COPA DO MUNDO DA CIDADANIA
1ª COPA DO MUNDO DE CRIANÇA DE RUA
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Não importa gostar ou não de futebol, por essa seleção tem-se de torcer. Jovens brasileiros, miseráveis garotos de rua que nas peladas fazem das praças públicas Maracanãs, da pelota de meia a bola ofi cial e da polícia da qual se corre os fãs que vêm assediar, estarão disputando as eliminatórias para a 1ª Copa do Mundo de Criança de Rua, na África do Sul. Além da seleção brasileira, devem estar presentes equipes da África, Índia, Ucrânia, Nicarágua, Tanzânia e Filipinas. Os brasileiros integram o Projeto Quixote, ONG fundada em 1996 e que assiste jovens e crianças em situação de risco social.
Bruna Cavalcanti - Fonte: Isto É - Edição 2101.
Leia mais:
http://www.projetoquixote.org.br/content.aspx?area=1&idContent=32
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ÁFRICA DIGITAL
O Brasil terá a transmissão de 26 partidas da Copa de 2010 em tecnologia 3D. A empresa Aruna, que adquiriu os direitos de transmissão no mundo todo em 3D, contratou a Golden Goal, com expertise em gestão esportiva, para estruturar a transmissão de jogos em mais de 50 salas de cinema no país. A empresa ainda tentará fazer acordos corporativos para exibir os jogos em eventos. A Sony, patrocinadora oficial da Fifa, já fechou acordo com a entidade para fazer a captação desses confrontos com a nova tecnologia.
A Golden Goal e a Aruna já se reuniram com executivos da Globo, que tem os direitos de transmissão da Copa-2010 no Brasil, e dizem que a emissora será parceira no projeto de exibição do Mundial em tecnologia 3D.
Painel FC - Eduardo Arruda - Fonte: Folha de S.Paulo – 14/02/10.
POLIGLOTAS
A SPTuris diz que mais de mil taxistas da cidade de São Paulo já obtiveram o certificado de qualificação em espanhol e inglês para atender aos turistas durante a Copa-2014, no Brasil.
Painel FC - Eduardo Arruda - Fonte: Folha de S.Paulo – 14/02/10.
SPTuris - http://www.spturis.com/v6/index.php
RICOS...
O site especializado em negócios do esporte Futebol Finance publicou lista com os 50 maiores salários do futebol mundial. No topo está o português Cristiano Ronaldo, com 13 milhões (R$ 33 milhões) por ano. O argentino Messi, melhor do mundo de 2009, aparece em terceiro, com 10,5 milhões anuais.
...E FAMOSOS
Entre os brasileiros, o mais bem pago é Kaká, com 10 milhões anuais, o quinto na lista. Ronaldinho Gaúcho é o 13º, com 7,5 milhões, Daniel Alves é o 15º, com 7 milhões, e Robinho, com 6 milhões, é o 21º.
Painel FC - Eduardo Arruda - Fonte: Folha de S.Paulo – 16/02/10.
Futebol Finance - http://www.futebolfinance.com/
A PARADINHA NA MARCA DO PÊNALTI
Como se sabe, a finta é expressamente permitida ao cobrador na hora do pênalti. Dentro, no entanto, de limites que a avaliação do árbitro dirá quais são.
Quase toda a discussão em torno do futebol reside exatamente na interpretação do árbitro, desde a famosa dúvida entre mão na bola e bola na mão.
O curioso é que os puristas rejeitam chamar os apitadores de juízes porque, dizem, o papel deles não é o de julgar, mas o de arbitrar.
Mas eles julgam, e como!, a todo momento durante seus 90 minutos de reinado soberano.
O exagero na paradinha que virou paradona a colocou no banco dos réus, como um expediente covarde, desleal, que fere gravemente o espírito esportivo.
