O NATAL
NATAL PELO MUNDO
Ãndia - Crianças se vestem como Papai Noel durante a aula em escola do nordeste do paÃs, em Siliguri. Apesar do catolicismo ser uma minoria, o Natal é popular no paÃs.
Fonte: Terra - 18/12/07.
O "FELIZ NATAL" NO MUNDO
Brasil: Feliz Natal
Bélgica: Zalige Kertfeest
Bulgária: Tchestito Rojdestvo Hristovo, Tchestita Koleda
Portugal: Boas Festas
Dinamarca: Glaedelig Jul
EUA: Merry Christmas
Inglaterra: Happy Christmas
Finlândia: Hauskaa Joulua
França: Joyeux Noel
Alemanha: Fröhliche Weihnachten
Grécia: Eftihismena Christougenna
Irlanda: Nodlig mhaith chugnat
Romênia: Sarbatori vesele
México: Feliz Navidad
Holanda: Hartelijke Kerstroeten
Polônia: Boze Narodzenie
SIMBOLOGIA DO NATAL
Desde a sua origem, o Natal é carregado de magia. Gritos, cantigas, forma rudimentar do culto, um rito de cunho teatral, o drama litúrgico ou religioso medieval ganha modificações no decorrer dos séculos. Dos templos, a teatralização ganha praças, largos, ruas e vielas, carros ambulantes, autos sacramentais e natalinos. Os dignatários da Igreja promoviam espetáculos. Na evolução da história está a compreensão de todos os sÃmbolos de Natal.
Ãrvore - Representa a vida renovada, o nascimento de Jesus. O pinheiro foi escolhido por suas folhas sempre verdes, cheias de vida. Essa tradição surgiu na Alemanha, no século 16. As famÃlias germânicas enfeitavam suas árvores com papel colorido, frutas e doces. Somente no século 19, com a vinda dos imigrantes à América, é que o costume espalhou-se pelo mundo.
Presentes - Simbolizam as ofertas dos três reis magos. Hábito anterior ao nascimento de Cristo. Os romanos celebrava a Saturnália em 17 de dezembro com troca de presentes. O Ano Novo romano tinha distribuição de mimos para crianças pobres.
Velas - Representam a boa vontade. No passado europeu, apareciam nas janelas, indicando que os moradores estavam receptivos.
Estrela - No topo do pinheiro, representa a esperança dos reis-magos em encontrar o filho de Deus. A estrela guia os orientou até o estábulo onde nasceu Jesus.
Cartões - Surgiram na Inglaterra em 1843, criados por John C. Horsley que o deu a Henry Cole, amigo que sugeriu fazer cartas rápidas para felicitar conjuntamente os familiares.
Comidas tÃpicas - O simbolismo que o alimento tem na mesa vem das sociedades antigas que passavam fome e encontravam na carne, o mais importante prato, uma forma de reverenciar a Deus.
Presépio - Reproduz o nascimento de Jesus. O primeiro a armar um presépio foi São Francisco do Assis, em 1223. As ordens religiosas se incumbiram de divulgar o presépio, a aristocracia investiu em montagens grandiosas e o povo assumiu a tarefa de continuar com o ritual.
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MUITO ALÉM DE PAPAI NOEL
Papai Noel é o bom velhinho que leva os presentes de todas as crianças do mundo, certo? Bem, nem sempre. Existem lugares em que a crença no Papai Noel até existe, mas outros seres são também lembrados na época natalina. Alguns deles são a Befana, na Itália, ou o Vovô Gelo, na Rússia. Existem até umas criaturas que assombram o Natal na Grécia. Conheça esses e outros personagens a seguir:
São Nicolau: Papai Noel tem sua origem inspirada em são Nicolau, bispo turco que é padroeiro das crianças, dos marinheiros, dos viajantes e dos mercadores. Mas, em lugares como Rússia, Eslovênia e em outros paÃses da Europa Central, Papai Noel e são Nicolau dividem numa boa a tarefa de entregar os presentes. Mas há crianças de lá ainda que fazem seus pedidos de Natal exclusivamente a são Nicolau. Ele ainda hoje é representado trajando as roupas vermelhas dos bispos, as mesmas que inspiraram as de Noel.
