VIVA A LIBERDADE DE EXPRESSĂO
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MAS PRECISA CONTAR TUDO?
Onde começa e onde termina a liberdade de expressão?
Nos Ășltimos tempos esse assunto vem sendo muito badalado, principalmente depois que o governo andou ensaiando projetos de lei que regulamentassem o trabalho da imprensa no Brasil.
O que torna chocante essa postura do governo Ă© que, por trĂĄs desse projeto, existe uma clara intenção de cercear o trabalho dos jornalistas, procurando, assim, evitar ao mĂĄximo que o povo tenha conhecimento profundo sobre a podridĂŁo que assola o cenĂĄrio polĂtico brasileiro, em especial, o prĂłprio governo.
Ă realmente inadmissĂvel que um assunto dessa magnitude seja tratado com tanta parcialidade e leviandade por quem deveria garantir o pleno funcionamento das instituiçÔes democrĂĄticas.
Por outro lado, a exemplo dos publicitårios com o CONAR, jå passa da hora da própria imprensa se auto-regulamentar e decidir com mais critério o que deve ou não ser dito, ou, pelo menos, com que profundidade de detalhes isso deve ser feito.
Muitas vezes, o que se entende por liberdade de expressĂŁo acaba virando uma forma altamente didĂĄtica de dar importĂąncia para assuntos que nĂŁo deveriam ser noticiados com tanta riqueza de detalhes.
InĂșmeras matĂ©rias jornalĂsticas sĂŁo verdadeiras aulas de como fazer coisas que nĂŁo devem ser feitas. Sem contar as matĂ©rias e informaçÔes que nĂŁo acrescentam absolutamente nada na vida das pessoas.
Uma carreta carregando tijolos tombou na BR116 e interrompeu o trĂĄfego por 2 horas. E daĂ? O que isso muda ou acrescenta na vida de um cidadĂŁo que mora em Quixeramobim, interior do CearĂĄ.
NĂŁo Ă© incomum assistirmos nos telejornais o relato de um crime, contado em minĂșcias as fases do planejamento Ă execução.
Não é incomum, também, que algumas informaçÔes (que deveriam ser secretas ou estratégicas) sejam reveladas em horårio nobre, tornando inócuos os seus resultados.
Dois exemplos bastante simples a esse respeito.
Exemplo 1
Alguns anos atrĂĄs, quando estava na moda assaltar carros fortes, a PM do Rio de Janeiro colocou nas ruas um carro-forte como isca para pegar assaltantes. Dentro desse carro-forte havia uma unidade de elite da PM, fortemente armada para confrontar os assaltantes.
AtĂ© aĂ, boa idĂ©ia.
Mas, mal o carro-forte foi para a rua, o Jornal Nacional fez uma matĂ©ria de dentro do veĂculo, contando como funcionava a idĂ©ia e o que esperava os bandidos, caso aparecessem.
Exemplo 2
A fim de conter os excessos de velocidade e de acidentes na marginal TietĂȘ, em SĂŁo Paulo, o departamento de trĂąnsito instalou algumas cabines ao longo da via e dentro delas colocou manequins segurando bandeiras vermelhas, objetivando manter um estado de alerta nos motoristas, que deveriam entender que, na verdade, tratavam-se fiscais de verdade.
Mais uma vez, estava lĂĄ a rede Globo revelando a existĂȘncia dos tais manequins para toda a população em horĂĄrio nobre.
Resultados obtidos. A PM do Rio nĂŁo teve o sucesso esperado com seu carro-forte. E o departamento de trĂąnsito de SĂŁo Paulo, idem.
à claro, óbvio, que os assuntos importantes devem ser informados, mas hoje em dia existe muita falta de critério sobre o que é importante.
A programação jornalĂstica dos fins de tarde Ă© simplesmente lamentĂĄvel. A misĂ©ria e o crime sĂŁo alardeados aos quatro ventos, sem que os programas apresentem propostas que colaborem de alguma forma para que a violĂȘncia seja minimizada. AliĂĄs, muito pelo contrĂĄrio.
O que se vĂȘ Ă© uma exploração comercial da violĂȘncia praticada pela polĂcia e pelos bandidos, colocando a sociedade contra a polĂcia e ainda com mais medo dos bandidos.
Os apresentadores se resumem a meter o pau no sistema e explorar a ignorùncia de quem assiste, criando versÔes para os fatos, fazendo adivinhaçÔes ao vivo, julgamentos precipitados e por aà vai.
Não interessa para ninguém saber como é um cativeiro, como se clona cartÔes de crédito, onde se compra documentos falsos, como se invade um banco, como se rouba um carro em 30 segundos. A não ser para quem tem alguma vocação para a pråtica de delitos e ainda não tinha tido acesso a essas informaçÔes.
A liberdade de expressĂŁo Ă© um dos fundamentos mais bĂĄsicos de uma sociedade democrĂĄtica, mas como instrumento de evolução social. Assim como a imprensa. Mas que o exercĂcio dessa liberdade cumpra seu papel informativo e investigativo, alertando e preparando a sociedade.
O acesso Ă informação deve objetivar a evolução, nĂŁo um processo estacionĂĄrio que visa prioritariamente atingir bons Ăndices de audiĂȘncia ou venda de revistas e jornais.
Na foto: Menino fantasiado como Mahatma Gandhi participa de homenagem ao 138Âș aniversĂĄrio do lĂder indiano, na Caxemira. (Fonte: Folha Online - 02/10/2007).
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