Há, no entanto, quem avalie que, ao contrário, dinha ou dona, o drible na hora do pênalti atende ao espírito que norteia a penalidade máxima, qual seja, o de devolver a chance clara de gol que uma falta na grande área impediu.
Verdade que, se você fizer um levantamento, verá que cada vez mais os pênaltis são cometidos não diante da iminência de gols, mas por erros mesmo de quem os comete.
Foi Pelé quem começou a aplicar a paradinha, de maneira discreta, elegante como quase tudo o que fazia em campo -até para cometer violências em legítima defesa ele as cometia, em regra, discretamente. Seu famoso milésimo gol, por exemplo, foi com paradinha, em 1969.
A artimanha andou sendo nebulosamente vetada, depois nebulosamente permitida, consolidou-se, mas, de repente, não mais; graças aos excessos cometidos principalmente nos gramados pentacampeões mundiais, a Fifa acendeu a luz amarela.
Joseph Blatter já deitou falação contra a esperteza e recentemente anunciou que a International Board voltará a examinar a questão no próximo dia 6 de março.
A paradinha será extinta?
Nada indica.
E a paradona?
Tudo indica.
Antes de seguir, a coluna adverte que é a favor da paradinha, porque é sempre a favor do gol, razão pela qual se indigna quando, em dúvida, a arbitragem opta contra o gol.
Mas mesmo o pênalti não fazia parte das regras quando os ingleses inventaram o futebol moderno, em 1863. Apenas 28 anos depois, e por sugestão de um goleiro irlandês, é que surgiu a regra do pênalti, e contra a opinião dos ingleses.
Até então, faltas próximas do gol raramente eram convertidas, porque os jogadores do time autor da falta se postavam na frente da bola.
A adoção do pênalti foi vista como a pena de morte dos goleiros muito antes de se imaginar a artimanha posta em prática nos anos 60 do século seguinte pelo Rei do Futebol.
Como se viu depois, até com o surgimento de especialistas em pegar pênaltis, a avaliação inicial foi um tanto demasiada. Do mesmo modo como é tratada a dona paradinha.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo – 18/02/10.
TORCEDOR + TROUXA = TROUXEDOR
"Torcedor", segundo o dicionário "Houaiss", significa "Aquele que torce nas competições esportivas". Já "trouxa" quer dizer "Aquele que é facilmente iludido; tolo". Pois bem, creio que precisamos de uma nova palavra: "trouxedor".
Uma mistura de trouxa com torcedor. É isso que nós, aqueles que gostamos de ver uma partida de futebol ao vivo, somos.
Para começar, a ida ao estádio é um suplício. Se você vai de ônibus, fica com inveja das sardinhas. Se vai de carro, tem que deixar algum dinheiro com o flanelinha, o primeiro de vários malandros que você encontrará em seu caminho até o campo. Este personagem não passa de um chantagista. O dinheiro que você lhe paga não é para que ele cuide do seu carro, mas para que não o risque.
No domingo, fui comprar ingresso no estádio do Pacaembu várias horas antes do jogo, e eles já estavam lá. Para quem não sabe, o Pacaembu tem zona azul, mas, mesmo assim, havia muitos deles.
Pois bem, depois de você deixar um cartão de zona azul no seu carro e de também pagar o flanelinha, você vai para a fila. Uma grande fila. Os responsáveis sabem que o número de compradores será enorme, mas nem se pensa em colocar mais gente trabalhando, o que pode não ser apenas incompetência mas também conivência com um esquema de corrupção que explicarei logo abaixo.
Depois de esperar 40 minutos na fila, vi um torcedor sair do guichê dizendo em voz alta: "Cuidado aí, pessoal, eles estão vendendo ingresso de estudante a preço de inteira!".
Logo depois, um fiscal se aproxima da fila e esclarece: "Para o tobogã, só há meia-entrada. Mas tudo bem, todos poderão comprá-la e só pagarão metade do preço".
