FUTEBOL SHOW EM 3D
MUNDIAL NO CINEMA E EM 3D
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http://www.engadget.com/2010/04/08/sony-and-fifa-release-more-details-on-world-cup-2010-3d-broadcas/
Rio foi uma das cidades selecionadas para receber um cinema pronto para transmitir os jogos.
Cinquenta anos depois, torcedores de futebol voltarão às salas de cinema para acompanhar as partidas de uma Copa do Mundo. Ontem, a Fifa e a Sony anunciaram que vão instalar cinemas em algumas das principais cidades do mundo para que torcedores possam acompanhar os jogos do Mundial na África do Sul em tecnologia 3D (três dimensões).
O Rio foi escolhido para receber uma das salas de exibição, enquanto o Brasil será a seleção que mais terá jogos transmitidos. No total, 25 dos 64 jogos do Mundial da África do Sul serão transmitidos pela primeira vez com a nova tecnologia - sete pares de câmeras que permitirão o efeito 3D. Mas apenas uma fração dos países que receberão os sinais de transmissão da Copa poderão ver, por enquanto, os jogos pelo novo formato.
A abertura da Copa, entre a África do Sul e o México, será o primeiro jogo na história a poder ser visto pela tecnologia 3D. Os três compromissos do Brasil na primeira fase, contra Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal, estão incluídos no pacote.
Haverá também partidas da Alemanha, Holanda, Espanha e Argentina, mas a Fifa deixou Inglaterra e França de fora da programação.
Para os organizadores do projeto, a nova transmissão será tão revolucionária como os primeiros jogos em cores, novidade que surgiu na Copa de 1970.
"Lembro de estar na casa de um vizinho assistindo Pelé e Jairzinho bater a Itália em 1970. O que teremos agora é uma nova mudança de paradigma", disse o diretor de marketing da Sony, David Bush.
Lembrança. Mas, para muitos, será uma volta a uma antiga forma de ver os jogos: no cinema. Em 1958, o Canal 100 passou os jogos do primeiro Mundial vencido pelo Brasil nas salas, revolucionando a forma de acompanhar o futebol.
Fonte: O Tempo - 09/04/10.
Mais detalhes:
http://www.engadget.com/2010/04/08/sony-and-fifa-release-more-details-on-world-cup-2010-3d-broadcas/
QUANDO O TURISMO PERDE O TREM
O setor que mais lucra com uma Copa é o turismo. A Alemanha já era forte no setor e ganhou mais embalo em 2006. A África do Sul apostava nisso, mas pode sair perdendo, e o Brasil correrá o mesmo risco em 2014, por motivos semelhantes. A expectativa das autoridades sul-africanas era receber 500 mil turistas durante a disputa; baixaram para 350 mil e, agora, já falam em 250 a 300 mil. As notícias sobre a violência local na mídia internacional, aliadas à ganância empresarial e desorganização, minaram a imagem do país. E tudo começou com a Copa das Confederações, no ano passado, que recebeu grande número de jornalistas do mundo inteiro. É um torneio preparatório, ensaio geral para testar tudo, visando o ano seguinte. O problema é que a mídia dá enorme destaque para os problemas do país-sede. Na Alemanha, em 2005, a única falha foi um rombo na cobertura do estádio de Frankfurt, causado pela forte chuva, na final entre Brasil e Argentina, consertado em menos de um mês. Na África do Sul, em 2009, faltaram segurança, transportes e preparo ao comitê local.
Faltava um ano para a abertura e a Fifa convidou a imprensa que cobrir a Copa das Confederações e para ver as obras do palco da estreia, encerramento e mais seis jogos do Mundial de 2010: o Soccer City, que estava 70% pronto. É um novo estádio, apesar de ter sido construído em 1987. Custou R$ 764 milhões, perdendo só para o Green Point, de Cape Town: R$ 1 bilhão. Visita desorganizada: fomos barrados pelo chefe da obra, que não tinha sido avisado. A cicerone era da Fifa e foi mal. Depois de 40 minutos telefonando, chegou a autorização. Com 94 mil lugares, fica no Soweto, a região mais pobre e perigosa de Joanesburgo. Estes que aparecem na foto são vizinhos do estádio e torcem para os arquirrivais de lá. Veja o filme com as imagens gravadas pelo Eugênio Sávio no endereço (http://www.youtube.com/watch?v=qtJXTRp9FO8).
Chico Maia/Eugênio Sávio - Fonte: O Tempo - 18/04/10.
