PRĂMIO NOBEL
ROBERT EDWARDS
English:
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/2010/
http://www.bbc.co.uk/news/health-11465715
http://uktodaynews.com/9307/robert-edwards-wins-2010-nobel-prize-for-medicine-for-pioneering-ivf/
"Pai" de bebĂȘs de proveta leva o Nobel de Medicina. BritĂąnico Robert Edwards, 85, teve primeiro ĂȘxito com tĂ©cnica hĂĄ 32 anos. Pesquisa ainda desperta crĂticas de religiosos; primeira menina teve gravidez natural e vĂȘ cientista como "avĂŽ".
O PrĂȘmio Nobel em Medicina ou Fisiologia de 2010 vai para uma tĂ©cnica que revolucionou a maneira como se vĂȘ a reprodução humana: a criação de bebĂȘs de proveta.
O britĂąnico Robert Edwards, 85, Ă© o laureado por desenvolver a fertilização in vitro. Desde os anos 1970, ela jĂĄ possibilitou o nascimento de 4 milhĂ”es de crianças. O nĂșmero Ă© assim alto porque mais de 10% dos casais tĂȘm problemas de infertilidade.
As primeiras pessoas que o médico atendeu foram John e Lesley Brown, casal que tentava ter filhos havia nove anos. Em 1978, nascia Louise Brown, filha deles.
TRĂS DĂCADAS
Brown foi o fruto de quase 30 anos de trabalho. O cientista britĂąnico jĂĄ tentava achar uma forma segura de unir Ăłvulos e espermatozoides humanos arredios desde os anos 1950. Quando a menina nasceu, houve grita sobre Edwards estar tentando brincar de ser Deus.
Religiosos ainda hoje polemizam sobre o assunto. O Vaticano disse ontem que esse Nobel foi "fora de lugar".
Para Renato Fraietta, médico da Unifesp, além do fator religioso, resta certo preconceito com a técnica por falta de informação.
"Diminuiu muito, mas ainda hĂĄ desconhecimento. As pessoas pensam que o filho pode nĂŁo ser delas. Parece uma coisa de outro mundo."
Isso nĂŁo acontece somente entre pessoas menos instruĂdas, mesmo porque o procedimento ainda Ă© bastante caro -no Brasil, pode variar entre R$ 15 mil e R$ 50 mil.
O tempo mostrou que a tĂ©cnica de Edwards Ă© segura. Crianças nascidas graças Ă fertilização in vitro parecem ter saĂșde tĂŁo boa quanto as concebidas naturalmente. O comitĂȘ do Nobel, aliĂĄs, destaca que, apĂłs essas dĂ©cadas todas, "bebĂȘs" de proveta estĂŁo tendo seus prĂłprios filhos, sem problemas.
"Ter filhos é a coisa mais importante na vida", disse hå alguns anos Edwards, que, em idade avançada, preferiu não falar com a imprensa após a premiação.
VOVĂ OCUPADO
"Bob Ă© muito ocupado, mas nĂłs realmente gostamos de vĂȘ-lo", disse em 2008 Louise Brown, que vive em Bristol, no Reino Unido.
Brown, que diz que "Bob" Ă© como um avĂŽ para ela, sempre foi rechonchudinha e conta que, na escola, colegas perguntavam coisas do tipo "Como vocĂȘ coube em um tubo de ensaio?". "Crianças podem ser bem cruĂ©is", afirma.
Tirando isso, porĂ©m, diz ter tido uma infĂąncia bastante normal, prĂłxima da sua irmĂŁ Natalie, quatro anos mais nova, tambĂ©m bebĂȘ de proveta -a mĂŁe tinha mesmo dificuldades para engravidar.
Louise engravidou naturalmente, de um segurança de casa noturna, com quem casou em 2004. Ela hoje trabalha no setor administrativo de uma empresa de encomendas. Edwards foi ao casamento deles.
Ricardo Mioto - Fonte: Folha de S.Paulo - 05/10/10.
Mais detalhes:
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/2010/
http://www.bbc.co.uk/news/health-11465715
http://uktodaynews.com/9307/robert-edwards-wins-2010-nobel-prize-for-medicine-for-pioneering-ivf/
ANĂLISE
Apesar de consagrada, técnica ainda é cara e controversa
CLĂUDIA COLLUCCI
Robert Edwards tem bons motivos para comemorar o Nobel de Medicina. Desde o inĂcio da sua pesquisa, ele e o parceiro Patrick Steptoe, morto em 1988, enfrentaram ataques do Vaticano e desprezo da academia.
Sem recursos pĂșblicos, a dupla sĂł emplacou a fertilização in vitro (FIV) graças a fundos privados.
A mesma sorte nĂŁo teve o indiano Subhash Mukhopadhyay, criador do segundo bebĂȘ de proveta, nascido 67 dias apĂłs a britĂąnica Louise Brown. Impedido de divulgar seu trabalho e levado ao ostracismo em seu paĂs, o mĂ©dico se suicidou em 1981.
A FIV teve papel fundamental na vida das mulheres, que sempre pagaram um preço alto pela infertilidade. Em culturas ancestrais, por exemplo, os homens tinham o direito de enforcar aquelas que não procriassem.
ApĂłs trĂȘs dĂ©cadas, a tĂ©cnica estĂĄ consagrada, mas continua controversa. AlĂ©m de cara e limitada, levanta uma sĂ©rie de questĂ”es Ă©ticas e jurĂdicas bastante complexas.
Afinal, Ă© Ă©tico uma mulher usar Ăłvulos de outra mais jovem para engravidar aos 70 anos? Ou uma mulher engravidar com o esperma congelado do parceiro morto?
Edwards realiza agora um desejo que expressou, por brincadeira, sete anos atrĂĄs. Questionado se nĂŁo se sentia injustiçado por nunca ter sido condecorado, ele disse: "NĂŁo vou derramar uma lĂĄgrima por isso. Mas se vocĂȘ quiser organizar um Nobel, por favor, vĂĄ em frente".
Fonte: Folha de S.Paulo - 05/10/10.
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