TURMAS DE FÉRIAS
CHURRASCANDO E BOIANDO
English: http://www.motothority.com/products.html
See more photos: http://www.motothority.com/gallery.html
Um barco com churrasqueira! Como alguém não pensou nisso antes? O iREV, que tem motor a gasolina, comporta até 10 pessoas e traz embutido um sistema de som de 500 watts.
Nos Estados Unidos custa cerca de R$ 37.500,00.
Super Radar - Fonte: Super Interessante - Edição 273.
Mais detalhes: http://www.motothority.com/products.html
Veja mais fotos: http://www.motothority.com/gallery.html
RÉVEILLON MILIONÃRIO
A coluna fez pesquisa de preços para descobrir algumas das festas mais caras do Ano-Novo, em que uma noite pode custar R$ 14 mil.
Lençóis de 300 fios de algodão egÃpcio, lava-pés na porta do quarto, carrinho de golfe para circular num terreno de paisagem deslumbrante, personal trainer à disposição e uma camareira que desfaz e depois arruma a sua mala. Estes são mimos oferecidos a hóspedes dos hotéis que promovem os Réveillons mais caros do Brasil. Passar a virada de ano nesse ambiente de luxo e riqueza pode custar até R$ 69 mil por casal.
É este o valor pago pelas pessoas que já reservaram as três suÃtes mais caras do hotel Fasano, na avenida Vieira Souto, no Rio, onde a cantora Madonna se hospedou no mês passado. Os quartos, de 130 m2 com vista para o mar de Ipanema, têm TV de plasma, bar particular com máquina de café expresso e banheiro com vista panorâmica. Entre as mordomias, o professor particular de ginástica, que pode ser feita na praia ou no "fitness center", serviço VIP na areia e uma massagem de boas-vindas. Ao voltar para o quarto no fim do dia, o hóspede sempre encontra a banheira já cheia com água quente, espumas e sais.
"São pequenas coisas, detalhes que a pessoa não percebe. O valor embute a boa vontade da equipe. Todos cuidam de tudo", diz Paula Bezerra de Mello, RP do Fasano. Para Rogério Fasano, dono do hotel, os preços elevados-o quarto mais barato, também já esgotado, sai por R$ 15 mil-se devem à lei da oferta e da procura. "É altÃssima temporada. O Réveillon no Rio é um destino muito procurado e o hotel é pequeno", diz. São 89 quartos disponÃveis. O nome dos hóspedes é mantido em segredo, como convém a lugares de tal gabarito.
Os felizardos que vão passar o Ano-Novo lá receberão uma garrafa de champanhe Veuve Clicquot no quarto e desfrutarão de ceia com um menu vasto (que, para quem não está hospedado, custará R$ 1.600, mais 13% de serviço): terrina de foie gras com strudel de maçã-verde, figo e molho ao porto, ravióli recheado de couve-flor, salsicha toscana, purê de feijão e trufa negra, cordeiro recheado de "lardo di Colonnata" (um tipo de bacon nobre), tomate seco com creme de lentilha. A virada será à beira da piscina e a festa, no bar Londra. "É o tratamento oferecido o ano todo para os hóspedes, e não só no Réveillon", diz Fasano.
Inaugurado em 2007, o Fasano passou a disputar com o Copacabana Palace o tÃtulo de Réveillon mais luxuoso, requintado e caro do Rio -e, portanto, do paÃs. "Modéstia à parte, temos a vista mais bonita do Rio", diz Fasano. Da piscina é possÃvel se maravilhar com as pedras do Arpoador e, na outra ponta, o morro Dois Irmãos. "O Réveillon no Fasano é mais para paulista, que gosta de ficar dentro da boate", diz PatrÃcia Brandão, ex-RP e consultora do Copa. O hotel, de onde se pode ver toda a tradicional queima de fogos ("do Fasano eles só vêem a rebarba", diz PatrÃcia), é famoso por suas festas de Ano-Novo frequentadas por estrangeiros, jet setters e empresários. Este ano, o prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ) deve repetir a experiência do último Réveillon e passar a meia-noite do dia 31 no Copa. O apresentador Jô Soares é outro que, de acordo com o hotel, já reservou lugar.