Rudolf: Você já deve ter feito a seguinte pergunta: "Como é que Papai Noel dá conta de entregar todos os presentes numa noite só?" Bem, é com a ajuda de suas renas mágicas, que voam velozmente pelos céus, puxando o trenó do velhinho. E, entre todas as renas, Rudolf é especial. Ela nasceu diferente das outras: tem um nariz vermelho que brilha! Foi rejeitada por todos de seu grupo. Mas, em um Natal nevoento, o Papai Noel viajava com dificuldade de casa em casa. Era difÃcil enxergar o caminho, e a entrega de presentes estava atrasada. Quando o velhinho encontrou Rudolf, teve a idéia de colocar a rena para liderar o grupo. Assim, o brilho do nariz de Rudolf seria como um farol a guiar as outras renas na noite escura. E não é que deu certo?
Vovô Gelo: Na Rússia, uma figura famosa é sempre lembrada no inverno natalino: Diéduchka Moróz. Lá, como a temperatura atinge nÃveis congelantes, há várias palavras que expressam os diferentes graus de frio. E "moróz" significa o pior frio para os russos, algo como "congelante". Pois bem, esse Vovô Gelo é a personificação do inverno e sempre visita as crianças no Ano Novo, trazendo presentes. Ele é magrinho, tem o nariz vermelho por causa do frio e longas barbas brancas e usa roupa vermelha ou azul. Mas, diferentemente de Papai Noel, que brinca de esconde-esconde, ele entrega pessoalmente os presentes à s crianças. E vem acompanhado de sua netinha: Snégourotchka (diminutivo da palavra "neve"). Ela pode ser chamada de Nevezinha ou de Menina da Neve.
São BasÃlio: Na Grécia, as crianças costumam ganhar presentes no Ano Novo. E quem vem entregá-los é são BasÃlio, santo que simboliza a generosidade. Em 1º de janeiro, Dia de São BasÃlio, os gregos fazem um bolo com uma moeda dentro -aquele que ganhar o pedaço com a moeda, terá sorte o ano todo! Dizem que esse costume tem origem na história de são BasÃlio, que foi um homem rico. Ele ajudava os mais pobres colocando moedas dentro dos pães.
Anjos: Na Espanha, há uma lenda contada à s crianças que diz que, no dia 22 de dezembro, o anjo do Natal desce à Terra para anunciar o inÃcio das comemorações natalinas. É nessa noite que devem ser feitos os pedidos do que se deseja para o próximo ano. Já em Portugal, ao final do jantar da véspera de Natal, é tradição não recolher a mesa antes de sair para a missa do galo. Acredita-se que os anjos vêm comer o que sobrou da ceia natalina.
Frosty: No hemisfério Norte, os bonecos de neve fazem tanto sucesso que até têm uma famosa canção. E a historinha de Frosty, o boneco que ganha vida, é sempre contada às crianças no Natal. Ele é feito com uma espiga de milho no lugar do cachimbo, seu nariz é de botão e seus olhos são dois pedaços de carvão. Só que, quando as crianças colocam nele um chapéu de seda mágico, o boneco começa a dançar. Brinca e corre com meninos e meninas por toda a cidade. Todos se divertem muito naquele dia. Mas, diz a canção, um policial tenta deter o boneco. Com medo, Frosty foge por entre os montes de neve, acenando para as crianças. Ele promete voltar um dia.
Melquior, Gaspar e Baltazar: A visita dos magos ao Menino Jesus está na BÃblia, mas a crença popular foi aumentando um pouco essa história ao longo dos tempos. A BÃblia só conta que, após o nascimento de Jesus, "magos vieram do Oriente" para adorar o recém-chegado, guiados por uma estrela, e presentearam o menino com ouro, incenso e mirra. Naquela época, eram chamados de magos os sábios que estudavam o movimento dos astros. E a BÃblia não diz quantos eles eram nem mesmo diz se eram reis. Passou-se a acreditar que eles fossem três devido ao número de presentes oferecidos. Como havia uma profecia bÃblica que dizia que os reis de toda a Terra haveriam de adorar o filho de Deus, por volta do século 6, os cristãos passaram a identificar os magos como reis. E deu nome ao trio: Melquior, Gaspar e Baltazar.
