EU TAMBĂM MEREĂO UM CARTĂO CORPORATIVO DO GOVERNO FEDERAL
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EU TAMBĂM MEREĂO UM CARTĂO CORPORATIVO DO GOVERNO FEDERAL
Quando vejo a farra dos cartĂ”es corporativos do governo, alĂ©m do absoluto descontrole que a sociedade e os ĂłrgĂŁos reguladores tem sobre esses gastos, o que espanta Ă© a quantidade de dinheiro disponĂvel (do nosso dinheiro) para essa finalidade. Na verdade, um fundo praticamente sem limite, bem alimentado pelo apetite insaciĂĄvel com que o âleĂŁoâ avança sobre os infinitos tributos que pagamos, sabendo e sem saber, em cada coisa que consumimos.
Recebi minha conta de energia elĂ©trica e reparei pela primeira vez num campo denominado âComposição da tarifa de fornecimentoâ.
Uma conta de R$ 213,95 para 313 kWh de consumo mensal.
A tal âComposição da tarifa de fornecimentoâ discrimina o que Ă© que estĂĄ sendo pago nesse total, o que Ă© de deixar boquiaberto.
O custo da geração de energia propriamente dito sai por meros R$ 44,18, ou 20,65% do total da conta.
Em seguida o custo de distribuição, R$ 73,15, ou 34,19% do custo total.
Custo de transmissĂŁo, R$ 5,96, 2,79% do total.
Os encargos setoriais (nem faço idéia do que seja) ficaram por R$ 12,28, ou 5,74% da fatura.
E, por Ășltimo, o campeĂŁo dos campeĂ”es, impostos de R$ 73,38%, gordos 36,63% da conta.
Procurando na internet, no site da ANEEL, descobre-se que os tais encargos setoriais (clique no link e veja que farra) nada mais sĂŁo do que outras taxas que o governo nos cobra, ou seja, mais impostos sĂł que com um nome mais bonitinho.
Dito isso, entĂŁo, descobre-se que, na verdade, o governo fica com 42,37% dessa grana, exatos R$90,66 de uma conta de R$ 213,95.
Eu tenho um sócio no meu dinheiro. Ele leva uma grana preta toda vez que eu ganho ou pago alguma coisa. E ele tem um cartão corporativo pra gastar esse dinheiro e eu também quero.
Quero, quero, quero e quero.
O governo federal tem, o estadual tem, o judiciårio tem, o legislativo tem e eu também quero!
NĂŁo me importa que as minhas despesas todas sejam publicadas no TransparĂȘncia Brasil. NĂŁo to nem aĂ. Pode publicar tudo. As flores, o botox, os aluguĂ©is de carro, as hospedagens em hotĂ©is caros, as jĂłias, as compras do freeshop, nĂŁo tem problema.
Eu trabalho duro, gero trezentos e tantos empregos diretos, emprego famĂlias. Tenho que ter o direito de querer um cartĂŁo desses tambĂ©m.
Imagine vocĂȘ, vou ao banco com minha conta de luz de R$ 213,95, saco meu cartĂŁo corporativo e a moça do caixa me pergunta: crĂ©dito ou dĂ©bito? Sem pestanejar eu respondo: crĂ©dito minha querida, aproveita e faz um saque de R$5.000,00 que o fim de semana tĂĄ chegando.
Ainda que ilustrativamente, Ă© mais ou menos isso que acontece.
A mĂdia estĂĄ falando, mostrando, escrevendo, sinalizando, e nĂłs, como bons brasileiros, estamos sĂł olhando, sĂł comentando, sĂł de expectadores da expropriação escandalosa do tesouro nacional sem nenhuma manifestação mais significativa do que as mencionadas acima.
EntĂŁo, como cidadĂŁo que sou. Como contribuinte que sou. Como empreendedor que sou. TambĂ©m quero ter o meu cartĂŁo corporativo sem fatura, ou melhor, com a fatura paga por alguma esfera da administração pĂșblica. Faz melhor, pĂ”e na conta do Lula. Ele nunca sabe de nada mesmo...
Se nĂŁo for pedir muito, gostaria das bandeiras VISA e AMEX, sĂŁo as mais bem aceitas lĂĄ fora.
Peça jå o seu. E não saia de casa sem ele, porque a vida é agora.
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