DIA MUNDIAL SEM CARRO
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WORLD CARFREE DAY 2008 - 22 DE SETEMBRO
English: http://www.worldcarfree.net/wcfd/
No dia 22 de setembro, a população e o poder público estão sendo convidados a refletir e a tomar consciência do atual e suicida modelo de mobilidade urbana adotado e a experimentar a cidade sem o automóvel particular.
Saiba mais:
http://www.nacidadesemmeucarro.org.br/
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/1132
MOVIMENTO VOTO CONSCIENTE
http://www.votoconsciente.org.br/
INSTITUTO ÃGORA EM DEFESA DO ELEITOR
http://www.institutoagora.org.br/
A QUEM INTERESSAR POSSA
Não se pode falar de moralidade como força polÃtica, porque todos os discursos que a envolvem camuflam interesses de alguém. Não se pode falar de progresso, a menos que se entenda que ele é mais ou menos estimulado de acordo com o poder de diferentes grupos. Não se pode falar de ideais que modificam o curso das coisas, a menos que se entenda que eles representam outro grupo de interesses. Não se pode falar de governantes, partidos, atores polÃticos e poderes constituÃdos, exceto que se perceba que eles são meios através dos quais operam os grupos de interesses.
Essas idéias são de um livro que completa em 2008 cem anos de sua primeira edição: "The Process of Government" (O Processo de Governo, obra sem tradução brasileira), de Arthur Fischer Bentley, lembrado em um artigo recente de Nicholas Lemann, da Columbia School of Journalism, para a revista "The New Yorker".
Lemann dedica ao livro de Bentley, um clássico da ciência polÃtica norte-americana, adjetivos como fascinante e magnetizador e recorda que a obra começou a ser escrita durante o perÃodo de mais de dez anos em que o autor trabalhou como jornalista em Chicago.
Lemann afirma que o prestÃgio de Bentley entrou em declÃnio depois da Segunda Guerra porque suas teses assustavam os progressistas tanto quanto Hitler e Stálin. "Grandes idéias sobre o bem-estar coletivo tinham se tornado assustadoras -prelúdios para assassinatos em massa", escreveu ele.
Aqueles hoje cansados de processos eleitorais viciados pela predominância dos financiadores de campanhas devem concordar com Bentley. E se beneficiam do fato de que o próprio descobriu o veneno e o antÃdoto: só se combate um grupo de interesses articulando, em viés oposto, outro grupo de interesses.
PlÃnio Fraga - Fonte: Folha de S.Paulo - 14/09/08.
"The Process of Government" - http://www.archive.org/details/processofgovernm00bent
Columbia School of Journalism - http://www.cjr.org/
MAL DE CAMPANHAS
Iniciadas efetivamente as campanhas pelos cargos municipais, o que vemos é mais do mesmo. Faltam propostas e debates consistentes por parte dos candidatos e, por outro lado, sobram promessas fáceis. O único quesito em que a propaganda eleitoral parece apresentar evolução é em relação a personagens estranhos (parecem proliferar a cada eleição), o que colabora, ao lado do blá-blá-blá, para a confecção de uma verdadeira “feijoada-eleitoral-gratuita-completaâ€, tamanho o sono que causa no eleitor.
Paralela à campanha pelos cargos municipais, teve inÃcio outra, a do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que visa a promover a consciência do eleitor. Este ano a campanha procura inculcar na população a idéia de que, caso não seja cuidadosa com o voto, ela terá de conviver com um mau governo durante longos 4 anos. Uma das educativas propagandas, por exemplo, apresenta um personagem que tenta se livrar de uma abelha que lhe entra no ouvido, mas, percebendo que são inúteis as tentativas, ele acaba por acostumar-se, procurando conviver bem com o problema. Em outra propaganda, uma personagem tenta em vão andar em linha reta, mas simplesmente não consegue, pois não tem controle sobre seus desobedientes pés.
A campanha promovida pelo TSE, tal como a dos candidatos, provoca, embora de outra natureza, uma terrÃvel sonolência, na medida em que as propagandas acabam por legitimar e/ou incentivar a aceitação e a passividade por parte da população no que diz respeito “ao durante†dos governos. Se por um lado elas chamam a atenção do eleitor para a responsabilidade que este precisa ter em relação ao voto, por outro sugerem que, uma vez passado o dia da eleição, o eleitor nada pode fazer para intervir em um possÃvel mau governo; sugerem que qualquer atuação por parte da população daà em diante é sem efeito e que esta fica então inteiramente nas mãos dos intocáveis polÃticos eleitos.
