FM - Faculdade Mental

TURMAS DO FM - 30/12/2007

2008 COM BALADAS DIFERENTES PARA NOSSAS TURMAS...

ARQUITETURA DAS BALADAS DE SP VAI DE LUXO AO LIXO

Foto: EstÃ¡tua da filial brasileira do Buddha Bar, que funciona em plena Villa Daslu; trazida de navio ao Brasil a peÃ§a pesa 900 kg e custou â‚¬35 mil.

Ambientes de casas noturnas da cidade exploram exotismo, tecnologia e excesso. Projetos de clubes levam assinatura de Marcelo Rosenbaum, Isay Weinfeld e ganham menÃ§Ãµes em publicaÃ§Ãµes estrangeiras.
De um mictÃ³rio que simula a boca de Mick Jagger a um enorme equalizador sintonizado Ã s frequÃªncias da mÃºsica, a arquitetura das casas noturnas paulistanas reÃºne, com ou sem sucesso, tecnologia, exotismo, luxo e exagero, entre megacasas e espaÃ§os mais intimistas, da zona oeste Ã zona sul.
Por trÃ¡s dessa arquitetura da diversÃ£o, estÃ£o nomes turbinados do design como Marcelo Rosenbaum e Isay Weinfeld, entre modelos copiados aos tropeÃ§os do exterior.
Liderando os excessos, gaivotas de madeira alÃ§am um vÃ´o estranho na Vila Leopoldina. Os bichos ficam pendurados sobre a entrada da Pacha, filial do clube de Ibiza (Espanha) que tenta trazer um clima mediterrÃ¢neo Ã terra da garoa.
O ar nÃ¡utico estÃ¡ nas janelinhas dos guichÃªs da entrada, com baias metÃ¡licas para conter o fluxo de 1.500 festeiros que vÃ£o disputar sofÃ¡s brancos e as mesinhas do sushi e pizza bar, lÃ¡ dentro.
Balada para ver e ser visto -Ã© como define a arquiteta que assina a versÃ£o brasileira da casa, Lorenzza Lamoglie. Ela nÃ£o estranha que a pista seja menor que os espaÃ§os de convivÃªncia. Ã‚ngulos de 90Âº sÃ£o proibidos nas paredes brancas, para manter o que seriam as formas orgÃ¢nicas e a luz de Ibiza.
O desejo de simular Ã beira da marginal Pinheiros o que os baladeiros encontram na Europa resulta numa decoraÃ§Ã£o no mÃnimo singular.
Exclusividade rarefeita: A distinÃ§Ã£o entre VIPs e mortais, como classifica Lamoglie, Ã© heranÃ§a de Ibiza. LÃ¡, o pedaÃ§o reservado a quem paga mais foi batizada de "Cielo". Aqui, o camarote fica numa Ã¡rea suspensa, com vista para a pista lÃ¡ embaixo. O ar-condicionado privilegia esse "cantinho do cÃ©u": resfria primeiro quem senta lÃ¡ em cima, para depois baixar a temperatura na "terra".
A filial brasileira do Buddha Bar, inaugurada no comeÃ§o do mÃªs em plena Daslu, tambÃ©m traz ares de longe. Se a matriz em Paris simula um antro de Ã³pio em Macau nos anos 30, segundo um dos sÃ³cios da franquia, Rudolf Piper, o Buddha paulista Ã© um restaurante asiÃ¡tico sofisticado em Hong Kong.
No saguÃ£o que divide com a entrada da Dior, um pequeno Buda serve de prelÃºdio Ã grande estÃ¡tua no andar de cima.
Esculpido por Bruno Tanquerel, que faz todas as estÃ¡tuas da rede, o Buda do grande salÃ£o veio da TailÃ¢ndia para o Brasil de navio, com permissÃ£o dos monges de lÃ¡. Pesa 900 kg e custou 35 mil euros.
Alcovas nas paredes laterais do Buddha abrigam armaduras de samurais, rÃ©plicas de originais japoneses feitas por uma firma especializada na FranÃ§a.
Mesmo com exotismo de luxo, Piper diz nÃ£o querer nenhuma "exclusividade rarefeita". Mas no dia em que a reportagem visitou o Buddha, homens-armÃ¡rio vigiavam a sala onde jantava Naomi Campbell.