As sete coberturas de 100 m2, com terraço privativo e vista para o mar, já estão reservadas por R$ 57,6 mil (para duas pessoas, por seis dias). "Os hóspedes não são celebridades, são pessoas de famÃlias importantes, superempresários. Pessoas ricas, mas anônimas", diz PatrÃcia. No sexto andar, onde as suÃtes estão instaladas, há uma piscina privativa.
Apenas a reserva para a ceia e o baile nos salões principais saem por R$ 1.400, mais 10% de serviço."Acho barato, pela qualidade oferecida. Minhas sobrinhas foram para Jurerê [praia de Florianópolis] no ano passado. Comeram mal e pagaram R$ 2.000", diz PatrÃcia.
Fora do Rio, outro Réveillon de estilo milionário é o do resort Txai em Itacaré, no sul da Bahia, onde o presidente francês Nicolas Sarkozy e a primeira-dama Carla Bruni passaram o último Réveillon. Lá, o bangalô top de linha, de 70 m2, custa R$ 52,2 mil por sete dias, com café da manhã, uma ceia e um jantar inclusos. O pacote mais barato custa R$ 23,4 mil.
Os frequentadores do resort começam a ser paparicados no transfer do aeroporto de Ilhéus. No carro, eles já podem contar com serviço de bar e um agrado: uma cocada de cacau. O check-in é regado a água de coco ou caipirinha. Como o hotel é muito grande, os que têm preguiça de caminhar são transportados em carrinhos de golfe para ir à praia, à piscina, às quadras de tênis. Na porta dos bangalôs estão instalados lava-pés com flores.
A festa da virada tem música ao vivo e ceia farta. O menu tem iguarias como javali assado no forno a lenha com maçã e alho-poró. Mas quem espera uma queima de fogos, vai se decepcionar. "Temos o cuidado de preservar o ambiente. Por isso, não há fogos" explica André Lameiro, diretor de marketing do Txai. "Costumamos falar que é uma experiência, e não uma hospedagem", afirma ele.
Mas exclusivo de verdade será o Réveillon do xeque Tahnoon Bin Saeed, dos Emirados Ãrabes. Ele fechou a pousada Maravilha, a mais cara de Fernando de Noronha, para virar o ano com vinte amigos. As diárias no perÃodo saem por R$ 6.200 e ele reservou todos os cinco bangalôs e três apartamentos do lugar. Vai gastar cerca de R$ 350 mil.
Na Maravilha, uma camareira de confiança desfaz a bagagem. Quando o hóspede deixa o quarto, alguém da equipe já se encarrega de entrar para limpar-são três arrumações diárias, a última sendo a que deixa a cama super "king size" preparada para a hora de dormir. Da varanda do bangalô, onde se pode tomar banho de ofurô, se tem a vista da baÃa do Sueste. Quem se hospeda lá, além da paisagem, conta com paparicos já no check-in do aeroporto, sendo recebido com coquetel de boas-vindas, drinques e petiscos. Mas o xeque árabe, é claro, desembarcará discretamente de seu jato particula
Mônica Bergamo - Fonte: Folha de S.Paulo - 13/12/09.
PLANTÃO DO TAS
Plantonista. O multimÃdia Marcelo Tas traz um apanhado de notÃcias bizarras para a criançada.
ATENÇÃO! O maior anão do mundo foi reprovado no circo por causa da sua estatura! Essa e outras notÃcias estranhas poderão ser conferidas no “Plantão do Tasâ€, que vem com cápsulas diárias de informação com duração de 2 minutos. Sob os cuidados de Marcelo Tas (CQC), as notÃcias mais absurdas do mundo serão contadas com a ajuda de dois repórteres mirins.
Dia 31 de dezembro, 19h, Cartoon Network.
Fonte: Monet – Número 81.
Detalhes: http://ocanal.wordpress.com/2009/11/28/plantao-do-tas-marcelo-tas-estreia-no-cartoon-network/
BIBLIOTECA DAS TURMAS DO FM
O PARADOXO DO TEMPO
O tempo passa mais rápido na SuÃça e mais devagar no México. E corre mais acelerado quando você ouve o tom de linha do telefone do que quando escuta um solo de guitarra. Essas são algumas das conclusões deste livro, que o psicólogo de Stanford Phillip Zimbardo escreveu com um ex-aluno, o chefe de pesquisa do Google John Boyd. A base ali foram 10 mil questionários feitos em 15 paÃses durante 30 anos para analisar como as pessoas percebem o balanço das horas.
