SHOW DE ESTÁDIO - O TEMPLO DA COPA
SOCCER CITY STADIUM
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http://www.stadiumguide.com/wc2010.htm
Jogo especial marca a inauguração do Soccer City, principal arena do Mundial e que tem valor histórico.
Na África do Sul, o futebol tem uma data instituída. Nas sextas-feiras, conhecidas como Football Friday, a população sai às ruas vestindo camisas de seleções para esquentar o clima da Copa antes do início da disputa, em junho. Esse foi um dos motivos que levaram os dirigentes sul-africanos a escolher a sexta-feira 26 para fazer a bola rolar pela primeira vez no Soccer City. Principal palco entre os dez que receberão jogos no Mundial, o estádio irá sediar a abertura, a final e outros seis confrontos. Enquanto isso, os operários responsáveis pelas obras do Soccer City foram convocados para trocar a picareta por chuteiras e disputar a primeira partida no novíssimo gramado. Abrir o templo da Copa com uma partida entre sul-africanos é mais um capítulo para a história cheia de simbolismo dessa arena. Ali, sobre o antigo gramado do então FNB Stadium, como era chamado o Soccer City, Nelson Mandela proferiu, há 20 anos, seu primeiro discurso após passar quase três décadas atrás das grades.
Foi nesse palco, também, que os Bafana Bafana se sagraram campeões da Copa das Nações Africanas, em 1996. Reformado depois de 30 meses de trabalho e R$ 722 milhões, o Soccer City continua com a cara da África do Sul, de acordo com o arquiteto Vicente de Castro Mello. “Esse projeto é o que mais está contextualizado com o país e o deixou em harmonia com a região”, diz Mello, que visitou o estádio neste mês por ser vice-coordenador da equipe de arquitetos da Copa de 2014. Com capacidade para receber 94 mil espectadores, a construção causa impacto pela grandiosidade. Um museu esportivo, restaurantes, lojas, auditórios para reuniões e festas fazem parte desse centro de entretenimento, como são chamados os modernos estádios do mundo. É o design, porém, que o aproxima das raízes africanas.
O Soccer City lembra um tradicional vaso de cerâmica local conhecido como calabash. O tom ferroso de sua fachada, feita de placas cimentícias (uma mistura de fibras com cimentos pigmentados), integra a construção com a paisagem da redondeza formada por montanhas criadas a partir dos rejeitos retirados das minas de ouro. “De noite, com as luzes acesas, o mosaico de cores que envolve o estádio o faz parecer um jarro cozinhando no fogo”, diz o urbanista e arquiteto Leon Myssior, que também visitou as obras. Foram necessários dez mil toneladas de aço, 8,5 milhões de tijolos e 80 mil m2 de concreto para dar vida ao Soccer City. As obras ao redor do estádio ainda prosseguem. Construído originalmente em 1987, a arena fica em uma das entradas de Soweto, gueto a sudoeste de Johannesburgo que insurgiu contra o apartheid, o regime de segregação racial. “Essa localização visa integrar Soweto com Johannesburgo, criando destinos e ocupando áreas entre essas cidades da região metropolitana”, explica Myssior. “Tem caráter urbano, mas também um sentido político e cultural.” É nesse local que a partir de 11 de junho, com uma partida entre África do Sul e México, irá pulsar o coração do futebol no mundo. Claro, numa sexta-feira.
Rodrigo Cardoso - Fonte: Isto É - Edição: 2107.
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CHOVEU NA CONTA
A conta bancária do técnico Dunga não para de crescer. Além dos recentes contratos publicitários que assinou, o treinador ganhou aumento salarial inesperado da CBF. Passou de algo como R$ 110 mil mensais para R$ 140 mil. O presidente da entidade resolveu surpreendê-lo com o mimo, a título de reconhecimento “extracontratual” pelo sucesso de seu trabalho à frente da Seleção.
Ricardo Boechat - Fonte: Isto É - Edição: 2107.
O PAÍS DA BOLA
Série de reportagen desvenda o passado, o presente e as muitas caras da África do Sul.
Taí missão tão prazeroza quanto complexa. A jornalista Heloísa Gomyde explora em "Expedição África do Sul - O País da Copa" algumas facetas da nação que irá sediar o Mundial de Futebol. Em 6 episódios, não apenas aspectos relacionados à competição serão mostradas, mas também cultura, natureza, economia, política e problemas sociais.
