AS CAMPEÂS DO CARNAVAL...
ROSAS DE OURO E UNIDOS DA TIJUCA
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http://gobrazil.about.com/b/2010/02/16/rosas-de-ouro-champion-of-sao-paulo-carnival-2010.htm
http://gobrazil.about.com/b/2010/02/16/unidos-da-tijuca-shines-in-rio-carnival-2010-wins-gold-banner.htm
Rosas - http://www.sociedaderosasdeouro.com.br/
Tijuca - http://unidosdatijuca.com.br/
DE VIRADA, ROSAS DE OURO VENCE APÓS 16 ANOS
A apenas alguns minutos do fim da apuração, a Rosas de Ouro ultrapassou a Mocidade Alegre -que se manteve na dianteira durante boa parte da contagem- e se consagrou campeã do Carnaval pela 7ª vez.
A virada ocorreu na divulgação do último quesito -comissão de frente- e a diferença entre primeira e segunda foi de apenas 0,25 ponto.
A vitória foi embalada pelo enredo "O Cacau Chegou". A escola perfumou o Anhembi com aroma de chocolate para quebrar um jejum de 16 anos.
Na comemoração do tÃtulo, o cheiro de chocolate, no entanto, foi substituÃdo pelo de gás lacrimogêneo. Ao intervir numa briga do lado de fora da quadra da escola, na zona norte, por volta de 22h, a PM disparou vários projeteis com o gás. A fumaça invadiu o local, onde 5.000 pessoas comemoravam o tÃtulo. Houve corre-corre, mas ninguém se feriu gravemente.
Após o tumulto, muitas pessoas tiveram de ser atendidas por ambulâncias por causa de irritações causadas pelo gás. Três delas foram encaminhadas para o hospital. A festa da campeã teve de acabar por ali.
Sem marketing
Antes dos desfiles, a Rosas de Ouro teve de mudar o nome de seu enredo "cacau é show" para "cacau chegou" -a agremiação é apoiada pela marca de chocolates Cacau Show. Segundo o presidente da escola, a mudança ocorreu por pressão da Rede Globo, que transmite os desfiles. A Folha não conseguiu contato com a emissora ontem para comentar o caso.
Vice-campeã, a Mocidade empolgou o público e foi considerada até quase o fim da apuração a favorita ao bicampeonato. Vai-Vai ficou em terceiro; Leandro de Itaquera e Imperador do Ipiranga -uma das escolas mais atingidas pelas chuvas do inÃcio do ano- foram rebaixadas para o Grupo de Acesso. Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche voltam ao Grupo Especial em 2011.
A apuração ocorreu sob sol forte e clima tenso. Concentrados na arquibancada superior, torcedores da Gaviões da Fiel se revoltaram contra as notas e atiraram garrafas, copos plásticos e chinelos nas demais torcidas e na área em que estavam jurados e diretores.
Integrantes da Gaviões que estavam na área restrita também atiraram mesas e cadeiras. Cerca de 800 policiais, incluindo a Tropa de Choque, tentavam conter a agitação.
Ao deixar o Anhembi, integrantes da Gaviões chegaram a fechar parte da marginal Tietê -que foi liberada em seguida.
Um repórter da rádio Capital foi atingido na cabeça e uma criança também se machucou.
A Gaviões ficou em quinto, atrás da Mancha Verde.
Mariana Barros - Fonte: Folha de S.Paulo - 17/02/10.
UNIDOS DA TIJUCA CAMPEÃO DO CARNAVAL DO RIO
A Unidos da Tijuca conquistou na tarde desta quarta-feira o tÃtulo de Campeã do Grupo Especial das escolas de samba do 2010.
Com o enredo "É Segredo!", a escola inovou na avenida e usou efeitos visuais para mexer com a imaginação do público. A Unidos da Tijuca foi terceira escola a desfilar no primeiro dia de apresentações do Grupo Especial do Rio, e foi considerada pelo público a grande sensação da Marquês de SapucaÃ.
Veja o samba-enredo da escola:
"É SEGREDO!"