A campanha do TSE acaba, portanto, por servir de cabo eleitoral a uma idéia extremamente danosa ao exercÃcio consciente do direito de votar. Na tentativa de conscientizar o eleitor, ela o coloca como destituÃdo de forças em relação ao pleno exercÃcio do seu direito, que envolve avaliação constante dos representantes, além de fiscalização e mesmo pressão sobre estes. Com isso, ela promove o â€atacanhamento†do eleitor, uma vez que o desestimula (já que é inútil) em relação a exigir uma atuação correta dos polÃticos caso estes não correspondam.
Na perspectiva que norteia a campanha, o eleitor, preso a uma realidade incômoda e/ou perversa, encontra-se, de tempos em tempos, diante de um efêmero portal mágico que se abre para um mundo melhor; perdendo-o, cabe ao eleitor resignar-se até que se veja diante de outro. Ao que parece, tendo em vista essa plataforma, ou o TSE deixou-se contaminar pelo modelo das campanhas dos candidatos aos cargos polÃticos, ou mudou de partido.
Clebson Luiz de Brito - Professor/ Belo Horizonte MG - Fonte: O Tempo - 17/09/08.
EDUCAÇÃO É DINHEIRO
Poucos estudiosos se dedicam a compreender a educação com uma visão tão cientÃfica quanto a do americano Eric Hanushek. Professor da Universidade Stanford e doutor em economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambos nos Estados Unidos, é dele a mais extensa pesquisa já feita sobre os efeitos de um bom ensino no crescimento econômico. Nos últimos trinta anos, Hanushek vem travando embates com ideólogos da educação e os sindicatos de professores. É figura controversa, entre outras coisas, por ter sido o primeiro a afirmar que aumento de salário não influencia a qualidade do ensino – a não ser quando obedece a uma polÃtica de premiação aos melhores em sala de aula.
Seus estudos recentes comprovam uma forte relação entre educação e crescimento econômico. Com o Brasil nas últimas colocações em rankings internacionais de ensino, o que se pode dizer sobre a economia? Com esse desempenho, as chances de o Brasil crescer em ritmo chinês e se tornar mais competitivo no cenário internacional são mÃnimas. Digo isso baseado nos números que reuni ao longo das últimas décadas. Eles mostram que avanços na sala de aula têm peso decisivo para a evolução dos indicadores econômicos de um paÃs. Olhe o caso brasileiro. Se as notas dos estudantes subissem apenas 15% nas avaliações, o Brasil somaria, a cada ano, meio ponto porcentual à s suas taxas de crescimento. Isso significaria, hoje, avançar em um ritmo 10% maior. Vale observar que o que impulsiona a economia é a qualidade da educação, e não a quantidade de alunos na escola.
O Brasil colocou 97% das crianças na sala de aula. Isso não tem impacto na economia? A massificação do ensino, por si só, tem pouco efeito – e a matemática não deixa dúvida quanto a isso. Os dados mostram que a influência da educação passa a ser decisiva apenas quando ela é de bom nÃvel. AÃ, sim, consegue empurrar os indivÃduos e a economia. A relação é simples. PaÃses capazes de proporcionar bom ensino a muita gente ao mesmo tempo elevam rapidamente o padrão de sua força de trabalho. Quando uma população atinge alta capacidade de raciocÃnio e sÃntese, torna-se naturalmente mais produtiva e capaz de criar riquezas para o paÃs. Nesse sentido, a posição do Brasil é desvantajosa. Faltam aos alunos habilidades cognitivas básicas, e isso funciona como um freio de mão para o crescimento. Esse cenário, que já era preocupante décadas atrás, agora é ainda mais nocivo.
O que mudou nas últimas décadas? A relação entre boa educação e desenvolvimento econômico é antiga – mas a qualidade do ensino nunca foi tão relevante para o crescimento dos paÃses. Isso porque, em sociedades altamente tecnológicas, a produtividade passou a depender ainda mais das habilidades desenvolvidas na escola. Os números lançam luz sobre o tipo de conhecimento que faz mais diferença: de todas as disciplinas apresentadas aos alunos, são as ciências exatas que, hoje, têm o maior peso para o crescimento econômico. Afinal, exige-se o tempo todo dos profissionais que sejam capazes de lidar com novas tecnologias e de solucionar problemas de alta complexidade. Ocorre não apenas na rotina de quem ocupa um cargo de alto escalão, mas também nas linhas de produção mais simples. Quanto mais gente preparada para enfrentar tais questões, mais chances um paÃs terá de avançar.
