FM - Faculdade Mental

MANCHETES DA SEMANA - 07/05/2009

LEIS E FAMÃLIAS

GRANDE FAMÃLIA - OS ARTUROS

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Os tambores vÃ£o rufar em maio, e uma comunidade de sangue africano e raÃzes brasileiras estarÃ¡ mais uma vez reunida para celebrar a liberdade, ou a aboliÃ§Ã£o da escravatura - 121 anos desta feita. Mais homogÃªneo grupo remanescente de escravos do Brasil, os Arturos vivem no municÃpio de Contagem, Minas Gerais. SÃ£o todos herdeiros de Arthur Camilo SilvÃ©rio, que, em 1880, adquiriu a Ã¡rea de 6 hectares onde hoje se concentram as 50 famÃlias de descendentes, cerca de 400 pessoas. O evento de maio Ã© uma das datas expoentes do calendÃ¡rio local, pontuado pelo culto irrestrito a Nossa Senhora do RosÃ¡rio em solenidades carregadas de memÃ³ria - seja na roupa e na culinÃ¡ria, seja nas danÃ§as folclÃ³ricas, como reisados, congados e moÃ§ambiques.
Desde o ano passado, os Arturos integram um programa do governo federal que relaciona pontos estratÃ©gicos de difusÃ£o cultural e incentiva a produÃ§Ã£o audiovisual e a inclusÃ£o digital dos moradores. A famÃlia mineira disporÃ¡ tambÃ©m de recursos para a construÃ§Ã£o de um espaÃ§o fÃsico, uma referÃªncia nacional ao conhecimento quilombola. "A intenÃ§Ã£o do projeto Ã© aglutinar ainda mais as tradiÃ§Ãµes da comunidade, dessa vez com tecnologia", diz JoÃ£o Batista da Luz, bisneto do patriarca e presidente de honra da Irmandade Nossa Senhora do RosÃ¡rio de Contagem, que coordena as festas do grupo.
Ronaldo Ribeiro - National Geographic Brasil - Maio 2009.
Arturos -
http://www.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=219
http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/mg/mg_quilombos_urbanos_arturos.html
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LEI ÃUREA
Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a lei Ãurea que aboliu a escravidÃ£o no Brasil. "Ãurea" quer dizer "de ouro" e a expressÃ£o refere-se ao carÃ¡ter glorioso da lei que pÃ´s fim a essa forma desumana de exploraÃ§Ã£o do trabalho.
Leia mais:
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u65.jhtm

LEIS HISTÃ“RICAS
A Ãntegra da Lei Ãurea:
http://www.soleis.adv.br/leishistoricas.htm

13 DE MAIO NO PORTO AFRO INSTITUTO CULTURAL
Dia Nacional de DenÃºncia Contra o Racismo;
Dia dos Pretos Velhos;
1881 â€“ Nasceu o escritor Lima Barreto;
1888 â€“ A Princesa Isabel decreta a aboliÃ§Ã£o da escravatura no Brasil;
1950 â€“ Nasce o cantor e compositor Stevie Wonder;
1984 â€“ Criado o Conselho de ParticipaÃ§Ã£o e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de SÃ£o Paulo.
http://www.portalafro.com.br/