Autores: Julio Alves, Totonho, Marcelinho Calil
Intérprete: Bruno Ribas
Desvendar esse mistério
É caso sério, quem se arrisca a procurar
O desconhecido, no tempo perdido
Aquele pergaminho milenar
São cinzas na poeira da memória
E brincam com a imaginação
Unidos da tijuca, não é segredo eu amar você
Decifrar, isso eu não sei dizer
São coisas do meu coração
Eu quero ver esse lugar
Que o próprio tempo acabou de esquecer
Meu deus, por onde vou procurar
Será que alguém pode me responder
Quem some na multidão
Esconde a sua verdade
Imaginação, o herói jamais revela a identidade
Será o mascarado
Nesse bailado um folião?
A senha, o segredo da vida
A chave perdida é o 'x' da questão
Cuidado, o que se vê pode não ser... Será?
Ao entender é melhor revelar
No sonho do meu carnaval
Pare pra pensar, vai se transformar
Ou esconder até o final?
É segredo, não conto a ninguém
Sou tijuca, vou além
O seu olhar, vou iludir
A tentação é descobrir
Fonte: Folha de S.Paulo - 17/02/10.
AS 10 MUSAS INESQUECÃVEIS DAS ESCOLAS DE SAMBA
http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/diversao/as-10-grandes-musas-da-festa-do-carnaval-brasileiro/
OS 10 MICOS RESULTANTES DA EMPOLGAÇÃO CARNAVALESCA
http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/diversao/os-10-micos-mais-memoraveis-do-carnaval-no-brasil/
AS 10 MAIORES FESTAS DE CARNAVAL PELO MUNDO
http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/turismo/as-10-cidades-com-festas-de-carnaval-mais-famosas/
OS 10 BLOCOS COM OS NOMES MAIS CURIOSOS DO PAÃS
http://veja.abril.com.br/blog/10-mais/diversao/os-10-nomes-mais-divertidos-de-blocos-de-rua-do-rio/
Fonte: Veja - Edição 2152.
NOTA DEZ
Entenda os critérios de avaliação dos desfiles, em que cada escola é julgada por 50 pessoas que ficam espalhadas em pontos estratégicos da avenida. São até dez quesitos, em que a nota mÃnima é oito, além de alas e de personagens tradicionais das escolas.
ALA DAS BAIANAS
Apesar de não ser obrigatória, a ala das baianas é uma das partes mais tradicionais do desfile. É composta, geralmente, por senhoras da comunidade. Não é julgada na apuração.
HARMONIA
Entrosamento entre bateria e canto, que devem estar em perfeita harmonia.
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
O mestre-sala protege e apresenta o emblema da escola, além de cortejar, com gestos elegantes, a porta-bandeira, que leva a bandeira e cuida para que ela não enrole. Os passos de dança são mais lentos.
ALEGORIAS E ADEREÇOS
Alegorias são os elementos cenográficos que não estão no chão, como decoração de carros alegóricos; adereços são aqueles que estão no chão, como estandartes. Confecção, decoração, materiais, cores e criatividade são julgados.
BATERIA
Responsáveis por animar o desfile, os até 200 ritmistas da escola precisam estar ensaiados para agradar até com direito a "paradinha", que não pode dar errado.
EVOLUÇÃO
Progressão dos passistas de acordo com o samba-enredo. Correrias ou retrocessos são penalizados. Há tempo mÃnimo e máximo.
ENREDO
Criação e apresentação artÃstica de um tema para desfile. São avaliadas a sequência das alas e a criatividade das escolas.
SAMBA-ENREDO
É a música que embala os desfiles. Os julgadores avaliam a beleza e a poesia da letra, além da melodia, que deve valorizar o samba.
FANTASIAS
Adequação das fantasias ao entendimento do enredo, assim como a uniformidade delas dentro de cada ala. Quanto mais criativa, melhor.
COMISSÃO DE FRENTE
Os integrantes apresentam a escola ao público, com toques de acrobacia. Coordenação, sintonia e criatividade são os critérios de avaliação.
RAINHA DE BATERIA
Não é uma função obrigatória, mas de tradição -as meninas que conduzem a bateria são membros da própria escola, ou, como é mais comum, atrizes, modelos ou apresentadoras de TV. Não é julgada.
CONJUNTO
A forma geral como a escola se apresenta. Não é julgado em São Paulo.
Fonte: Folha de S.Paulo – 15/02/10.