EstÃ¡tuas de Buda tambÃ©m decoram uma das salas da The Week, mas, aqui, a proposta Ã© outra. Misto de casa noturna com clube, o terreno de 4.800 m2 na Lapa tem piscina, um jardim e duas pistas.
Instalada num amplo galpÃ£o, tem um bar de 12 m e promove, festas Ã tarde Ã beira da piscina.
Na The Week, foi investido cerca de R$ 1 milhÃ£o apenas no som, segundo Lonardi Dona, que assina tambÃ©m os projetos do D-Edge e da Pacha.
O jogo de luzes faz coro com a mÃºsica e com o pÃºblico. A casa GLS chega a receber atÃ© 2.500 pessoas aos sÃ¡bados. Um exÃ©rcito de garotÃµes descamisados e go-go boys danÃ§ando em plataformas iluminadas com lasers dÃ£o o tom da festa.
NÃ£o muito longe dali, o D-Edge, clube citado diversas vezes na revista-bÃblia do design "Wallpaper", foca no mesmo casamento entre luz e som, num projeto hi-tech.
Ã‰ a Ãºnica casa noturna do quinto volume da famosa sÃ©rie "Architecture Now" (ed. Taschen), citada entre projetos de Oscar Niemeyer e Zaha Hadid.
"Minha idÃ©ia era que as pessoas se sentissem dentro de um sistema de som, que elas conseguissem vÃª-lo, alÃ©m de ouvi-lo", conta Muti Randolph, que assina o projeto.
A idÃ©ia do cenÃ³grafo ganhou forma com um imenso equalizador luminoso, que responde Ã freqÃ¼Ãªncia da mÃºsica.
No ano que vem, a D-Edge ganha uma expansÃ£o de 600 m2, com trÃªs novos ambientes.
Kitsch glamouroso: Na parte mais central e menos familiar da rua Augusta, o Vegas achou seu espaÃ§o.
O projeto se inspirou nos cassinos de Las Vegas e da Urca, no Rio. "A intenÃ§Ã£o era brincar com a idÃ©ia de falso luxo", diz o arquiteto Marcos Caldeira.
LÃ¡ dentro, um balcÃ£o curvo de mÃ¡rmore percorre parte do primeiro andar, onde funcionava uma tecelagem na dÃ©cada de 60. No teto, lÃ¢mpadas fluorescentes disputam atenÃ§Ã£o com lustres antigos. Ao fundo, sofÃ¡s em couro capitonÃª dÃ£o ares retrÃ´ ao Vegas, quebrados por linhas de neon (os mesmos das fachadas de outras casas da rua), que conduzem Ã pista do segundo andar. A surpresa, entre referÃªncias quase conflitantes, fica por conta de uma mangueira em um jardim interno.
Como o Vegas, o GlÃ³ria traz breve inspiraÃ§Ã£o kitsch. "QuerÃamos um lugar que tivesse histÃ³ria. Procuramos muitos hotÃ©is que jÃ¡ tivessem tido clubes, com um glamour de nightclub dos anos 80", conta AndrÃ© Hidalgo, um dos trÃªs sÃ³cios da casa. Mas, no lugar do glamour, o trio acabou se encantando com coisas bem menos mundanas: uma antiga igreja, que tambÃ©m abrigou o teatro Bixiga, com sua fachada tombada pelo patrimÃ´nio histÃ³rico e recuperada pelo projeto do arquiteto Marcelo Rosenbaum.
Lounges dourados nÃ£o sÃ£o exemplos de simplicidade, mas o clube nÃ£o peca pelo excesso. Uma ilustraÃ§Ã£o da estilista FÃ¡bia Bercsek decora o teto. "Nas casas noturnas, nÃ£o se vÃª nada alÃ©m do que estÃ¡ na altura dos olhos das pessoas", explica.
Na contramÃ£o, Royal e Disco exibem projetos sÃ³brios em espaÃ§os intimistas. A Ãºltima ostenta um corredor assinado por Isay Weinfeld e um painel dos irmÃ£os Campana. E a exclusividade se estende atÃ© a porta, com o pÃºblico filtrado sem misericÃ³rdia por seguranÃ§as.

