FM - Faculdade Mental

PENSE! - 17/09/2009

DIA INTERNACIONAL DA PAZ

PEACE ONE DAY

English:
http://www.peaceoneday.org/en/concerts/concerts
http://www.internationaldayofpeace.org/
Em portuguÃªs, dia de paz, movimento que acontece todo ano em setembro, e faz parte de uma campanha global pelo cessar-fogo e o fim da violÃªncia.
O projeto "Peace One Day" foi criado em 1999 pelo cineasta inglÃªs Jeremy Gilley.
O Dia Internacional da Paz Ã© celebrado em 21 de Setembro e foi declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981.
Saiba mais sobre o projeto "Peace One Day":
http://druidnetwork.org/br/paz/peaceoneday
Leia mais sobre o Dia Internacional da Paz:
http://br.guiainfantil.com/cultura/207-dias-e-feriados/433-dia-internacional-da-paz.html

A PAZ NO YOUTUBE
Por causa do Dia Anual da Paz, um concurso no YouTube convida internautas a fazer vÃdeos que contem como estÃ£o promovendo a paz. Em http://peaceoneday.org/en/film/upload.
Eventos on-line - Acontece na Internet - Fonte: Folha de S.Paulo - 16/09/09.

PAZ?
A ameaÃ§a de uma bomba atÃ´mica estÃ¡ mais viva do que nunca. Os conflitos Ã©tnicos mataram quase 200 chineses sÃ³ no mÃªrs de julho.
Agora uma boa notÃcia: a paz mundial pode estar a caminho. Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo estÃ¡ bem menos sangrento do que jÃ¡ foi. Cerca de 250 mil pessoas morrem por ano em consequÃªncia de algum conflito armado, seja em combate, seja por fome ou doenÃ§as causadas pela guerra. Ã‰ bem menos do que no sÃ©culo 20, que teve 800 mil mortes anuais em sua 2Âª metade e 3,8 milhÃµes por ano atÃ© 1950.
O que aconteceu? O psicÃ³logo Steven Pinker, da Universidade de Harvard, diz que o aumento do nÃºmero de democracias ajudou. Assim como a nossa saÃºde: como a expectativa de vida subiu, temos mais medo de arriscar o pescoÃ§o. AtÃ© a globalizaÃ§Ã£o teria contribuÃdo: um mundo mais integrado Ã© um mundo mais tolerante, segundo Pinker.
Fonte: Super Interessante - EdiÃ§Ã£o 269.
Universidade de Harvard - http://www.harvard.edu/

O ÃšLTIMO DESEJO
Um grupo de voluntÃ¡rios do Hospital do CÃ¢ncer de UberlÃ¢ndia, em Minas Gerais, atende o Ãºltimo pedido de pacientes terminais â€“ e nos apresenta um mundo de amor, perdÃ£o e sonhos singelos.
O cÃ¢ncer Ã© um mal revelador. Ele revela de tudo: perdÃ£o, mÃ¡goa, dor, fraqueza, forÃ§a. A morte Ã© transformadora.
LaÃs Duarte - Fonte: ClÃ¡udia â€“ Setembro 2009.
Confira esse magnÃfico trabalho voluntÃ¡rio:
http://www.hospitaldocancer.org.br/wikcms/hospital-do-cancer/cuidados-paliativos

CUIDE DO SEU BOLSO E DO PLANETA JÃ!
FaÃ§a o download gratuito no site http://www.redetres.com/.
(COLABORAÃ‡ÃƒO: PROFESSORA ADRIANA FILETO)

DIA MUNDIAL DE LIMPEZA DE RIOS E PRAIAS
Um dia que pode transformar os outros 364.
19 de setembro.
Detalhes:
http://www.ecodesenvolvimento.org.br/ecomanagement/multinacional-promove-acoes-no-dia-mundial-de

ACERVO PROFISSIONAL
A famÃlia do jornalista Aloysio Biondi doou todo o acervo do profissional ao centro de documentaÃ§Ã£o do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade de Campinas (Unicamp). AlÃ©m de material de pesquisa, como livros, revistas, recortes de jornal, relatÃ³rios, censos e publicaÃ§Ãµes com anotaÃ§Ãµes do profissional, hÃ¡ tambÃ©m objetos pessoais -como a mÃ¡quina Remington que ele sÃ³ trocou pelo computador nos Ãºltimos dos 44 anos em que exerceu o jornalismo. A doaÃ§Ã£o faz parte do projeto "O Brasil de Aloysio Biondi", idealizado por sua famÃlia, por amigos e por ex-alunos.
MÃ´nica Bergamo â€“ Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 18/09/09.
Aloysio Biondi â€“ http://www.aloysiobiondi.com.br/
Instituto de Estudos da Linguagem - http://www.iel.unicamp.br/