O Paradoxo do Tempo
Phillip Zimbardo e John Boyd
Editora Fontanar, 336 p.
Super Radar - Fonte: Super Interessante - Edição 273.
Detalhes: http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=709
10-10-10 HOJE, AMANHÃ E DEPOIS
Aprenda a tomar as melhores decisões.
Suzy Welch revela como avaliar o impacto das decisões que você toma, ajudando a identificar seus objetivos e a viver de acordo como eles.
Fonte: Tam nas Nuvens - Ano 02 - Número 24.
Detalhes: http://www.dezdezdez.com.br/
JF ANOS 80
A década que não sai da memória de muita gente é celebrada no livro "JF Anos 80", lançado em Juiz de Fora. A obra do jornalista e repórter fotográfico Humberto Nicoline é uma coletânea de 280 imagens que contam a história de Juiz de Fora, sob os pontos de vista da cidade, da polÃtica, das manifestações populares e dos personagens mais marcantes. O livro conta com textos do escritor Luiz Ruffato e do jornalista Jorge Sanglard. Nicoline atua como profissional desde 1981 e tem coberturas nacionais e internacionais no currÃculo.
Élder Martinho - Fonte: O Tempo - 20/12/09.
Detalhes: http://jfemfoco.blogspot.com/
HISTÓRIA DA PROFISSÃO DOCENTE NO BRASIL
240 págs., R$ 45
de Paula Perin Vicentini e Rosario Genta Lugli. Ed. Cortez (tel. 0/ xx/11/ 3864-0111).
A obra refaz o percurso de formação de professores no paÃs desde o século 19 até a década de 1970. Analisa também as condições de trabalho, a organização de entidades representativas e a imagem social dos professores brasileiros.
Fonte: Folha de S.Paulo - 20/12/09.
Detalhes:
http://www.lojacortezeditora.com.br/educacao/biblioteca-basica-da-historia-da-educacao-brasileira/cortez-1.html
O QUE LER NAS FÉRIAS
...no carro, no avião, no ônibus, no navio
NO CARRO
200 Crônicas Escolhidas
de Rubem Braga, ed. Record Adoro reler livros que me deram muito prazer, e as crônicas de Rubem [1913-90] são preciosas em sua comovente simplicidade. Era um autor -e um homem- de rara sensibilidade.
NO ÔNIBUS
A Morte do Gourmet
de Muriel Barbery, tradução de Rosa Freire d'Aguiar. Companhia das Letras Um crÃtico de gastronomia que, na hora da morte, lembra dos sabores mais deliciosos e que mais o marcaram. Uma boa ideia, alegre, saborosa e prazerosa, a ser copiada.
NUM NAVIO
Antologia Poética
de João Cabral de Melo Neto, ed. José Olympio
Ficções do Interlúdio
de Fernando Pessoa, Companhia das Letras No mundo atual, nosso único refúgio é a poesia. A "Antologia Poética" de João Cabral de Melo Neto e as "Ficções do Interlúdio" podem nos fazer esquecer esse insensato mundo.
EM PARIS
Sagan à Toute Allure [Sagan a Toda Velocidade] de Marie-Dominique Lelièvre, ed. Denoël (França) Para entrar no clima de Saint-Germain -e nada é mais a cara do "quartier" que eu tanto amo do que Sagan.
NO AVIÃO
Le Petit Prince
[O Pequeno PrÃncipe] de Antoine de Saint-Exupéry, Gallimard (França) Em francês, porque a palavra "apprivoiser" [cativar, domesticar, familiarizar etc.] nunca foi nem poderá ser traduzida com precisão em nenhuma lÃngua. É um livro delicado e poético, como tudo o que escreveu Saint-Exupéry.
DANUZA LEÃO é autora do livro "De Malas Prontas" (Companhia das Letras).