ARITMÉTICA DO CARNAVAL
Todo Carnaval é assim. Enquanto milhões se jogam na folia, outros amarram a cara pelo fato de que, num paÃs de miseráveis, onde a fome, a doença e a morte campeiam e não faltam assuntos sérios, como inundações, desabamentos e demais desgraças, a mÃdia dá tanto espaço à cobertura de blocos, escolas de samba, mulatas e outras futilidades.
Velho adepto de futilidades, há alguns anos comecei a me perguntar sobre a aritmética do Carnaval. Exemplos. Quantas pessoas estariam envolvidas no desfile de uma única escola de samba, entre designers, folcloristas, pintores, figurinistas, escultores, costureiras, chapeleiros, bordadeiras, carpinteiros, eletricistas, ferreiros, soldadores e outros artesãos? Quem paga essa turma? Sem contar os empurradores de alegorias, os manobristas do carvalhão e os adorados garis, que passam varrendo e sambando depois de cada escola.
Quem mede a quantidade de tecidos, plumas, pedrarias, lantejoulas, miçangas e vidrilhos que cobrem os cerca de 4.000 figurantes dessa escola? E a de isopor, madeira e ferragens usados nos cenários dos carros? Quem calcula e compra tudo isso em nome da escola? E compra de que fornecedores? Há concorrência por preços mais competitivos? E qual é a margem de recuperação do investimento quando, passado o Carnaval, a escola revende o que sobreviveu do material a escolas de praças menores?
Isto apenas no que se refere à mecânica das escolas. Mas, e o dinheiro movimentado pelos blocos, bailes, feijoadas, televisões, patrocÃnios, publicidade, comércio, hotelaria, táxis, cerveja, água de coco, reciclagem de latas, carros de som, engov, buscopan na veia, fotos da Madonna etc.?
Fútil ou não, o Carnaval oferece emprego e sustenta mais famÃlias brasileiras do que supõem os que amarram a cara contra ele.
Ruy Castro (http://www.releituras.com/ruycastro_menu.asp) - Fonte: Folha de S.Paulo – 15/02/10.
VIVA O "TRÃDUO MOMESCO!"
Todo ano, meu artigo cai na terça-feira de Carnaval e todo ano me repito sobre o chamado "trÃduo momesco", como escreviam os jornalistas barrocos. Os bombeiros eram os "bravos soldados do fogo", um incêndio era o "belo horrÃvel" e, "no desastre, o trem ficou reduzido a um monte de ferros retorcidos". E o Carnaval era o "trÃduo momesco".
Todo ano, espremo a cabeça sobre o assunto - nostalgias, pretensas reflexões - e nada sai de novo.
Assim, resolvi fazer uma antologia de mim mesmo sobre esse forrobodó de fevereiro, o farrancho, a folia, a folgança, o banzé, a bambochata, como rezam os sinônimos do genial dicionário analógico de Francisco dos Santos Azevedo.
Muito bem. Acho o Carnaval nossa patuscada e grandeza. Como pode o mundo achar o Carnaval um desvio da razão neste mundo insano de Chávez, Irã, Iraque, de bombas "clean" contra bombas sujas? O Carnaval nos vê e exibe a matéria de que somos feitos, por baixo dessa mÃmica de "Ocidente" que tentamos há quatro séculos.
A Ãfrica e os Ãndios nos salvaram, assim como salvaram os Estados Unidos da América. Que seria da América sem o jazz?
O Carnaval é feminino; o "rock" é de homem. O "rock" é guerra; o Carnaval é luxo e volúpia. As mulheres nos desfiles estão além do desejo real. Conquistadas, elas seriam reais, mas nosso desejo as quer como metáforas inatingÃveis.
Se bem que, nos musicais norte-americanos, quem inventou as escolas de samba na tela foi Busby Berkeley, esse gênio esquecido.
Talvez nosso Carnaval seja uma doença salvadora, uma epidemia de delÃrio de que o mundo precisa, além da guerra, da velocidade e do mercado cruel.
A "razão perversa" é a razão do Carnaval. Não a perversão como "pecado", mas como a busca de uma civilização "não civilizada", de retorno a uma animalidade perdida e pulsante.
