INTEGRAĂĂO UNIVERSITĂRIA
Todo inĂcio de ano Ă© a mesma histĂłria. VĂȘm Ă tona as prĂĄticas violentas dos trotes nas universidades e faculdades espalhadas pelo paĂs. Os veĂculos de comunicação tornam pĂșblicas imagens que chocam pela brutalidade, crueldade e insensibilidade. O trote se reveste com requintes de ignorĂąncia e caracterĂsticas explĂcitas de bullying, os veterenos se transformam em verdadeiros carrascos, sĂł falta a presença do padre para a Extrema-Unção e o cerimonial oficial para a execução em praça pĂșblica. Como se entrar em uma faculdade fosse prĂ©-requisito para a humilhação. Ainda bem que os "verdadeiros" animais irracionais nĂŁo vĂŁo para a Universidade, pois ficariam assustados com a selva de pedra. Uma violĂȘncia estampada justamente de onde deveria partir o exemplo, do campo educacional.
O trote Ă© um âritual de passagemâ de tradição medieval. Estudiosos apontam para os primĂłrdios das universidades da Europa quando os novatos tinham as roupas retiradas e queimadas, bem como, cabelos raspados como medidas contra propagação de doenças. O termo âtroteâ Ă© uma alusĂŁo Ă forma como os cavalos se movimentam entre a marcha lenta e o galope. A literatura indica que no Brasil, os responsĂĄveis pela implementação do trote se formaram em direito em Coimbra, Portugal, trazendo a tradição que foi incorporada Ă s âboas-vindas!â nos cursos de direito de SĂŁo Paulo e Pernambuco. A histĂłria do trote brasileiro, relata diversas mortes, sendo uma das que mais tiveram repercussĂŁo e cobertura, a ocorrida em 1999 de Edison Tsung Chi Hsueh na piscina da USP.
Desde entĂŁo, começaram a surgir campanhas de trotes solidĂĄrios, voltados para a cidadania e ao voluntariado. O trote tem que ser voluntĂĄrio, tem que ter a adesĂŁo do calouro. NĂŁo pode haver constrangimento, ninguĂ©m pode ser forçado a fazĂȘ-lo. Os estabelecimentos de ensino superior tĂȘm o dever de extinguir a cultura de que o trote Ă© natural, pois nĂŁo Ă©, foi criado pelo homem. Quando se pensa que esse âritual de passagemâ jĂĄ estĂĄ devidamente enraizado como um ato de civilidade, surgem novos relatos e fatos de selvageria.
Somente com informação, orientação, fiscalização e a devida punição, essa histĂłria começarĂĄ a ser mudada e assim, quem sabe num futuro bem prĂłximo, o inĂcio de cada ano poderĂĄ ser diferente, com mais solidariedade e cidadania, fazendo jus Ă palavra integração.
Imagem - Fonte: http://blog.fce.edu.br/2010/01/.
O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação -
http://www.lojacortezeditora.com.br/cortez-750.html
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php