...no Ano-Novo
Já não seria pouco se ao fechar 2009 a gente fechasse também algum mau livro que por(des)ventura nos tenha caÃdo nas mãos, desimpedindo assim a entrada de um ano novo que também literariamente seja feliz.
A exemplo de uma boa ceia, saborosa sem ser pesada, meu cardápio da virada tem o indispensável repeteco das 200 Crônicas Escolhidas de Rubem Braga [Record], munição de primeirÃssima de nosso melhor cronista não só para o ano de 2010 como para todos a vir.
Também não dispenso os Cadernos de João [ed. José Olympio], nos quais AnÃbal Machado mesclou histórias breves, pequenos poemas e reflexões leves e finas para compor um livro em que -para roubar palavras do próprio autor- está "ventando em cada folha e fazendo sol nas margens".
Ainda sem chance de errar, ponho na mesa Vista do Rio [ed. Cosac Naify], romance recente (2004) e já clássico de Rodrigo Lacerda, de uma delicadeza viril bem pouco encontradiça.
Delicados são também os contos de Iniciantes, do americano Raymond Carver [tradução de Rubens Figueiredo, Cia. das Letras], com destaque para o que dá tÃtulo ao livro.
Fico, por fim e sempre, com aquele que considero o melhor Drummond, o de Claro Enigma [ed. Record], publicado aos 49 anos (pouco antes de poder anunciar num soneto célebre: "Na curva perigosa dos cinquenta derrapei neste amor").
Desencantado de um engajamento polÃtico que deixara rastros em "A Rosa do Povo", aqui está um Drummond um tanto cético, sobretudo maduro e pleno, na aceitação tranquila de que "brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas".
Não deixa de ser uma ótima disposição para entrar num novo ano.
HUMBERTO WERNECK é jornalista e autor de "O Pai dos Burros" (ed. Arquipélago).
...com cerveja, caipirinha ou água de coco
Trilogia Suja de Havana
de Pedro Juan Gutiérrez, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, ed. Alfaguara
Este livro traz, com muito talento, relatos de uma franqueza que não se usa atualmente. Existem muitas especulações sobre o caráter polÃtico ou não dos livros de Gutiérrez, mas acho que o grande lance é a capacidade e a sabedoria de botar a cabeça para fora de sua janela, olhar ao seu redor e estar em sintonia com o momento histórico que sua gente vive.
Melhores Poemas
de Carlos Pena Filho, org. Edilberto Coutinho, ed. Global
É o poeta da cor, da imagem. Cantou as ruas de Recife e Olinda com um lirismo romântico da mais alta qualidade. Meu segundo filme, "Soneto do Desmantelo Blue", é inspirado em sua obra, e começo "Baixio das Bestas" com um poema seu sobre o tempo. Sou um grande amante de sua poesia e lamento seu esquecimento e a não publicação de suas obras.
Meu Último Suspiro
de Luis Buñuel, trad. André Telles, ed. Cosac Naify
Entre muitos livros sobre o cinema e seus autores, esse é sem dúvida o meu preferido. Ajudado por seu roteirista, Jean-Claude Carrière, Buñuel deu um depoimento sobre a vida, a arte e o cinema, marcado pela simplicidade e pela lucidez.
Neste livro, tece uma delicada teia de memória que nos projeta com leveza nos momentos mais importantes para a arte no século 20. É uma autobiografia que ensina muito mais sobre cinema que mil livros de teoria.
O cineasta surge, sobretudo, como um homem de seu tempo, atento, polÃtico e conectado com diversas formas de expressão artÃstica.
Hoje vejo que a importância deste livro é cada vez maior para o cinema mundial, pois nos mostra que o cineasta não é simplesmente um imediatista que procura sucesso ou simplesmente agradar o público.
Ele é muito mais um artesão de sentimentos, comprometido com ideias e ideais.
Sempre aos Domingos
de Renato Carneiro Campos, ed. Bagaço
Segundo suas próprias palavras, o jornalista e cronista Renato Carneiro Campos é um homem "preso ao Recife com a resignação de um condenado à prisão perpétua".
Com muito senso crÃtico e inteligência, narra os principais acontecimentos no Recife entre 1969 e 1977. Traz em si toda a tradição do cronista nordestino de uma forma moderna e divertida.
