com o brado atemporal que resume o espÃrito de um povo: Sim, nós podemos.
Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe os Estados Unidos da América.
Tradução de Gabriela Manzini - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/11/08.
VETERANA: EM DISCURSO, OBAMA INVOCA ESFORÇO DE ELEITORA NEGRA DE 106 ANOS
No primeiro pronunciamento como vencedor da eleição, Barack Obama citou Ann Nixon Cooper, 106. Moradora de Atlanta, ela votou antecipadamente no democrata no dia 20 de outubro, ocasião em que foi personagem de uma reportagem da CNN. Nos anos 80, Ann foi premiada por uma emissora de TV do Estado da Geórgia pelo trabalho voluntário para melhorar as condições de vida dos negros nos EUA.
Fonte: Folha de S.Paulo - 06/11/08.
OBAMA VIRA FILME NA HBO
A HBO arrematou os direitos de exibição de um documentário intitulado “Barack Obamaâ€, produzido pelo ator Edward Norton. A produtora de Norton, a Class 5 Films, acompanhou o senador desde 2006 até a vitória para a presidência dos EUA, esta semana. A HBO planeja levá-lo ao ar no ano que vem.
Fonte: O Tempo - 08/11/08.
FERIADO NACIONAL NO QUÊNIA
As grandes cidades do Quênia e, em especial, o vilarejo de Kogelo, no oeste do paÃs, amanheceram em festa ontem com a confirmação de que "um de seus filhos" havia vencido as eleições nos EUA. Para celebrar a vitória de Barack Obama, as ruas foram tomadas por grupos que desfilavam com ramos de árvores nas mãos -forma tradicional de comemoração no paÃs-, dança e música. O presidente Mwai Kibaki decretou feriado nacional hoje.
Na capa do principal jornal, o sobrenome do presidente eleito dos EUA estava em letras garrafais. O destaque explica o orgulho da nação com o resultado de eleições tão distantes: Obama é um sobrenome tradicional da região oeste. Um nome queniano.
Barack Obama é filho de um queniano -que mal conheceu, pois o pai deixou a mãe pouco após seu nascimento e morreu em um acidente de carro nos anos 80. Visitou duas vezes o paÃs. Na última, em 2006, levou mulher e filhas para conhecerem sua avó Sarah Obama, 86.
E foi o vilarejo onde Mama Sarah mora que concentrou a festa pela vitória. Em Kogelo, familiares do presidente eleito vestiram suas melhores roupas e passaram o dia celebrando o "feito" dos Obama.
No local, foram montadas tendas e infra-estrutura para assistir à apuração dos votos. Em frente a uma pequena televisão movida a bateria, parentes e vizinhos dançavam, batiam palmas e cantavam.
Mama Sarah quebrou o silêncio recente e falou a repórteres temer "morrer de alegria" ao ver de novo o neto como presidente dos EUA.
Em Kibera, a maior favela da Ãfrica, a festa teve cunho polÃtico. Cartazes de Obama foram colocados lado alado com os do premiê Raila Odinga, candidato derrotado nas eleições de dezembro passado à Presidência. Odinga é da etnia Luo, a mesma de que os Obama fazem parte. A favela é um reduto seu. Pôsteres lembravam os "laços de sangue" de Obama com o paÃs.
A alegria de ter "um dos seus", como dizem, à frente da maior economia do mundo enche os quenianos de esperança. Mama Sarah, afirmando que o neto deve governar para os americanos em primeiro lugar, só quer sua tranqüilidade de volta. Em janeiro, quando recebeu a Folha em sua casa -a propriedade ainda não era cercada-, a octagenária disse que não deixaria o Quênia, mas gostaria de ir à posse do neto. Agora, ela espera apenas o convite.
Ana Flor - Fonte: Folha de S.Paulo - 06/11/08.
THE NEW AMERICAN PRESIDENT
Barack Obama é filho de Barack Hussein Obama, um homem negro do Quênia educado em Harvard, e de Ann Dunham, uma mulher branca de Wichita, no Estado do Kansas.
Ele nasceu em Honolulu, no HavaÃ, em 4 de agosto de 1961, e seus pais se separaram quando ele tinha dois anos. O democrata morou na Indonésia enquanto criança, após sua mãe se casar com um indonésio, e depois viveu no HavaÃ, com seus avós brancos. Veja biografia do candidato à Presidência dos Estados Unidos.
