FM - Faculdade Mental

NOSSOS COLUNISTAS - 16/04/2008

CRIATIVIDADE NO MARKETING XV

PROPAGANDAS INTELIGENTES XV

English - Watch the clip here:
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Campanha premiada criada pela AMV BBDO para a Choice FM do Reino Unido. As imagens dizem tudo, com efeitos de uma bala em cÃ¢mera lenta atravessando vÃ¡rios objetos. Ao final: â€œPare as balas, mate as armas - Escolha paz nas ruasâ€.
Assista ao vÃdeo (clique em "watch the clip here"):
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(ColaboraÃ§Ã£o: A.M.B.)

PROFESSOR X
VERDADES RELATIVAS
Na semana passada, quando dava uma aula sobre o sistema astronÃ´mico do alexandrino Ptolomeu, que viveu em torno de 150 d. C., uma estudante perguntou: "Professor, esse sistema de epiciclos estÃ¡ todo errado, nÃ£o?" A resposta imediata -e incorreta- Ã©: "Claro, todo mundo sabe que esses cÃrculos imaginÃ¡rios nÃ£o existem nos cÃ©us". A resposta correta Ã© bem mais sutil. Nas ciÃªncias naturais, certo, errado, verdadeiro ou falso sÃ£o condiÃ§Ãµes que muitas vezes devem ser interpretadas no contexto em que foram determinadas. Coisas que nos parecem erradas hoje eram consideradas certas no passado.
Para quem nÃ£o estava na minha aula, Ptolomeu Ã© famoso por ter proposto um modelo completo dos movimentos celestes, capaz de prever as posiÃ§Ãµes futuras do Sol, da Lua e dos seis planetas conhecidos entÃ£o com uma precisÃ£o aproximada de duas luas cheias, um feito muito acima de qualquer outro modelo celeste da AntigÃ¼idade. Se alguÃ©m queria saber, por exemplo, onde Marte estaria em dois meses, ou dois anos, bastava usar o modelo de Ptolomeu para calcular a sua posiÃ§Ã£o futura.
Para os astrÃ³logos, precisÃ£o era sinÃ´nimo de sucesso: quanto mais preciso o modelo, melhores seriam as previsÃµes astrolÃ³gicas derivadas dele.
O modelo ptolomaico, com a Terra no centro (ou quase), era tÃ£o eficiente que sobreviveu, com pequenas alteraÃ§Ãµes feitas por astrÃ´nomos Ã¡rabes, atÃ© meados de 1500, quando entram em cena CopÃ©rnico e Ticho Brahe.
Portanto, para um astrÃ´nomo do sÃ©culo 6 ou 12, o modelo de Ptolomeu era a verdade. NÃ£o que as pessoas imaginassem que os planetas estavam presos a cÃrculos que, por sua vez, estavam presos a outros cÃrculos que giravam nos cÃ©us. O objetivo de Ptolomeu nÃ£o era explicar as causas dos movimentos celestes, como seria o caso com Kepler e Newton no sÃ©culo 17, quando foi proposta a forÃ§a da gravidade. Na Ã©poca de Ptolomeu, nÃ£o existia essa preocupaÃ§Ã£o com causas.
A pergunta "mas o que causa os movimentos celestes?" nÃ£o fazia parte do discurso cientÃfico. Bastavam modelos capazes de prever as posiÃ§Ãµes planetÃ¡rias com precisÃ£o, mesmo sendo compostos de cÃrculos imaginÃ¡rios.
Com Kepler e Newton, ficou claro que as Ã³rbitas planetÃ¡rias em torno do Sol eram resultado de uma atraÃ§Ã£o invisÃvel. Em 1609, Kepler propÃ´s que essa atraÃ§Ã£o era de origem magnÃ©tica.
E, de quebra, que as Ã³rbitas nÃ£o eram circulares, mas elÃpticas. Em 1686, Newton mostrou que a forÃ§a era a gravitacional, a mesma que faz uma maÃ§Ã£ cair no chÃ£o. O enorme sucesso e a enorme precisÃ£o da teoria newtoniana rapidamente tornaram-na a verdade sobre o cosmo. Objetos com massa exercem uma forÃ§a mÃºtua que cai com o quadrado da distÃ¢ncia entre eles. Essa foi a "verdade" atÃ© 1916.
Naquele ano, Einstein propÃ´s uma nova teoria da gravidade, na qual a atraÃ§Ã£o entre dois corpos era conseqÃ¼Ãªncia da curvatura do espaÃ§o entre eles. A massa deforma o espaÃ§o e a aceleraÃ§Ã£o atribuÃda Ã forÃ§a gravitacional vem do movimento nesse espaÃ§o curvo. Essa Ã© a nossa "verdade".
Mas sabemos, ou ao menos deverÃamos saber, que essa histÃ³ria nÃ£o tem fim. Excluindo as verdades matemÃ¡ticas do tipo 2 + 2 = 4, o conhecimento cientÃfico Ã© cumulativo, dependente do desenvolvimento de novas tecnologias e idÃ©ias. Nossas verdades sobre a natureza permanecem verdadeiras atÃ© que alguÃ©m demonstre que elas sÃ£o aproximaÃ§Ãµes incompletas. No mÃnimo, essa perspectiva deveria nos ensinar a defender nossas verdades temporÃ¡rias com a humildade de quem aprende com o passado.
Marcelo Gleiser Ã© professor de fÃsica teÃ³rica no Dartmouth College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo".
Fonte: Folha de S.Paulo - 13/04/08.
Sites relacionados ao texto:
Ptolomeu (c. II d.C.): http://plato.if.usp.br/1-2003/fmt0405d/apostila/helen8/node17.html
CopÃ©rnico: http://astro.if.ufrgs.br/cop/index.htm
Tycho Brahe/Kepler: http://astro.if.ufrgs.br/bib/bibkepler.htm
Newton: http://astro.if.ufrgs.br/bib/newton.htm
Einstein: http://www.albert.einstein.nom.br/
O livro "A Harmonia do Mundo" no Submarino:
http://www.submarino.com.br/books_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=1&ProdId=1643045&ST=SF6506

