CUBA SE DEU BEM. E CASTRO?
CUBA SE DEU BEM. E CASTRO?
Qual a imagem que vem à sua cabeça quando se fala em Fidel Castro?
Um guerrilheiro derruba o governo, vira presidente de uma ilha um pouco maior que o estado de Santa Catarina, expulsa todo o tipo de måfia que dominava cassinos e prostituição, expropria os bens da elite cubana e estrangeira, e funda, em 1959, um governo comunista, a 150km dos Estados Unidos.
Estima-se que entre 10 e 17 mil pessoas tenham sido eliminadas pelo governo de Fidel Castro, entre eles os amigos revolucionĂĄrios que ficaram decepcionados ao descobrirem que o libertador de Cuba era tambĂ©m o novo ditador, pois isso nĂŁo estava no roteiro quando eles desceram juntos a Sierra Maestra. Fidel nĂŁo disse pra ninguĂ©m que ele seria âo caraâ. Matou quaisquer opositores ou correligionĂĄrios que pudessem impedĂ-lo de levar adiante seu projeto. As conquistas de Castro foram impressionantes.
Com a participação de mais de 100 mil voluntĂĄrios, o governo de Castro praticamente eliminou o analfabetismo em apenas um ano, investiu pesadamente em educação, garantiu a todos o acesso a um sistema de saĂșde funcional e de muita qualidade, passou a investir fortemente no esporte como forma de promoção social, acabou com as desigualdades sociais.
Antiimperialista, antiamericanista e sem dinheiro, Fidel buscou na antiga URSS o dinheiro que o embargo comercial americano havia lhe tirado o direito de ganhar.
Essa parceria, alĂ©m do dinheiro, trouxe-lhe tambĂ©m proteção. AtĂ© mĂsseis nucleares chegaram a ser instalados em Cuba durante a guerra fria, mas foram retirados depois.
Pois Ă©, esse Ă© o tal Fidel Castro.
Mas o que ele não esperava é que um dia o muro fosse ser derrubado, e com ele a URSS, privando-lhe da ajuda e da proteção de seu maior e mais importante parceiro.
De lĂĄ pra cĂĄ, a maionese cubana desandou.
Se os cubanos nĂŁo se mostram necessariamente decepcionados com Castro, hoje em dia eles nĂŁo tĂȘm grandes amores pelo regime duro que lhes priva de coisas bĂĄsicas e essenciais como comida. Falta comida em Cuba.
A frota de carros cubana Ă© obsoleta, ultrapassada, vencida...
Exceto o partido de Fidel, nĂŁo existem partidos polĂticos em Cuba. NĂŁo existem sindicatos em Cuba. NĂŁo existe liberdade de expressĂŁo em Cuba.
Em Cuba, existe Fidel Castro. Ou melhor, existia.
Fidel foi comandante revolucionĂĄrio, presidente, comandante chefe das forças armadas, presidente do Ășnico partido polĂtico do paĂs desde a revolução de 1959.
Hospitalizado hĂĄ dois anos, Fidel renunciou aos cargos de presidente e de comandante das forças armadas, mas continua lĂder do partido.
A debilidade fĂsica nĂŁo mais lhe permite proferir os discursos de 4, 5 horas e lhe retiram o mĂnimo de vitalidade necessĂĄria para conduzir um paĂs que necessita urgentemente de uma nova revolução.
Cuba nĂŁo serĂĄ a mesma sem Fidel.
O que desponta no horizonte Ă© um paĂs que novamente se abrirĂĄ ao mundo, ainda que lentamente, mas que conservarĂĄ princĂpios fundamentais da ideologia socialista aprendida nos 49 anos de governo Fidel.
Com seus 11 milhĂ”es de habitantes, a pequena ilha caribenha, distante cerca de 150 km da costa americana, tem um novo lĂder, Raul Castro, irmĂŁo de Fidel. Mas nĂŁo serĂĄ ele o grande condutor das mudanças que transformarĂŁo Cuba nos prĂłximos anos. E nĂŁo serĂĄ ele, tambĂ©m, que criarĂĄ impedimentos para que isso aconteça. Cuba nĂŁo pode mais ficar parada no tempo.
O mundo estĂĄ de olho em Cuba. O capitalismo estĂĄ de olho em Cuba.
A revolução que completou 49 anos em 1Âș de Janeiro de 2008 jĂĄ nĂŁo tem mais o seu comandante. Alguns comemoram, outros lamentam.
O fato é que um novo formato de nação começa a tomar forma.
Cuba se deu bem. E Castro? Bem, Castro se "fidel".
Foto: Castro's legacy (O legado de Castro). Fonte: The Economist - 21/02/08.
http://www.economist.com/opinion/displaystory.cfm?story_id=10727865
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php