A famÃlia de Obama é muçulmana, e por isso enfrentou boatos de que seria também um muçulmano, religião que muitos americanos associam negativamente ao extremismo. Os boatos foram reforçados com a divulgação de uma foto na qual Obama aparece com trajes tÃpicos em visita ao Quênia, onde sua famÃlia paterna mora.
Obama converteu-se, já adulto, ao cristianismo e é membro da Igreja Batista da Trindade Unida em Cristo, em Chicago.
Após ele ter conquistado a nomeação da candidatura dos Estados Unidos, sua avó, Sara, tornou-se uma celebridade no Quênia.
Sua adolescência no Havaà foi marcada não só por uma trajetória escolar, mas também por anos de contravenção. Na época, Obama experimentou maconha e cocaÃna, conforme afirma em sua biografia "Dreams from my Father: A Story of Race and Inheritance" (Sonhos de meu pai: Uma história de Raça e Herança).
Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional e renomada Universidade Harvard e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago antes de ser eleito senador por Illinois, em 2004.
Foi em Harvard que Obama conheceu sua mulher, Michelle, com quem se casou em 1992. Os dois tiveram duas filhas: Malia, 9 e Sasha, 6.
Em uma medida muito bem planejada de sua campanha, Obama prefere não utilizar o rótulo de presidente negro, tão citado por seus eleitores e pela mÃdia. Cauteloso, ele não quer ficar estereotipado como candidato de um único eleitorado e arriscar perder importantes grupos demográficos do paÃs.
Fonte: Folha Online - 04/11/08.
CURIOSIDADES DAS ELEIÇÕES AMERICANAS
1 - O voto é obrigatório? Não. Todos com cidadania e mais de 18 anos podem votar, desde que registrados para tanto.
2 - Quantas pessoas votarão? Em 2004, havia 142,1 milhões de pessoas registradas para votar, das quais 125,7 milhões (63,8% do universo de possÃveis eleitores) votaram. A estimativa mais corrente é que neste ano votem 137 milhões, um recorde.
3 - Quem é responsável pela eleição nos EUA? Os Estados, em observância da Constituição, determinam legislação, regulamentação, fiscalização, sistema de voto, locais e horários de votação, apuração e certificação. Daà a disparidade de sistemas e urnas pelo paÃs.
4 - Por que muitos já votaram? Os EUA permitem o voto antecipado em todos os 50 Estados mais o Distrito de Columbia, pelo correio, e em 31 deles pessoalmente. Como o voto não é obrigatório e a eleição acontece numa terça _que não é feriado_, a prática estimula a participação.
5 - E por que terça-feira? A regra é de 1845, quando os EUA uniformizaram a data em todos os Estados. Foi escolhida a primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro (ou seja, sempre entre dia 2 e 8). Na época, muitas pessoas precisavam de um dia para se deslocar das fazendas até os locais de votação a partir de segunda-feira (domingo era dia santo para diversas denominações religiosas).
6 - A eleição é direta? Não. O voto popular norteia o voto dos delegados no Colégio Eleitoral, que elege o presidente. Cada Estado envia a essa instância uma delegação proporcional à sua população, que costuma votar em bloco no vencedor local _as exceções são Maine e Nebraska, que alocam os votos dos delegados de acordo com os resultados distritais. Ao todo, são 538 votos, e quem obtiver maioria simples (270) é eleito. Em caso de empate, a Câmara dos Representantes (deputados) elege o presidente, e o Senado, o vice.
7 - Os delegados são obrigados a votar no vencedor estadual? Não, mas é o que costuma ocorrer. Entre 1820 e 1988, houve apenas 16 votos de delegados em divergência com os Estados.
8 - Quando será a votação no Colégio Eleitoral? Em 15 de dezembro. Os delegados se reúnem nas capitais de seus respectivos Estados, votam e aguardam pela certificação do governador estadual. Os resultados estaduais são então enviados ao presidente, e, em 6 de janeiro (ou no dia útil seguinte), abertos em uma sessão conjunta do Congresso, que proclama o vencedor.