JOIAS DA FAMÃLIA
Vejam esta reflexÃ£o que recebemos: "O primeiro protetor de testÃculos foi criado em 1874, para a prÃ¡tica do hÃ³quei. O primeiro capacete para proteÃ§Ã£o da cabeÃ§a foi usado em 1974. Foi necessÃ¡rio um sÃ©culo para que os homens percebessem que o cÃ©rebro tambÃ©m Ã© importante". Pensando bem, essa realidade nÃ£o mudou muito. Primeiro, as "joias da famÃlia"!
Paulo Navarro (http://www.pnc.com.br/) - Fonte: O Tempo â€“ 14/09/09.

SEDUTORAS ORQUÃDEAS
Elas atraem polinizadores com trapaÃ§as e promessas de sexo fÃ¡cil.
Veja: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-114/orquideas-493901.shtml
Fonte: National Geographic - NÃºmero 114 - Setembro 2009.

VEREADOR, UMA PROFISSÃƒO
O Congresso estÃ¡ prestes a criar cerca de 7.700 novas vagas de vereador. Salvo raras exceÃ§Ãµes, sÃ£o mais cabos eleitorais remunerados com dinheiro pÃºblico em cidades pequenas.
O Brasil tem 5.565 municÃpios. Em 2008, a esmagadora maioria (4.878) abrigava menos de 30 mil eleitores. Um exÃ©rcito de 321.650 candidatos disputou no ano passado 52.137 vagas de vereador. Os eleitos no interior participam, se tanto, de uma sessÃ£o semanal na CÃ¢mara Municipal local. Passam a maior parte do tempo ajudando seus chefes que serÃ£o candidatos na eleiÃ§Ã£o seguinte a deputado, senador ou governador. Ã‰ o bolsa-emprego na polÃtica.
Ser vereador Ã© uma boa ocupaÃ§Ã£o. O salÃ¡rio mÃ©dio no interior chega a R$ 1.742,09. Nas capitais, sobe para R$ 6.622,55. Os dados sÃ£o de 2005 e os Ãºnicos disponÃveis (apurados pelo Senado). De lÃ¡ para cÃ¡, os gastos cresceram. Teresina, capital do PiauÃ, jÃ¡ paga R$ 9.200 aos seus 21 vereadores -em breve serÃ£o 29 com a nova regra.
Nem sempre foi assim. Da monarquia atÃ© o inÃcio da RepÃºblica, a maioria das cidades nÃ£o remunerava vereadores. No sÃ©culo 20, disseminou-se o costume de pagar salÃ¡rios aos legisladores municipais.
Com seu viÃ©s falso moralista, a ditadura militar (1964-1985) ensaiou acabar com a farra. Baixou em 1965 o ato institucional nÂº 2 eliminando a remuneraÃ§Ã£o de vereadores futuros, "seja a que tÃtulo for". Os militares nÃ£o aguentaram a pressÃ£o. Em 1967, recuaram. Permitiram salÃ¡rios para vereadores de capitais e de cidades com mais de 100 mil habitantes. Em 1975, liberaram geral.
Ã‰ fÃ¡cil entender por que o Congresso aprovarÃ¡ essa orgia de vereadores. SÃ£o os polÃticos pensando neles mesmos. Mas, registre-se, tenebrosas transaÃ§Ãµes assim sÃ³ ocorrem por causa do vÃ¡cuo deixado pelo silÃªncio dos eleitores.
Fernando Rodrigues - Fonte: Folha de S.Paulo â€“ 14/09/09.

