HOMELESS WORLD CUP 2010
COPA DO MUNDO DOS SEM-TETO
English:
http://www.homelessworldcup.org/
Jeitinho brasileiro. País recebe Copa do Mundo de futebol dos sem-teto e escala atletas que têm onde viver mas estão em "situação de exclusão".
Japoneses de meia-idade, europeus que dormem nas ruas das capitais do velho continente, refugiados palestinos, africanos que moram em contêineres e brasileiros de comunidades carentes.
Com centenas de ""jogadores" vivendo em situação adversa, o Rio vai sediar a partir de domingo a Copa do Mundo de futebol dos sem-teto.
O evento vai reunir na praia de Copacabana 800 estrangeiros de 48 países até o dia 26. Esta será a oitava edição do torneio. O Brasil nunca venceu a competição.
Apesar de ""homeless" (sem-teto) aparecer no nome oficial (Homeless World Cup), o regulamento é vago ao estabelecer quem pode jogar. As entidades que comandam o futebol em cada país estabelecem os critérios.
Por isso, os jogadores que vão representar o Brasil não moram nas ruas, mas ""vivem em situação de exclusão", de acordo com Guilherme Araújo, presidente da ONG Futebol Social, que organiza a edição brasileira do Mundial.
""Queremos utilizar o futebol para ajudar as pessoas em situação de risco. O campeonato é uma grande oportunidade para esses jovens e um bom exemplo para todos", declarou ele.
""O conceito foi ampliado no Brasil. Entendemos que são pessoas em vulnerabilidade social. O termo homeless [em inglês] não tem tradução. Varia para cada país", prosseguiu Araújo, que pretende dar vagas para índios e moradores de áreas quilombolas na próxima edição do campeonato.
Para ficar com um time competitivo e dar oportunidades a futuros jogadores, a ONG limitou a idade dos convocados (de 16 a 20 anos) nos times masculino e feminino.
O regulamento permite que qualquer pessoa participe do torneio. O Japão quase sempre disputa o Mundial com senhores de mais de 50 anos. Apesar de não haver limite de idade, uma pessoa só pode jogar uma vez o torneio.
""O lance não é o título, mas a oportunidade e a experiência de vida. O torneio é o final de um circulo virtuoso. Os brasileiros são ligados a várias entidades e disputam diversas competições até chegar aqui. Eles vão servir de motivação para milhares de crianças envolvidas no projeto", afirmou Araújo.
Fundada pelo empreendedor social inglês Mel Young, a Homeless World Cup tem o apoio de patrocinadores milionários, como a Uefa (entidade que comanda o futebol na Europa), a Nike e a Vodafone Foundation.
A CBF não apoia o torneio, cujo embaixador global é o francês Eric Cantona.
""Tive muitas dificuldades na infância, mas consegui realizar o meu sonho. Por isso, apoio eventos como esse", disse o lateral Léo Moura, do Flamengo, que cresceu na Vila Kennedy, bairro pobre da zona oeste carioca.
Sérgio Rangel - Fonte: Folha de S.Paulo - 15/09/10.
Todos Detalhes:
http://www.homelessworldcup.org/content/brasil
REGRAS DO MUNDIAL DOS SEM-TETO
TIME
Quatro titulares (um goleiro e três jogadores de linha) e quatro reservas
PARTIDA
Duração de 14 minutos: 7 minutos em cada tempo. Há um minuto de intervalo
PUNIÇÕES
Cartão azul: jogador é expulso e desfalca a equipe por dois minutos; depois, entra um reserva
Cartão vermelho: jogador é expulso e a equipe não tem direito a substituí-lo, atuando no restante da partida com um a menos
SUBSTITUIÇÕES
Sem limite para o número de trocas durante uma partida
QUADRA
Uma arena com duas quadras compõe o cenário da competição no Brasil. Cada campo tem 22 m x 16 m
Fonte: Folha de S.Paulo - 15/09/10.
Após perder pai para o tráfico, jogadora quer dar alegria à mãe
Uma já morou em abrigo. Outra teve o pai assassinado por traficantes. A maioria mora em comunidades conflituosas de Rio e São Paulo.
Selecionadas apenas para a Copa do Mundo dos sem-teto, as jogadoras da seleção feminina de futebol vão usar a competição para tentar virar ""boleiras profissionais".
Caçula da equipe, Juliana Regina, a Ronaldinha, 16, mora numa casa de um cômodo na favela do Caramujo, uma das comunidades mais violentas de Niterói.
Ela divide a casa com a mãe, empregada doméstica que recebe R$ 250 mensais. Seu pai foi assassinado quando ela tinha quatro anos. "Ele morreu de bala. Dizem que estava metido com o tráfico", conta.
A garota não esconde que vive ""com dificuldade", mas acredita que o futebol vai transformar a vida dela.
""Pessoal me viu jogando futebol e eu fui levada para fazer uns testes na Inglaterra. Minha mãe chorou de alegria. Tenho certeza de que o futebol vai dar muitas outras felicidades para ela", disse Ronaldinha, que não teve êxito em campos ingleses.
A mais experiente do time, Tatiane Moraes Bispo, 20, foi obrigada a viver num abrigo aos 12 anos de idade "por problemas financeiros", mas conta que morou no exterior.
Aos 18 anos, ela foi jogar no futebol suíço. Pretende continuar lá fora, mas foi obrigada a retornar ao Brasil por não ter visto de trabalho. Voltou a morar em Gardênia Azul, zona oeste do Rio, área comandada por milicianos.
""O futebol já me mostrou que a vida pode ser bem diferente. Não escondo que quero fazer um bom campeonato para conseguir um novo emprego", disse Tatiane. (SR)
Fonte: Folha de S.Paulo - 15/09/10.
Atletas ignoram o significado da competição
As jogadoras da seleção desconheciam a tradução de "homeless". ""Caramba. Não sabia que era sem-teto. Eu tenho casa. É bem simples, mas tenho", disse Tatiane Moraes Bispo.
Ontem, elas treinaram na Comissão de Desportos da Aeronáutica. Amanhã, vão se hospedar num hotel em Copacabana. "Vai ser um presente que o futebol vai me dar. Nunca teria dinheiro", contou Tatiane.
Uma atleta foi cortada quando a comissão técnica descobriu que seu pai tinha carro. ""Ela é excelente jogadora, não é rica, mas não cumpria o requisito básico", disse o técnico Alexandre Mathias.(SR)
Fonte: Folha de S.Paulo - 15/09/10.
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