Porém, quando chego ao guichê, o bilheteiro, um sujeito usando uma camisa do Santos, diz que a entrada custaria R$ 30. Eu protesto e repito o que o fiscal havia dito. O bilheteiro resmunga e, milagrosamente, a entrada volta a custar R$ 15.
É claro que, se você preferir não enfrentar a fila, pode recorrer aos cambistas. Pagará a "tarifa de conforto" e, depois, basta torcer para que o bilhete não seja falso. Em resumo, na hora da compra do seu ingresso, você pode escolher o pilantra para o qual vai deixar seu dinheiro. E é um bom dinheiro, caro trouxedor.
O ingresso mais barato custava R$ 30. Se quiser lugar melhor, o preço vai a R$ 50 ou R$ 60, mais que o bilhete de cinema mais caro da cidade, do shopping Cidade Jardim (R$ 46).
Então, depois de pegar uma longa fila para entrar no estádio, você sentará sob o sol, no cimento, e será vítima de outro malandro: o ambulante.
Neste caso, nem sei qual é pior, se o clandestino ou o oficial. Este vende seus produtos a preços inacreditáveis (um picolé custa R$ 4). Os do clandestino são mais baratos, mas não venha reclamar da qualidade.
Não, você não tem saída, trouxedor. Pois, se não quiser mais ir ao estádio, acabará no "pay-per-view", de preços absurdos. Ou, pensando melhor, há uma saída. É jamais comprar de cambistas, é fotografar bilheteiros pilantras e colocá-los na internet, é levar seu próprio alimento, é reclamar e dedurar os pilantras.
O torcedor desorganizado tem que se organizar de alguma forma.
Senão será para sempre trouxedor.
José Roberto Torero - Fonte: Folha de S.Paulo – 16/02/10.
"ÁRBITROS OUTDOOR"
Fabricante de cuecas, banco, loja de eletrodomésticos, faculdade. A diversidade dos anunciantes é a prova de que os uniformes dos árbitros deixaram de ser um espaço maldito na publicidade no esporte.
Antes vivendo de ações esporádicas, como em finais de campeonato, e praticamente restrita a marcas de material esportivo, a propaganda no vestuário do trio de arbitragem está presente em 2010 na parte da frente da camisa e nos calções de juízes e auxiliares em quatro dos principais Estados do país -Rio Grande do Sul, Paraná, Rio e Minas Gerais.
Os valores estão longe dos cobrados pelos grandes times, mas são bem mais encorpados do que até recentemente.
Para colocar sua marca nos calções dos árbitros no Estadual do Rio, a Lupo, que faz meias e cuecas, está pagando R$ 200 mil. No ano passado, a mesma empresa desembolsou R$ 80 mil pelo espaço.
No caso do Rio, foi contratada até uma empresa para medir a visibilidade do patrocínio no uniforme dos árbitros. E foi por isso que a Lupo optou pelo calção. Segundo esse levantamento, no ano passado a camisa dos árbitros foi mostrada por 16 mil segundos nas transmissões do Estadual na TV. Os calções apareceram por 23 mil segundos.
Para Jorge Rabello, presidente do sindicato de árbitros do Rio, a situação só não é melhor por culpa dos grandes fabricantes de material esportivo. "Querem colocar suas marcas em tamanho enorme nas camisas sem dar um tostão."
No Rio Grande do Sul, já falta espaço no vestuário do apito. O sindicato local acertou também com a Lupo, para os calções, e com uma rede de lojas e uma marca de material esportivo para as camisas, em pacote que rende mais de R$ 100 mil. "O mercado está ótimo para a gente. Estamos num sistema capitalista e temos um canhão na mão", diz Ciro Camargo, o presidente do sindicato gaúcho.
Em Minas Gerais, depois de experimentar o patrocínio apenas na final do Estadual de 2009, o banco BMG acertou a exposição de sua marca para toda a temporada de 2010, em acordo classificado pelas partes como o maior patrocínio da história da arbitragem local.
