FM - Faculdade Mental

NOSSOS COLUNISTAS - 23/12/2007

POR UMA EDUCAÃ‡ÃƒO MELHOR EM 2008

DO TEMPO DAS CAVERNAS PARA UMA EDUCAÃ‡ÃƒO MELHOR EM 2008

A imagem Ã© fantasmagÃ³rica, mas o resultado Ã© bom: as crianÃ§as tendo aula numa caverna retratam o monumental esforÃ§o da China para educar sua populaÃ§Ã£o em todos os nÃveis. Nenhum outro paÃs emergente avanÃ§a tÃ£o celeremente nesse requisito vital para o desenvolvimento e a cidadania. Nos Ãºltimos dez anos, a taxa de analfabetismo chinesa caiu de 22% para 4%, a populaÃ§Ã£o universitÃ¡ria multiplicou-se por sete e o nÃºmero de cientistas dobrou. No mesmo perÃodo, o Brasil ficou para trÃ¡s. Pense numa estatÃstica, e os chineses estarÃ£o invariavelmente na dianteira. Na taxa de repetÃªncia, indicador clÃ¡ssico da qualidade do ensino, a China beira o zero, enquanto o Brasil pena com 20%. No outro extremo, o do ensino de ponta, a China tem 40% mais Ph.Ds. e produz dezesseis vezes mais patentes. Nas avaliaÃ§Ãµes internacionais feitas em 2007, o Brasil apareceu, como sempre, em colocaÃ§Ãµes vergonhosamente baixas. Numa comparaÃ§Ã£o entre 57 paÃses, os estudantes brasileiros ocuparam o 52Âº lugar em ciÃªncias. Os alunos deixam a escola sem dominar a leitura e sem saber distinguir os Ã³rgÃ£os do corpo humano. Ignoram que a Terra gira em torno do Sol. Isso, sim, remete ao tempo das cavernas.

Fonte: Veja - EdiÃ§Ã£o 2041.

PROFESSOR X

QUE O SENHOR ILUMINE A TODOS!

Quem faz o que gosta nÃ£o trabalha, mas usufrui de suas aventuras, assim como os que trabalham por amor alimentam-se do prazer de trabalhar. 2007 foi um ano trabalhoso. Tivemos muitos problemas, inclusive desastres e perdas de vidas. AtÃ© terremoto.
Mas chegamos neste "fim de ano" com alguns encaminhamentos importantes. Um deles diz respeito Ã decisÃ£o dos paÃses ricos -os maiores poluidores do planeta- de ajudar a combater a poluiÃ§Ã£o mundial. OxalÃ¡ isso se concretize!
No Ã¢mbito nacional, crescemos 5% -com a inflaÃ§Ã£o controlada e, ao que tudo indica, repetiremos o feito em 2008. Isso Ã© crucial para a geraÃ§Ã£o de empregos e para a melhoria das condiÃ§Ãµes de vida dos brasileiros.
HÃ¡ problemas pendentes. Na longa lista destacam-se os da saÃºde, da educaÃ§Ã£o e da energia. Na saÃºde, o fim da CPMF (ContribuiÃ§Ã£o ProvisÃ³ria sobre MovimentaÃ§Ã£o Financeira) impÃ´s um grande desafio, que implicarÃ¡ em remanejamento de recursos e, sobretudo, na melhoria da gestÃ£o dos hospitais e centros de saÃºde. Bons exemplos demonstram que, mesmo com os recursos escassos, a boa administraÃ§Ã£o consegue atender as pessoas com dignidade.
Na educaÃ§Ã£o, o maior desafio Ã© o de elevar a qualidade das escolas, o que tambÃ©m implica em melhoria da gestÃ£o e no uso racional dos recursos.
O Brasil continua pressionado para criar novas fontes de energia. Ainda dispomos de Ã¡gua abundante para gerar hidreletricidade e, recentemente, ficou demonstrada a viabilidade do etanol. A grande tarefa Ã© dar continuidade e sustentaÃ§Ã£o aos investimentos nesses campos. Se, de um lado, os desafios sÃ£o grandes, de outro, a forÃ§a da necessidade farÃ¡ nossas autoridades irem em busca de eficiÃªncia. Nada mais urgente para o Brasil do que melhorar a produtividade dos serviÃ§os pÃºblicos. Nesse sentido, a pressÃ£o da escassez sempre aperfeiÃ§oa os mÃ©todos de administrar. Tenho fÃ© nessa trajetÃ³ria. Estou certo de que os brasileiros vÃ£o colaborar com trabalho e tolerÃ¢ncia -virtudes muito valiosas para um povo que precisa crescer.
Com esses pensamentos em mente, desejo que os meus leitores "tenham usufruÃdo" de um santo Natal junto Ã s suas famÃlias.
Reservem algum tempo para pedir a Deus que fortaleÃ§a entre nÃ³s o amor e o respeito pelo prÃ³ximo. A felicidade dos seres humanos nÃ£o se resume no Ãªxito econÃ´mico.
Mais importante Ã© a forÃ§a moral.
Feliz Ano Novo a todos!

