TURMAS CANDIDATAS
RETRATOS PARA VAGA EM UNIVERSIDADE
Professores avaliam retratos de imperador romano feitos por candidatos a vaga em universidade de Seul (Coréia do Sul).
Fonte: Folha Online - 15/01/08.
PROCURAM-SE TÉCNICOS
Emprego garantido. Se o mote soa falso ao ser usado à exaustão em anúncios de universidades à caça de clientes, em certos cursos de nÃvel técnico está afinado com a realidade. Em alguns módulos, a taxa de alunos empregados após os estudos é de 100%, segundo instituições.
Alguns deles são o de redes de computadores, do Senai São Paulo, e o de qualidade e produtividade, do Cotil Unicamp (Colégio Técnico de Limeira).
Mais do que o aquecimento da demanda, é a falta de mão-de-obra que imprime o ritmo acelerado de contratações.
O Ãndice médio de permanência no mercado de trabalho depois de formado também é alto para os técnicos. No Senai São Paulo, beira os 80%.
No Centro Paula Souza, é de 77% -dos quais 68% trabalham com carteira assinada e recebem, em média, R$ 1.075 mensais. Sete em 10 egressos declaram ter facilidade em encontrar e manter o emprego, segundo o Centro Paula Souza.
Flávia Gianini - Fonte: Folha de S.Paulo - 13/01/08.
CURSOS NOVOS E ESPECÃFICOS SÃO DESTAQUE ENTRE MAIS DESEJADOS
As mais altas taxas de empregabilidade beneficiam principalmente os profissionais de cursos muito especÃficos em relação à área de atuação.
São casos como o do curso de produção digital e web multimÃdia, do Senac-SP, e o de construção e manutenção de sistemas de navegação fluvial, oferecido no interior de São Paulo pelo Centro Paula Souza.
Da mesma forma, cursos relativamente novos têm alto percentual de profissionais no mercado. No Senac, moda e gastronomia têm média de empregabilidade de 91,5% e 82,8%, respectivamente.
Técnicos da área ambiental também constam da lista dos mais procurados.
Fonte: Folha de S.Paulo - 13/01/08.
ESPAÇO VITAL
Etiqueta no avião: quem tem direito ao braço da poltrona? Mônica Bérgamo, 3 de janeiro.
Tão logo sentaram e afivelaram os cintos de segurança ele sentiu que o conflito começaria a qualquer momento. O conflito pelo braço da poltrona, bem entendido, este território que, ao menos na classe econômica (para executiva ele não tinha grana), é obrigatoriamente comum.
Como a mulher a seu lado, ele era corpulento; e o braço da poltrona, estreito, não acolheria os cotovelos de ambos. Breve estaria desencadeada a luta pelo espaço vital, talvez não tão sangrenta quanto a Segunda Guerra na Europa, mas mesmo assim encarniçada.
Ela tomou a iniciativa. Tão logo o avião decolou, e antes mesmo que a comissária anunciasse: "Nosso tempo de vôo será de..." ela abriu o jornal. Um jornal grande, não um tablóide, não uma revista. Jornalão, com muita coisa para ler, editoriais, artigos, reportagens. E, o jornal aberto, ela naturalmente ancorou o cotovelo no braço da poltrona. Ancorou-o numa posição que não permitiria o ingresso ali de qualquer outro cotovelo.
Ele também tinha um jornal. Ele também era um leitor assÃduo. Mas a verdade é que ela se antecipara na manobra, e agora qualquer tentativa dele no sentido de manifestar interesse nas notÃcias do paÃs e do mundo não passaria de uma medÃocre, e até vergonhosa, imitação. Portanto, um a zero para ela.
Mas ele não desistiria. Desistir? De maneira alguma. Como se diz no Sul: "Não está morto quem peleia", e ele ainda tinha muito a pelear. Agora, porém, adotaria uma tática diversa. Uma falsa retirada, destinada a dar à dona do poderoso cotovelo uma ilusória sensação de definitiva vitória. Inclinou a poltrona, bocejou, fechou os olhos e fingiu dormir.
Mas, por entre as pálpebras semicerradas, observava-a. Aparentemente, ela continuava absorvida na leitura. Ele resolveu tentar um ataque sub-reptÃcio, tipo atentado terrorista. Como se fosse um movimento automático, colocou o cotovelo sobre o braço da poltrona. Torceu para que a aeronave entrasse numa área de turbulência, o que acabou acontecendo.
No primeiro solavanco o cotovelo dele empurrou, como que por acidente, o cotovelo dela para fora. E ali ficou triunfante, como aqueles soldados que, na batalha de Iwo Jima, desfraldaram a bandeira americana.
Ela continuava lendo o jornal. Mas ele sabia que, no fundo, ela estava remoendo a raiva e planejando a vingança. Que planejasse. Ele não entregaria jamais a sua conquista.
E aà o problema, o inesperado problema. De repente sentiu vontade de urinar. Muita vontade de urinar. Que fazer?
Se levantasse, perderia o braço da poltrona e nunca mais o recuperaria. Durante longos minutos debateu-se em dúvida cruel. E aÃ, misericordiosamente, o comandante anunciou que estavam pousando.
Ela fechou o jornal, voltou-se para ele:
- Você sabe que dia é hoje?
Ele não sabia. Ela sorriu, como mãe diante de filho travesso, e revelou: era o aniversário de casamento de ambos. Trinta e cinco anos de matrimônio. Trinta e cinco anos partilhando sonhos, angústias, o cuidado dos filhos. E ah, sim, braços de poltrona em aviões.
Moacyr Scliar - Fonte: Folha de S.Paulo – 14/01/08.
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