Os mineiros têm o uniforme mais poluído do país. Os juízes servem de outdoor para patrocinadores nos calções e, no peito, além do BMG, ostentam a marca de um fabricante de material esportivo. E ainda têm anúncio nas mangas da camisa.
A enxurrada de patrocínios, na maioria dos casos, não significa mais dinheiro no bolso dos árbitros de forma direta.
O Rio é uma rara exceção. Em um jogo entre grande e pequeno, o árbitro recebe R$ 200, e cada bandeirinha, R$ 100.
No Rio Grande do Sul, o patrocínio serve para abater as taxas pagas ao sindicato e para o pagamento de um seguro para a arbitragem. No Paraná, que tem uma faculdade expondo seu logo nos uniformes, e em Minas Gerais, o dinheiro fica todo com as comissões de arbitragem das federações locais, que dizem investir a verba do patrocínio na categoria, o que, no caso dos mineiros, causa indignação no sindicato local.
"Tentamos negociar, mas a federação está irredutível", diz Ronaldo André Bento, o vice- -presidente da entidade.
Paulo Cobos - Fonte: Folha de S.Paulo – 15/02/10.
DUAS NORMAS DA FIFA SÃO DESRESPEITADAS
O patrocínio para a arbitragem no futebol brasileiro joga no lixo as regras da Fifa sobre o assunto.
Duas das normas da entidade que controla o futebol mundial são ignoradas por sindicatos e federações que vendem anúncios no uniforme da arbitragem.
A primeira salta aos olhos. De acordo com a Fifa, só é permitida a exibição de patrocínios nas mangas das camisas do trio e, ainda assim, com um limite de espaço. No Brasil, o espaço preferido dos anunciantes fica na frente da camisa ou nos calções.
Para justificar o desrespeito às regras da Fifa, os representantes dos árbitros declaram que as regras da federação internacional servem apenas para as competições organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol.
Pela ótica deles, os Estaduais, por serem competições sob o comando das federações, não precisam respeitar o que a entidade mundial prega, apesar de as federações de cada Estado serem subordinadas à CBF.
Outro item do regulamento da Fifa que é ignorado no patrocínio dos árbitros brasileiros pode resultar em mais polêmica ainda.
Diz um artigo que a "publicidade nas camisas dos árbitros será permitida apenas se ela não criar conflito de interesses com a publicidade vestida pelos dois times".
Se isso acontecer, estabelece a Fifa, o trio não pode ostentar essa marca. Assim, os juízes e auxiliares mineiros não poderiam usar em seus uniformes o logo do BMG, já que o banco patrocina vários clubes do Estado, incluindo os três grandes -América, Atlético-MG e Cruzeiro.
O regulamento da Fifa que dita as regras do patrocínio dos árbitros indica que sua violação será punida de acordo com o regulamento disciplinar da entidade, que pode variar de multa a suspensão.
O regulamento disciplinar afirma que ele deve ser aplicado a todas associações (no caso do Brasil, a CBF) e seus respectivos filiados.
Paulo Cobos - Fonte: Folha de S.Paulo – 15/02/10.
TIMIDEZ: EM SÃO PAULO, JUÍZES TÊM UNIFORME LIMPO E CAMPANHA DA ONU
Na mais rica federação de futebol do país, o patrocínio da arbitragem é pouco explorado. Em SP, fora a fornecedora de material esportivo da FPF, nenhuma marca aparece no peito ou nos calções do trio. O único anúncio, quase imperceptível, é da Motorola, nas mangas. Para isso, a empresa fornece 50 rádios para comunicação do juiz com os bandeirinhas e ajuda nos "treinos e acompanhamento técnico durante os jogos". Os árbitros paulistas ainda serviram de outdoor para campanha contra a fome da Organização das Nações Unidas.
Fonte: Folha de S.Paulo – 15/02/10.