SEM EDUCAÃ‡ÃƒO, NÃƒO HÃ LIBERDADE
Fernando Haddad, ministro da EducaÃ§Ã£o, constrangido e decepcionado, relatou que nos 15 anos que permanecera na USP, entre graduaÃ§Ã£o e pÃ³s-graduaÃ§Ã£o, nÃ£o teve a alegria da companhia de um colega de classe negro e, com bastante certeza, tambÃ©m de nenhum professor, haja vista que, dos quase 6.000 professores da maior universidade da AmÃ©rica Latina, apenas 6 sÃ£o negros.
Disse ainda que essa ocorrÃªncia era ininteligÃvel e inaceitÃ¡vel num paÃs construÃdo sobre alicerces republicanos e sobre vigas democrÃ¡ticas.
Assim, complementava o ministro, os 120 jovens negros formandos da primeira turma da Faculdade Zumbi dos Palmares, no ano de 2008, tinham sido mais felizes do que ele e, certamente, tiveram uma oportunidade Ãmpar de vivenciar intensamente o valor da diversidade, apresentando, dessa forma, melhores possibilidades de se tornarem bons profissionais e competentes cidadÃ£os.
A correta e exata constataÃ§Ã£o, que, em grande medida, pode ser estendida para o conjunto do ensino superior pÃºblico e privado e, sem muitas exceÃ§Ãµes, para o universo dos espaÃ§os de status, prestÃgio e poder do paÃs, aponta com precisÃ£o a terrÃvel contradiÃ§Ã£o entre as aspiraÃ§Ãµes e os ideÃ¡rios de justiÃ§a e igualdade da sociedade brasileira e a verdade da realidade cotidiana.
Os escombros de 350 anos de escravidÃ£o espalhados e abandonados pelos cantos do paÃs e os 121 anos da aboliÃ§Ã£o que a RepÃºblica extinguiu e inaugurou, respectivamente, produziram uma sociedade racialmente hierarquizada, na qual os negros do Brasil "de fora" nÃ£o entram no Brasil "de dentro".
A ideologia da inferioridade do negro, acompanhada de sua permanente desconstruÃ§Ã£o como pessoa humana, com a finalidade de produzir justificativas morais e legitimidade polÃtica para a instalaÃ§Ã£o e manutenÃ§Ã£o do comÃ©rcio do corpo e a escravidÃ£o, cristalizou e naturalizou o preconceito e a discriminaÃ§Ã£o nas estruturas do Estado e das instituiÃ§Ãµes.
Essa ideologia povoou e impregnou o imaginÃ¡rio social e continua sendo alimentada e se alimentando livremente, produzindo e reproduzindo as mesmas crenÃ§as e prÃ¡ticas que definem, na mente e no gesto, o lugar do negro no edifÃcio social.
NÃ£o existem as placas ostensivas e leais do "No black" do apartheid sul-africano ou norte-americano nos elevadores da nossa RepÃºblica. Elas sÃ£o invisÃveis, operam silenciosas e mediante engenhos sofisticados. No nosso edifÃcio social, os elevadores nÃ£o possuem placas, mas, quando franqueado, o negro sÃ³ pode subir pelo de serviÃ§o.
Um simples olhar ao nosso redor Ã© suficiente para demonstrar que aqueles que nos antecederam fizeram escolhas erradas. Ã‰ claro, estÃ¡ faltando negro aÃ! Ã‰ equivocada a ideia de justiÃ§a e liberdade quando dois cidadÃ£os se encontram para sempre impedidos de se cruzarem ao longo do caminho porque suas estradas sÃ£o paralelas.
Um paÃs com esses atributos nÃ£o poderÃ¡ ser longevamente bom para ninguÃ©m. Devemos recusar a ideia de que este Ã© o melhor paÃs que podemos construir. Devemos nos rebelar contra a naturalizaÃ§Ã£o de um paÃs separado e desigual. Precisamos construir um novo paÃs. Proponho que comecemos pela educaÃ§Ã£o.
Uma educaÃ§Ã£o em que a diversidade Ã©tnica e estÃ©tica seja um valor global na prÃ¡tica cotidiana, na formaÃ§Ã£o, na ambientaÃ§Ã£o, na distribuiÃ§Ã£o da participaÃ§Ã£o das oportunidades. Uma educaÃ§Ã£o em que o acesso aos recursos pÃºblicos e os negÃ³cios com o Estado exijam a contrapartida da prÃ¡tica e a cultura da diversidade.
Em que a comunicaÃ§Ã£o como concessÃ£o esteja subordinada ao primado da pluralidade estÃ©tica e da representaÃ§Ã£o social.
Uma educaÃ§Ã£o em que os resultados da produÃ§Ã£o do conhecimento e o acesso aos bens culturais sejam indistintamente disponibilizados a todos.
Definitivamente, precisamos de uma educaÃ§Ã£o que possibilite a construÃ§Ã£o de caminhos variados e que todos os caminhos faÃ§am com que as pessoas se descubram, se emocionem, troquem confidÃªncias, se toquem, se amem e cantem juntas uma canÃ§Ã£o.
AmanhÃ£, 14 de maio, nÃ³s, da Faculdade Zumbi dos Palmares, entregamos Ã naÃ§Ã£o mais 240 jovens negros formados no curso de administraÃ§Ã£o.
Sessenta por cento deles efetivados nos estÃ¡gios executivos com os parceiros do sistema bancÃ¡rio.
Mais uma vez, com o apoio inestimÃ¡vel de grandes brasileiros, confirmamos o que soubemos e praticamos desde sempre: a liberdade educa e a educaÃ§Ã£o liberta. Sem educaÃ§Ã£o, nÃ£o hÃ¡ liberdade.
JOSÃ‰ VICENTE , advogado, sociÃ³logo, mestre em administraÃ§Ã£o e doutorando em educaÃ§Ã£o, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.
Fonte: Folha de S.Paulo - 13/05/09.
Faculdade Zumbi dos Palmares - http://www.unipalmares.edu.br/