Os Estados Unidos são a maior economia do planeta, mas não figuram entre os paÃses de melhor ensino. Isso não é contraditório? Não. Além de uma educação de bom nÃvel, dois outros fatores têm impacto decisivo sobre o ritmo de crescimento de um paÃs: o grau de abertura de sua economia e a segurança institucional que ele oferece, medida pela capacidade de garantir o direito à propriedade privada. Historicamente, os Estados Unidos sempre estiveram muito à frente dos demais paÃses nesses dois quesitos. Outro antigo diferencial americano são as universidades, que ocupam o topo do ranking da excelência. Há décadas elas funcionam como um poderoso motor para o progresso cientÃfico e tecnológico, de valor inestimável para a economia do paÃs. Até agora, esse conjunto de fatores ajudou a compensar o desempenho medÃocre dos estudantes americanos no ensino básico. Essa vantagem, no entanto, está ameaçada.
Por que o senhor diz isso? Mais paÃses começam a atingir graus de abertura da economia e patamares de desenvolvimento institucional semelhantes aos dos americanos. Também já aparecem, fora dos Estados Unidos, dezenas de universidades onde podem originar-se descobertas cientÃficas relevantes ou mesmo um Prêmio Nobel. Significa que os americanos deixaram de ser os únicos a se destacar em áreas nas quais, bem pouco tempo atrás, não tinham rivais. Caso a qualidade da educação básica ofertada nos Estados Unidos não melhore, a liderança econômica do paÃs ficará seriamente ameaçada. Repare que me refiro aqui apenas aos estragos da má educação. Não estou sequer levando em conta as outras variáveis que podem contribuir para isso.
O impacto da educação na economia varia de um paÃs para outro? Os paÃses que mais se beneficiaram do investimento no ensino, como Coréia do Sul e Finlândia, têm um ponto em comum: são economias abertas. Temos aqui um ciclo virtuoso. Para competirem globalmente, esses paÃses precisam de um exército de pessoas com altÃssima capacidade cognitiva – e, contando com elas, lucram como nenhum outro com a concorrência. Quando boa educação vem aliada a uma economia aberta, seu efeito no PIB é três vezes maior do que em paÃses mais fechados.
As salas de aula estão repletas de experiências pedagógicas. O senhor chegou a alguma conclusão sobre qual o melhor caminho para alcançar a qualidade acadêmica? De todos os fatores numa escola, certamente o que mais explica a excelência na sala de aula diz respeito à capacidade dos professores de despertar a curiosidade intelectual dos alunos e lhes transmitir conhecimento. É algo básico, mas freqüentemente ignorado. Veja o que revelam os números. Tendo um ótimo professor durante cinco anos seguidos, uma criança egressa de um ambiente de pobreza e analfabetismo poderá alcançar o mesmo nÃvel de conhecimento de outra vinda de uma casa em que os pais têm diploma de ensino superior e boa situação financeira. A questão é que os diretores das escolas raramente aplicam os critérios certos para rastrear os bons profissionais.
Por que eles erram tanto? Valorizam tempo de experiência e cursos de especialização, quando esses são fatores sem nenhuma relação relevante com a qualidade das aulas. Os educadores resistem a aceitar essa idéia, mas as pesquisas não deixam dúvidas: os Ph.Ds. não apenas não são necessariamente os melhores professores, como muitas vezes figuram entre os piores. Já se conhecem, portanto, algumas das caracterÃsticas que não definem um bom professor. O que não se sabe até hoje é o que, de fato, faz um profissional sobressair na sala de aula.
O senhor está dizendo que não há uma explicação estatisticamente confiável sobre as caracterÃsticas que determinam um bom professor? Existem muitas suposições, mas nenhuma delas tem valor cientÃfico. Por isso fica tão difÃcil estabelecer critérios prévios para a seleção dos melhores professores – e erra-se tanto. É possÃvel, no entanto, tomar medidas para segurar os mais brilhantes na escola e eliminar os mal preparados.