O ESTUPRO DA LEI DE MORALIZAÇÃO
A chamada Lei da Moralização do Futebol acaba de ser violentada pelos deputados em Brasília. Texto de um obscuro parlamentar do Partido da República baiano, da bancada da bola, José Rocha, que recebeu R$ 100 mil da CBF, em 2002, e R$ 50 mil, em 2006, retroage à situação que vigorava até que o presidente Lula, em 2002, sancionasse a lei moralizadora -que foi parida na gestão FHC.
Novamente os cartolas não terão que responder com seu patrimônio pessoal pelo endividamento dos clubes de futebol, como prevê a legislação em vigor, mudança que até os advogados dos clubes com vergonha na cara consideram um retrocesso.
Verdade que outros, sem pudor, defendem a alteração com o cínico argumento de que a lei não pegou. Como sempre, produziu-se um artigo substitutivo ao atual que é aparentemente rigoroso, mas que, na verdade, não tem efeito prático e retorna aos tempos em que o futebol era uma terra de ninguém.
Resta ao Senado, cuja imagem se confunde com a de José Sarney, impedir que o estupro se consume, esperança fortemente alimentada pela velhinha de Taubaté.
A seleção de fevereiro
Você se lembra da seleção das feras nascidas em janeiro, aqui escalada por sugestão de um gentil leitor como contraponto à seleção de outubro, que é imbatível?
A de outubro, com as datas de nascimento dos craques entre parênteses, foi escalada com Lev Yashin (22); Augusto (22), Elias Figueroa (25), Dario Pereyra (19) e Antonio Cabrini (8); Bob Charlton (11), Falcão (16), Didi (8) e Diego Maradona (31); Mané Garrincha (28) e, finalmente, com Pelé (23).
A de janeiro, com Gianluigi Buffon (28), Lilian Thuram (1º), Marius Trésor (15), Roberto Dias (7), e Athirson (16); Mauro Silva (12), Gérson (11) e Rivellino (1º); Tostão (25), Eusébio (25) e Romário (29).
Pois a deste mês é também poderosa, embora inferior às anteriores: Dino Zoff (28), campeão mundial pela Itália, em 1982; Djalma Santos (27), bi mundial pelo Brasil; Carlos Gamarra (17), o maior jogador da história do Paraguai, ídolo de corintianos e colorados; De Léon (27), o uruguaio que os gremistas imortalizaram; e Marinho Chagas (8), talento em estado puro a serviço do Botafogo e da seleção; Wilson Piazza (25), campeão mundial em 1970, como quarto-zagueiro pelo Brasil, do grande Cruzeiro de Tostão e cia.; Paulo César Carpegiani (7), do Inter, da seleção, do Flamengo, craque; Doutor Sócrates (19), o mais original craque da história do Corinthians e da seleção de 82; e Hagi (5), o maior jogador da história do futebol da Romênia, que encantou o mundo na Copa de 94; Batistuta (1º), maior artilheiro da seleção argentina, e Cristiano Ronaldo (5), o portuga genial.
Se não bastasse, para o gol ainda tem o alemão Sepp Maier (28) e o uruguaio Mazurkiewicz (14); para o coração corintiano tem Basílio (4) e Marcelinho Carioca (1º); para os santistas, Dorval (26), Aílton Lira (19), Giovanni (4) e Pepe (25); os botafoguenses têm Heleno de Freitas (12); como os americanos têm Edu (5) e os palmeirenses, o artilheiro Evair (21); Bebeto (16) e Adriano (17) são ases do Mengo.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo – 14/02/10.
NÃO ARRISCAR TAMBÉM É UM RISCO
Cada pessoa vê, sente e analisa o futebol e a vida de seu jeito. Todos estão certos e todos estão errados.
Se você é mais racional, pragmático e operatório, gosta de regularidade, segurança, certezas e repetições, detesta correr riscos, improvisações e acasos, só se interessa por resultados e ainda acha que as coisas que fez e que deram certo são as únicas maneiras corretas de fazer, não terá dúvidas, como Dunga, de não convocar Ronaldinho.