TERRA DE CHÁS "MILAGROSOS"
Quando alguém chega abatido ao mercado de remédios tradicionais de Faraday, no centro de Johanesburgo, os "médicos" locais já sabem: precisa de umganu, árvore cujo tronco, moído e tomado como chá, é injeção de energia no corpo.
Se o coração está fraco, a receita é à base de outra planta, a umnukelambiba. Para dores no corpo, uma caneca de chá de iqwaningi é tiro e queda.
Os nomes em zulu representam uma inesperada preocupação para a Fifa. "Devo confessar que não sabemos muita coisa, só que algumas dessas plantas podem ter efeitos diuréticos e até estimulantes", afirmou Michel D'Hooghe, presidente da comissão médica da entidade, em seminário no mês passado.
O tema surgiu de forma repentina no radar da organização, na reta final da preparação para a Copa. De alguma forma, a medicina tradicional africana, amplamente disseminada, escapou do planejamento meticuloso para evitar o doping.
A prática da medicina tradicional é realizada às claras, nos grandes centros urbanos, e tem um forte aspecto místico. Há um certo parentesco com algo que acontece em algumas partes do Brasil, mas que é confinado aos rincões do interior.
Na África do Sul, existe pouco ou nenhum controle das autoridades sobre a venda de plantas e pouca informação sobre os seus efeitos.
A Constituição ampara culturas tradicionais, e por isso o mercado de Faraday opera abertamente num galpão no centro, a poucos quilômetros de concentrações e estádios que serão usados por centenas de atletas. O de Ellis Park, no qual o Brasil estreia na Copa, está a dez minutos de carro.
Não é preciso receita médica ou qualquer burocracia. Também não se prevê nenhum tipo de controle especial durante a Copa. Basta aparecer numa das muitas barracas do mercado, relatar o sintoma e sair dali com o remédio. Um quilo de casca de árvore moída custa em torno de R$ 2,50.
Tomar uma "imbiza", como são chamadas as receitas que às vezes levam mais de uma planta, é um ritual com muitos componentes espirituais. "A crença africana é na limpeza do corpo. Você usa ervas para eliminar impurezas, expandir seus pulmões, limpar seu sangue", explicou um curandeiro local que não quis se identificar.
Fonte: O Tempo - 18/04/10.
A COPA DOS OUTROS
Retrospectiva de copas passadas é sempre a mesma coisa: uma coleção de lances do Brasil e só. Para saber como foram mesmo os mundiais, a melhor fonte são os filmes oficiais da Fifa, que não puxam a sardinha para um ou outro time. E eles estão saindo em dvds mais baratos, nas bancas.
- COPA DO MUNDO FIFA: Abril Coleções, 15 dvds.
Super Radar - Fonte: Super Interessante - Edição 277 - Abril 2010.
Detalhes: http://universoanimado.com.br/ua/?p=2161
AS COISAS PRECISAM TER NOMES
Assim como são publicados vários livros antes do Natal, muitos são lançados sobre futebol antes da Copa do Mundo. O leitor é que vai dizer se são bons ou de ocasião. Ou as duas coisas. Não há nada de pecaminoso nisso. Somos todos marqueteiros. Uns mais, outros menos.
Prefaciei, com prazer, a excelente enciclopédia "O Mundo das Copas", do jornalista paranaense Lycio Velloso Ribas. Outros bons livros foram lançados. O narrador Milton Leite escreveu "As Melhores Seleções Brasileiras de Todos os Tempos". Mauro Beting falou sobre "As Melhores Seleções Estrangeiras", e Marcelo Barreto, sobre "Os Maiores Camisas 10 do Futebol Brasileiro".
As listas de melhores causam muitas discussões. Alguns não concordam com os nomes, e outros acham que algum jogador está fora de lugar.
Pelé, ponta de lança, tornou-se o símbolo da camisa 10. Mas, dos outros dez escolhidos, três cracaços (Rivellino, Ademir da Guia e Dirceu Lopes) eram meias armadores. Os outros sete foram Zizinho, Zico, Kaká, Ronaldinho, Rivaldo, Raí e Neto. Sócrates, que jogava com a 8, estaria na minha lista dos melhores pontas de lança. Faltou também a Marta.
Os meias armadores eram típicos jogadores de meio-campo. Atuavam de uma área à outra. Eram organizadores e participavam da marcação. Os pontas de lança eram atacantes, artilheiros, que somente recuavam para receber a bola e, depois, chegar à frente.
