FM - Faculdade Mental

PENSE! - 21/05/2007

HÃ QUE SE PENSAR MUITO...

O POVO NÃƒO ESTÃ PREPARADO PARA O AUTOATENDIMENTO

Veja a charge e pense nisso!!!

O CACHORRO VELHO

Uma velha senhora foi para um safari na Ãfrica e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caÃ§ando borboletas, o velho cÃ£o, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cÃ£o percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direÃ§Ã£o, com intenÃ§Ã£o de conseguir um bom almoÃ§o. O cachorro velho pensa:
-"Oh,oh! Estou mesmo enrascado! Olhou Ã volta e viu ossos espalhados No chÃ£o por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cÃ£o ajeita-se junto ao osso mais prÃ³ximo, e comeÃ§a a roÃª-lo, dando as costas ao predador. Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
-Cara, este leopardo estava delicioso! SerÃ¡ que hÃ¡ outros por aÃ?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, jÃ¡ quase comeÃ§ado, e se esgueira na direÃ§Ã£o das Ã¡rvores.
-Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase Me pega!
Um macaco, numa Ã¡rvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteÃ§Ã£o para si, informaria ao predador que o vira-lata nÃ£o havia comido leopardo algum... E assim foi, rÃ¡pido, em direÃ§Ã£o ao leopardo. Mas o velho cachorro o vÃª correndo na direÃ§Ã£o do predador em grande velocidade, e pensa:
-AÃ tem coisa!
O macaco logo alcanÃ§a o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
-"AÃ, macaco! Suba nas minhas costas para vocÃª ver o que acontece com aquele cachorro abusado!"
Agora, o velho cachorro vÃª um leopardo furioso, vindo em sua direÃ§Ã£o, com um macaco nas costas, e pensa:
-E agora, o que Ã© que eu posso fazer? Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doÃdas nÃ£o o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda nÃ£o os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cÃ£o diz:
-"CadÃª o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim!â€
Moral da histÃ³ria: nÃ£o mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepÃµem Ã juventude e intriga. Sabedoria sÃ³ vem com idade e experiÃªncia
Se vocÃª nÃ£o mandar essa fÃ¡bula a 5 "velhos" amigos jÃ¡, jÃ¡, haverÃ¡ menos 5 pessoas rindo no mundo. Ã‰ claro, que eu nÃ£o estou, de modo algum, insinuando que vocÃª esteja velho(a). Apenas um tantinho assim mais experiente.
"O diabo sabe mais por ser velho, do que por ser diabo!"

(ColaboraÃ§Ã£o: MÃ¡rio Schuster)

