O MUNDO PERDIDO DA VELHA EUROPA
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MUNDO PERDIDO
English:
http://www.nytimes.com/2009/12/01/science/01arch.html?_r=1&em
The exhibition: http://www.nyu.edu/isaw/exhibitions/oldeurope/
Antes da glĂłria de GrĂ©cia e Roma, antes mesmo das primeiras cidades mesopotĂąmicas ou dos templos do Nilo, vivia no vale do Baixo DanĂșbio e ao pĂ© das montanhas dos BĂĄlcĂŁs um povo que estava Ă frente do seu tempo em termos de arte, tecnologia e comĂ©rcio.
Durante 1.500 anos, a partir de antes de 5000 a.C., eles praticavam a agricultura e construĂam cidades com atĂ© 2.000 casas. Dominavam a fundição do cobre em larga escala, uma tecnologia nova na Ă©poca. Suas tumbas continham um impressionante conjunto de lindas toucas, colares e artefatos de ouro. Os notĂĄveis desenhos da sua cerĂąmica mostram o refinamento da sua linguagem visual.
ArqueĂłlogos e historiadores dizem que novas pesquisas tĂȘm ampliado a compreensĂŁo sobre essa cultura. A escrita ainda nĂŁo havia sido inventada, entĂŁo nĂŁo se sabe como esse povo chamava a si prĂłprio. Para alguns acadĂȘmicos, trata-se simplesmente da Velha Europa.
Agora, essa cultura estĂĄ sendo resgatada da obscuridade na exposição "O Mundo Perdido da Velha Europa: O Vale do DanĂșbio, 5000-3500 a.C.", no Instituto para o Estudo do Mundo Antigo, da Universidade de Nova York. Mais de 250 artefatos de museus de BulgĂĄria, Moldova e RomĂȘnia estĂŁo sendo exibidos pela primeira vez nos EUA.
Em seu auge, em torno de 4500 a.C., "a Velha Europa estava entre os lugares mais sofisticados e tecnologicamente avançados do mundo", disse David Anthony, curador convidado da exposição e professor de antropologia do Hartwick College, de Oneonta, Nova York.
Embora escavaçÔes ao longo do Ășltimo sĂ©culo jĂĄ tivessem revelado traços de antigos assentamentos, sĂł em 1972, quando arqueĂłlogos locais acharam um grande cemitĂ©rio do 5? milĂȘnio a.C. em Varna (BulgĂĄria), começou-se a suspeitar que nĂŁo se tratava de pessoas pobres em sociedades desestruturadas. Na Ă©poca, porĂ©m, bĂșlgaros e romenos, sob o isolamento da Guerra Fria, foram incapazes de difundir seu conhecimento para o Ocidente.
Agora começa a emergir a histĂłria de agricultores trocando a GrĂ©cia e a MacedĂŽnia pela Velha Europa, em torno de 6200 a.C., e levando sementes de trigo e cevada e gado bovino e ovino. Eles estabeleceram colĂŽnias na costa do mar Negro, em morros e em planĂcies fluviais, nas atuais BulgĂĄria e RomĂȘnia.
Algumas cidades do povo cucuteni, uma cultura posterior e aparentemente mais robusta no norte da Velha Europa, chegaram a ter mais de 320 hectares, o que os arqueĂłlogos consideram maior do que qualquer outro assentamento humano da Ă©poca.
Inicialmente, a ausĂȘncia de uma arquitetura de elite levou os acadĂȘmicos a supor que a Velha Europa tinha pouca ou nenhuma estrutura hierĂĄrquica de poder. Isso foi desmentido pelas tumbas de Varna.
Vladimir Slavchev, curador do Museu Regional de História de Varna, disse que "a riqueza e variedade das oferendas tumulares de Varna foram uma surpresa". Mais de 3.000 peças de ouro foram achadas em 62 tumbas.
Mas o cobre, e não o ouro, pode ter motivado o sucesso econÎmico da Velha Europa, segundo Anthony. Por volta de 5400 a.C., as culturas da Velha Europa aproveitavam os minérios abundantes da Bulgåria e da atual Sérvia e aprenderam a extrair cobre metålico puro a altas temperaturas. O cobre fundido, transformado em machados, lùminas cortantes ou braceletes, se tornou um valioso produto de exportação.
Toda uma galeria estĂĄ dedicada Ă s estatuetas. Elas foram encontradas em praticamente todas as culturas da Velha Europa e em vĂĄrios contextos: em tĂșmulos, em templos familiares e em outros possĂveis "espaços religiosos".
Uma das mais conhecidas, chamada "O Pensador", mostra um homem sentado, com os ombros inclinados e as mĂŁos no rosto, em aparente contemplação. Essa e uma estatueta feminina comparĂĄvel foram achadas em um cemitĂ©rio da cultura hamangia, na RomĂȘnia. Estariam pensando, ou pranteando?
Muitas estatuetas representam mulheres em uma abstração estilizada, com seios fartos e quadris largos. Sua sexualidade explĂcita induz a interpretaçÔes relacionadas Ă fertilidade telĂșrica e humana.
Conforme escreveu Douglass Bailey, da Universidade Estadual de San Francisco, no catĂĄlogo da exposição, "a capacidade de fazer, usar e entender objetos simbĂłlicos como estatuetas Ă© uma capacidade compartilhada por todos os humanos modernos e, portanto, uma capacidade que conecta vocĂȘ, eu, os homens, mulheres e crianças do NeolĂtico e os pintores de cavernas do PaleolĂtico".
John Noble Wilford - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/12/09.
MatĂ©ria original em inglĂȘs do New York Times:
http://www.nytimes.com/2009/12/01/science/01arch.html?_r=1&em
A exposição: http://www.nyu.edu/isaw/exhibitions/oldeurope/
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