FM - Faculdade Mental

MANCHETES DA SEMANA - 20/11/2008

DIA INTERNACIONAL DE NÃƒO COMPRAR NADA

BUY NOTHING DAY
English:
http://www.adbusters.org/campaigns/bnd
http://www.buynothingday.co.uk/
http://www.rogerwendell.com/buynothingday.html
Inveja, LuxÃºria, Ira, Gula, PreguiÃ§a, Avareza, Soberba - OITAVO PECADO CAPITAL: CONSUMISMO
Quem nunca se arrependeu de comprar aquele aparelho de ginÃ¡stica sensacional, mostrado na tv, que durante duas semanas entusiasma e depois nÃ£o serve nem para cabide? Ou de fazer aquele prato maravilhoso mostrado na revista, que se revela uma gororoba?
O consumismo Ã© hoje um dos maiores perigos para a humanidade. SÃ³ o Primeiro Mundo, com 20% da populaÃ§Ã£o mundial, consome 86% dos recursos naturais e responde por 80% da produÃ§Ã£o de gases poluentes e lixo tÃ³xico.
Em 1993, a ong canadense Adbusters (Demolidores da Publicidade) criou o Dia Internacional de NÃ£o Comprar Nada. Seus bem-humorados ativistas incentivam a ida aos shoppings e supermercados para nÃ£o comprar. Alguns deles sÃ£o publicitÃ¡rios que espalham anÃºncios ironizando marcas famosas. A data Ã© lembrada em 43 paÃses, inclusive no Brasil, e espalha-se pela internet.
"Queremos questionar esse consumo exagerado e desnecessÃ¡rio que estÃ¡ acabando com o planeta", diz Gil Inoue.
Com amigos, Gil formou o grupo AtuaÃ§Ã£o, que age em SÃ£o Paulo. Existem outros em Porto Alegre, Rio e Salvador. A mÃ©dica paulista Fernanda Santos, que vai aderir por iniciativa prÃ³pria, dÃ¡ a receita:
â€œUma dieta de 24 horas faz a gente perceber quanto o consumismo Ã© um vÃcio.â€
Para saber mais veja o site: www.adbusters.org
Fonte: Almanaque Brasil.
Leia mais:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_261126.shtml
http://www.ipaz.org.br/lermais_materias.php?cd_materias=342