DE NEOLIBERAIS A NEOBOBOS

PENSE NO sujeito que, hÃ¡ anos, estÃ¡ socado no seu imÃ³vel rural, longe de tudo e de todos, plantando uma roÃ§a de subsistÃªncia.
De repente, o governo projeta e constrÃ³i uma rodovia de seis faixas passando pela porta do felizardo.
Qual o nome que se dÃ¡ para esse tipo de sorte: competÃªncia? Pense agora num outro sujeito, endividado mas insistente, que vai comprando bilhetes de loteria atÃ© o dia em que acerta a quina... Sortudo? Cabra competente?
Agora pense no paÃs que, hÃ¡ duas dÃ©cadas, vem se arrastando pouco acima do crescimento vegetativo da populaÃ§Ã£o, cujos jovens querem emigrar para outros lugares melhores e onde trabalhar paga imposto, mas aplicar em rendas, nÃ£o, especialmente se o recurso vem do exterior. Imagine, entÃ£o, que esse paÃs endividado vÃª seus produtos extrativos se valorizarem da noite para o dia, deixando-lhe saldos crescentes para pagar todas as suas contas, atÃ© entÃ£o penduradas no FMI (Fundo MonetÃ¡rio Internacional), liquidar com credores privados etc. Ã‰ sorte ou competÃªncia?
O Brasil tem tido muita sorte ultimamente. Nesse ambiente, facilmente nos esquecemos da origem da nossa felicidade, passando a atribui-la a algum tipo de premoniÃ§Ã£o genial que nos teria feito posicionar o paÃs na rota da competÃªncia absoluta. Humildade e menos prepotÃªncia conviria a um povo que -faz 30 anos- perdeu-se na neblina de suas prÃ³prias contradiÃ§Ãµes, nÃ£o havendo, desde entÃ£o, conseguido reafirmar para si mesmo, menos ainda para os outros, onde deseja chegar e qual o futuro da naÃ§Ã£o.
Contrariamente, esse sucesso que nos invade pela porta dos fundos da valorizaÃ§Ã£o do real Ã© objeto de discreta aversÃ£o pelos outros paÃses, especialmente os asiÃ¡ticos, que insistem em se precaver contra os efeitos devastadores dessa doenÃ§a, reconhecendo apenas no trabalho, na escolaridade crescente e nas inovaÃ§Ãµes tÃ©cnicas a origem de uma prosperidade efetiva e sustentÃ¡vel.
A tal Ã©tica da valorizaÃ§Ã£o sÃºbita dos nossos ativos, que enlouquece de prazer os consumidores e transforma polÃticos em grandes estadistas da hora, apesar dos Ã³bvios rendimentos polÃticos e atÃ© sociais (por resgatar parte da imensa pobreza), nÃ£o nos faz mais inteligentes nem competentes. SaÃmos do terrÃvel neoliberalismo e caÃmos no perigoso neobobismo.
Nesse novo modelito, ninguÃ©m se pergunta, por exemplo, por que diabos os paÃses donde se origina nossa sorte -os asiÃ¡ticos, em especial- insistem em manter de pÃ© suas produÃ§Ãµes industriais, com crÃ©dito farto, taxa de juros baixÃssimas para todos e quase nenhuma tributaÃ§Ã£o, alÃ©m da melhor infra-estrutura possÃvel e acesso Ã s melhores prÃ¡ticas e tecnologias. Nossos concorrentes mundiais estÃ£o mirando estabilidade de preÃ§os, sim, mas o alvo final das polÃticas nacionais sÃ£o os empregos, milhÃµes e milhÃµes deles, pois a filosofia dos asiÃ¡ticos nÃ£o prevÃª sustentar suas populaÃ§Ãµes com INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ou com Bolsa FamÃlia. Com empregos e educaÃ§Ã£o, sim. Esses milhÃµes de empregos sÃ£o disputados, mundo afora, pelos paÃses que se interessam em fazer suas populaÃ§Ãµes enriquecer gradualmente por meio da acumulaÃ§Ã£o resultante do trabalho e ver suas poupanÃ§as transformadas em capitalismo social. Soa parecido conosco? Nem um pouco...
Fantasiados pela prosperidade sÃºbita, em nossos sonhos de retalhos, vestimo-nos para desfilar sob o olhar piedoso de quem agora nos torna por neobobos.

PAULO RABELLO DE CASTRO, 58, doutor em economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), Ã© vice-presidente do Instituto AtlÃ¢ntico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside tambÃ©m a RC Consultores, consultoria econÃ´mica, e o Conselho de Planejamento EstratÃ©gico da Fecomercio SP (FederaÃ§Ã£o do ComÃ©rcio do Estado de SÃ£o Paulo).
Fonte: Folha de S.Paulo - 23/05/2007.