Rompe com o estereótipo do intelectual de elite ao lançar-se em uma jornada de paixão pela sua cidade e por sua gente.
Seu trabalho nos jornais é uma das faces desse homem que soube transformar a erudição em um bem comum.
Poesia Completa e Prosa
de Vinicius de Moraes, org. Alexei Bueno, ed. Nova Aguilar
Poeta universal, capaz de exprimir da forma mais bela os sentimentos mais tristes. Entre tantos poemas seus, nutro apreço especial por "Mensagem à Poesia".
Meu próximo filme ["Febre do Rato"] é sobre um poeta e sua atitude libertária. O poeta não é somente quem escreve poesia, é também aquele que se extasia, vibra e se emociona com a vida, tem fome e sede de infinito.
Eu persigo a poesia em todos os meus filmes, embora saiba que essa busca nunca acabará, não terá uma conclusão ou um fim provável. Para mim, a poesia é a melhor leitura que existe.
CLÃUDIO ASSIS é cineasta. Dirigiu "Amarelo Manga" e "Baixio das Bestas".
...quando se está só ou para espantar o tédio
Meu Último Suspiro
de Luis Buñuel, tradução de André Telles, ed. Cosac Naify
Compõe um mosaico das memórias do cineasta espanhol (lembram-se de "A Bela da Tarde"?). Espanha, Paris, EUA e México são os cenários em que se passa esta existência brilhante e acidentada, com vaivéns montados de forma simples e fluente, que não dispensa o humor negro nem a crÃtica de um narrador anarcossurrealista.
Depois de tantas peripécias, Buñuel, surdo e quase cego, se afasta do mundo turbulento da polÃtica e do espetáculo e dá vazão à sua enraizada raiva contra o consumo fútil, a ciência e a tecnologia, que ameaçam o mundo. Uma vida que precisava realmente ser narrada.
O Imitador de Vozes
de Thomas Bernhard, trad. Sergio Tellaroli, Cia. das Letras
Thomas Bernhard é o maior escritor austrÃaco do século 20. Em "O Imitador de Vozes", o tom ácido, sarcástico, à s vezes lÃrico -com frases cuja ambição é dizer tudo- acompanha casos curtos ou curtÃssimos sobre o mundo à nossa volta, singularidades que se tornam universais graças à forma acabada da escrita e à finura do enfoque. A tradução do alemão é excelente.
A Via-Crúcis do Corpo
de Clarice Lispector, ed. Rocco
Causa espanto ao leitor voltado para a ficção de um romance pesado e profundo como "A Paixão segundo G.H.", onde a protagonista sofisticada esmaga uma barata e a engole no quarto desocupado da empregada. Aqui, a narradora penetra no universo fervilhante da vida da classe média baixa, com uma naturalidade à la Nelson Rodrigues (à moda da casa). Não é exagero afirmar que, neste livro, a mais que talentosa, linda e loira escritora brasileira é capaz de enfrentar a "baixaria" como alguém que a conhece bem.
Para dar um exemplo, o conto em que um casal carioca passa a dormir com a amante do marido, que por sua vez leva para casa uma amiga e os quatro compartilham a mesma cama, com as consequências que a imaginação erótica concebe.
No final, as visitantes vão embora para namorar, e o casal continua a ser o que era. "A literatura que se dane", diz a narradora de primeira pessoa. As outras narrativas também vão nessa linha.
A Cidade Antiga
de Fustel de Coulanges, trad. Fernando de Aguiar, ed. Martins É um clássico sobre os costumes da Antiguidade greco-romana.
Expõe, em linguagem acessÃvel, os mitos, ritos, sistemas de crença e as instituições que sustentaram sociedades e tipos de sociabilidade extintos, com uma nitidez que torna possÃvel ao leitor reconhecer-se em muitos dos seus vestÃgios.
Basta citar como exemplo a cerimônia do casamento, na qual o noivo carrega nos braços a noiva vestida de branco "por cima" da soleira da porta de entrada, momento a partir do qual ela irá honrar os deuses lares do noivo em detrimento dos seus.
Isso remete ao rapto das sabinas, que deu nascimento a Roma. Um livro fascinante.