Se você é uma mistura de Sancho Pança com Dom Quixote, gosta de andar nas nuvens e ter um pé na realidade, adora novidades e correr riscos calculados, interessa-se tanto pela qualidade do jogo quanto pelo resultado, acha que é possível jogar bonito e ser eficiente e ainda pensa que há sempre maneiras de fazer diferente e melhor, não terá dúvidas de convocar Ronaldinho.
Se você está convicto, como Dunga, de que não há nenhuma chance de darem certo, juntos, Ronaldinho, Kaká e Robinho, além de um centroavante, não chamará o jogador nem para a reserva. Imagino que você e Dunga pensem que Ronaldinho, no banco, vai perturbar o grupo e o técnico e que, na primeira partida ruim, haverá muita pressão para escalá-lo.
Se você vê em Ronaldinho uma grande esperança e ainda lembrar que, na Copa das Confederações de 2005, talvez o melhor momento do Brasil nos últimos tempos, jogaram juntos Ronaldinho, Robinho e Kaká, além de Adriano, vai ficar ainda mais convicto de convocá-lo. Na Copa de 2006, Parreira trocou Robinho por Ronaldo.
Se você acha que não correr riscos é também uma forma de arriscar e ainda sonha em ver o Brasil dar espetáculo e ganhar a próxima Copa, pode desistir. Para isso, é preciso correr riscos.
Dunga aposta na segurança. Para ele, perder jogando bem é pior que perder jogando mal. Não combinaria com sua coerência, de que ele tanto se orgulha. Por isso, Dunga não entendeu, nem nunca vai entender, por que a seleção de 1982 é tão elogiada.
Os dois modos de pensar estão certos e errados. O que gosto não é sempre o que é melhor.
Já está tudo explicado.
Se o Brasil for campeão, dando show ou não, a principal razão será a coerência e a rigidez de Dunga. Se perder, jogando mal ou não, o motivo principal será a teimosia e a falta de flexibilidade do técnico.
Na Copa de 2006, colocaram a maior culpa na concentração de Weggis, um problema muito menor do que tantos outros.
Se fosse técnico da seleção, teria de decidir, mesmo com dúvidas. Aí, levaria não só Ronaldinho como também Zé Roberto, o da Copa de 2006, mesmo não tendo jogado sob o comando de Dunga.
Eu formaria o meio-campo com Zé Roberto, pela esquerda, Daniel Alves, pela direita, e um volante marcador e mais recuado, pelo meio, como Gilberto Silva ou Felipe Melo. Ronaldinho seria o primeiro reserva de Kaká e de Robinho, podendo, no momento certo, jogar os três, mais o centroavante.
Ser comentarista é mais fácil.
Se os fatos coincidirem com minhas opiniões, posso dizer, como tantos: "Não falei?". Se não der certo, direi que "o futebol é uma caixinha de surpresas".
Tostão - Fonte: Folha de S.Paulo – 14/02/10.
UMA EXPLOSÃO DE BRASILIDADE
Convivendo lado a lado em todos os sonhos do povo brasileiro, se encontram o futebol, a musicalidade, o carnaval e a esperança de um futuro alegre, despreo-cupado e justo. Nos dias de folia podemos acompanhar ao extravasamento de nossos melhores sentimentos, nesta festa que é tão a nossa cara que chega a se confundir com tudo o que nós somos. Não existe nada comparável ao nosso carnaval – na alegria contagiante, no grau de mobilização, participação e na sua essência social e cultural através das músicas, dos enredos e dos protestos. Três grandes polos da folia carnavalesca atraem multidões de toda parte do mundo: Pernambuco se caracteriza pelo frevo, enfeitado por umbrelas coloridas e imensos bonecos como estandartes. Nem no último dia oficial – Quarta-Feira de Cinzas – se preserva alguma coisa, pois um de seus blocos mais tradicionais escolheu este dia para desfilar toda a sua irreverência. Este ano estaremos novamente acompanhando o chamado “maior bloco de carnaval do mundo”, o Galo da Madrugada, que é na verdade o encontro dos inúmeros blocos que nascem do coração dos pernambucanos – que como ninguém, vivem o carnaval. E não tenho dúvidas de que novamente me encantarei com as suas cores e a sua essência absolutamente liberta e independente.