A MATURIDADE DO VESTIBULANDO

Dia do Vestibulando.
NÃ£o Ã© incrÃvel que haja uma data para lembrar uma situaÃ§Ã£o tÃ£o efÃªmera? O estudante que se prepara para prestar o vestibular gasta nisso um ano, no mÃ¡ximo dois -quando ele insiste em cursar determinada faculdade e nÃ£o um curso. Damos valor a isso: hÃ¡ grife inclusive na faculdade. NÃ£o sei se podemos considerar que hÃ¡ cursos de graduaÃ§Ã£o muito melhores que outros; talvez o mais sensato seja reconhecer que hÃ¡ cursos muito piores que outros.
Conversei com alguns vestibulandos para entender como passam por esse perÃodo. Quase nÃ£o encontrei consensos. HÃ¡ vestibulandos que levam essa fase "numa boa", como dizem.
Estudam o necessÃ¡rio para passar, contando com a sorte, e nÃ£o abrem mÃ£o de sua vida pessoal -continuam a namorar, passear e viver como antes.
Esses alunos tÃªm em comum certa maturidade: tÃªm a primeira escolha (a faculdade ou curso que desejariam freqÃ¼entar) e vÃ¡rias alternativas. Pelo jeito, nÃ£o se sentirÃ£o humilhados nem diminuÃdos se tiverem de optar por elas. Um deles expressou o que considerei maturidade numa frase: "A gente passa no que pode, nem sempre no que quer". Mas Ã© preciso lembrar que todos eles se importam com o exame e se dedicam -uns mais, outros menos.
Um outro grupo Ã© o dos indecisos: eles estÃ£o patinando na escolha da profissÃ£o, ou melhor, do curso. JÃ¡ mudaram de opiniÃ£o vÃ¡rias vezes e parece que buscam garantias de vida no futuro prÃ³ximo. Eles tÃªm muitas perguntas sobre a vida e quase nÃ£o tÃªm interlocutores -alguns freqÃ¼entam programas de orientaÃ§Ã£o vocacional, mas nÃ£o ficam satisfeitos com o resultado e contam com a benevolÃªncia dos pais nessa indecisÃ£o. Por sinal, muitos adultos consideram precoce a escolha da profissÃ£o nessa idade. Isso nÃ£o Ã© uma aposta na imaturidade dos jovens e na imobilidade da vida profissional?
Um grupo que me chamou a atenÃ§Ã£o foi o dos jovens que se sentem pressionados. Eles nem sempre conseguem localizar de onde vem a pressÃ£o: pode vir dos pais (nem sempre direta), pode vir de seus pares, pode vir da sociedade. O fato Ã© que a pressÃ£o jÃ¡ estÃ¡ internalizada e, mesmo que nÃ£o seja clara, eles sempre irÃ£o enxergÃ¡-la e sofrer.
A ansiedade Ã© a maior conseqÃ¼Ãªncia dessa pressÃ£o e colabora para que esses adolescentes fiquem quase paralisados frente Ã missÃ£o que tÃªm: estudam e nÃ£o rendem, fracassam por antecipaÃ§Ã£o e se culpam por isso.
Por Ãºltimo, hÃ¡ jovens que nÃ£o sabem por que sÃ£o vestibulandos. Eles parecem nÃ£o encontrar sentido nos estudos e prestarÃ£o vestibular porque acham o fato inevitÃ¡vel. O mais sÃ©rio Ã© que desdenham o futuro e nÃ£o imaginam que o que fazem no tempo presente Ã© uma construÃ§Ã£o do que viverÃ£o logo mais.
O que mais me impressionou nas conversas com os vestibulandos foi a solidÃ£o e o abandono em que vivem, mesmo que nÃ£o reconheÃ§am tais situaÃ§Ãµes.
Fizemos com que acreditassem que passar no vestibular seria uma coisa importantÃssima na vida deles, mas aprender a viver -e prestar vestibular Ã© sÃ³ um detalhe nesse aprendizado- tem muito mais valor. Para isso, a presenÃ§a educativa e dedicada dos adultos -nÃ£o infantilizadora- ainda Ã© imprescindÃvel, por mais que os jovens a queiram dispensar.

[...] Muitos adultos consideram precoce a escolha da profissÃ£o; nÃ£o Ã© uma aposta na imaturidade dos jovens?

ROSELY SAYÃƒO Ã© psicÃ³loga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
Fonte: Folha de S.Paulo - 24/05/2007.

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