PROFESSORA PASQUALINA
LIVROS PARA SE LER
TÃtulo: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
Categoria: Literatura
Idioma: PortuguÃªs
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1888
(ColaboraÃ§Ã£o: A.M.B.)

OBRA ADULTA DE LOBATO VOLTA COM SUCESSO
"UrupÃªs", livro de contos que introduziu o Jeca Tatu, jÃ¡ estÃ¡ na 4Âª reimpressÃ£o. Fim de briga judicial entre a famÃlia do autor e editora permite reediÃ§Ã£o de tÃtulos.
NinguÃ©m duvidava que as ediÃ§Ãµes infantis de Monteiro Lobato voltariam a vender -e muito- com o relanÃ§amento de suas obras completas. Mas a grande procura pela sua obra adulta, restrita aos sebos hÃ¡ anos, Ã© a maior surpresa no atual relanÃ§amento dos livros do criador do SÃtio do Picapau Amarelo. Em outras palavras, Jeca Tatu estÃ¡ ameaÃ§ando o lugar de EmÃlia.
A extensa produÃ§Ã£o ensaÃstica, crÃtica e ficcional de Lobato -incluindo as histÃ³rias infantis que preencheram o imaginÃ¡rio de vÃ¡rias geraÃ§Ãµes- estÃ¡ voltando Ã s livrarias apÃ³s dez anos de brigas judiciais.
O imbrÃ³glio editorial ligado ao autor se arrastava desde 1998, quando os herdeiros do escritor -que morreu hÃ¡ 60 anos- entraram na JustiÃ§a para retirar sua obra da editora Brasiliense.
Por causa de um curioso contrato "ad infinitum" assinado trÃªs anos antes de morrer com Caio Prado Jr. (1907-1990), dono da Brasiliense, todos os livros do escritor estavam sob a guarda da editora. O contrato garantia a ela o direito de publicaÃ§Ã£o da obra sem fixar prazos, na prÃ¡tica impedindo o controle dos herdeiros de Lobato.
A relaÃ§Ã£o entre a famÃlia e a Brasiliense foi boa atÃ© 1992, quando o diretor editorial Caio Graco Prado (filho de Caio Prado Jr.) morreu. E azedou de vez em 1998, quando a famÃlia tentou impedir o relanÃ§amento de "ReinaÃ§Ãµes de Narizinho", acusando a Brasiliense de quebrar clÃ¡usulas contratuais e de nÃ£o dar a devida atenÃ§Ã£o editorial Ã obra. A contenda prejudicou as reediÃ§Ãµes dos infantis e praticamente tirou de catÃ¡logo a obra adulta do autor. A briga judicial teve capÃtulo final em agosto de 2007, com um acordo entre as partes, abrindo espaÃ§o para a mudanÃ§a de casa.
A editora Globo assinou logo na seqÃ¼Ãªncia um contrato com os herdeiros e comeÃ§ou jÃ¡ em setembro de 2007 a relanÃ§ar as obras completas (um total de 56 livros, entre infantis e adultos, alÃ©m de adaptaÃ§Ãµes em quadrinhos). Os Ãºltimos tÃtulos chegarÃ£o Ã s livrarias em 2009.
"UrupÃªs": Iniciada a republicaÃ§Ã£o, a grande surpresa foi a venda da obra adulta de Lobato. Lucia Machado, diretora de negÃ³cios infantis da Globo e responsÃ¡vel pelo lanÃ§amento, diz que "nÃ£o sabia que o mercado estava tÃ£o carente [de tÃtulos adultos]". "Isso nos surpreendeu."