Chantagistas Não Atiram
de Raymond Chandler, trad. Alves Calado, ed. Record Para quem estiver entediado e quer ser entretido, é altamente recomendável "Chantagistas Não Atiram", de Raymond Chandler. Embora o escritor achasse que o seu gênero preferido era o romance, é evidente que também no conto ele não erra o alvo.
Vale lembrar que Chandler é um mestre e que seus relatos "policiais", segundo o poeta W.H. Auden, não são apenas "divertissement", mas obras de arte literárias. Mate o tempo lendo suas histórias.
MODESTO CARONE é escritor, tradutor e ensaÃsta, autor de "Lição de Kafka" (Cia. das Letras) e "Metáfora e Montagem" (Perspectiva).
...em dia de chuva ou à beira da piscina
Contos de Óperas e Cantos
de Sergio Casoy, ed. Algol
Após sua leitura, fica difÃcil identificar as fronteiras do que é libreto, personagem, autor ou intérprete.
A produção operÃstica é seguramente tão complicada como a cinematográfica, por exemplo. Só que, o filme estando pronto, vai ser exibido até o fim dos tempos sem a presença dos autores, enquanto a operÃstica renasce com todas as fragilidades a cada apresentação.
E a avaliação é nova a cada vez, em meio a uma tênue fronteira entre o sucesso e o fracasso, o aplauso e a vaia.
Já a seleção dos componentes que incorporam um espetáculo operÃstico representa a exclusão de muitos, o que gera sempre um frenético curto-circuito entre profissionais, não raro alimentado pelas vaidades e pelos desejos de sucesso. Tudo é narrado com fluência e humor no livro, de resto, bastante informativo nessa apaixonante área, a do teatro musicado.
Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
de Stieg Larsson, tradução de Paulo Neves, Cia. das Letras
Romance policial moderno, tão intrigante quanto atualizado, já que coloca a trama no contexto da vida moderna, sobretudo nos emaranhados da informática.
Aborda com incrÃvel fascÃnio crimes de colarinho branco, a responsabilidade do jornalismo econômico, a invasão da privacidade atual, o ódio contra as minorias.
Pauliceia Dilacerada
de Mário Chamie, ed. Funpec
Obra em que o poeta Mário Chamie finge ser seu homônimo Mário de Andrade e "psicografa" depoimentos e estados de espÃrito daquele escritor.
Narra seu amor à cidade de São Paulo, sua relação com ela e com seus personagens principais e, sobretudo, a mágoa por ocasião de sua demissão do Departamento de Cultura, por ele criado. É um misto de fatos e ficções de alta temperatura emotiva.
A Elite no Ar
de Irineu Guerrini Jr., ed. Terceira Margem
O livro conta a fascinante história da rádio Gazeta de 1943, quando foi fundada, até 1960.
Mostra o perÃodo áureo do rádio no Brasil -que antecedeu a chegada da TV-, época em que as emissoras possuÃam grandes elencos de artistas e uma produção rica e diversificada.
No caso da Gazeta desse perÃodo, vê-se uma emissora comercial, que vivia de anúncios e possuÃa uma orquestra sinfônica (com músicos em parte trazidos por ela da Europa), um coral de 25 vozes, uma big band, uma orquestra de jazz sinfônico e dezenas de cantores contratados.
No horário "nobre", noturno, toda essa máquina de sons atuava diariamente e "ao vivo", fazendo uma programação cultural de Primeiro Mundo.
O Tigre Branco
de Aravind Adiga, trad. Maria Helena Rouanet, Nova Fronteira
Romance de estreia do jovem autor indiano, ganhador do Man Booker Prize em 2008. Narra de forma divertida e irônica o trajeto escolhido pelo personagem central para subir na vida, a partir do assassinato do patrão.
Mostra aspectos da realidade da Ãndia que nada têm a ver com o glamour das imagens que vimos recentemente na TV.
JULIO MEDAGLIA é maestro e autor de "Música Impopular" (ed. Global), entre outros livros.