A sacanagem das matas profundas é diferente das surubas calvinistas de Nova York, que inventaram o sexo torturado nas boates doentias e acabaram na Aids. Nosso Carnaval mostra que o inconsciente brasileiro está à flor da carne. Quanto mais civilizado o paÃs, mais fundo o recalque. Já imaginaram nossa cascata de bundas na SuÃça?
Antes, o Carnaval começava no Rio com as marchinhas tocando no rádio desde dezembro, sob o canto das cigarras do verão.
Na terça-feira, eu ia com meu pai à Rio Branco ver a passagem das "sociedades" carnavalescas.
Eram carros alegóricos cheios de rodas moventes, de estátuas de papel e massa, grandes e toscas carrancas, estrelas, sóis, luas cobertas de mulheres provocantes. As "sociedades" competiam com nomes góticos como "Pierrôs da Caverna" ou "Tenentes do Diabo". Todo mundo cantava: "Chiquita Bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica!". De repente, eu vi um carro imenso que era um despotismo de cachos de banana, onde dançava uma mulher lindÃssima, completamente nua na proa. Os pais de famÃlia, as mães de famÃlia (todo mundo era de famÃlia) sussurravam: "Olha a Elvira Pagã! Olha a Elvira Pagã!".
Já contei essa história aqui, mas repito. Elvira Pagã era uma vedete, mas, naquele ano remoto, ela queria "provar" alguma coisa. Algumas atrizes como ela transcendiam o palco e viravam sÃmbolos dos desejos reprimidos no coração das famÃlias. Eu via nas senhoras a inveja infinita e escandalizada e, no olhar de meu pai, um brilho que eu não conhecia. Elvira Pagã (que nome anti-cristão e livre...) foi a precursora corajosa das mulheres nuas de hoje, como Luz del Fuego e Eros Volúsia.
Hoje, as mulheres do Carnaval travam uma competição frenética de bundas e seios e eu me pergunto: o que querem elas provar? Querem nos levar para o fundo do mar como sereias, querem destruir os lares, querem mostrar que o sexo resolverá os problemas do Brasil?
Até hoje, quando penso nos Carnavais da minha infância, lembro do cheiro do lança-perfume. Carnaval para mim era o cheiro.
O lança-perfume era tudo. Havia uns em vidro, frágeis como ampolas, mas o sÃmbolo do Carnaval era o Rodouro metálico, que ejetava um fino jato de éter, gelando as costas nuas de odaliscas e havaianas que se torciam em risos trêmulos. O perfume flutuava pelas avenidas como uma aragem geral, uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confetes e rasgada por serpentinas. Hoje, com os corpos malhados, excessivamente nus, falta a celulite, falta o mal-jeito, faltam o medo, a ingenuidade, o romantismo, faltam Braguinha, Lamartine Babo, Mário Lago. Lembro das escolas de samba a pé ainda na avenida Rio Branco, um bando de Ãndios de bigode e penas de espanador, pintados de preto, seguidos pelas gordas baianas cobertas de balangandãs.
Naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que vÃamos no Carnaval e no futebol, com Ademir e Zizinho geniais, disputando o Vasco e o Bangu, esperança ingênua que se via nos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras da calçada e até nas favelas lÃricas e sem droga, sem crimes hediondos.
Esse passado ainda se vê hoje no mundo dos foliões anônimos. Nas ruas, está a origem do Carnaval profundo. Lá, estão os desesperados, os famintos de amor, os malucos, os excluÃdos da festa oficial. O Carnaval das ruas está longe do populismo oficial, que transforma o popular em "kitsch".
Nas ruas, estão os blocos dos anjos de cara suja, os blocos das escrotas, dos vagabundos, dos bêbados ornamentais, da crioulada pobre.
Só os sujos são santos. Ali estão as três raças brasileiras entrelaçadas num casamento grupal doido: negros, brancos e Ãndios dando à luz um grande bebê mestiço e gargalhante.
O Carnaval de hoje é um grande tumulto. Parece uma calamidade pública musicada por uma euforia disputada pelo narcisismo de burgueses e burguesas se despindo para aparecer na TV.
Em matéria de saudades, sou nacionalista.
Tenho vontade de botar uma camisa amarela, sair com um reco-reco e um pandeiro na mão e sumir no turbilhão da galeria da minha vida que já passou.
Arnaldo Jabor (http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/ARNALDO-JABOR.htm) - Fonte: O Tempo - 16/02/10.
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