Na Bahia, ele nunca termina, quando arrefece, está descansando. Terra de Jorge Amado, nosso maior cronista, os baianos inventaram um jeito todo especial para seu carnaval. Os trios elétricos, nascidos com Dodô e Osmar, e perpetuados por centenas de bandas que passam o ano inteiro a exportar esta forma de ser, são a mais pura expressão do jeito baiano de ser, com muita festa e pouca pressa. Tive a oportunidade de acompanhar o Chiclete com Banana em plena performance, sobre uma dessas carretas de puro som e fiquei impressionado com o apelo popular que sua música provoca. Os chicleteiros, como são chamados os fãs da banda, formam uma comunidade imensa que acompanha os seus ídolos onde estes estejam; em Fortaleza, Aracajú ou no interior de São Paulo. Bell, o líder do grupo, comanda o público com muito discernimento e carisma o que o faz o grande nome do axé – como é conhecido o ritmo que entoam. Estar junto a eles me fez recordar vários momentos semelhantes que tive o privilégio de vivenciar em muitos estádios por este mundão afora. A multidão se acotovelando em busca de espaço para dançar e para acompanhar aquele som mágico é muito parecida com a que comparece a uma final de campeonato para vibrar com seu time, a diferença é que aqui todos são vencedores. Inventaram também o carnaval fora de época, chamando-o de antecipado quando vizinho ao oficial e de micareta quando não, possibilitando que outras localidades e um número maior de pessoas pudessem ouvi-los sem competir com Salvador.
Já o Rio de Janeiro é berço do samba e de suas tradicionais escolas. O desfile na Marquês de Sapucaí é um espetáculo fantástico, imperdível e inesquecível onde milhares de pessoas- desfilam os sonhos e a labuta de todo um ano. Seus enredos dissertam sobre a história, cultura, imaginário e política, tornando-se um verdadeiro meio de comunicação de massa para expressar os sentimentos de nosso povo. O futebol está presente em cada passo dado por um sambista; harmonia e evolução representam a unidade tão comentada e valorizada nos esportes coletivos; camarotes têm motivos e decoração com o tema e uma gigantesca bola imaginária sempre invade a avenida como que homenageando o país do futebol e do samba, que tanto se infiltraram em nossos corações que deles já não podemos prescindir.
São Paulo, no entanto, que um dia foi vista como túmulo do samba pelo poeta Vinicius de Moraes, muitas vezes chega a se equiparar ao Rio de Janeiro em seus desfiles anuais. Não em riqueza ou esplendor, mas sim em alegria e mobilização popular. Principalmente quando está na avenida a grande representante do dueto futebol e carnaval: Os Gaviões da Fiel. Alguns anos atrás estive com eles no desfile do grupo de acesso — uma espécie de segunda divisão do samba — e uma multidão tomava conta das arquibancadas sem se importar se era ou não o grupo principal. Senti-me como em um clássico com estádio pleno; uma explosão de alegria contagiante, uma paixão incomparável. Neste ano, então! Centenário do clube que representa, a festa será inesquecível e lá nos encontraremos.
Embora saibamos que não se vive só de festa, esperamos que esta explosão de brasilidade persista para sempre em nossa cultura, que estimule o resgate da cidadania e que possibilite mais justiça social. Para tanto necessitamos desta vontade de viver para que possamos rapidamente mudar o que é preciso.
Sócrates - Penalti - Fonte: Carta Capital - Edição 583.
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