VALTER CABEĂĂO MATOU O FILHO DO PREFEITO
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VALTER CABEĂĂO MATOU O FILHO DO PREFEITO
Valter Cabeção matou o filho do prefeito.
Depois de décadas e décadas sendo chamado de tudo que é apelido, ele se cansou. Deu um basta.
Cabeção, cabeçudo, cabeça de bosta, chapeuzinho, cabeça de melancia, retardado, doido, besta, anormal...
Foi a vida inteira assim.
Vårias vezes ele revidou, mas o filho do prefeito deu azar, pois Valter Cabeção havia decidido que ninguém mais ia tratå-lo mal.
Ele não ia mais ser motivo de zombaria de ninguém. Nem do filho do prefeito.
E numa discussão entre os dois, Valter Cabeção bateu no rapaz e ele acabou morrendo.
Muito bem preparada, a acusação tem testemunhas, provas, e a própria confissão do réu, assinada.
Valter Cabeção vai a jĂșri popular. Mas quem vai defender Valter Cabeção?
Nenhum advogado da cidade aceitou a causa.
Ninguém queria se indispor com o prefeito.
Duas cidades vizinhas depois conseguiram encontrar Dr. Alfredo Canabrava, um advogado aposentado jĂĄ havia mais de 10 anos, cujo apelido carinhoso era Dr. Cana, imagine vocĂȘ o por que.
E foi num boteco que encontraram Dr. Cana, obviamente alcoolizado.
Com muito custo contaram-lhe a história e ele aceitou defender o caso de graça.
Deixaram com ele cĂłpias do processo, que daquele dia atĂ© o dia do julgamento eram vistas nas mĂŁos de Dr. Cana pra todo lado. SĂł que ele estava sempre bĂȘbado, entĂŁo ninguĂ©m sabe se ele leu ou nĂŁo leu.
Dr. Cana bebeu compulsivamente todos os dias até a antevéspera do julgamento.
Na véspera, acharam que tinha morrido ou viajado, pois ninguém o viu.
No dia do julgamento ele estava lĂĄ.
Baixinho, com a cara inchada e avermelhada, olhos repletos de vasos sanguĂneos aparentes ao redor da Ăris. Cara de quem bebe mesmo.
E pacientemente, sentado ao lado de Valter Cabeção, Dr. Cana ouviu a promotoria apresentar sua tese e suas testemunhas. Não quis interrogå-las.
Quando o juiz lhe concede a vez e ocorre o seguinte diĂĄlogo:
Dr. Cana - Senhor, excelentĂssimo arbitro desta corte.
Juiz - Sr. Advogado.
Dr. Cana - PerdĂŁo vossa eminĂȘncia.
Juiz - EminĂȘncia nĂŁo, Sr. Advogado, excelĂȘncia.
Dr. Cana - Com mil perdĂ”es excentrĂssimo...
Juiz - Sr. Advogado, sugiro que ajuste seu comportamento.
Dr. Cana - Mas esplendĂssimo, o Sr. NĂŁo estĂĄ entendendo.
Juiz - Creio que quem nĂŁo estĂĄ entendendo Ă© o Sr. NĂŁo vou mais aceitar
Este seu comportamento. Na prĂłxima eu mando prendĂȘ-lo.
Dr. Cana - ExcelĂȘncia. Senhores jurados. Meu cliente, Sr. Valter Pereira Souza, Ă© conhecido na cidade como Valter Cabeção. Durante toda sua vida ele foi achacado, humilhado, subjugado, ofendido, sendo chamado de Cabeção, cabeçudo, cabeça de bosta, chapeuzinho, cabeça de melancia, retardado, doido, besta, anormal...
Foram 51 anos ouvindo e sofrendo com essas palavras. Eu estou falando aqui hĂĄ dez minutos apenas, e nesses dez minutos troquei a reverĂȘncia ao me referir a vossa excelĂȘncia, e vossa excelĂȘncia jĂĄ quis mandar me prender. Imagine excelĂȘncia, senhores jurados, meu cliente, que ouve isso tudo hĂĄ 51 anos.
Valter Pereira Souza, Valter Cabeção, foi condenado a um ano de reclusão num hospital psiquiåtrico.
Dr. Cana nunca mais defendeu ninguém.
Continua o mesmo. Bebe todos os dias.
E dizem que até hoje continua carregando as pastas do caso de Valter Cabeção debaixo dos braços.
(Do anedotĂĄrio popular)
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