NO QUARTO ESCURO
Raramente, ou nunca, se ouve falar de presidentes da RepÃºblica, primeiros-ministros ou outros tops de linha da vida pÃºblica que vÃ£o regularmente ao psicanalista â€“ ou ao psiquiatra, psicÃ³logo, psicoterapeuta, como se queira. Por que serÃ¡? NÃ£o haveria nada de mau se fossem. Afinal, sÃ£o seres humanos como quaisquer outros; como quaisquer outros, tÃªm uma cabeÃ§a e os problemas que vÃªm dentro dela. O fato de ocuparem o topo da cadeia alimentar do mundo polÃtico, em suma, nÃ£o os livra da sentenÃ§a que o compositor Caetano Veloso tornou cÃ©lebre: "De perto, ninguÃ©m Ã© normal". Pensando bem, deveriam recorrer a esse tipo de assistÃªncia atÃ© mais que os cidadÃ£os comuns, pois faz parte de sua atividade tomar decisÃµes que podem afetar todo mundo, e muitas vezes o que decidem Ã© o resultado do que tÃªm lÃ¡ no fundo de sua personalidade.
Basta olhar um pouco mais o comportamento dessa gente toda para constatar que o assunto deveria merecer atenÃ§Ã£o maior do que a que geralmente recebe. O ex-presidente George W. Bush, por exemplo, dava a impressÃ£o de ser uma pessoa claramente necessitada de algum tipo de ajuda psicolÃ³gica profissional. O presidente da FranÃ§a, Nicolas Sarkozy, cuja hiperatividade Ã© tÃ£o comentada, parece ser outro caso interessante. NinguÃ©m acharia estranho, tambÃ©m, se cruzasse na antessala do analista com Hugo ChÃ¡vez, Silvio Berlusconi ou Muamar Kadafi. E esse cidadÃ£o que era presidente de Honduras e vive perturbando a paciÃªncia de meio mundo para recuperar o emprego que perdeu? O homem nÃ£o aparece, nunca, sem aquele chapÃ©u; Ã© esquisito.
E por aqui? Por aqui temos o presidente Luiz InÃ¡cio Lula da Silva e sua prÃ³pria personalidade. Cada caso Ã© um caso, claro. NinguÃ©m estÃ¡ dizendo, pelo amor de Deus, que os nomes citados se equivalem, ou tÃªm os mesmos problemas. Trata-se, simplesmente, de observar que o presidente da RepÃºblica tambÃ©m estÃ¡ sujeito Ã s diversas complicaÃ§Ãµes que povoam o quarto escuro onde funciona a mente dos homens. Ou seja, nÃ£o dÃ¡ para entender apenas atravÃ©s da polÃtica o que ele diz e faz; certas coisas sÃ³ mesmo o psicanalista pode explicar, e ainda assim nÃ£o Ã© sempre que consegue. O fato Ã© que seria provavelmente um pouco mais fÃ¡cil compreender para onde o Brasil estÃ¡ indo se fosse possÃvel conhecer um pouco mais da ficha psicolÃ³gica do presidente. Que problema poderia haver nisso? PsicanÃ¡lise, Ã© verdade, Ã© vista como coisa de classe mÃ©dia alta; mas Lula Ã© da classe mÃ©dia alta, pelo menos. TambÃ©m Ã© certo que custa caro, mas isso nÃ£o seria problema para quem jÃ¡ tem direito a Airbus particular, cartÃ£o de crÃ©dito corporativo e plano mÃ©dico pago pelo ErÃ¡rio; duas boas sessÃµes de cinquenta minutos por semana nÃ£o iriam destruir o orÃ§amento da UniÃ£o. Falta de tempo para deitar no divÃ£? NÃ£o seria por aÃ, certamente.
Os ganhos, em compensaÃ§Ã£o, poderiam ser bem interessantes. Um profissional das ciÃªncias ligadas Ã mente talvez ajudasse a entender, por exemplo, por que o presidente praticamente nÃ£o consegue dizer um "bom dia" sem falar mal de seus opositores, reais ou imaginÃ¡rios, sobretudo se fizeram parte do governo que o antecedeu. De onde vem tanto rancor? NÃ£o Ã© normal. Mesmo quando estÃ¡ comemorando alguma coisa boa, real ou imaginÃ¡ria, Lula sempre encontra um jeito de sair de pau para cima de alguÃ©m; dÃ¡ a impressÃ£o de que sÃ³ fica satisfeito, mesmo, quando agride, critica ou faz pouco de quem coloca na sua lista de adversÃ¡rios. Ã‰ um problema, porque esse tipo de distÃºrbio, quando vem de cima, parece transmissÃvel; ministros de estado, principalmente se sÃ£o candidatos Ã sucessÃ£o presidencial, aliados e bajuladores em geral adquirem com facilidade os mesmos sintomas. E a soberba, entÃ£o? Seria difÃcil encontrar, na vida pÃºblica brasileira, alguÃ©m tÃ£o convencido quanto Lula da sua prÃ³pria superioridade; acha que cabe a ele ou a seu governo, sem a menor dÃºvida, tudo o que existe ou pode existir de bom neste mundo, da descoberta do prÃ©-sal Ã invenÃ§Ã£o do ovo frito. Como jÃ¡ observou o poeta Ferreira Gullar, Ã© um dos grandes mistÃ©rios da nossa histÃ³ria saber como o Brasil conseguiu sobreviver sem Lula durante os primeiros 502 anos de sua existÃªncia. Os psicanalistas tambÃ©m teriam um trabalhÃ£o para determinar por que o presidente fica tÃ£o bravo, o tempo todo, com os que tÃªm ideias diferentes das dele em questÃµes de governo; sÃ£o acusados de ser inimigos do Brasil, dos pobres, da justiÃ§a, do progresso e dos Dez Mandamentos. Na melhor das hipÃ³teses, como ocorreu hÃ¡ pouco, sÃ£o chamados por Lula de "imbecis".
CabeÃ§a a estudar, sem dÃºvida.
J.R.Guzzo - Fonte: Veja - EdiÃ§Ã£o 2130.

