NĂS E A CPMF
NĂS E A CPMF
Ficamos livres dela. Pelo menos por enquanto.
A sessĂŁo plenĂĄria do senado foi divertidĂssima. Ă uma pena que as pessoas nĂŁo tĂȘm o hĂĄbito de assistir nem sessĂ”es histĂłricas como essa.
Depois de quase cinco anos de governo Lula a oposição deu o ar da graça. E como vingança é um prato que se come frio, depois desse tempo todo engolindo sapos (inclusive barbudos), o PSDB e o DEM deram o troco no governo, justamente no calcanhar de Aquiles dos projetos de investimento do próximo ano. Nada menos que 40 bilhÔes de reais a menos.
Mas, no fundo, todos sabiam que essa vitĂłria serviu apenas para uma questĂŁo de afirmação polĂtica da oposição, pois, em termos prĂĄticos, apenas retirou do governo um instrumento de arrecadação fĂĄcil.
E o que o governo vai fazer agora?
Muito simples. Vai aumentar impostos.
E quem vai pagar essa conta?
NĂłs mesmos, do mesmo jeito que sempre pagamos. E talvez pior, porque dependendo do imposto, o efeito cascata pode ser muito maior. Ou entĂŁo a conta recair sobre o faturamento das empresas, que com isso deixam de gerar empregos que gerariam renda que geraria consumo e que, conseqĂŒentemente, geraria mais arrecadação de impostos.
Devemos lembrar que o PT foi o mais ferrenho opositor da CPMF quando ela foi criada, como, aliås, era ferrenho opositor de tudo quando era oposição.
O que se viu nessa sessão do senado foi um show de interpretação dos dois lados, com discursos muito bem elaborados e emocionados, ataques, contra-ataques, ofensas, palavras de estima, provocaçÔes, tornando o debate ainda mais acalorado.
Para nĂłs que sĂł assistimos (e que pouco conseguimos entender com profundidade a nossa prĂłpria economia), fica a dĂșvida se na atual conjuntura foi bom ou nĂŁo que a CPMF tenha acabado.
Pelo lado psicolĂłgico, sabemos que teremos novamente na conta mais R$ 0, 038 a cada R$ 100,00 reais depositados. Mas, na realidade, daqui a pouco estaremos reclamando de pagar mais por algum tipo de imposto e no fim das contas, dĂĄ tudo na mesma.
Muita coisa precisa mudar nesse paĂs e a reforma tributĂĄria, tĂŁo prometida pelo Sr. Lula, tema de campanha eleitoral, compromisso pĂșblico assinado em cartĂłrio, Ă© o primeiro item da pauta de mudanças.
LamentĂĄvel o papel desempenhado pelos prĂ©-candidatos Ă presidĂȘncia, como AĂ©cio Neves e JosĂ© Serra, que pensaram Ășnica e exclusivamente no quinhĂŁo da CPMF que lhes sobraria enquanto governadores e, para um dos dois, se eleito, quando presidente da repĂșblica.
No fim das contas, tanto a palhaçada da absolvição de Renan Calheiros, como a sessĂŁo do senado que acabou com a CPMF, foram amostras do quĂŁo longe dos interesses do paĂs passam nossos polĂticos e governantes.
A partir de 1Âș de janeiro de 2008 estamos livres da CPMF.
Ou seja, a partir de 1Âș de janeiro estamos por conta do Sr. Lula que jĂĄ avisou que vai aumentar impostos e exatamente aqueles tipos de impostos que nĂŁo dependem da aprovação do congresso nacional.
NĂŁo Ă© sĂł na Venezuela e na BolĂvia que presidente faz e desfaz sem precisar do congresso.
Imagem: Charge do Amorim.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site.
http://www.faculdademental.com.br/fale.php