NINGUÃ‰M COMPRA NADA
VocÃª conseguiria passar um dia inteiro sem comprar nada? NÃ£o por falta de grana, mas por consciÃªncia ambiental, milhÃµes de pessoas ao redor do mundo decidiram que na Ãºltima sexta-feira de novembro, ano a ano, ninguÃ©m compra nada. Essa Ã© uma campanha chamada Buy Nothing Day, criada pela organizaÃ§Ã£o Adbusters. A Revista MTV conversou com o idealizador do movimento, o publicitÃ¡rio e cineasta estoniano Kalle Lasn.
Como surgiu a Adbusters?
Em 1989, eu e alguns amigos, entre eles artistas, feministas, ativistas e principalmente gozadores de plantÃ£o, costumÃ¡vamos nos reunir para trocar idÃ©ias. Todos estÃ¡vamos desiludidos com o quanto a cultura havia sido tirada de nÃ³s.
Antigamente a cultura era construÃda de baixo para cima e agora acontece justamente o contrÃ¡rio, a cultura nos Ã© imposta por emissoras de televisÃ£o, agÃªncias de publicidade e grandes corporaÃ§Ãµes.
Fizemos um vÃdeo de 30 segundos que apresentava uma crÃtica severa ao modelo capitalista da AmÃ©rica do Norte, porÃ©m, quando fomos tentar colocÃ¡-lo no ar, as redes de TV se recusaram a nos vender espaÃ§o na programaÃ§Ã£o. Ficamos muito desiludidos.
Ter vindo de um paÃs que fez parte da UniÃ£o SoviÃ©tica tem alguma relaÃ§Ã£o com a sua aversÃ£o ao capitalismo?
Eu cresci vendo o meu paÃs ser controlado e domesticado pela UniÃ£o SoviÃ©tica, que tirava toda a nossa liberdade. JÃ¡ quando eu vim para a AmÃ©rica, que diziam ser a terra da liberdade, o lar da bravura em que a democracia estava acima de tudo, descobri que vocÃª nÃ£o pode desafiar as grandes corporaÃ§Ãµes, e por mais que seja um controle mais benigno do que o soviÃ©tico, vocÃª ainda nÃ£o pode ir Ã TV e falar o que pensa.
Dos resultados atingidos pelo Buy Nothing Day, quais foram os mais gratificantes?
Quando a campanha comeÃ§ou, em 1993, as pessoas achavam que estÃ¡vamos de gozaÃ§Ã£o. E agora, com as mudanÃ§as climÃ¡ticas e o aquecimento global, elas estÃ£o comeÃ§ando a ver a relaÃ§Ã£o entre o capitalismo e os seus efeitos devastadores na natureza.
Agora a coisa estÃ¡ em proporÃ§Ãµes gigantescas, acontece todos os anos em 65 paÃses do mundo na Ãºltima sexta-feira de novembro [em alguns paÃses essa data pode variar]. Isso promoveu um debate mundial. Temos pessoas que estÃ£o parando para avaliar o quanto precisam consumir para terem uma vida confortÃ¡vel. Afinal, quanto Ã© suficiente?
VocÃª propÃµe um outro sistema que nÃ£o o capitalismo?
Eu nÃ£o tenho problemas com o mercado econÃ´mico ou com o capitalismo, apenas acho que o modelo atual nÃ£o estÃ¡ funcionando. Temos um mercado falsÃ¡rio, no sentido de que nÃ£o nos sÃ£o reveladas as agressÃµes ecolÃ³gicas realizadas na extraÃ§Ã£o de um determinado produto.
Se tivÃ©ssemos um capitalismo que fosse composto de cima para baixo, ou seja, a partir das massas, as coisas seriam bem diferentes.
Diferentes como?
Pequenos estabelecimentos e atÃ© empresas caseiras conseguiriam se manter numa boa em vez de serem sobrepostas pelas grandes corporaÃ§Ãµes. O nosso modelo Ã© quase totalmente ditado por algumas corporaÃ§Ãµes muito grandes e poderosas, que controlam quase todo o mercado.
Se esse modelo nÃ£o dÃ¡ certo, qual seria uma forma viÃ¡vel?
Acho que a principal causa desse modelo que vivemos Ã© o sistema de comunicaÃ§Ã£o. A televisÃ£o, as revistas, os jornais e atÃ© a internet sÃ£o cada vez mais controlados por grandes corporaÃ§Ãµes. Estamos vivendo uma ditadura. Perdemos nossa voz.
Por exemplo, as marcas de carro gastam 50 bilhÃµes de dÃ³lares por ano nos dizendo como sÃ£o fantÃ¡sticos e legais os carros que elas produzem e como deverÃamos ficar dirigindo por aÃ, feito tontos. Mas se vocÃª tentar explicar que os carros sÃ£o a principal causa do aquecimento global e que os nossos filhos vÃ£o sofrer por causa desse hÃ¡bito idiota que mantemos, aÃ vocÃª nÃ£o consegue aparecer no ar, vocÃª nÃ£o tem voz.
Precisamos de uma democracia radical em vez de uma democracia corporativa. O povo precisa de poder. Precisamos que a sociedade civil se articule e diga Ã s corporaÃ§Ãµes o que fazer, e nÃ£o o contrÃ¡rio.
VocÃªs jÃ¡ contabilizaram o prejuÃzo que causam a essas grandes empresas com o Buy Nothing Day?
Ã‰ muito difÃcil para a gente conseguir estimar algo assim, tudo que eu sei Ã© que em um dia milhÃµes de pessoas em todo o planeta nÃ£o compram nada por 24 horas. E depois disso, as pessoas se comprometem a passar um Natal diferente dos outros, em que elas dizem: "Ok, em vez de enlouquecermos e estourarmos os nossos cartÃµes de crÃ©dito comprando esses presentes caros para todo mundo, vamos todos fazer uma caminhada juntos, vamos ter um Natal em que o espÃrito Ã© mais forte que o dinheiro". Eu considero isso um impacto real.
Alguma dessas empresas jÃ¡ foi atrÃ¡s de vocÃªs?
Sim, a Nike, a Vodka Absolut e o Mc Donald's jÃ¡ ameaÃ§aram nos processar em uma tentativa de nos intimidar. Mas gostamos de quando esses gigantes vÃªm atrÃ¡s de nÃ³s, pois podemos criar uma certa algazarra, a imprensa escreve artigos sobre isso e o povo comeÃ§a a ter uma idÃ©ia de quem somos. E quando isso acontece as empresas saem correndo porque um debate pÃºblico denegriria a imagem pÃºblica delas.
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/