BARBINHAS RALAS E BIGODINHOS VERTICAIS
Quero ser feliz. Para isso, preciso de modelos. HÃ¡ os livros de autoajuda, hÃ¡ a felicidade oficial da "mÃdia". Quero ser feliz e nas revistas vejo os Ãdolos modernos malhados, todos sedutores e comedores com a barbinha malfeita de propÃ³sito ("six oÂ´clock shave") pegando as "modeletes" - todas rapadinhas com seus bigodinhos de Hitler no pÃºbis (Brazilian wax). Barbinhas ralas e bigodinhos verticais sÃ£o a Ãºltima moda importada de NY para os garanhÃµezinhos e namoradas chiques.
NÃ£o estou criticando isso; estou Ã© com inveja dessa ligeireza, tenho inveja da mediocridade dos objetivos. No Brasil de hoje, a burrice Ã© uma bÃªnÃ§Ã£o. Os homens-celebridades estÃ£o cada vez mais seguros de seus harÃ©ns, as mulheres mais belas. No entanto, velho romÃ¢ntico, penso: e a conversa de depois? Como manter aquela energia narcisista? Meu avÃ´ uma vez me gozou: "Quer namorada inteligente? Vai namorar o San Tiago Dantas... (intelectual da Ã©poca)".
Quero ser feliz modernamente, mas carrego comigo lentidÃµes, traumas, conflitos. Sinto-me aquÃ©m dos felizes de hoje. NÃ£o consigo me enquadrar nos rituais de prazer das revistas. Posso ter uma crise de depressÃ£o em meio a uma orgia...
Fui educado por jesuÃtas e pai severo, para quem o riso era um pecado; ensinaram-me que a felicidade era uma missÃ£o a ser cumprida, a conquista de algo maior, que nos coroasse de louros. A felicidade demandava sacrifÃcio, uma luta sobre obstÃ¡culos. Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada Ã ideia de "dignidade", de vitÃ³ria de um projeto de poder. Vemos os barbudos do sÃ©culo 19 de nariz empinado, os perfis de medalha, donos de um poder qualquer nem que fosse no lar, sobre a mulher e filhos aterrorizados.
Mas eu queria ser mais livre, menos vergado ao peso de tanta responsabilidade severa.
Por isso, quando cheguei aos 20 anos, meu Ãdolo passou a ser James Bond: bonito, corajoso, entendendo de vinhos e de aviÃµes superssÃ´nicos, comendo todo mundo, de smoking. Ele era livre e mundano? Sim, mas mesmo James Bond se esforÃ§ava, pois tinha a missÃ£o de "salvar o mundo". Era um trabalhador incansÃ¡vel que merecia as louras que papava. Hoje, nÃ£o. Nossos herÃ³is masculinos nÃ£o trabalham ou ostentam uma "allure" ociosa e cÃnica.
A mÃdia nos ensina que os herÃ³is da felicidade nÃ£o tÃªm ideal algum a conquistar, a nÃ£o ser eles mesmos. A felicidade Ã© uma construÃ§Ã£o de bom funcionamento, de desempenho. O ideal de felicidade Ã© o brilho do prazer sem conflitos, sem afetos profundos - todos sorridentes e simpÃ¡ticos, porque Ã© mais "comercial" ser alegre do que bancar os velhos herÃ³is, que carregavam a dor do mundo. O herÃ³i feliz passa a ideia de que nÃ£o precisa de ninguÃ©m. Para o herÃ³i da mÃdia, o mundo Ã© um grande pudim a ser comido. Sem compromissos, ele quer sexo e amor, sem amar ninguÃ©m. HÃ¡ um "donjuanismo" consentido, pois as mulheres nÃ£o defendem mais virtudes castas - ao contrÃ¡rio, cada vez mais