Pinheiro, palmeira e oliveira: Existem várias histórias que explicam a origem da árvore-de-natal. Uma bem tradicional, inglesa, conta que, ao lado da manjedoura onde nasceu o Menino Jesus, havia uma palmeira, uma oliveira e um pinheirinho, árvores que também queriam presentear a criança. A palmeira, então, ofereceu sua folha mais larga para que o Menino pudesse se abanar nos dias de calor. A oliveira deu ao recém-nascido os óleos perfumados de seus frutos. O pinheiro pensou e pensou, mas não tinha nada para dar. As outras árvores zombaram do pinheirinho. Um anjo, que ouvia a conversa, ficou com pena e buscou as estrelas que brilhavam no céu, uma a uma, e as colocou nas pontas dos ramos do pinheiro. Nesse momento, o bebê olhou maravilhado para a árvore que iluminava a noite. E, diz a lenda, foi daà que veio a tradição de se enfeitar pinheiros no Natal.
Os 12 dias do Natal: Se um dia já é bom, imagine 12? É que em alguns paÃses o nascimento de Jesus no dia 25 é só o começo das comemorações do Natal, que se extendem pela passagem do Ano Novo até a epifania -ou Dia de Reis (6/1), como é conhecido no Brasil. A palavra "epifania" quer dizer "manifestação do sagrado" e está relacionada não só ao nascimento do Menino Jesus mas também a todas as manifestações divinas, inclusive na nossa vida. Assim, também houve uma epifania quando Jesus foi batizado por seu primo João Batista nas águas do rio Jordão. É por isso que, em alguns paÃses da Europa, o Dia da Epifania chega a ser mais comemorado do que o próprio Natal. Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, por exemplo, algumas famÃlias mantêm a tradição de comemorar os doze dias de Natal. E o melhor: lá, o costume é dar presentinhos à s crianças em cada um desses doze dias.
Rossana Romualdo - Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
BEFANA
Imagine esperar doze dias para ganhar o presente de Natal. Cruel? Pois as crianças italianas esperam até o dia 6 de janeiro, quando a Befana, uma velha malvestida, parecendo uma bruxinha, vem deixar presentes e doces nas meias penduradas nas lareiras ou nos sapatos deixados na porta. Ao longo do ano, as crianças deixam nas chaminés as suas cartinhas com os pedidos de presentes para a Befana.
A festa da Befana é comemorada na noite de 5 para 6 de janeiro, ou seja, na véspera do Dia de Reis. Aà está a origem de seu nome: Befana vem de "befania", que é a palavra "epifania" em um dialeto italiano.
Diz a lenda que os Três Reis Magos, quando procuravam pelo Menino Jesus, passaram pela casa da Befana. Convidada a se juntar ao trio, ela recusou, pois estava ocupada limpando a casa. Mais tarde, bateu um arrependimento. Befana saiu atrás dos Reis Magos ainda de vassoura na mão, mas não conseguiu alcançá-los.
Desde então, na época do Natal, ela passa de casa em casa na esperança de encontrar o Menino Jesus e, em cada uma, deixa um presente para cada criança. Se a criança se comportou bem durante o ano, ganha brinquedos e doces. Mas, para quem se comporta mal, a Befana deixa é um pedaço de carvão!
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
MONSTRINHOS
Não é de hoje que são contadas histórias de seres horripilantes que visitam os humanos na data natalina. Na Grécia, por exemplo, uma lenda antiga conta que, a partir do Natal até a Epifania, estão à solta criaturas chamadas kallikantzaroi -os gregos escrevem kallikantzaros para indicar um monstrinho e kallikantzaroi para indicar o plural de monstrinhos.
A aparência desses seres varia conforme a região. Alguns dizem que eles se paracem com homens, só que bem peludos e com partes de corpo de animais -patas de cavalo, braços de macaco, presas de javali, orelhas de bode e garras afiadas. Outros ainda acreditam que eles sejam lobisomens, já que agem sempre à noite, apavorando por onde passam.