9 - Um presidente pode ser eleito mesmo tendo menos votos que um oponente pelo paÃs? Sim. A última vez foi em 2000, quando Al Gore venceu nas urnas mas perdeu para George W. Bush no Colégio Eleitoral (houve apenas três outros casos no século 19). Isso ocorre quando um candidato tem um percentual muito alto em Estados populosos, como Califórnia e Texas, mas seu rival o derrota por margens estreitas em Estados que somam mais votos no Colégio Eleitoral. O site de análise de probabilidades Fivethirtyeight calcula em 1,1% a chance de isso acontecer neste ano.
10- Quem são os candidatos? Além de Barack Obama (Partido Democrata) e John McCain (Partido Republicano), concorrem em mais de dez Estados Ralph Nader (independente), Robert Barr (Partido Libertário), Cynthia McKinney (do Partido Verde) e Gloria LaRiva (Partido Socialismo e Libertação).
11- Por que a disputa se dá sempre entre o partido Democrata e Republicano? O sistema nos EUA é bipartidário, portanto esses dois partidos são os únicos com representação nacional garantida (seus candidatos aparecem na cédula em todos os Estados). Para os demais terem seu nome na cédula, é preciso realizar abaixo-assinados estaduais. Em 1992, o milionário Ross Perot concorreu como independente e obteve 18,9% dos votos.
12- Quando será a posse? Em 20 de janeiro.
Fontes: US Census e InfoUSA/Departamento de Estado dos EUA
Luciana Coelho - Fonte: Folha Online - 04/11/08.
NÚMEROS CURIOSOS DA CAMPANHA DE 2008
- 12 milhões de americanos compareceram à s urnas na semana anterior ao pleito para decidir quem será o próximo presidente do paÃs. Nos Estados Unidos, 31 estados permitem votação antecipada por comparecimento.
- 5,3 bilhões de dólares é o preço total gasto nas eleições americanas, as mais caras da história. De acordo com a organização Centro para PolÃticas Responsáveis, o custo global das eleições representa um aumento de 27% sobre o pleito de 2004.
- 200.000 pessoas assistiram ao discurso de Obama na coluna da Vitória, em Berlim, na Alemanha. Se as eleições fossem lá, 76% dos alemães votariam no democrata, contra 10% que apoiariam seu rival.
- 150.000 dólares foi quanto o Partido Republicano gastou para dar um banho de loja na candidata Sarah Palin e em sua famÃlia. Entre roupas e acessórios, a governadora do Alasca gastou 9.447.71 dólares na Macy’s, 49.425,74 dólares na Saks Fifth Avenue e outros 75.062,63 dólares na Neiman Marcus. Só para o cabelo e maquiagem foram 4.716,49 dólares.
- 3 milhões de americanos fizeram doações para Obama desde o começo da campanha.
- 150 milhões de dólares foi quanto Obama arrecadou somente em setembro – quantia duas vezes maior que o recorde de 67,5 milhões de dólares arrecadados por ele em agosto.
- 605 milhões foi o valor total arrecadado por Obama desde o inÃcio de sua campanha. Já McCain, que aceitou o financiamento público, tem seu orçamento limitado a 84 milhões de dólares.
- 4.600 dólares foi quanto Obama e sua mulher, Michele, doaram para ajudar a saldar as dÃvidas de mais de 20 milhões de dólares da ex-rival Hillary Clinton. O valor é o máximo permitido para doações a campanhas.
- 48% dos eleitores têm uma imagem favorável de Michele Obama e 42%, desfavorável. Já 25% a vêem a possÃvel primeira-dama de maneira muito desfavorável. Os números da mulher de McCain, Cindy, foram de 49%, 29% e 10%, nas mesmas categorias.
- 200.000 homens votaram na publicação virtual AskMen e elegeram Obama o homem mais influente de 2008. McCain aparece no décimo lugar de uma relação que inclui 49 nomes.
- 125.000 dólares é o valor anual que Sarah Palin recebe como governadora do Alaska. Mesmo assim, ela cobrou 21.012 dólares a mais do estado pelos 64 vôos (de ida) e 12 vôos comerciais (ida e volta) que as três filhas pegaram desde que ela assumiu o gabinete, em dezembro de 2006.