Bruna Bittencourt/Silas MartÃ - Fonte: Folha de S.Paulo - 30/12/07.

FÃ‰RIAS!

Janeiro Ã© o mÃªs de fÃ©rias por excelÃªncia, sobretudo para quem tem crianÃ§as em idade escolar. Para outros, no entanto, Ã© apenas mais um mÃªs de trabalho -ou, pior, o mÃªs para fazer previsÃµes nada realistas para os 11 meses que se seguem. Se vocÃª estÃ¡ em dÃºvida sobre o que fazer do seu mÃªs de janeiro, eis a dica da neurocientista de plantÃ£o: tire fÃ©rias.
Para quem jÃ¡ nÃ£o lembra o que a palavra significa, fÃ©rias sÃ£o perÃodos de descanso de uma atividade constante -ou seja, Ã©pocas do ano em que se tem licenÃ§a oficial para ficar longe de todo o estresse associado ao trabalho. Como diz Robert Sapolsky, especialista em estresse, o cÃ©rebro humano Ã© tÃ£o capaz que consegue enxergar problemas onde ainda nÃ£o hÃ¡ nenhum. Essa preocupaÃ§Ã£o com o futuro, ou ansiedade, Ã© fonte de Ãºlceras quando se torna crÃ´nica -e muitos de nÃ³s somos pagos para fazer exatamente isso no trabalho: pensar hoje em tudo o que pode dar errado amanhÃ£.
Para que as fÃ©rias funcionem como um perÃodo anual de estresse mÃnimo, um descanso verdadeiro para a capacidade quase inesgotÃ¡vel do cÃ©rebro de encontrar razÃµes para preocupaÃ§Ã£o, Ã© preciso respeitar um cÃ³digo de etiqueta bÃ¡sico com vocÃª mesmo.
Se estresse Ã© por definiÃ§Ã£o tudo o que se tenta controlar com alguma dificuldade, ou toda atividade cuja probabilidade de erro Ã© preocupante para o cÃ©rebro, planeje suas fÃ©rias com o mÃnimo de chance para chateaÃ§Ã£o: nada de horÃ¡rios a cumprir, listas de monumentos a conferir, traslados mÃºltiplos e grupos grandes, incontrolÃ¡veis. SÃ³ goza das fÃ©rias antiestressantes quem consegue de fato nÃ£o criar preocupaÃ§Ãµes e afazeres -e sobretudo nÃ£o levar o trabalho consigo.
Pense, inclusive, em dar um descanso ao seu telefone celular -e escolha a dedo a quem dar o telefone do seu hotel para emergÃªncias. Caso vocÃª consiga realmente tirar fÃ©rias de verdade, elas sÃ£o a oportunidade ideal para o cÃ©rebro se recuperar de perÃodos de estresse crÃ´nico usando de uma tacada sÃ³ todas as estratÃ©gias conhecidas pela neurociÃªncia: mudar de assunto, divertir-se e achar graÃ§a na vida, dormir Ã vontade, fazer atividades fÃsicas (nem que seja pegar marola e jogar frescobol na praia), afastar-se de confrontos, pessoas negativas, chateaÃ§Ãµes variadas e cobranÃ§as, aproximar-se de pessoas queridas, interessantes e de bem com a vida, reduzir ao mÃnimo a lista de "coisas a fazer" do cÃ©rebro e curtir algo raro: a possibilidade de viver no presente. Se vocÃª pode... aproveite!

Suzana Herculano-Houzel, neurocientista, Ã© professora da UFRJ, autora do livro "Fique de bem com o seu cÃ©rebro" (Editora Sextante) e do site O CÃ©rebro Nosso de Cada Dia (www.cerebronosso.bio.br). Fonte: Folha de S.Paulo - 03/01/08.

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