Dia 11 de abril - domingo - 23h, Globo News.
Fonte: Monet - Número 85.
Globo News - http://globonews.globo.com/
PELÉ NO SBT
Sem direito de exibir a Copa, SBT contrata Pelé como comentarista. Ex-jogador terá também pequenos programas diários sobre história do mundial.
Em mais uma de suas jogadas imprevisíveis, Silvio Santos contratou Pelé para comentar os jogos da Copa, apesar de o SBT não ter o direito de transmitir o mundial. O ex-jogador esteve ontem no Museu de Futebol (São Paulo) para falar à imprensa sobre o trabalho.
Além de comentar as partidas nos telejornais, apresentará, a partir do dia 12, 60 programas diários de um minuto cada um com a história das Copas.
Durante o mundial, outros 27 episódios de "Um Minuto Com Pelé" irão ao ar.
Pelé lembrou ontem já ter trabalhado em várias outras emissoras como comentarista, entre elas Globo, Band e até a árabe Al Jazira, mas ressaltou ser essa a primeira vez que atuará como apresentador. Bem-humorado, fez piada ao responder que programas vê no SBT. "Jornais, o da Hebe e tem que falar o do nosso patrão".
Mas ficou sem graça quando a Folha lhe perguntou em que emissora pretendia assistir aos jogos que vai comentar no SBT (na TV aberta, só Globo e Band transmitirão). "O quê? Não entendi", respondeu, sorrindo. A pergunta foi repetida, e ele olhou para os lados, onde estavam sentados executivos da emissora. "Vou ver no SBT."
Passou então a bola, no caso o microfone, para o diretor comercial, Henrique Casciota: "Pelé vai ver onde quiser".
Laura Mattos - Fonte: Folha de S.Paulo – 01/04/10.
GOL A TODA HORA
"Os narradores deveriam ganhar mais para fazer jogos do Santos. Têm de gritar gol a toda hora."
Milton Leite, do canal SporTV, fazendo graça com as goleadas dos santistas.
Panorama - Veja Essa - Julio Cesar de Barros - Fonte: Veja - Edição 2158.
DOMINADOS
As ligações perigosas dos jogadores Adriano e Vagner Love com a bandidagem do Rio criaram um problema para as empresas que patrocinam o Flamengo. A saber: a Batavo, da Brasil Foods (R$ 22 milhões), a Olympikus (R$ 21,3 milhões) e o banco BMG (R$ 8,5 milhões).
Duas são fornecedoras da garotada. Uma produz o Batavinho e outra vende camisas "Olympikus Adriano", a R$ 98 cada. O BMG é um banco que gasta bom dinheiro para impedir que o assaltem. Se as suas diretorias acham que não têm nada a ver com o que os atletas fazem fora do gramado, devem dar uma olhada no que aconteceu com o golfista Tiger Woods.
Ele se meteu num escândalo com uma modelo e 14 outras senhoras. (Nada a ver com golfe, muito menos com bandidagem, nem mesmo com o que Woods faz em pé.) O campeão perdeu perto de US$ 100 milhões anuais em contratos de patrocínio. As seguintes empresas decidiram afastar sua marcas da notoriedade de Tiger: Gatorade, Gillette, TAG Heuer e AT&T. Aqui vai uma ideia para um anúncio das três empresas: uma quadrilha, vestindo camisas da Olympikus, assalta uma agência do BMG para comprar Batavinhos.
Elio Gaspari (http://www.submarino.com.br/portal/Artista/80141/+elio+gaspari) - Fonte: Folha de S.Paulo – 28/03/10.
COMO PARAR UM CRAQUE?
"Não há como parar Messi. Seria preciso usar uma escopeta."
Gregorio Manzano, técnico do Mallorca, falando de Lionel Messi, craque do Barcelona e da seleção argentina.
Panorama - Veja Essa - Julio Cesar de Barros - Fonte: Veja - Edição 2158.
ARMANDO NOGUEIRA
Estou na China , leitor, onde recebi a triste notícia da morte do Armando Nogueira. Era uma figura emblemática do nosso jornalismo, especialmente do jornalismo futebolístico. Apesar da coincidência de sobrenomes, não havia parentesco entre nós. Mas, desde a infância profunda, sempre acompanhava, com interesse arregalado, a sua participação em resenhas de futebol na TV. Uma delas, dos anos 60, chamava-se (se não me falha a memória) "Bola na Mesa". Dela participavam, além do Armando, o João Saldanha, o Nelson Rodrigues e um flamenguista perna de pau, José Maria Scassa, que era alvo fácil para as ironias e piadas do Nelson.