- 14 milhões de telespectadores assistiram a aparição de Sarah Palin no programa humorÃstico Saturday Night Live. A participação da governadora do Alasca ao lado da atriz Tina Fey levou o programa de TV a sua maior audiência em 14 anos.
- 47% dos europeus acreditam que as relações transatlânticas melhorarão caso Obama ocupe a Casa Branca, contra 11% que dizem que isso acontecerá se McCain for o vencedor.
- 300.000 dólares foi quanto a mulher de McCain, Cindy, gastou com as roupas que usou na Convenção Republicana. Desse total, foram 280.000 dólares só para os brincos de brilhantes. Outros 3.000 pagaram o vestido Oscar de La Renta, 4.500 um relógio Chanel e 20.000, um colar de pérolas.
- 47 anos será a idade de Barack Obama ao assumir a Presidência se ele for eleito. Seria o terceiro presidente mais novo da história dos EUA, atrás apenas de Theodore Roosevelt, empossado aos 42 anos, e John Kennedy, que chegou à Casa Branca com 43.
- 520 dólares foi quanto o candidato republicano John McCain gastou no seu novo par de sapatos italianos Ferragamo. Com o calçado, o senador fez comÃcios em todo o paÃs. Ninguém conseguiu descobrir a marca dos sapatos de Obama.
- 26 foi a quantidade vezes que o nome de Samuel Joe Wurzelbacher – Joe, o encanador – foi citado por McCain e Obama durante um debate presidencial. McCain ficou até com vergonha do número e pediu desculpas ao homem quando participou do programa Late Show With David Letterman.
- 60% dos latino-americanos não se importam com a eleição americana. A pesquisa, realizada por uma ONG chilena, pesquisou 18 paÃses.
- 57% da cobertura da imprensa americana sobre a campanha de McCain foi negativa, enquanto apenas 29% das reportagens eram crÃticas a Obama. Na pesquisa foram analisadas 2.412 reportagens de 43 jornais e emissoras de TV.
- 10.000 dólares foi o preço pago por quem quis sentar ao lado de Barack Obama e de sua mulher, Michele, em um jantar oferecido em um triplex pela Calvin Klein.
Fonte: Veja.com - 04/11/08
A CASA BRANCA
Em 1938, Billie Holiday, cantora negra americana, não era admitida nos hotéis que hospedavam seus colegas da orquestra branca de Artie Shaw. O liberal Shaw armava um bode na recepção e, se Billie não pudesse ficar com eles, marchavam todos para fora da espelunca e da cidade.
Na década de 40, Duke Ellington, já tido como um dos homens mais elegantes da América, também só podia hospedar-se com sua orquestra nos guetos das cidades em que se apresentavam. Outra cantora negra, Lena Horne, era um grande nome da MGM, mas, de tão perigosamente linda, sua parte nos filmes limitava-se a um número musical -que pudesse ser cortado nos Estados racistas, sem prejuÃzo da trama.
Em 1956, o programa semanal de Nat "King" Cole na TV americana nunca atraiu um patrocinador nacional, e a NBC só o manteve no ar durante 64 semanas porque astros como Frank Sinatra, Peggy Lee e Tony Bennett ofereciam-se para cantar nele quase de graça. Os empresários temiam que seus produtos fossem boicotados se patrocinassem o programa de um negro.
Nessa época, um hotel de Las Vegas mandou esvaziar e lavar a piscina em que a estrela de sua boate, a maravilhosa Dorothy Dandridge, nadara naquele dia. Dorothy não tinha quem a defendesse da ofensa, porque seu namorado branco, o cineasta Otto Preminger, não a assumia publicamente.
Em 1960, ao lado de Sinatra e Dean Martin, Sammy Davis Jr. trabalhou duro na campanha de John Kennedy à Presidência. Com Kennedy eleito, Sammy Davis foi "desconvidado" para a festa de posse na Casa Branca por estar namorando uma das mulheres mais desejadas do paÃs, a lourÃssima Kim Novak.
Daà que, para os americanos, a presença de Barack Obama e sua famÃlia na Casa Branca é -como se diz mesmo?- emblemática.
Ruy Castro - Fonte: Folha de S.Paulo - 08/11/08.
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