Qual é a melhor maneira de fazer isso? O método mais eficaz, sem dúvida, é aderir à meritocracia. Entenda-se por isso oferecer incentivos financeiros e carreira atraente a quem merece. É fácil identificar os mais eficientes. São aqueles que, ao término de um perÃodo escolar, conseguiram melhorar o desempenho de seus alunos em relação ao patamar do qual partiram no inÃcio do ano. Para premiá-los, não quero dizer apenas pagar-lhes 200 ou 300 dólares a mais no fim do ano. O que defendo é mais radical – algo que nem nos Estados Unidos, paÃs à frente nesse quesito, foi implantado.
O que, exatamente, o senhor propõe? Faria muito bem às escolas manter salários mensais diferenciados para os bons professores, poder demitir os incapazes e proporcionar, enfim, um ambiente tão competitivo quanto o de uma grande empresa. Depois de tudo o que pesquisei, afirmo com segurança: reconhecer concretamente os talentos individuais é a medida mais eficaz quando se trata de preservar apenas os professores mais talentosos – e melhorar o ensino. Infelizmente, não é tão fácil pôr essa idéia em prática.
Quais são as dificuldades? Primeiro, é preciso desenvolver mecanismos confiáveis para medir o desempenho de alunos e professores. O problema é que a maioria dos paÃses em desenvolvimento não conta ainda com um sistema de avaliações que permita comparar resultados ao longo dos anos, algo em que o Brasil é uma boa exceção. Um segundo obstáculo é o corporativismo dos sindicatos de professores. Eles são os primeiros a se opor a qualquer medida em favor da premiação ao mérito. Como essas organizações têm, em geral, grande peso na definição das polÃticas públicas de educação, a meritocracia emperra. Tal é o corporativismo sindical que sua principal bandeira sempre foi o aumento generalizado dos salários. Dizem que só assim o ensino vai para a frente.
Até que ponto isso é verdade? Aumentar os salários de todos os professores de uma mesma rede de ensino não contribui em nada para melhorar a qualidade das aulas. Afirmo isso ancorado nos fatos, e não na intuição, como preferem muitos educadores. Ao defender a isonomia salarial e repudiar aumentos atrelados a resultados, os professores não se baseiam em nenhuma espécie de evidência cientÃfica de que a medida funcione em favor do ensino. Lutam por isso apenas porque é bom para eles.
Na educação, por que é tão raro que especialistas, educadores e autoridades se rendam à s evidências cientÃficas? Além dos interesses polÃticos, que passam ao largo da ciência, como ocorre em tantas outras áreas, um segundo fator especÃfico da educação pesa contra a objetividade: não sendo uma ciência exata, as pessoas se sentem um pouco especialistas no assunto. Agrava o problema o fato de a sala de aula ser um lugar que, um dia na vida, todo mundo freqüentou. O resultado dessas crenças é perverso: no mundo todo, ainda são raras as polÃticas na educação guiadas por evidências empÃricas, colhidas ao longo de estudos longitudinais e realizadas com rigor cientÃfico, como ocorre em outros setores. PolÃticas respaldadas em achismos são desastrosas. Elas fazem os paÃses perder dinheiro duas vezes.
Como a falta de rigor cientÃfico nas medidas para a educação causam prejuÃzo a um paÃs? Ao se perderem em opiniões vazias de pretensos especialistas, os governos desperdiçam a chance de se beneficiar de práticas já testadas com sucesso. Ao contrário disso, investem tempo e dinheiro em medidas inócuas, que não resistiriam a uma consulta rápida à s experiências internacionais e a um mergulho nos números. Eles logo revelariam sua inutilidade. Mesmo grandes instituições cheias de boas intenções cometem erros básicos por subestimar os fatos.
O senhor citaria uma? Sim, o Banco Mundial. Ele erra ao investir em programas mais focados na quantidade de alunos do que propriamente naqueles com o objetivo de elevar o padrão do ensino. Chegar à escola é um primeiro passo – mas só isso. O que determina mesmo o crescimento de um paÃs é quanto de conhecimento poderá ser extraÃdo da sala de aula.
Camila Pereira - Fonte: Veja - Edição 2078.
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NARIZ DE PALHAÇO
Só sendo palhaço para suportar essa palhaçada!
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