O Armando tinha um humor mais doce, mais compassivo. O Nelson e o Saldanha tinham muito menos tato -e o pobre Scassa passava maus momentos. Com essa escalação, o "Bola na Mesa" era, às vezes, mais interessante do que os próprios jogos da rodada.
A morte de uma pessoa como Armando Nogueira altera as nossas relações com o passado. Um dos chavões menos verdadeiros que conheço é este: "Ninguém é insubstituível". O Armando, assim como o Nelson e o Saldanha, são desmentidos enfáticos desse lugar-comum.
Um momento do Armando que ficou na minha memória foi o seu improviso emocionado e emocionante sobre a eliminação da Seleção Brasileira da Copa de 1982, que foi -o leitor deve se lembrar- uma das melhores e mais cintilantes seleções de futebol da história brasileira e mundial. Ferido de espanto, Armando fez, naquele dia, na TV Bandeirantes, um belíssimo lamento sobre a inesperada derrota do Brasil diante da Itália, que tinha na época um time apenas esforçado, apenas batalhador. Espero que as televisões aí no Brasil estejam reprisando, várias vezes, esse momento maravilhoso da crônica futebolística brasileira.
Muitos anos depois, estive algumas vezes com o Armando na casa da Lilian Witte Fibe e do Alexandre Gambirazzio. Eu sempre pedia a ele que contasse histórias do Nelson. E ele gostava de contar. Uma vez, comentei com ele o contraste que me parecia espantoso entre o Otto Lara Resende pessoa física -que brilhava nas conversas como ninguém- e o Otto pessoa jurídica, cronista e autor de vários livros, que tinha um texto pesado e meio opaco, certa mania de citar Anatole France e coisas do gênero. O Nelson dizia que o Estado brasileiro deveria pagar um taquígrafo para seguir o Otto e anotar furiosamente as frases de impacto que ele ia espalhando aos quatro ventos, mas não botava no papel nem a tiro.
E o Armando para mim: "Você sabe o que o Nelson dizia sobre isso? O Otto só vai escrever direito depois que for currado por dois crioulões no aterro do Flamengo".
Melhor ainda foi outra que o Armando me contou e que até já publiquei aqui nesta coluna há muitos anos. Acho que vale uma reprise. Essa aconteceu no final dos anos 60, por aí. Segundo o Armando, o Nelson e o Otto caminhavam tranquilamente pela avenida Atlântica, quando o Otto resolveu fazer uma advertência grave: "Nelson, você está atacando demais as esquerdas, demais! Qualquer dia leva um tiro!". O Nelson ficou pensativo e perguntou: "Você acha mesmo, Otto, que podem me matar?". O outro foi enfático: "Acho, sim". O Nelson pensou mais um pouco e perguntou, em tom também grave: "Se me matarem, você escreve a meu respeito?".
O Otto, sem hesitar, respondeu: "Claro".
E o Nelson: "Mas exagera, viu, exagera!".
Paulo Nogueira Batista Jr., 54. É diretor-executivo no FMI, onde representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago), mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal.
Fonte: Folha de S.Paulo – 01/04/10.
ADEUS AO MESTRE ARMANDO NOGUEIRA
Ninguém é chamado de mestre à toa. Mestre Didi, mestre Telê, mestre Armando. Ele pagou caro o tempo em que fez o jornal mais consumido do país sob as lentes e ameaças da ditadura. E fez sem se fazer nem de mártir nem de herói. Fez como achou que tinha de fazer, com todas as limitações.
Impossível agora dizer quantas noites perdeu com medo, coisa que eu queria ter perguntado, mas não deu.
Possível, no entanto, contar quantas manhãs teceu para não desistir. Quem conhece mestre Armando só das palavras sobre esportes conhece, talvez, o melhor Armando Nogueira. Mas não o maior.
O maior foi o que resistiu sem parecer que resistia, com doçura, solidariedade e lealdade. Coisa que felizmente, essa sim, eu pude lhe dizer.
E que pude escrever, sorrindo, com ele vivo.
E que repito agora, chorando.
Mestre
Você leu nos jornais quase todas as façanhas de Armando Nogueira.
Resumidamente, é claro, porque daria para fazer uma edição inteira só com elas.