O que eles fazem? Entram nas casas por qualquer abertura, até pelas chaminés, e quebram todos os móveis, devoram as comidas da ceia, sujam as águas.
É por isso que os gregos seguem alguns rituais para evitar a visita desses monstrinhos. Eles queimam incensos, sapatos e toras de madeira, pois dizem que as criaturas não toleram o cheiro de queimado. Alguns ainda marcam a soleira da porta com uma cruz negra. Tem mais: outro costume é pendurar na porta um escorredor de macarrão, pois dizem que o kallikantzaros se distrai contando os buraquinhos até o sol raiar, quando ele tem de voltar ao seu esconderijo.
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
O GALO E O MENINO
Disseram-me que foi o Galo. Era meia-noite. Ele bateu as asas, levantou o pescoço. De sua garganta saiu uma melodia tão bonita que acordou até a noite. Seu canto deu uma volta ao mundo e despertou o sol, a lua, o mar, as estrelas e tudo o que habitava a Terra. E mesmo os anjos, que passeavam invisÃveis pelos ares, tomaram de suas flautas e sopraram o "O Glória a Deus das Alturas".
Três Reis vivendo em terras do outro lado do mundo, se encantaram com música assim tão doce, que cortava o vazio. Crianças, pastores, ovelhas, pescadores, lavadeiras, pássaros, todos olharam para a noite clara. Só podia ser um aviso do céu, pensavam e oravam. E lá no meio do firmamento, brilhava uma imensa estrela derramando sua luz sobre uma gruta. E dentro da gruta, um tesouro.
Todos partiram, guiados pela beleza, para ver o que acontecia debaixo da luz da estrela. Cuidadosos, entraram devagarinho gruta adentro. De um lado da manjedoura, havia uma Mulher. A Mãe era mansa como o silêncio. Do outro lado, um Pai vigiava o Menino com um olhar doce como a paz. Um boi e um jumento, engasgados pela alegria, contemplavam o Filho e ruminavam encantamento. E o Menino, deitado entre palhas e outras brancuras, recebia as visitas -animais e humanos- como irmãos. Se houve choro, foi só de alegria.
Todos ofereceram presentes ao Menino: mel, flor, leite, tâmara, figo, pano para protegê-Lo. Era tudo o que tinham naquele canto pobre do mundo. Os marinheiros trouxeram estrelas que haviam caÃdo no mar. Os pastores ofertavam as ovelhas feitas de algodão. Os passarinhos aflitos piavam perguntas ao Menino. Só os Reis, montados em camelos, chegaram dias depois, trazendo, nas mãos, incenso, brilho e perfume.
O Galo -ah! o Galo- continuava vaidoso na porta da gruta. Havia anunciado a chegada de Deus na terra, vestido de Menino Jesus. O Galo sorria, sem penas, para todos. Seu coração estava cheio de milagre. Nada poderia interromper o mistério daquele Natal -cacarejava.
E assim foi e assim é. Ninguém jamais poderá apagar dos ouvidos, dos olhos, dos corações, aquele definitivo presente de Natal. O Menino nos foi enviado em segredo para não nos assustar com sua fortuna. Não houve tapetes, orquestras, palácios, guerras. Naquela noite feliz, nasceu um Menino-Rei capaz de reinar para sempre.
Em cada Natal, todos os meninos, de todas as partes do mundo, afinam os ouvidos. Menino não se espanta com mistério. O Galo volta a cantar e a amarrar o mundo com sua voz. É bom ficar atento para escutá-lo. E o resto -o resto da história- o coração reinventa.
Sobre os autores:
BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS, 63, é mineiro e escritor de livros como "O Olho de Vidro do Meu Avô" e de "Cavaleiros das Sete Luas" (ambos da editora Moderna) Já ganhou vários prêmios e publicou mais de 40 livros.
MARILDA CASTANHA, 43, é autora e ilustradora de "Pindorama, Terra das Palmeiras" e de "Agdalá, um Lugar Continente" (ambos da editora Cosac Naify). No Natal, ela e a famÃlia cantam "parabéns a você" para o Menino Jesus.
Fonte: Folha de S.Paulo - 22/12/07.
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