Os atuais meias de ligação não têm a mesma função dos antigos pontas de lança nem dos antigos meias armadores. Alguns têm mais características de armadores, como Ganso. Outros se parecem mais com os pontas de lança, como Kaká.
A imprensa, de todo o mundo, do passado e do presente, fala que a seleção, na Copa de 1970, tinha vários camisas 10. Não é bem assim. Gerson e Tostão jogavam em seus clubes com a camisa 8. Gerson e Rivellino eram meias armadores. Tostão e Pelé eram pontas de lança.
A crônica esportiva deveria ter mais cuidado com a terminologia. As coisas precisam ter nomes para serem entendidas. Laterais são chamados de alas, e alas, de laterais. O mesmo time joga no 4-3-3, no 4-4-2, no 4-2-1-3 ou no 4-2-3-1. Jogador que atua pelo lado é chamado de atacante e de meia. Há inúmeros outros exemplos.
Muitos torcedores iniciantes no futebol, jovens ou não, não querem apenas torcer. Querem também entender. Quando se compreende bem, o futebol fica mais prazeroso.
Tostão - Fonte: Folha de S.Paulo - 21/04/10.
A IGREJINHA DE DUNGA
Dunga disse novamente, dessa vez na Academia Brasileira de Letras, que, no futebol e na vida, o que importa é o resultado.
Fique tranquilo. Dunga foi apenas convidado. É um hábito da Academia chamar pessoas de destaque na sociedade para um encontro.
Dunga não é candidato ao cargo de imortal, mesmo se o Brasil for campeão e ele escrever mais um original livro sobre como ser um vencedor. Ricardo Teixeira faria o prefácio, e o auxiliar Jorginho, a orelha. Dunga só não pode publicar antes da Copa, como fez Parreira em 2006.
O que é ter resultados na vida, fora do futebol?
Se tornar um profissional vitorioso, rico e famoso, mesmo que seja por meios não muito legais e éticos? Aparecer e ser campeão no "Big Brother"?
Ou ser um homem simples e bom, sem nenhuma pretensão de ser herói?
Dunga e Jorginho formam uma boa dupla. Estão entrosados e já mostraram que têm bons conhecimentos técnicos e táticos. É a união do técnico mal-humorado, tosco, que não aceita críticas, com o auxiliar evangélico e tranquilo.
Se qualquer outro treinador dissesse que só interessa o resultado, ninguém se incomodaria, já que todos os times do mundo, de todas as épocas, entram em campo para vencer. Já Dunga dizendo isso, por seu habitual comportamento, gera outras leituras.
Depois de tantos bons resultados, a maioria concorda com o jeito pragmático de Dunga. Vivemos em uma sociedade consumista, competitiva, do espetáculo, em que a única coisa importante é a vitória, a glória e a fama. As pessoas não querem ser amadas. Querem ser vencedoras, admiradas e bajuladas.
Muitos acham ainda que, para dirigir uma seleção na Copa, é necessário, além de ser operatório e disciplinado, que o treinador seja rígido e nacionalista, uma mistura de um ditador com um Policarpo Quaresma. Para esses, com Dunga, não se repetiria o fracasso de 2006, quando Parreira foi chamado de bonzinho e frouxo por permitir tantas arruaças.
Dunga nunca vai entender por que a seleção de 1982, eliminada pela Itália, é mais elogiada que a de 1994, campeã do mundo.
Dunga passa a impressão de que a vitória lhe proporciona mais sofrimento que prazer e que ainda pode xingar os críticos, como fez em 1994, ao levantar a taça. Para ele, perder jogando bem deve ser muito pior que perder jogando mal. Sofre mais.
Apesar de não ter admiração pelo estilo de Dunga, reconheço sua eficiência no comando da seleção.
A maioria dos jogadores prefere técnicos rígidos e que tomam todas as decisões. É uma maneira de os jogadores transferirem para o técnico a responsabilidade pelas derrotas e pelas vitórias.
A presença de vários atletas evangélicos e obedientes na equipe facilita o trabalho do treinador. É a igrejinha de Dunga.
Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal será Dunga. Isso já está decidido. É valorizar demais o treinador, seja quem fosse. É também uma maneira estreita de se analisar futebol, um esporte que, com frequência, é decidido, entre equipes do mesmo nível, pelo acaso e por fatores inusitados, que vão além da racionalidade doentia de Dunga.
Tostão - Fonte: Folha de S.Paulo - 18/04/10.
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