Mas nunca mais você terá o privilégio de poder abrir um jornal e ler que "Ademir da Guia tem nome, sobrenome e futebol de craque".
Ou que "Deus castiga quem o craque fustiga".
Ou que "Se Pelé não tivesse nascido gente teria nascido bola".
Nunca mais.
Mestre Armando dizia também que "o bom jogador vê a jogada, o craque antevê", e ele, como craque que era, antevia não só a jogada, como a notícia. Por isso, um dia escreveu que "os cartolas pecam por ação, por omissão ou por comissão". E que o calendário de nosso futebol "não era nem juliano nem gregoriano, era cartoliano".
Se houver apenas uma palavra da língua portuguesa para defini-lo esta é, sem dúvida, delicadeza.
Mas sabia ser duro, como foi com Ricardo Teixeira, que disse numa CPI não precisar do futebol por ser rico: "Sou rico, uma ova! Fiquei rico, à custa do futebol", deveria ter dito, indignou-se o mestre.
Era apaixonado pelo Botafogo, pelo Acre e por voar de ultraleve, arte à qual se dedicou até a semana anterior da descoberta, três anos atrás, da doença que o levou.
Adeus
Armando Nogueira morreu.
A última vez em que conseguimos nos comunicar, porque por telefone era sempre uma choradeira, foi por meio de uma mensagem que ele me mandou, para agradecer uma referência qualquer feita por mim num programa de TV: "Juca, Teu carinho me conforta como o abraço de um irmão caçula. Beijos do Armando".
Fico aqui com minha dor, incapaz de ser minimamente objetivo.
Tenho por ele infinito carinho mesmo e sei o quanto ele penou para dirigir o jornal mais visto no país no período da ditadura.
Leal, ele agiu sempre no limite da dignidade possível.
E tratou de proteger o quanto pôde aqueles que eram perseguidos. O Brasil perde um belo jornalista, mas, antes de tudo, um homem de bem, um enorme ser humano.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo – 01/04/10.
REALIDADE E FICÇÃO
Em ano de Copa, a mídia faz dezenas de programas sobre o assunto. Perto e durante o Mundial, quase só vai se falar disso. Muitos acham que todos os brasileiros adoram futebol. Imagine como se sente alguém que não gosta. Deve ter vontade de desaparecer.
Os depoimentos, as histórias, as imagens e os conceitos mostrados nesta época costumam ser os mesmos de todas as Copas.
Já vi um milhão de vezes Pelé fazer o gol que não foi gol, Garrincha driblar de um lado para o outro, e tantas outras imagens. Os jovens devem achar que Garrincha era apenas um driblador, um bailarino. Ele era também extremamente eficiente.
Ao ver alguns grandes clássicos dos Mundiais, na íntegra, com narrações e comentários atuais, são desmistificados alguns conceitos, como o de que havia pouca violência no passado. As partidas entre Brasil e Holanda, em 1974, e entre Brasil e Argentina, em 1978, foram festivais de pontapés e agressões. Hoje, não terminariam. Quase todos os jogadores seriam expulsos.
O futebol de hoje é mais faltoso e truculento, mas o do passado, por haver menos punições, era mais desleal e violento. Recebi muitas cusparadas e ameaças de que iam quebrar minha perna.
Na época, também não havia exame antidoping. O uso de "bolinhas", como eram chamados os estimulantes, era mais comum, embora menos sofisticado.
As TVs adoram mostrar Pelé recebendo uma falta violenta de um português, na Copa de 1966. A imagem é sempre a mesma. É uma boa desculpa para a derrota do Brasil. Faltas violentas existiram dos dois lados. Portugal venceu porque era melhor.
Dizem sempre que, em 1958, os jogadores exigiram a escalação de Pelé. Ele era titular antes do Mundial e só não jogou os dois primeiros jogos porque estava contundido. Contam ainda que o psicólogo, doutor Carvalhaes, barrou Garrincha por achá-lo criança. É uma boa história, nunca confirmada.
Em 1966, eu estava presente. Doutor Carvalhaes se divertiu quando Garrincha, ao fazer um teste psicológico, desenhou um homem com um corpo pequeno e com uma enorme cabeça. Antes que alguém fizesse um profundo diagnóstico freudiano, Garrincha disse que era Quarentinha, seu companheiro no Botafogo. Essa história também já foi contada umas mil vezes.
