A VIOLĂNCIA ESTĂ NA NOSSA PORTA
Noite de 22 de abril, domingo. Mais de 22 horas. Ao diminuir a velocidade para fazer uma conversão, um carro é bloqueado por um sujeito que, do nada, surgiu na sua frente. O freio é acionado para não atropelå-lo. Também do nada outros dois sujeitos aparecerem diante das portas do carro e anunciam o assalto. Pedem que a motorista saia calmamente com a bolsa na mão, sem reação. Ela, quase imóvel, sai do carro conforme solicitado. Sem reação.
Ao se posicionar fora do veĂculo, a motorista Ă© fortemente agredida com uma coronhada na cabeça. Cai ao chĂŁo.
Sem motivação nenhuma os trĂȘs sujeitos aplicam-lhe uma seção de pancadas. Coisa sem explicação. A vĂtima começa a perder os sentidos tentando se aproximar de seu carro. Desmaia.
Não roubaram seu carro. Não levaram seus cartÔes. Jogaram no chão seus documentos. Levaram algum dinheiro, pouco. E o seu celular. Mais nada.
Tivesse tido um fim mais trĂĄgico, essa narrativa poderia ter sido feita no programa Linha Direta. Seria mais um daqueles casos de violĂȘncia inexplicĂĄvel e talvez atĂ© insolĂșvel.
Mas a cidade Ă© Belo Horizonte e a vĂtima uma de nossas professoras, Alexandra, que dĂĄ aulas de Ă©tica e filosofia.
Uma moça extremamente calma, muitĂssimo simpĂĄtica, de corpo pequeno, fisicamente incapaz de reagir contra a violĂȘncia que sofreu.
Acordou na delegacia e foi encaminhada para o hospital, onde ficou internada trĂȘs dias se recuperando das agressĂ”es sofridas.
No total, ficarå de licença médica por quinze dias.
Estamos em pleno dia do trabalho. E, realmente, temos muito pouco a comemorar.
A mentira, a corrupção, o desmando, a falta de projetos factĂveis e necessĂĄrios, a falta de promoção social nos trouxe ao caos.
A imensa maioria da população brasileira não saiu da parte de baixo da pirùmide de Maslow e não tem perspectivas de que isso realmente aconteça.
A violĂȘncia urbana Ă© a parte visĂvel da inĂ©rcia social em que vivemos.
Os poderes perderam a legitimidade, perderam os limites da decĂȘncia, da moralidade e riscaram definitivamente a palavra ĂTICA de seus dicionĂĄrios, exatamente uma das matĂ©rias que a professora Alexandra dĂĄ aulas.
Vamos ficar calados até quando?
A violĂȘncia nĂŁo estĂĄ apenas nas ruas. Ela Ă© visĂvel em nossas casas, nosso trabalho, na nossa sala de aula. Nossa passividade diante dela estĂĄ criando um mundo onde as ruas sĂŁo terra de ninguĂ©m e o cidadĂŁo Ă© refĂ©m da sua prĂłpria sorte.
NĂŁo podemos ficar chocados apenas porque conhecemos a professora Alexandra. Temos que nos chocar com a proximidade da violĂȘncia e buscar de alguma forma uma maneira de manifestar nossa indignação.
Mande seu comentĂĄrio a respeito desse assunto. Vamos juntos fazer um pouquinho para que, amanhĂŁ, nenhum de nĂłs seja a Alexandra da vez.
SaĂșde, Alexandra.
NĂŁo deixem de enviar suas mensagens atravĂ©s do âFale Conoscoâ do site www.faculdademental.com.br.