imitam o comportamento deles. Desejam ser "coisas" se amando. Assim como a mulher deseja ser um "aviÃ£o", uma mÃ¡quina peituda, bunduda, sexy, o homem tambÃ©m quer ser uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente e, mais que tudo, um grande pÃªnis voador, superpotente, frÃvolo, que pousa e voa de novo, sem flacidez e sem angÃºstias. O encontro humano virou um modelo de armar, um "lego" de carne. O herÃ³i macho A se encaixa em heroÃna fÃªmea B e produzem uma engrenagem C, repleta de luxo e arrepios entre lanchas e caipirinhas, entre jet skis e BMWs, num esfuziante casamento que dura, no mÃ¡ximo, trÃªs capas de "Caras".
E de tudo isso emana uma estranha "profundidade superficial" (desculpem o oxÃmoro), porque esse diletantismo raso tem o charme de ser uma sabedoria elegante e "contemporÃ¢nea".
Meu homem Ã© antes de tudo um forte, mas um negador. Para ser feliz, precisa negar, renegar problemas, esquecer, nÃ£o lembrar das tristezas do mundo. Sua receita de felicidade: nÃ£o pensar em doenÃ§as, ignorar o inconsciente, lamentar a misÃ©ria sem nada fazer por ela. O macho brasileiro tem pavor de ser possuÃdo ou tomado pela fraqueza da paixÃ£o. NÃ£o hÃ¡ entrega; basta-lhe o encaixe.
Meu homem moderno almeja orgasmos longos, ereÃ§Ãµes vÃtreas sem trÃªmulas meias-bombas; meu homem feliz quer ser malhado e esportivo, se bem que informado e cÃnico; meu homem conhece bem as tragÃ©dias modernas, mas se lixa para elas, nÃ£o por maldade, mas por um alegre desencanto.
Meu homem vive em velocidade. O mundo da internet, do celular, do mercado financeiro imprimiu seu ritmo nele, dando-lhe o glamour de um funcionamento sem corrosÃ£o, sem desgaste de material, uma eterna juventude que afasta a ideia de morte ou velhice. Felicidade Ã© um videoclipe; angÃºstia Ã© Antonioni.
Assim, meu homem feliz Ã© casado consigo mesmo.
Mas, chega um dia em que o herÃ³i deprime, um dia em que a barriga cresce, o amargor torce-lhe os lÃ¡bios, o "passaralho" cai, e o homem feliz percebe que tambÃ©m precisa de um ideal de encontro, de algo semelhante Ã tal velha felicidade.
Ele comeÃ§a a perceber, confusamente, que a verdadeira solidÃ£o Ã© apavorante. DaÃ, ele faz tudo para evitar a ideia de morte, de fim, senÃ£o sua liberdade ficaria insuportÃ¡vel.
Com a idade, ele percebe que nÃ£o hÃ¡ apoteose na vida. Nada se fecharÃ¡ numa plenitude, nada se resolverÃ¡ inteiramente.
DaÃ, ele passa a viver um paradoxo: ligar-se sem ligar-se. Ele percebe que precisa do amor ou do casamento ou de mais poder como uma "esperanÃ§a de sentido".
AÃ, sua tentativa de felicidade fica "em rodÃzio", como em uma churrascaria: amor, poder, sexo. Em vez de se conformar com essa mutaÃ§Ã£o sem finalidade, ele tenta satisfazer-se numa eterna insatisfaÃ§Ã£o.
Como um James Bond fracassado, como um Tom Cruise envelhecido que jamais perde a pose. Nem para si mesmo. E se gasta nessa "MissÃ£o ImpossÃvel".
Arnaldo Jabor (http://www.arnaldojabor.blogger.com.br/) - Fonte: O Tempo â€“ 15/09/09.