Falam ainda que, em 1970, Zagal- lo, pressionado, teve de me escalar, além de Rivellino e de Piazza. Não foi bem assim.
Perto da Copa, Zagallo ainda tinha dúvidas. Em um amistoso, em Guanajuato, no México, ele colocou os três. Foi a primeira excepcional atuação coletiva da seleção brasileira. Saímos do campo alegres e conversando. Zagallo nos recebeu com um enorme sorriso. Naquele momento, todos tinham certeza de qual seria o time titular na Copa. Nascia uma grande seleção.
Quando alguém tem opiniões diferentes dos chavões, mesmo com ótimos argumentos e informações, é geralmente ignorado. Opiniões de famosos são mais valorizadas, mesmo que eles não entendam e/ou não acompanhem o futebol de perto.
A história não vive somente de informações nem somente de lite- ratura. A realidade, a ficção e os mistérios caminham juntos, no futebol e na vida.
Tostão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tost%C3%A3o) - Fonte: Folha de S.Paulo – 28/03/10.
TEIXEIRA MIRA A FIFA
Da cartola da CBF, e com o apoio da parceira de sempre, a Traffic, e da Globo Esportes, o ex-presidente do Flamengo Kléber Leite emerge como candidato ao Clube dos 13, com eleição prevista para dezembro.
O atual mandarim da entidade, o gaúcho Fábio Koff, sente nas costas a dor por também ter traído o ideal que norteou a fundação da entidade, em 1987, qual seja o de ser a Liga dos clubes brasileiros.
Com a ajuda de Koff, o Clube dos 13 virou apenas uma agência que intermedeia os negócios com a TV. Agora, no entanto, ele não é mais confiável. Cuspa-se.
Teixeira precisa de alguém em quem possa confiar plenamente e por muitos anos, porque, depois que comandar a Copa no Brasil, quer ser presidente da Fifa, com eleição prevista para 2015.
Leite tem um discurso moderno e uma prática antiga, como já demonstrou sobejamente sempre que esteve no poder.
É dono de empresa de marketing esportivo, já foi sócio de J. Hawilla, assim como ambos são velhos parceiros de Teixeira, mais velhos até do que Marcelo Campos Pinto, da Globo Esportes.
Ocupado com a Copa do Mundo e com a melhor grife do futebol mundial, a seleção brasileira, cuja camisa se encontra, diferentemente das dos nossos clubes, em qualquer loja de material esportivo do planeta, Teixeira sabe que a CBF não tem mais como cuidar das diversas divisões do Brasileiro e da Copa do Brasil.
E precisa de alguém, de absoluta confiança, para fazê-lo.
Leite é uma dessas pessoas, tantas já foram as demonstrações de fidelidade numa caminhada em que Teixeira, Leite e Hawilla construíram enormes fortunas pessoais graças à militância no futebol.
Verdade que ele não conta com o apoio do Flamengo, pois fez oposição à presidenta Patrícia Amorim.
Mas ter Teixeira como cabo eleitoral parece, diante da fragilidade dos presidentes dos nossos clubes, suficiente para se eleger, embora haja quem pense em reagir.
Até as pazes com Alexandre Kalil, o presidente do Galo e um de seus principais desafetos, Teixeira tratou de fazer, tudo em nome de pavimentar o caminho para o mais importante, a presidência da Fifa.
Sim, Teixeira, que era fã de Collor, que afrontou Itamar no voo da muamba, foi tratado a pão e água por FHC e virou amigo de infância de Lula, também é um pragmático.
Se seu ex-sogro, João Havelange, chegou à Fifa depois de presidir a CBD e do tricampeonato, ele também pode na CBF, já bi, quem sabe tetra depois de mais duas Copas.
O jogo é esse e pode até ficar pesado, porque, se Koff não capitular mais uma vez em nome de alguma conveniência como é de seu feitio, o veremos com um discurso novamente radical, como aquele que fazia antes de assumir o Clube dos 13, lá se vão longos, e penosos, 14 anos -menos apenas do que os 21 de Teixeira na CBF, que serão, se nada mais grave acontecer, 26 até 2015.
Curiosamente, uma das bandeiras de Leite é mudar o estatuto para impedir mais de uma reeleição...
Jogo tão pesado que Koff foi buscar um especialista em baixar o nível para assessorá-lo, o ex-presidente do Vasco Eurico Miranda.
Juca Kfouri (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) - Fonte: Folha de S.Paulo – 28/03/10.
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