...para as crianças
CONTOS POPULARES
Bem recontados, como a coleção "Lê Pra Mim", da FTD, em que Ruth Rocha e eu partimos de clássicos da tradição oral -"Cachinhos de Ouro", "Dona Baratinha", "Os Três Porquinhos" e outros. Ou "A Galinha Que Criava um Ratinho" (Ãtica), uma das primeiras histórias que lembro de ter ouvido, sempre pedida por meus filhos pequenos e netos.
POESIA
Ou Isto ou Aquilo
de CecÃlia Meireles, ed. Nova Fronteira
A Arca de Noé
de Vinicius de Moraes, Companhia das Letrinhas O encanto de brincar com palavras.
NOVOS AUTORES
Bia Hetzel ("Toda Criança Gosta...", ed. Manati) e Adriana Falcão ("Mania de Explicação", ed. Salamandra), ambos ilustrados por Mariana Massarani.
CLÃSSICOS BRASILEIROS
Ziraldo ("Flicts", ed. Melhoramentos), Ruth Rocha ("Bom Dia, Todas as Cores!", Quinteto Editorial), Eva Furnari (todos os das bruxinhas), Sylvia Orthof ("Maria Vai com as Outras", Ãtica), Mary França (série "Gato e Rato", Ãtica), Ana Maria Machado (coleção "Gato Escondido", várias editoras), Fernanda Lopes de Almeida ("Gato Que Pulava em Sapato", Ãtica).
ESTRANGEIROS DELICIOSOS
"Adivinha Quanto Eu Te Amo" (Sam McBratney, trad. Fernando Nuno, WMF Martins Fontes). Ou "Um Leão na Campina" (Margaret Mahy, trad. Ana Maria Machado, ed. Moderna) ou "Onde Vivem os Monstros" (Maurice Sendak, trad. Heloisa Jahn, Cosac Naify) ou qualquer um de Max Velthuijs, Tony Ross ou Helme Heine publicado pela Martins Fontes. Prepare-se para ler e reler, criança adora. E você também vai curtir.
ANA MARIA MACHADO é escritora.
Afinal, por que ler nas férias?
Quando minha mulher me viu enfiar o suspeito embrulho na mala do carro, foi logo perguntando: "Que é isto? Não vai dizer que está levando livros para ler nas férias?!"
O espanto era natural: ela não podia admitir que alguém, que passa o ano inteiro metido nos livros, os carregasse para a montanha ou a praia, onde o ideal seria quebrar essa rotina de ler e de escrever.
Explico que a leitura das férias é totalmente diversa da que fazemos por dever de ofÃcio. São férias de leitura essas leituras das férias; nelas saboreamos de novo o prazer de ler sem compromisso, numa boa, por mera distração.
Leitura e lazer
Rodeado de verde ou embaixo de um para-sol, a leitura se torna tão agradável e menos cansativa do que as caminhadas pelo mato e as braçadas na piscina.
Não que uma coisa vá impedir a outra, pois as férias nos permitem saborear esse coquetel de ação e meditação: exercÃcio muscular e repouso mental associados a repouso muscular e exercÃcio mental.
Nas férias, você pode ler aquele livro que seus colegas de trabalho estavam comentando com você por fora.
Se não gosta de best-sellers, está bem, mas, nas férias, não custa ver por que motivo estão falando de vampiros as mesmas pessoas que no ano passado falavam de Harry Potter.
Claro, se você é chegado à s letras, aproveite para pegar de novo aquele livro fundamental que você deixou no capÃtulo 14.
Novidades? É só passar numa livraria que os tentáculos envolventes de centenas de tomos, com suas capas chamativas e tÃtulos provocantes, estarão prontos para te agarrar ou desejosos de serem agarrados.
Nos escaparates (é assim que se diz vitrines em Portugal -aprendi isso num livro), centenas de autores estarão disputando a possibilidade de entrar em férias... com você.
Leve algum, não hesite: haverá sempre um dia de chuva, um churrasco indigesto, uma festa de crianças que lhe permitirão refugiar-se no barato careta da leitura.
IVO BARROSO é poeta e crÃtico. É autor de "A Caça Virtual" (ed. Record) e tradutor de "Arthur Rimbaud - Correspondência" (Topbooks).
Fonte: Folha de S.Paulo - 27/12/09.
Não deixem de enviar suas mensagens através do “Fale Conosco†do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php