AntÃ´nio ErmÃrio de Moraes - Fonte: Folha de S.Paulo - 23/12/07.

PROFESSORA PASQUALINA

OBVIEDADES DA EDUCAÃ‡ÃƒO

AVISO: este artigo Ã© cheio de obviedades, mas, como as coisas nÃ£o mudam e fim de ano Ã© tempo de balanÃ§os, vale repeti-las.
Obviedade nÃºmero 1 - Todos sabem que acesso geral a uma escola de qualidade reduz a desigualdade social de qualquer paÃs. Ã‰ tambÃ©m sabido, hÃ¡ muito, que a desigualdade do Brasil Ã© uma das maiores do mundo (ficamos Ã frente apenas de alguns poucos paÃses africanos e de BolÃvia, Haiti, ColÃ´mbia e Paraguai no nosso continente, segundo a ONU). Agora, um estudo divulgado por esta Folha na ediÃ§Ã£o de segunda-feira mostrou que a desigualdade da educaÃ§Ã£o no paÃs Ã© ainda maior que a econÃ´mica! Somos, talvez, os campeÃµes mundiais nesse quesito.
Obviedade nÃºmero 2 - Diante desse novo dado, ou o Brasil redefine de vez suas prioridades ou vamos assistir aos demais paÃses avanÃ§arem enquanto discutimos uma versÃ£o do teorema do biscoito: o paÃs Ã© desigual economicamente porque somos desiguais na educaÃ§Ã£o ou somos desiguais na educaÃ§Ã£o porque nossa distribuiÃ§Ã£o de renda Ã© vergonhosa?
Obviedade nÃºmero 3 - Se os mais pobres freqÃ¼entassem boas escolas, teriam condiÃ§Ãµes de disputar com os mais afortunados bons trabalhos que pagam salÃ¡rios altos. Como isso nÃ£o acontece, os que tÃªm mais dinheiro pagam melhores escolas para os seus filhos. O que permite a eles acesso Ã s universidades de ponta. O que leva a melhores empregos. Que garantem melhores salÃ¡rios. Que permitem mais acumulaÃ§Ã£o de dinheiro. O que amplia a desigualdade.
Obviedade nÃºmero 4 - Essa todos os governantes deveriam ter aprendido, uma vez que foi repisada mais de 1 milhÃ£o de vezes: a polÃtica social que dÃ¡ mais resultados Ã© o investimento em educaÃ§Ã£o. Povo mais bem educado Ã© tambÃ©m mais saudÃ¡vel (noÃ§Ãµes de higiene evitam doenÃ§as) e tende a se envolver menos com a criminalidade (o trÃ¡fico, por exemplo, Ã© mais atraente para os sem-ensino e perspectivas). Num sÃ³ investimento hÃ¡ reduÃ§Ã£o de custos com saÃºde e combate Ã violÃªncia.
Obviedade nÃºmero 5 - Ã‰ claro que Ã© preciso cobrar do poder pÃºblico, mas os pais tÃªm contribuiÃ§Ã£o a dar. Educadores insistem que a escola melhora quando os pais participam cobrando resultados. EntÃ£o nÃ£o basta reclamar. Quer um futuro melhor para seu filho, freqÃ¼ente a escola.
Quanto aos professores, jÃ¡ pedindo perdÃ£o aos que se esforÃ§am, Ã© preciso mais seriedade dos que trabalham no setor pÃºblico. Como reduzir a desigualdade se cerca de 12,8% dos 230 mil professores da rede estadual de SÃ£o Paulo faltam por dia, sem que com isso percam salÃ¡rio? Na escola privada, as faltas nÃ£o chegam a 1% e, obviedade final, quem abusa perde o emprego.