FM - Faculdade Mental

EDITORIAL - 29/07/2007

ATÃ‰ ONDE VALE A PENA?

Como acontece em todo final de semestre, o Faculdade Mental vai dar uma parada. Mas, diferente das outras vezes, nessa nÃ£o temos uma data certa para voltar. Pode atÃ© acontecer de voltarmos no inÃcio das aulas, mas ainda nÃ£o sabemos.
Uma dÃºvida jÃ¡ nos persegue hÃ¡ algum tempo e decidimos que Ã© necessÃ¡rio dar uma parada por um tempo, refletir sobre que rumo a tomar.
Percebemos que ao longo dos semestres o pÃºblico da FNH mudou consideravelmente.
A caixa de ressonÃ¢ncia foi se esvaziando. A atual comunidade Ã© preocupante. E isso nÃ£o Ã© privilÃ©gio da FNH. Ã‰ um reflexo social.
Apesar de estarmos freqÃ¼entemente batendo nossos recordes de acessos ao site, temos consciÃªncia de que nossas matÃ©rias mais contundentes interessam a poucos, sejam alunos, professores ou direÃ§Ã£o.
A maioria das mensagens que recebemos tem como objetivo apenas expressar reclamaÃ§Ãµes individuais, muito poucas com a intenÃ§Ã£o de refletir sobre o coletivo.
Nossa dedicaÃ§Ã£o extrema ao Faculdade Mental vem servindo mais para que profissionais da casa sejam punidos com nossas observaÃ§Ãµes do que para a prevenÃ§Ã£o e correÃ§Ã£o dos eventos que motivam esses posicionamentos, servindo apenas interesses especÃficos e nÃ£o, a melhoria contÃnua do todo, o que sempre foi a nossa intenÃ§Ã£o.
Nosso envolvimento polÃtico ao tratar da instituiÃ§Ã£o, tem criado situaÃ§Ãµes difÃceis e atÃ© mesmo constrangedoras, a ponto de alguns membros da FNH, repetirem sistematicamente que nÃ£o vÃªm com bons olhos nossa atuaÃ§Ã£o, refletindo atÃ© mesmo no relacionamento pessoal.
A criaÃ§Ã£o desordenada de cursos universitÃ¡rios facilitou o acesso Ã graduaÃ§Ã£o de forma muito expressiva. E o que vemos Ã© um sem nÃºmero de alunos cujo ensino fundamental qualificado, apenas no papel, nÃ£o se desenvolve alÃ©m das fronteiras acadÃªmicas. Ao que parece, o maior interesse Ã© somente o diploma, o cartucho.
Se reconhecemos qualidades em nosso trabalho, reconhecemos tambÃ©m nossa incapacidade em fazer com que, nesses moldes, haja um maior engajamento com a nossa verdadeira visÃ£o, missÃ£o e valores. Temos turmas engajadas e a elas, agradecemos muito pela dedicaÃ§Ã£o, pelo entusiasmo e pela confianÃ§a. Temos tambÃ©m leitores cativos que nos prestigiam a cada ediÃ§Ã£o. Muito obrigado. No entanto, percebemos que a maioria acessa nosso site para ver fotos. Tudo bem! As fotos sÃ£o importantes pelo registro de cada evento, mas, como bons sonhadores que somos, o desejo seria da participaÃ§Ã£o ativa e da interatividade com nossos leitores. SerÃ¡ utopia?
Hoje, estamos publicando nossa centÃ©sima vigÃ©sima primeira ediÃ§Ã£o e resolvemos dividir com vocÃªs uma pergunta que temos feito a nÃ³s mesmos, que Ã© o tÃtulo desse editorial: atÃ© onde vale a pena?
O Faculdade Mental nasceu de uma atitude de manifestaÃ§Ã£o, uma reuniÃ£o de pessoas com um sentimento comum e a capacidade de se aglutinar em volta dele. Nasceu do desejo de expressar a opiniÃ£o coletiva. Sempre procurando expressar uma visÃ£o diferente dos fatos para que eles pudessem ser apreciados com bom humor e com responsabilidade.
Quando mais um escÃ¢ndalo polÃtico surge nos noticiÃ¡rios, ao contrÃ¡rio do que deveria acontecer, ficamos mais e mais anestesiados e, infelizmente, acomodados com a situaÃ§Ã£o.
Nos Ãºltimos dois anos a PolÃcia Federal indiciou gente de tudo que Ã© naipe, de ministros e senadores a caseiros desavisados. Pra grande, imensa, enorme maioria, nÃ£o aconteceu praticamente nada.
O brasileiro nÃ£o gosta de ler. A grande maioria tem na TV sua maior fonte de informaÃ§Ã£o. Alguns na internet, mas tem que ler. E ele nÃ£o gosta de ler. E como pra estudar tem que ler, ele nÃ£o estuda.
NÃ£o se ouve mais falar do Sr. Marcos ValÃ©rio, pouco se ouve falar do Sr. JosÃ© Dirceu (exceto pelo seu blog que tem auto-notÃcias quase todo dia).
Ao vermos o descaramento da classe polÃtica brasileira, vemos na verdade o reflexo de uma sociedade que aos poucos foi se habituando aos sucessivos escÃ¢ndalos de seus representantes e pouco se posiciona no sentido de mudar o que estÃ¡ aÃ.
Diante disso tudo, a pergunta: Parar ou nÃ£o parar, eis a questÃ£o? Se por um lado, nos sentimos motivados a continuar porque adoramos colocar uma nova ediÃ§Ã£o no ar todo domingo, por outro lado ficamos frustrados quando percebemos que estamos apenas prestando consultoria gratuita, sem notar mudanÃ§as, escrevendo coisas, sem que a maioria leia e, principalmente, observando um distanciamento cada vez maior de nosso pÃºblico.
VocÃª pode atÃ© se perguntar: O que eu tenho a ver com isso? Pois, Ã©? Por isso estamos nos perguntando: AtÃ© onde vale a pena?
Boas fÃ©rias a todos! A gente se fala em breve.