A PĂTRIA Ă MINHA LĂNGUA
A AssemblĂ©ia Geral das NaçÔes Unidas proclamou 2008 como o Ano Internacional das LĂnguas. O grande objetivo dessa decisĂŁo foi a proteção de todas as lĂnguas do mundo, principalmente aquelas em perigo de extinção.
Atualmente falam-se entre 6.000 e 7.000 lĂnguas no mundo e estudo financiado pela National Geographic Society, mais da metade deve desaparecer do mapa atĂ© o final do sĂ©culo. Impressiona cĂĄlculos de aproximadamente uma extinção a cada 14 dias. Nesse levantamento, os dados completos estĂŁo em http://www.nationalgeographic.com/mission/enduringvoices/, as regiĂ”es mais crĂticas sĂŁo SibĂ©ria oriental, norte da AustrĂĄlia, centro da AmĂ©rica do Sul, Oklahoma e litoral noroeste do PacĂfico nos EUA e CanadĂĄ.
SĂŁo poucas as lĂnguas que sobrevivem ou sobreviveram mais de 2.000 anos (entre esse nĂșmero reduzido contam-se as seguintes: Basco, ChinĂȘs, EgĂpcio, Grego, Hebraico, Latim, Persa, SĂąnscrito e Tamil). SĂł 20 lĂnguas Ă© que sĂŁo partilhadas na Terra por centenas de milhĂ”es de falantes repartidos por vĂĄrios paĂses. Metade da população mundial utiliza diariamente apenas nove lĂnguas diferentes - ChinĂȘs (1200 milhĂ”es de pessoas), InglĂȘs (478 milhĂ”es), HindĂș (437 milhĂ”es), Espanhol (392 milhĂ”es), Russo (284 milhĂ”es), Ărabe (225 milhĂ”es), PortuguĂȘs (184 milhĂ”es), FrancĂȘs e AlemĂŁo (cada uma 125 milhĂ”es).
Preservar a lĂngua Ă© questĂŁo fundamental, mas propiciar a oportunidade a seus cidadĂŁos para falar corretamente a lĂngua natal e aprender a se comunicar em outros idiomas, tornou-se pontos cruciais de desenvolvimento para todos os paĂses. Estudos comprovam que uma abordagem estratĂ©gica de comunicação multilingue Ă© capaz de aumentar as exportaçÔes de diversos paĂses. Dos 27 paĂses da UniĂŁo EuropĂ©ia, Portugal Ă© o que sofre mais efeitos negativos, devido ineficiĂȘncia estratĂ©gia de comunicação, de acordo com a conclusĂŁo do estudo divulgado em 2007, Efeitos na Economia EuropĂ©ia da Escassez de CompetĂȘncias em LĂnguas Estrangeiras na Empresas (ELAN).
A capacidade de compreender e comunicar em mais do que uma lĂngua â jĂĄ uma realidade diĂĄria para a maioria de pessoas no planeta â Ă© uma competĂȘncia de vida desejĂĄvel para todos os cidadĂŁos europeus. Aprender e falar outras lĂnguas incentiva uma maior abertura aos outros, Ă s suas culturas e maneiras de ver o mundo, melhora as competĂȘncias cognitivas, desenvolve as competĂȘncias dos aprendizes na sua lĂngua materna e permite tirar partido da liberdade de trabalhar ou estudar em outro Estado-Membro. (http://europa.eu/languages/pt/chapter/14).
Na verdade, nĂŁo existem "lĂnguas fĂĄceis" nem "lĂnguas difĂceis" de se aprender, apesar de algumas serem muito mais complexas. No entanto, investigaçÔes demonstram que a aquisição inicial de diferentes lĂnguas exige tempo igual de aprendizagem.
Resta a pergunta: O que o Brasil fez para se colocar num patamar mundial diferenciado nesse quesito? AliĂĄs, o que o paĂs fez para que brasileiros falem uma lĂngua portuguesa correta, ou menos errada? Essas sĂŁo questĂ”es diretamente relacionadas aos investimentos em educação. Em termos de acesso ao aprendizado Ă s lĂnguas estrangeiras, todos sabem que os investimentos sĂŁo de forma quase que absolutamente particulares.
Por fim, o Ano Internacional das LĂnguas estĂĄ chegando ao seu final e a polĂtica educacional do governo pouco mudou ou, muito pouco avançou. SĂł resta o consolo da belĂssima letra de Caetano Veloso em "LĂngua".
Gosto de sentir a minha lĂngua roçar a lĂngua de LuĂs de CamĂ”es
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusÔes de prosódia
E uma profusĂŁo de parĂłdias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleÔes
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia estĂĄ para a prosa
Assim como o amor estĂĄ para a amizade
E quem hĂĄ de negar que esta lhe Ă© superior?
E deixe os Portugais morrerem Ă mĂngua
ĂâMinha pĂĄtria Ă© minha lĂnguaĂâ
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Låcio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta lĂngua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglĂȘs relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! CadĂȘ? Sejamos imperialistas!
Vamos na velÎ da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E Ăâ xeque-mate Ăâ explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ĂŁ
De coisas como rĂŁ e ĂmĂŁ
ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ ĂmĂŁ
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da FĂ©
Flor do Låcio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta lĂngua?
Se vocĂȘ tem uma idĂ©ia incrĂvel Ă© melhor fazer uma canção
EstĂĄ provado que sĂł Ă© possĂvel filosofar em alemĂŁo
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o RecĂŽncavo, e o RecĂŽncavo, e o RecĂŽncavo meu medo
A lĂngua Ă© minha pĂĄtria
E eu nĂŁo tenho pĂĄtria, tenho mĂĄtria
E quero frĂĄtria
Poesia concreta, prosa caĂłtica
Ătica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(Ăâ SerĂĄ que ele estĂĄ no PĂŁo de AçĂșcar?
Ăâ TĂĄ craude brĂŽ
Ăâ VocĂȘ e tu
Ăâ Lhe amo
Ăâ QuĂ© queu te faço, nego?
Ăâ Bote ligeiro!
Ăâ Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
Ăâ Ă Tavinho, pĂ”e camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
Ăâ I like to spend some time in Mozambique
Ăâ ArigatĂŽ, arigatĂŽ!)
NĂłs canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vĂdeos Ă mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.
Fontes de Pesquisa:
Unesco - http://www.brasilia.unesco.org/unesco/premios/AnoInterLinguas2008
National Geographic Society - http://www.nationalgeographic.com/
Centro de LĂnguas - http://www.uc.pt/
LĂngua - http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/44738/
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