"UrupÃªs", por exemplo, a coletÃ¢nea de contos que introduziu o Jeca Tatu hÃ¡ 90 anos, jÃ¡ estÃ¡ na quarta reimpressÃ£o (15 mil exemplares vendidos). Nada mal para um texto de 1918 que capricha no vernÃ¡culo e abusa do lÃ©xico (Lobato se gabava de ter lido o dicionÃ¡rio Caldas Aulete de "A" a "Z"), passeando por temas como a indolÃªncia do caipira ou a condenaÃ§Ã£o das queimadas.
Se o papel de renovador da literatura infantil brasileira e de editor (foi um dos fundadores do mercado editorial brasileiro) sÃ£o incontestes, os novos tempos pedem uma reavaliaÃ§Ã£o do jornalista, crÃtico de arte, ensaÃsta e polemista -Lobato Ã© o autor do famoso artigo "ParanÃ³ia ou MistificaÃ§Ã£o", em que atacou a pintora Anita Malfatti, e tambÃ©m foi pioneiro na defesa da nacionalizaÃ§Ã£o do petrÃ³leo, entre outras causas.
Marisa Lajolo, professora responsÃ¡vel pelo acervo do escritor abrigado na Unicamp, acredita que o relanÃ§amento esteja vindo em um momento de reabilitaÃ§Ã£o. "As luzes sobre o modernismo paulistano jogaram Lobato no limbo. Ele virou o vilÃ£o. Nos Ãºltimos anos hÃ¡ uma revisÃ£o disso", diz a professora.
AlÃ©m disso, para a pesquisadora, o escritor "Ã© um excelente contista, divertido, violento em relaÃ§Ã£o Ã crÃtica social, despojado em termos de linguagem".
Vladimir Sacchetta, um dos autores da biografia "Monteiro Lobato - FuracÃ£o na Botocundia" (ed. Senac-SP) e consultor da reediÃ§Ã£o das obras, junto com Marcia Camargos, cita tambÃ©m "Um Jeca nos Vernissages" (Edusp), de Tadeu Chiarelli, que em 1995 iniciou um processo de revisÃ£o da produÃ§Ã£o crÃtica de Lobato.
O relanÃ§amento da obra completa, porÃ©m, tambÃ©m provoca crÃticas por algumas escolhas editoriais, como mostram os textos na pÃ¡gina ao lado.
Sacchetta defende o trabalho de relanÃ§amento. Ele diz que as ediÃ§Ãµes voltaram a respeitar as publicaÃ§Ãµes originais como se lia nas dÃ©cadas de 10 e 20.
Lucia Machado diz que a urgÃªncia de recolocar os tÃtulos no mercado determinou muitas opÃ§Ãµes. AlÃ©m disso, aponta a dificuldade de atualizaÃ§Ã£o. "SÃ£o decisÃµes difÃceis ao "traduzir" para os dias de hoje. A sensaÃ§Ã£o Ã© que estÃ¡vamos invadindo uma grande obra", diz.
Ela afirma que a proposta Ã© quadrinizar o mÃ¡ximo possÃvel da produÃ§Ã£o infantil do autor, comeÃ§ando pelas adaptaÃ§Ãµes (como "Dom Quixote das CrianÃ§as"). VÃ¡rios desenhistas estÃ£o sendo chamados. Saem as famosas ilustraÃ§Ãµes de Belmonte, entram versÃµes modernizadas.
Isso Ã© bom? Segundo ela, foram feitos testes com crianÃ§as, que rejeitaram imagens que sÃ£o Ãcones do mercado editorial. "A idÃ©ia Ã© trazer para um visual que as crianÃ§as conhecem hoje. O que enxergam como do passado elas nÃ£o lÃªem", diz.
As reediÃ§Ãµes seguem por contrato atÃ© 2018, quando a obra do autor cairÃ¡ em domÃnio pÃºblico.
Marcos Strecker - Fonte: Folha de S.Paulo - 17/04/08.
Confira "UrupÃªs" no Submarino:
http://www.submarino.com.br/rares_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=8&ProdId=905525&ST=SR&franq=184664
Sites relacionados:
http://editoraglobo.globo.com/
http://www.unicamp.br/