5O ANOS DE ERA ESPACIAL...
50 ANOS NO ESPAĂO
O mundo inteiro, ianques incluĂdos, celebra os 50 anos do lançamento do primeiro satĂ©lite artificial, o Sputnik 1 (foto). Aconteceu no dia 4 de outubro de 1957, e o mundo nunca mais foi o mesmo desde entĂŁo. Mas nada do que americanos ou russos pensavam na Ă©poca, ao ver aquela bolinha cruzar os cĂ©us, aconteceu. Ainda bem.
O foguete que permitiu a façanha foi criado a partir do seguinte estudo, de 1950, encomendado pelo governo soviĂ©tico: "Requerimentos de desenvolvimento para um foguete lĂquido com alcance de 5.000 a 10.000 km e uma ogiva de 1 a 10 toneladas".
A idéia era construir um negócio que jogasse bombas a meio mundo de distùncia. A União Soviética precisava responder aos americanos depois das primeiras bombas atÎmicas sobre o Japão, em 1945. Quatro anos depois, os russos jå tinham suas próprias armas nucleares, mas de que elas serviam sem uma ferramenta para disparå-la na direção do adversårio? O lançamento do Sputnik 1 foi a demonstração de que essa ferramenta passava a existir. Seu criador, o russo Sergei Pavlovich Korolev, virou herói e os americanos entraram em parafuso.
O satĂ©lite de 84 quilos operou por apenas 21 dias, mas tocou o terros nos EUA. Foi com o argumento de que os americanos estavam em perigo que John F. Kennedy se elegeu presidente. Antes disso, o governo americano criou a Nasa - Administração Nacional de AeronĂĄutica e Espaço, agĂȘncia destinada a vencer a recĂ©m-criada corrida espacial.
O resto, como dizem, é história. Embora tenham quase chegado a um conflito nuclear, os dois lados nunca foram às vias de fato. A disputa espacial que travaram resultou em avanços que melhoraram a qualidade de vida na Terra, como nas telecomunicaçÔes.
HĂĄ 50 anos, aprendemos a nos destruir. Mas optamos deliberadamente por nĂŁo fazĂȘ-lo. Hoje, americanos e russos colaboram na construção da Estação Espacial Internacional. AmanhĂŁ, o que serĂĄ? Que venham os prĂłximos 50 anos!
(Salvador Nogueira) - Fonte: Gallileu - NĂșmero 195.
O BRASIL E OS 50 ANOS DA ERA ESPACIAL
4 de outubro, é dia de comemorar os 50 anos da era espacial. à também uma data oportuna para refletirmos sobre o desenvolvimento do Brasil nessa årea dentro do cenårio internacional.
No auge da Guerra Fria, os soviĂ©ticos surpreenderam o mundo ocidental, sobretudo os Estados Unidos, com o lançamento do primeiro satĂ©lite artificial, o Sputnik, que marcou o inĂcio da corrida espacial.
No Brasil, o acontecimento histórico foi acompanhado de perto por estudantes do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronåutica), em São José dos Campos (SP). Eles estavam preparados para receber os sinais do Explorer, o primeiro satélite americano, mas, quando souberam do satélite soviético, adaptaram a estação que tinham e conseguiram receber os sinais do Sputnik.
TambĂ©m no inĂcio da dĂ©cada de 1960, militares brasileiros jĂĄ trabalhavam no desenvolvimento de foguetes, buscando acompanhar a tendĂȘncia de criar programas espaciais prĂłprios que se espalhava por todo o globo terrestre.
Começamos, portanto, acompanhando de perto os pioneiros.
Na educação à distùncia, hoje considerada prioridade pelo governo, houve o projeto Saci (Sistema Avançado de ComunicaçÔes Interdisciplinares), implantado no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também nos anos 1960-1970.
Ambicioso, visava implantar programas educacionais por TV via satĂ©lite por todo o paĂs, erradicar o analfabetismo. Mas, por razĂ”es polĂticas que nĂŁo caberiam neste espaço, mal logrou ser um projeto-piloto em Natal (RN), onde, por alguns meses, atendeu a algumas centenas de alunos de escolas pĂșblicas.
A Ăndia e o CanadĂĄ começaram programas similares na mesma Ă©poca -e foram longe. NĂłs paramos.
A primeira maior decisĂŁo polĂtica na ĂĄrea espacial veio com o governo militar, que buscou parceria da França para desenvolver uma missĂŁo espacial completa.
Dezenas de engenheiros foram treinados no centro de pesquisa espacial francĂȘs, mas, em 1979, o governo decidiu optar por um programa autĂłctone, que deu origem Ă MissĂŁo Espacial Completa Brasileira. Uma base de lançamento, foguete e quatro satĂ©lites deveriam ser desenvolvidos em cerca de dez anos.
Passados quase 30 anos, temos pouco a comemorar sobre esse programa. Foram desenvolvidos e lançados (por foguetes americanos) os dois primeiros satĂ©lites e o veĂculo lançador ainda estĂĄ em desenvolvimento. O lado positivo a lembrar Ă© a formação de pessoas e equipes, mas falta um projeto governamental de longo prazo nessa ĂĄrea.
PaĂses como Ăndia, Israel e China tĂȘm programas espaciais avançados, pois, alĂ©m de decisĂ”es polĂticas assertivas, trabalharam desde o inĂcio com outros paĂses, incentivaram e implantaram empresas dedicadas Ă tecnologia espacial.
No Brasil, talvez um Ășnico exemplo de sucesso de parceria na ĂĄrea espacial seja o CBERS (sigla em inglĂȘs para SatĂ©lite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Fruto de um acordo assinado entre os dois paĂses em julho de 1988, resultou atĂ© o momento no lançamento de trĂȘs satĂ©lites (o Ășltimo em setembro), intercĂąmbio permanente de pesquisadores e engenheiros, capacitação e envolvimento de empresas brasileiras no projeto.
Programas espaciais sĂŁo empreendimentos que exigem polĂticas pĂșblicas e planejamento de longo prazo; definição clara de metas; orçamentos compatĂveis com os requisitos do desenvolvimento e fabricação de equipamentos espaciais que nĂŁo sĂŁo de larga escala industrial. No entanto, permitem aos que neles investem um lugar privilegiado entre os paĂses com evolução tecnolĂłgica avançada.
O Brasil precisa de um PAC na ĂĄrea espacial, um programa que, emanado do governo, defina afinal o que o paĂs pretende e pode fazer nessa ĂĄrea. NĂŁo somente para atĂ© o final deste ou do prĂłximo mandato mas tambĂ©m para os prĂłximos 20 anos, pois assim se pensa um programa espacial.
Com um orçamento anual de US$ 130 milhĂ”es, o que Ă© pouco comparado com paĂses como Ăndia (cerca de US$ 600 milhĂ”es/ano) e China (que tem atĂ© programas de missĂ”es lunares), que jĂĄ tĂȘm foguetes, satĂ©lites e bases de lançamento, precisamos definir e privilegiar claramente algumas ĂĄreas que atendam grandes demandas nacionais.
MARCO ANTONIO RAUPP , 69, matemĂĄtico, doutor pela Universidade de Chicago (EUA), Ă© o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da CiĂȘncia). Foi diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do LaboratĂłrio Nacional de Computação CientĂfica.
Fonte: Folha de S.Paulo - 04/10/07.
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