LIVRO REVELA VISÃ•ES SOBRE A PRESENÃ‡A DO NEGRO NA MÃDIA
O livro foi lanÃ§ado em novembro do ano passado, mas, por considerar a relevÃ¢ncia do tema de que trata - e sua atualidade -, a professora e jornalista RosÃ¡lia Diogo, promoveu em 06 de maio nos jardins internos do PalÃ¡cio das Artes, uma sessÃ£o especial de autÃ³grafos de "Rasuras no Espelho de Narciso - Educadoras Negras e a CrÃtica Ã s RepresentaÃ§Ãµes do Negro na MÃdia". O evento antecipou as comemoraÃ§Ãµes pelo dia 13 de maio, em que se celebra a aboliÃ§Ã£o da escravatura.
Como o subtÃtulo da obra sugere, "Rasuras no Espelho de Narciso" confronta a forma como o negro Ã© tratado na mÃdia com a visÃ£o de educadoras negras sobre a questÃ£o. Fruto de pesquisa de mestrado desenvolvida na UFMG, o livro conclui, segundo a autora, que a representaÃ§Ã£o dos afro-descendentes na mÃdia ainda Ã© escassa e estereotipada. RosÃ¡lia diz que a escolha do tema decorre de suas prÃ³prias experiÃªncias profissionais.
"Eu, como educadora negra, tenho observado e discutido o fato de que ainda se trabalha muito pouco com a temÃ¡tica das relaÃ§Ãµes raciais no ensino brasileiro. Como sou professora e jornalista, busquei relacionar esses dois mundos - a base da comunicaÃ§Ã£o, que Ã© o ensino, e os meios de comunicaÃ§Ã£o - para investigar o racismo", diz.
Ela conta que recrutou 14 educadoras negras e apresentou a elas quatro propagandas televisivas que tinham a presenÃ§a de negros. "Colhi crÃticas dessas educadoras sobre o que viram. O consenso a que chegamos Ã© que, de fato, a publicidade ainda coloca de maneira desvirtuada e estereotipada a representaÃ§Ã£o do negro em seus trabalhos."
AlÃ©m da sessÃ£o de autÃ³grafos, o evento reserva apresentaÃ§Ãµes de Evandro Passos e Cia. Bataka, dos atores Evandro Nunes e Meire Rodrigues e do grupo Odum OrixÃ¡s.
Frase
"A presenÃ§a do negro na mÃdia estÃ¡ aquÃ©m do que seria representativo dessa populaÃ§Ã£o no Brasil"
RosÃ¡lia Diogo
Professora e jornalista
MÃdia
ConteÃºdo de propagandas Ã© conflitante
Escolhidas em funÃ§Ã£o das questÃµes que poderiam suscitar, as quatro propagandas analisadas pelo grupo de educadoras apresentam disparidades no tratamento que dÃ£o Ã questÃ£o racial.
RosÃ¡lia Diogo aponta que duas delas, de uma mesma marca de automÃ³veis, se revelam conflitantes. â€œUma questiona estereÃ³tipos, com um slogan que diz â€˜mude seus conceitosâ€™. A outra reforÃ§a esses estereÃ³tipos, ao mostrar um black power tirando um monte de coisas da cabeleira, o que pode dar uma ideia de sujeiraâ€, diz. (DB)
Daniel Barbosa - Fonte: O Tempo - 06/05/09.